sábado, 30 de outubro de 2010

TEMPO DE DOM QUIXOTE

Novembro será um mês para celebrar o livro Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes Saavedra. A coluna de Babel, do caderno Sabático - Estadão, informou que a Editora 34 vai lançar em 15 de novembro os livros O engenhoso cavaleiro D. quixote de La Mancha e O engenhoso fidalgo D. quixote de La Mancha em edição de bolso. A edição dos dois livros terá o texto integral revisto pelo tradutor, Sergio Molina. A venda será exclusiva na Fnac e terá o preço de R$39.

O lançamento chega num momento oportuno, pois Dom Quixote está em evidência na internet. A Real Acadêmia Espanhola criou um canal no Youtube para uma leitura coletiva do livro de Cervantes. Cada pessoa podia gravar um vídeo com a leitura de um trecho do livro e enviar o material para o site. O projeto repete uma experiência feita por leitores brasileiros com Dom Casmurro, de Machado de Assis - aliás, o resultado final foi batizado de Mil Casmurros.

Também chegou a internet essa semana a primeira edição do livro Dom Quixote. Escaneado página a página, qualquer internauta terá acesso a uma versão raríssima do texto - disponível nesse link.

*imagem: reprodução da Wikipedia.
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MARCADORES DE LIVROS

Alguém já imaginou um livro sem um marcador? Esse objeto tão simples e tão necessário é capaz de operar verdadeiros milagres quando a gente precisa interromper a leitura. Na falta deles ou nos momentos de aperto qualquer coisa que a gente encontre pela frente acaba servindo.

Não consigo conceber a ideia de um livro sem marcador. Para mim, os dois nascem juntos. Porém, esse matrimônio que às vezes dura um eternidade nasce nas livrarias. Só termina naqueles casos em que a gente fica usando o mesmo marcador para vários livros - poligamia permitida pelo leitor em apuros.

O momento é oportuno para corrigir uma verdadeira injustiça: tem gente que realmente se importa com os marcadores. Outro dia descobri umas lojas que vendem marcadores extremamente sofisticados. Um grande mercado em exploração. Dizem que os japoneses e os americanos são os mestres na arte do marcador high tech. Os franceses e alemães são chegados nos marcadores artesanais, preferencialmente com temas etnicos. Os espanhóis gostam de cores, muitas cores. Nós, brasileiros, nos deparamos com vários marcadores cheios de palavras de auto-ajuda e orações de toda natureza.

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Assim como eu, você vai adorar esse blog: Forgotten Bookmarks. O sujeito compra livros raros e usados todos os dias. Dentro de cada livro, ele encontra coisas pessoais, engraçadas, tristes e muito estranhas. Tem de tudo: contratos, cartas, fotos antigas, um verdadeiro universo. Devem ter mais de 500 tipos diferentes.

*imagem: reprodução do blog.
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

NOTAS #6


Finnegans wake ilustrado
Depois de O arco-íris da gravidade e Moby Dick, agora é a vez de Finngans wake, de James Joyce ganhar uma versão ilustrada. O autor da tarefa é Stephen Crowe, um designer gráfico que vive na França e diz ter uma relação de amor e ódio com James Joyce. Seguindo o estilo "um desenho por página", Stephen não sabe quanto tempo vai levar para completar as 668 páginas - dependendo da edição. Ele espera ao menos despertar o interesse de novos leitores pela obra. Escrito em 1939, Finnegans wake é um dos livros mais radicais da história da literatura. James Joyce escreveu um livro em que todas as palavras se fundem e se transformam criando significados múltiplos. As ilustrações estão em http://wakeinprogress.blogspot.com/

Documentário
Um documentário sobre a vida do escritor Roberto Bolaño exibido pela RTVE da Espanha está na internet na versão integral. Com o título de Roberto Bolaño: El último maldito, o documentário relata os últimos anos de vida de Bolaño na Espanha e mostra também a diferença entre a vida que ele teve e a vida dos famosos escritores latino-americanos dos anos 60 e 70. O vídeo está em http://tinyurl.com/28dzv7a

Concursos
O blog Todoprosa lançou um consurso: usar o twitter para criar microcontos com "alguma densidade literária". Qualquer pessoa pode participar desde que o microconto seja inédito. O primeiro colocado vai ganhar um livro autografado do Sérgio Rodrigues. O prazo final para enviar os textos é sexta-feira, dia 29/10. As regras completas estão em http://tinyurl.com/32k8s7l

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A editora Shakespeare and Company também lançou um concurso chamado The Paris Literary Prize. O concurso vai premiar uma novela inédita escrita por um autor que nunca tenha publicado um livro. O prêmio será no valor de 10,000€ e um final de semana em Paris, na França. As inscrições podem ser feitas até dia 1 de Dezembro, 2011. Mais informações estão disponíveis em http://tinyurl.com/28wt4rv

Torre de Babel
Mais um grupo editorial português vai chegar ao mercado brasileiro. O grupo editorial Babel anunciou essa semana que deve abrir uma editora no país para publicar livros da cultura portuguesa. Os planos saem do papel até o final desse ano. Em Portugal, a Babel cuida de nove selos diferentes apesar de não ser um grande grupo: Arcádia, Athena, Ática, Centauro, Pi, Guimarães, K4, Ulisseia e Verbo. Para quem não se lembra, no final do ano passado a maior empresa editorial portuguesa, o grupo Leya, chegou ao Brasil cheio de planos.

Web Biblioteca
O centro cultural Casa Fernando Pessoa está disponibilizando na internet a biblioteca particular do poeta Fernando Pessoa. Os leitores poderão pesquisar cerca de 1142 volumes a qualquer momento sem nenhuma despesa. Além de obras raras e manuscritos, a equipe do acervo digital também preservou as anotações nos livros que foram feitas pelo próprio poeta. O acervo pode ser consultado em http://tinyurl.com/2blm6tu

Notícia Jonathan Franzen da semana
O aclamado escritor Jonathan Franzen visitou a Casa Branca na manhã da última segunda-feira. Sobre o encontro com Barack Obama, seu fã declarado, Franzen disse apenas a seguinte palavra "agradável".

*imagem: reprodução do site wakeinprogress.blogspot.com

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

O LEITOR ESCOLHE QUEM LEVA O PRÊMIO


Nem só de prêmios internacionais com votos de um seleto grupo de críticos especializados vive a literatura. No Brasil, temos dois prêmios em vista em que qualquer leitor poderá ajudar na escolha do vencedor.

Até domingo, dia 31 de outubro, está aberta a votação do 'júri popular' para dezesseis categorias do Prêmio Jabuti 2010. O público pode escolher apenas um dos 3 vencedores de cada categoria que foram anunciados em 1 de outubro desse ano. Os mais votados receberão em novembro uma placa de premiação. O chamado 'Voto popular' é uma das novidades que a organização do prêmio preparou. Para votar, é só fazer um pequeno cadastro no site do prêmio e clicar nas suas escolhas.

Na categoria 'Contos e Crônicas' os três concorrentes são: Eu perguntei pro velho se ele queria morrer (e outras histórias de amor), de José Rezende Jr.; A máquina de revelar destinos não cumpridos, de Vário do Andaraí; e Paulicéia dilacerada, de Mário Chamie. Já na categoria 'Romance' os concorrentes são: Se eu fechar os olhos agora, de Edney Silvestre; Leite derramado, de Chico Buarque; e Os espiões, de Luis Fernando Veríssimo.

Também tem início essa semana a votação de 'júri popular' para a categoria Literatura do 4° Prêmio QUEM, organizado pela revista QUEM Acontece. A seleção dos sete finalistas dessa categoria foi feita pelos críticos Rinaldo Gama, Heloísa Buarque de Hollanda e Sérgio Rodrigues - eles podiam indicar obras tanto em prosa como em poesia, publicadas ao longo de 2010.

Dentre os finalistas estão: Andréa del Fuego, que lançou Os malaquias; Dalton Trevisan, que lançou Desgracida; João Paulo Cuenca, que lançou O único final feliz para uma história de amor é um acidente; Ronaldo Correia de Brito, que lançou Retratos imorais; e o escritor português José Saramago - In memorian.

Façam suas apostas!

*Imagem: reprodução.
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A LITERATURA DE AGORA, AGORA


Chovem perguntas sempre que alguém fala sobre a literatura brasileira feita agora. Muita gente quer saber, por exemplo, se existe um grupo de escritores com as mesmas características, qual é o estilo de cada um, quais marcas eles vão deixar, o que eles fazem de inovador, etc. Esclarecer todos esses pontos é uma tarefa digna de Hércules. Acho que nem mesmo um crítico literário consegue fazer esse apanhado sem cometer pequenas injustiças.

O crítico Alfredo Bosi conseguiu criar um modelo bastante satisfatório para esse tipo de análise na antologia O conto brasileiro contemporâneo, publicada em 1974. A coletânea reúne contos de 18 escritores que naquele período já eram consagrados. Entre eles: Guimarães Rosa, Lygia Fagundes Telles, Osman Lins, Dalton Trevisan, Autran Dourado, Clarice Lispector, Rubem Fonseca e Moacyr Scliar. No entanto, o mais interessante do livro está no ensaio introdutório: Situação e formas do conto brasileiro contemporâneo. Bosi, de maneira ampla, faz um apanhado crítico e histórico para explicar as situações do conto brasileiro produzido logo após a morte dos grandes escritores modernistas. No percurso ele fala sobre a diversidade de estilos, forma, conteúdo, etc.

No começo dos anos 2000, o escritor Nelson de Oliveira publicou duas antologias com o mesmo tema de apresentar um panorama de novos escritores - Geração 90: transgressores e Geração 90: manuscritos de computador. Porém, mais do que analisar Nelson queria colocar em circulação uma nova leva de escritores que produzia e não era muito conhecida. A publicação dessas duas antologias foi cercada de discussões. Alguns críticos acharam a seleção parcial, outros acharam mera promoção, etc.

Pensando com meus botões - e considerando o distanciamento histórico - acho que Bosi conseguiu êxito no seu trabalho porque naquela época não tínhamos uma profusão de novos escritores como temos hoje. A realidade do mercado editorial brasileiro era diferente. A crítica literária também era muito mais forte. Evidentemente, Bosi é um dos nossos maiores críticos e não quero dizer com isso que ele não seria capaz de refazer uma seleção semelhante. Mas pensando nas coletâneas de Nelson Oliveira, posso sentir as dificuldades que mesmo um crítico como Alfredo Bosi teria.

As questões centrais são: dar conta da imensa variedade de estilos; acompanhar e filtrar a enorme produção de livros que temos hoje; refletir e analisar com profundidade essa seleção. O processo não deixa de ser arbitrário, na medida em que "admiramos livros diferentes em momentos diferentes da vida, por diferentes razões". Também é difícil pensar numa literatura que seja escrita por toda uma geração ao mesmo tempo e com as mesmas características. Só a prova do tempo é capaz de fazer uma espécie de seleção natural desses escritores.

Para não parecer desanimado, recomendo um post bem bacana do escritor Antônio Xerxenesky sobre a nossa atual flora e fauna literária e suas lacunas - de alguma forma foi esse post que me motivou a pensar nesses temas.

*imagem: reprodução Google
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

TRÊS ROMANCES DA NOVA LITERATURA BRITÂNICA

O lançamento do novo romance de Chris Cleave e o sucesso de Zadie Smith reacendem a busca por novos escritores britânicos. O Telegraph já organizou uma lista com alguns nomes - de todos esses apenas cinco foram publicados aqui no Brasil. Aqui três romances da nova literatura britânica...


Pequena abelha
Chris Cleave
Intrinseca


Ninguém pode contar muita coisa sobre a história desse romance para não estragar a surpresa do leitor. De maneira geral, como diz a editora do livro "essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa fazer uma escolha que envolve vida ou morte. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa..."

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Cabeça tubarão
Steven Hall
Companhia das Letras


Eric Sanderson sofre de um tipo raro de amnésia depois de perder sua namorada em um acidente na Grécia. Todos os dias ele acorda tendo cada vez menos lembranças em sua mente. Na tentativa de não perder sua própria identidade, ele tenta reconstruir uma nova. Nesse percurso Eric adentra um labirinto repleto de mistérios. A genialidade do romance está no jogo de som, sentido e forma das palavras.

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O fundamentalista relutante
Mohsin Hamid
Alfaguara


Um paquistanês, Changez, migra para os Estados Unidos para estudar em Princeton. Aos poucos ele arruma um emprego, uma bela namorada e começa a esquecer sua condição de estrangeiro no país. No entanto, o ataque ao World Trade Center no dia 11 de Setembro modifica radicalmente a história de Changez e ao mesmo tempo ele pode e não pode ser um inimigo daquele país.



*imagem: divulgação
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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

NOTAS #5


Zadie Smith pop
Zadie Smith, além de ser uma escritora talentosa, está se tornando também uma das mais populares de sua geração. O blog Londonist, por exemplo, mapeou e fotografou alguns lugares de Londres que aparecem no livro de estréia da autora, Dentes brancos. Além disso, o designer Henrik Kubel criou uma fonte baseada na capa da edição americana do romance Sobre a beleza. A fonte foi batizada de "Zadie".

Missão cumprida
Pelo visto a tarefa dos 36 escritores diferentes que se reuniram para escrever um romance em 6 dias foi bem sucedida. O desafio de cada um deles era escrever por duas horas e entregar o material para o próximo autor que iria continuar a história. A maratona foi totalmente voltada para a internet, com transmissão ao vivo pelo site e cobertura através de Facebook e Twitter. O resultado final já está disponível na internet no site http://www.thenovellive.org/

Larsson guerrilheiro
Segundo informações do jornal Telegraph, Stieg Larsson passou um ano treinando guerrilheiras na África. Eram mulheres que faziam parte de um grupo marxista que lutava pela libertação e independência da Eritréia, na Etiópia. Quem divulgou essa passagem da vida de Larsson foi um amigo íntimo, João Henrique Holmberg. Todo o episódio se passou antes de Larsson se tornar o famoso ator da trilogia Millenium.

Estréia na internet
Mais escritores estão aderindo ao mundo da internet. Só nessa semana foram três: o escritor veterano Milton Hatoum, a estreante Lívia Sganzerla Jappe e a escritora internacional Isabel Allende - o blog é escrito por uma assistente, mas parece que a pedido de Isabel.

Livros preferidos
A semana não pode ser completa sem qualquer notícia envolvendo o escritor Jonathan Franzen. Depois de ser escolhido oficialmente pelo book club da apresentadora Oprah Winfrey, Franzen confessou suas leituras preferidas. Ele não quis economizar e citou 27 livros, entre eles: Seize the day, de Saul Bellow; O céu que nos protege, de Paul Bowles; Ruído branco, de Don Delillo; The Hamlet, de William Faulkner; Desesperados, de Paula Fox; Something happened, de Joseph Heller; Song of Solomon, de Toni Morrison; Uma questão pessoal, de Kenzaburo Oe; todos os livros de Alice Munro; Os filhos da meia-noite, de Salman Rushdie; The familiy Moskat, de Isaac Bashevis Singer. Parece engraçado dizer isso, mas de alguma maneira a obra de Franzen tem semelhanças com esses escritores.

Mais trilha sonora
Depois de Daniel Galera, foi a vez João Paulo Cuenca dizer qual a sua trilha musical preferida para o Caderno2, do Estadão. A trilha vai do soft eletrônico "Odessa - Caribou" ao rock alternativo com as canções "Shelter - The XX", "Metal heart - Cat Power" e "These are my twisted words - Radiohead". Ele também não deixou de fora o clássico "The köln concert - Keith Jarret" e a canção mais cortante "Girl from the north country - Bob Dylan.

A próxima geração
Em passagem pelo Brasil, o Nobel Mario Vargas confessou que acompanha a atual literatura peruana nas obras de Daniel Alarcón e Santiago Roncagliolo. Os dois jovens escritores já são bastante conhecidos e estiveram nas listas da revista New Yorker e Granta, respectivamente.


*imagem: reprodução Telegraph


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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A MEMÓRIA DE DH LAWRENCE

A memória de DH Lawrence está ameaçada. Um centro cultural em Nottinghamshire, Inglaterra, que divulga a obra do escritor DH Lawrence poderá ser fechado por um decisão do conselho distrital de Broxtowe. Entre as obras do acervo do centro cultural, estão cópias do processo que DH Lawrence sofreu após a publicação do romance O amante de Lady Chatterley. As notícias são do jornal Guardian que recebeu uma carta assinada por Salman Rushdie, Martin Amis e outros nomes importantes. Todos estão envolvidos na situação para tentar reverter a decisão e salvar a obra de um dos maiores escritores da literatura inglesa.

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p.s.: quando estava escrevendo esse post, nem me dei conta de que a publicação do livro O amante de Lady Chatterley está completando 50 anos. O livro foi escrito originalmente em 1928, mas devido a problemas judiciais só pode ser publicado na Inglaterra em 1960. Para comemorar a data, a Penguin Books está lançando uma edição de aniversário. Além da bela capa (imagem ao lado), o volume ainda contém dois ensaios sobre o romance. Por essas e outras tantas razões, D.H. Lawrence merece ter sua memória preservada.


*imagem: reprodução da Wikipedia.

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domingo, 17 de outubro de 2010

SEXO, LITERATURA E PLAYBOY

Se a Playboy americana tem Madame Bovary, a Playboy brasileira tem muito mais. Joca Reiners Terron compartilhou com a gente nada menos do que 25 trepadas literárias que ele selecionou para a revista. A seleção inclui James Joyce, Julio Cortázar, Hilda Hilst, Raduan Nassar, Vladimir Nabokov, Dalton Trevisan e muitos outros. Claro que tem Marquês de Sade, D.H. Lawrence e George Bataille. Emma Bovary certamente ficaria com as faces coradas.

*imagem: pintura de Eugène Delacroix / reprodução.

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DAVID MITCHELL: O CAMALEÃO

Outro dia, Kazuo Ishiguro disse que sentiu o espírito da velhice chegando quando se deparou com o primeiro romance escrito pelo inglês David Mitchell. Para Ishiguro, os livros de Mitchell tinham uma força imaginativa capaz de nos deixar de joelhos. A percepção não é compartilhada apenas por ele, críticos e leitores do mundo inteiro assinariam embaixo dessas palavras.

Pode parecer exagero, mas David Mitchell tem uma trajetória impressionante que justifica o excesso de elogio. Com apenas 41 anos, ele publicou cinco belos romances - todos são sucesso de crítica e público -, ganhou diversos prêmios importantes e foi três vezes indicado ao Man Booker Prize. Mitchell também foi citado pela revista Granta como um dos melhores jovens escritores britânicos. Seu estilo já foi comparado ao de escritores de peso como Tolstói, Dostoiévski, Mark Twain, Lawrence Sterne, James Joyce, Vladimir Nabokov, Thomas Pynchon, J.D. Salinger, Raymond Chandler, Don DeLillo, Haruki Murakami, William Gibson, Ursula K. LeGuin, Ítalo Calvino, Jorge Luis Borges e tantos outros.

O enorme talento de Mitchell vem de sua capacidade de contar boas histórias e de criar várias vozes diferentes para seus personagens. Ele é uma espécie de camaleão. Ghostwritten e Cloud Atlas, por exemplo, são romances que trabalham com múltiplas histórias contadas por personagens que pertencem ao passado, ao presente e ao futuro e todos são muito diferentes entre si e se conectam em algum aspecto. A maneira original de Mitchell de balançar as estruturas narrativas e mexer tanto na forma quanto no conteúdo lhe rendeu o rótulo de escritor experimental. Isso não deve servir como barreira para os leitores, Mitchell escreve livros cheios de humanidade.

Aqui no Brasil, seu único livro publicado é Menino de lugar nenhum - saiu pela Companhia das Letras. O romance conta a história de Jason Taylor, um garoto de 13 anos que vive com sua família na cidadezinha de Black Swan Green, na Inglaterra, em plenos anos 80. A maioria dos dilemas da adolescência são abordados com enorme originalidade e inventividade linguística. Taylor sofre por ser adolescente, por não figurar entre os garotos mais populares da escola em que estuda e por ser gago. Para escapar da truculência dos outros meninos, ele tenta de todas as maneiras não chamar atenção de ninguém. O casamento de seus pais também parece desmoronar aos poucos. Como pano de fundo, a Inglaterra da era Margaret Thatcher está concentrada na Guerra das Malvinas e na recessão econômica que assolou todo o mundo.

A proeza do romance vem de seu protagonista. Jason Taylor tem de enfrentar sozinho a dura tarefa de ser adolescente e aos poucos adentrar a vida dos adultos, como a gente na vida real. Acompanhando de perto essa fase da vida desse garoto, lemos passagens inteiras recheadas de uma imaginação fértil típica de alguém dessa idade: a velha da floresta, o menino morto no lago, os túneis secretos, a madame apreciadora de arte, o hospício da cidade - a gente não pode distinguir se Jason imagina ou vive de fato esses acontecimentos. David Mitchell disse uma vez que boas personagens são as únicas capazes de sustentar romances que lidam com experimentação de forma e conteúdo.

Menino de lugar nenhum é um romance em parte autobiográfico. Sua forma é mais convencional do ponto de vista da estrutura, mas isso não significa dizer que se trata de um romance menor. E o David Mitchell da vida real também é ligeiramente gago. Ele lida bem com isso falando mais pausadamente e pensando bastante no momento de responder perguntas - só por curiosidade, ouvi um podcast do Guardian que tem Mitchell como entrevistado.

Torço para que mais traduções dele cheguem por aqui. Acho que as mais urgentes são Cloud Atlas e o recente The Thousand Autumns of Jacob de Zoet.

*imagem: reprodução do New York Times.
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

FINALISTAS DO NATIONAL BOOK AWARDS


Seguindo com a temporada de prêmios no hemisfério norte, os finalistas do National Book Awards foram anunciados essa semana. Os indicados na categoria ficção foram: Parrot and Olivier in America, de Peter Carey; Lord of Misrule, de Jaimy Gordon; Great house, de Nicole Krauss; So much for that, de Lionel Shriver; I hotel, de Karen Tei Yamashita.

A ausência de Jonathan Franzen na lista foi a notícia mais comentada sobre o prêmio. O nome dele era cogitado depois de todo o burburinho em torno do seu novo romance e da capa da revista Time. Outro comentário diz respeito a presença feminina entre os finalistas, são quatro mulheres e apenas um homem.

O site da National Book Foundation disponibilizou links com informações e trechos dos romances finalistas, para quem tiver curiosidade. Alguns desses romances devem ganhar tradução para o português no ano que vem. So much for that, por exemplo, será publicado pela Intrínseca. Se não me engano, o livro de Peter Carey também já na fila, não me lembro por qual editora. Nicole Krauss, já tem um romance publicado pela Companhia das Letras - A história de amor. Jaimy Gordon e Karen Tei Yamashita são inéditos em português.

O prêmio ainda tem outras categorias como não ficção e poesia.

*imagem: reprodução do Google.
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

NOTAS #4


Moby Dick ilustrada
Matt Kish, um sujeito que não é artista plástico e não tem nenhuma formação na área, está criando desenhos para cada uma das 552 páginas do romance Moby Dick, de Herman Melville. Kish se inspirou em Zak Smith que fez a mesma coisa com O arco-íris da gravidade, de Thomas Pynchon. O trabalho é todo manual e os desenhos são feitos com diversos materiais como tinta acrílica, caneta esferográfica, papel, fotos, spray, etc. Kish deu início a tarefa em Agosto de 2009 e pretende terminar tudo em Maio de 2011. Há uma enorme expectativa para os momentos finais do livro. Quem quiser conferir pode acessar em http://tinyurl.com/yajbwwt

Toda nudez será permitida
Escritores tem manias bastante curiosas na hora de escrever seus livros. Alguns métodos renderiam histórias tão boas quanto as que eles criam. Por exemplo: escrever sem nenhuma roupa. Entre os adeptos dessa prática estão autores renomados como Victor Hugo, Ernest Hemingway, D.H. Lawrence, Benjamin Franklin e Agatha Christie. Não existem barreiras para a imaginação quando tudo o que resta são um papel em branco e uma caneta na mão.

Salman Rushdie vai ao cinema
O livro Os filhos da meia-noite, de Salman Rushdie finalmente vai virar filme. O realismo fantástico e o estilo de escrita do autor eram considerados as maiores barreiras para uma boa adaptação ao cinema. Por isso, desde 2008, Rushdie estava trabalhando com a diretora de cinema Deepa Mehta na tentativa de criar um roteiro para seu premiado romance. Na semana passada, Rushdie anunciou que está satisfeito com o resultado final e que os produtores já podem seguir para as próximas etapas.

Trilha sonora dos escritores
A temporada de Jonathan Franzen na Inglaterra continua rendendo notícias. Dessa vez, Franzen confessou ao jornal Irish Times três canções que o fazem chorar: "Casimir Pulaski Day", do Sufjan Stevens, "John Riley", do Byrds e "Somewhere Over the Rainbow", na versão de Israel Kamakawiwo'ole. A trilha calminha tem a cara do badalado autor.

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Aqui no Brasil, o escritor Daniel Galera contou ao Caderno 2, do Estadão, a sua trilha sonora preferida. Entre o rock and roll "Oh, my lord" - Nick Cave and the Bad Seeds, existe espaço para o blues "Get yourself together" - Lonnie Johnson e para os anos 80 com "Compassion" - Prince e "The best" - Tina Turner. O lado brasileiro foi puxado por "Como se fosse" - Fagner, "Reprise" - Zé do Bêlo e "Bê-a-bá" - Raimundos.

Sugar Kane em memória
Fragments, um livro com poemas, anotações e cartas escritas por Marilyn Monroe está chegando as livrarias dos Estados Unidos e da Europa. O material inédito acompanha fotos raras de momentos íntimos da atriz e revelam a mulher por trás do mito. Se engana quem achava Marilyn uma pessoa alheia a grande literatura. Segundo o livro, seus romances preferidos eram O agente secreto, de Joseph Conrad; Madame Bovary, de Gustave Flaubert; O inominável, de Samuel Beckett; A queda, de Albert Camus; On the road, de Jack Kerouac; Tortilla Flat e Once there was a war, de John Steinbeck; Adeus às armas e O sol também se levanta, de Ernest Hemingway.

Sucesso em risco
O irmão do escritor Stieg Larsson confirmou a existência de um quarto livro da série Millenium que é um sucesso de vendas no mundo inteito. Segundo contou, o livro estava quase terminado quando o escritor foi vítima de uma parada cardíaca. Porém, se depender da disputa judicial envolvendo a família Larsson e Eva Gabrielsson, a companheira do autor, o livro corre o risco de jamais ser publicado.

Exposição sobre Charles Bukowski
Charles Bukowski, morto em 1994, ganhou uma exposição na The Huntington Library na California. É uma das maiores exposições já realizadas sobre Bukowski nos Estados Unidos. Apesar de sua obra estar envolta em temas polêmicos, os organizadores da exposição destacaram a importância da obra do velho safado e a colocaram em pé de igualdade com a melhor tradição da literatura norte-americana. O acervo da exposição inclui fotos, cartas, manuscritos e edições estrangeiras de Bukowski.

*imagem: reprodução de um desenho de Matt Kish.
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terça-feira, 12 de outubro de 2010

HOWARD JACOBSON LEVA O MAN BOOKER PRIZE

Howard Jacobson ganhou o Man Booker Prize 2010 por seu romance, "The Finkler Question". O livro fala sobre a reunião de três velhos amigos: Julian Treslove, um ex-produtor de rádio da BBC, se reúne com o ex-colega Sam Finkler, um popular filósofo judeu, e seu ex-professor, Libor Sevick. Os três sofreram grandes perdas recentes em suas vidas. Juntos relembram seus anos de juventude e discutem questões sobre o Estado de Israel. É um romance sobre amor, perda, amizade entre amigos e sobre o significado de ser judeu nos dias de hoje.

Jacobson já esteve entre os finalistas do prêmio outras duas vezes, a primeira em 2002 e a última em 2006. Não levou, mas dessa vez ele tirou a sorte grande. O favorito ao prêmio na casa de apostas Ladbrokes e nos jornais ingleses era Tom McCarthy, com seu romance "C".

Na Inglaterra, "The Finkler Question" foi publicado pela editora Bloomsbury. No Brasil, Jacobson ainda é um autor inédito. Infelizmente, nenhum de seus livros foi publicado aqui. Quem sabe agora com o prêmio a situação possa mudar.

*imagem: divulgação/ Booker Prize Org.


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DE OLHO EM FRANKFURT EM 2013


Uma série de ações envolvendo a literatura brasileira está tomando corpo. Estamos de olho na nossa participação na Feira do Livro de Frankfurt. Seremos o país convidado de honra em 2013. Aprendemos esse ano com a Argentina, devemos aprender com a Islândia no ano que vem e com o país convidado de 2012 - que não foi anunciado ainda.

Se você é escritor, preste atenção nessas duas notícias:

-> Do Painel das Letras - Folha de SP:

Tradução terá R$ 400 mil
O Ministério da Cultura anunciou a liberação de R$ 400 mil em bolsas com o objetivo de ampliar o Programa de Apoio à Tradução de Autores Brasileiros. A ideia é aproveitar a Feira de Livros de Frankfurt (...) para oferecer ao mercado internacional um panorama mais amplo e variado dos diferentes estilos de literatura produzidos no país. Os clássicos e best-sellers, desta vez, não serão a tônica do programa. As inscrições estarão abertas até o próximo dia 23. Em 2013, o Brasil será o convidado de honra da feira alemã.
-> Da Coluna de Babel no Sabático - Estadão:

Editores querem preparar Frankfurt 2013 na Flip
Editores brasileiros pretendem consultar a organização da Flip para, já na próxima edição, acrescentar um dia na programação oficial – com o intuito de aprimorar a preparação do Brasil na organização do pavilhão e da programação como homenageado na Feira de Frankfurt de 2013. Pode não ser proposta simples, já que a festa de Paraty é evento literário, e não de mercado, mas, se for aceita, serão promovidos encontros de editores alemães com colegas brasileiros para a apresentação de escritores nacionais cujas obras poderiam ser traduzidas. “Não adianta fechar alguns acordos sem criar relação duradoura”, disse, no evento alemão, a agente literária Lúcia Riff, que conversou com editores da Zahar e da Cosac Naify, entre outros. Também está nos planos auxiliar o Ministério da Cultura e entidades editoriais a definir quais escritores visitarão a Alemanha até 2013. A intenção é evitar mal-entendidos como o deste ano, quando, num grupo de 60 autores argentinos pré-selecionados, ficaram de fora nomes de peso como Beatriz Sarlo.
*imagem: Peter Hirth / Frankfurt Book Fair

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

COMO NASCE UM CRÍTICO LITERÁRIO?


Todo mundo sabe que a figura do crítico em seus mais diversos campos de atuação passa por um momento delicado. A crítica perdeu seu apelo popular e está cada dia mais restrita ao universo da academia. Por sua vez, a academia também perdeu o prumo e não consegue mais amadurecer o pensamento no sujeito que tem pressa para todas as coisas. Contudo, a formação de um crítico pode levar anos. Não há como mudar isso, nem mesmo na era da internet que impõe velocidade e concisão ao comentário.

Mas a pergunta sobre a formação de um crítico literário é bastante pertinente. Uma enorme quantidade de livros são publicados todas as semanas, freneticamente. Em tempos nebulosos e incertos como os que vivemos, as pessoas não devem abrir mão do pensamento crítico. Por isso, o crítico ainda é fundamental. Talvez ele precise se reinventar - assunto para um outro post.

Na verdade, a pergunta me motiva a falar de livros que nossos futuros críticos de prosa de ficção precisam ler. Em primeiro lugar, qualquer pessoa que deseja trilhar esse caminho precisa ler muito - todos os romances, novelas e contos possíveis e imagináveis. Ler é a parte fundamental do ofício. Muita gente, na ânsia de compreender o funcionamento dos romances, pula uma etapa e lê antes a teoria. O percurso está errado. Como disse Antônio Arnoni Prado num ensaio para o Sabático sobre Lima Barreto: "hoje, o bom estudante de Letras é aquele que "sabe" teoria, não o que "lê" literatura e amadurece nas obras a consciência crítica de seu próprio repertório". Pense bem nisso. Não sabe por onde começar suas leituras? Então comece pelos clássicos e leia autores do mundo todo.

Quando você achar que já leu bastante, vá para a teoria. Novamente, comece com um clássico: Poética, de Aristóteles. Nele encontramos as bases para entender a literatura na sua concepção mais filosófica. Depois disso, você vai precisar de um manual de teoria da literatura, recomendo os seguintes: Teoria da Literatura, de Vitor Manuel de Aguiar e Silva; e Teoria da literatura e metodologia dos estudos literários, de René Wellek e Austin Warren. O primeiro vai ajudar a compreender a história e os conceitos fundamentais da literatura; o segundo, analisa não só os elementos estruturais da literatura, mas também questões da teoria da literatura como ciência. Os dois livros são áridos, podem servir como material de consulta.

Para não ficar apenas nos estrangeiros, um pouco de literatura brasileira. Nesse aspecto Antônio Candido e Alfredo Bosi são dois grandes mestres. De Antonio Candido, leia tudo o que você puder. Se não tiver tempo, duas obras essenciais são Formação da literatura brasileira e Literatura e sociedade. Para um panorama histórico bem amplo, vale conferir História concisa da Literatura Brasileira, de Alfredo Bosi.

Voltando aos estrangeiros, considero Teoria da literatura - Formalistas russos uma outra leitura fundamental. O livro está fora de catálogo e não existem reedições desde 1973. Provavelmente alguns sebos podem encontrar essa obra rara. Apesar de parecer datado, a crítica formalista fornece bom corpo de análise. Um pouco mais complexo, mas igualmente útil é Análise estrutural da narrativa, de Roland Barthes. Para bagunçar um pouco todos os conceitos que você aprendeu até aqui, vale a leitura de Terry Eagleton, Teoria da literatura: uma introdução.

No campo específico da prosa, meus dois preferidos - nem áridos e nem difíceis demais de entender - são Aspectos do romance, de E.M. Forster e A ascensão do romance, de Ian Watt.

Garanto que mesmo depois de você ler tudo isso, ainda estará no meio do caminho. Mas não se assuste. Acredite em você e siga em frente. Não se esqueça de viver um pouco e não tenha pressa. Só a experiência de vida e o tempo são capazes de amadurecer a nossa cabeça.

*imagem: retirei daqui.
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sábado, 9 de outubro de 2010

PAUL AUSTER NO PLAYSTATION

O trânsito entre a literatura e o universo dos videogames está realmente ficando cada vez mais intenso. A Sony anunciou que vai lançar uma versão em game da novela "Cidade de vidro", de Paul Auster para os usuários do PSP - um console portátil do Playstation.

Não ignoro que os e-books os são responsáveis pela aproximação entre livros e jogos. Muita gente anda sonhando com novos modos de contar histórias tendo em vista as infinitas possibilidades de leitura que um e-book proporciona. O assunto já esteve em pauta no Todo Prosa, num texto de Daniel Galera sobre "Luka e o fogo da vida" e num post sobre a adaptação um tanto monótona para PC do romance "O grande gatsby", de Fitzgerald.

O jogo "Cidade de vidro" terá como base a adaptação dessa novela feita para os quadrinhos por Paul Karasik e David Mazzucchelli - duas feras no mundo dos comics. O trabalho da dupla ficou tão bom que ocupou a posição de número 45 no ranking dos 100 melhores quadrinhos em língua inglesa do século XX, do The Comics Journal. Resta saber se a Sony conseguirá o mesmo sucesso ao transformar o livro num jogo.

O enredo de "Cidade de vidro" oferece amplas possibilidades. A novela conta a história do solitário escritor de romances policiais, Daniel Quinn. Durante três dias seguidos, ele recebe uma ligação misteriosa de uma pessoa procurando pelo detetive particular Paul Auster. Intrigado, Quinn atende ao chamado se passando pelo tal detetive e descobre que seu trabalho é proteger um jovem de nome Peter Stillman. "Cidade de vidro" compõe a primeira parte da famosa "A trilogia de Nova York", escrita por Paul Auster no final dos anos 80.

As duas obras já foram publicadas no Brasil: "A trilogia de Nova York" - obra em que a novela "Cidade de vidro" está inserida - saiu pela Companhia das Letras e o quadrinho "Cidade de vidro" saiu pela Via Leterra em 2006.

Não sei em que medida o lançamento do jogo poderá impulsionar a venda do livro e do quadrinho. Imagino que esses dois últimos serão mais comentados entre os usuários do PSP.


*imagem: divulgação e reprodução dos quadrinhos - infelizmente não encontrei nenhuma imagem da versão em português.

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TUDO SOBRE MARIO VARGAS LLOSA

O ganhador do prêmio Nobel de Literatura foi o escritor peruano Mario Vargas Llosa. A Academia Sueca surpreendeu mais uma vez pois ninguém esperava que um escritor latino-americano pudesse ganhar o prêmio. A casa de apostas Ladbrokes também errou feio, os nomes mais cotados eram Ngugi wa Thiong'o, Cormac McCarthy e Haruki Marukami - nenhum ganhou. Se não me engano, o nome de Vargas Llosa nem aparecia na lista de apostadores. Ninguém esperava, nem mesmo o próprio escritor. Mais tarde, ele confessou em entrevista coletiva que não acreditou quando recebeu a notícia. Achou que se tratava de um trote por telefone.

De qualquer forma, a escolha da Academia foi certeira. Vargas Llosa é um escritor conhecido mundialmente, mesmo por aqueles que nunca leram os seus livros. Nós compartilhamos um pouco da felicidade do país premiado já que ganhou um latino-americano. Nos reconhecemos nele. Tem aquele ar de "estamos em casa".

A internet foi mais uma vez o melhor meio para acompanhar a cobertura dessa premiação. Depois do anúncio - transmitido ao vivo pelo site da organização do Prêmio Nobel - todos os blogs, revistas, jornais e outros sites já estavam replicando a informação e escrevendo comentários. O nome de Vargas Llosa chegou a ser o primeiro da lista dos trending topics do twitter mundial.

Se vocês esteve desconectado, não leu os jornais, não ligou a TV e quer saber mais sobre o escritor peruano, recorra à internet. Para facilitar compilei alguns links que são interessantes:

Muitas informações podem ser encontradas na Folha de SP e no Estadão. Os dois jornais prepararam um especial bem completo tanto na versão impressa quanto no site. Do Estadão eu recomendo dois links importantes: a entrevista que Vargas Llosa concedeu ao Sabático - antes de ser anunciado como ganhador do Nobel - e um infográfico com a trajetória de vida dele. O New York Times cobriu a entrevista coletiva que ele concedeu, depois do pronunciamento da Academia Sueca. Outros jornais também deram a mesma notícia. Há também uma entrevista para a Paris Review e um texto do escritor William Boyd sobre Vargas Llosa no Guardian.

Aliás, o mesmo Guardian fez uma lista com os romances essenciais de Vargas Llosa:

A cidade e os cachorros (1963), Tia Julia e o escrevinhador (1977), A guerra do fim do mundo (1981), A festa do bode (2000) e Travessuras da menina má (2006). Todos foram publicados no Brasil pela editora Alfaguara - exceto A festa do bode que está fora de catálogo.

Claro, tem muito mais coisas espalhadas pelo Google.

*imagem: reprodução do Guardian.


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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

NOTAS #3


As vedetes de Frankfurt
A Feira do Livro de Frankfurt que começou na terça-feira já tem seus romances mais concorridos para negociações - a maioria está nas mãos da agência de Andrew Wylie. Um deles é "State of England: Lionel Asbo, Lotto Lout", o novo romance do britânico Martin Amis. Segundo dizem esse romance tem como protagonista um anti-herói muito feroz. Outros títulos de destaque são: "A Strangeness in My Mind", de Orhan Pamuk que conta a história de um vendedor de rua em Istambul; "Object", de David Bowie; e "Classmates of Anne Frank".

*

Muitos editores estrangeiros estão acompanhando com bastante interesse a participação do Brasil na Feira. Porém, segundo apurou a Folha de SP, o maior problema encontrado por estrangeiros é a falta de informações objetivas sobre o funcionamento do mercado editorial brasileiro.

Gabon continua na ativa
O escritor Gabriel García Máquez está lançando um novo livro essa semana, "Yo no vengo a decir un discurso". O livro reúne 22 discursos escritos por ele. Segundo boatos que circularam no ano passado, o escritor colombiano e ganhador do prêmio Nobel de 1982 iria parar de escrever. Na época Márquez desmentiu os boatos dizendo que esse é o seu maior ofício. Seu último livro do gênero foi "Memória de minhas putas tristes", de 2004.

A bruxa está solta
A temporada de Jonathan Franzen na Inglaterra não está sendo das melhores. Franzen constatou que a edição inglesa de "Freedom" não é a versão final escrita por ele. Os editores publicaram uma versão anterior e tiveram de fazer um "recall" para que os leitores trocassem o livro pela versão correta. Para piorar a situação, Franzen teve os seus óculos foram roubados numa festa e os ladrões ainda estavam exigindo $ 100.000 como resgate. A polícia conseguiu prender os ladrões e os óculos foram entregues ao dono. Vamos torcer para que Franzen consiga voltar inteiro para os Estados Unidos.

Ao mestre com carinho
Curiosamente o escritor Henry James, um dos maiores nomes da literatura inglesa, está servindo como fonte de inspiração para novos autores. Desde 2002 cerca de dez livros já foram publicados tendo o escritor como personagem principal. Dois exemplos dessa série de livros são: "O mestre", de Colm Tóibín publicado no Brasil pela Companhia das Letras e "Author, Author", de David Lodge ainda sem tradução para o português.

Clube de leitura
A editora Companhia das Letras está organizando uma nova rodada de seu clube de leitura Penguin-Companhia das Letras. Os próximos livros que serão discutidos são "Por que ler os clássicos", de Italo Calvino e "Pelos olhos de Maisie", de Henry James. As vagas para o clube de leitura são limitadas. Mais informações e inscrições pode ser obtidas através do e-mail: clubedeleitura@penguincompanhia.com.br

Memórias
Um vídeo curioso com animais andando em reverso mostra uma menina chamada "Mary O'Connor" segurando uma galinha. Na realidade a menino do vídeo é a escritora norte-americana Flannery O'Connor com apenas 5 anos de idade. O vídeo pode ser visto em... http://tinyurl.com/37kloqc

*imagem: Peter Hirth / Frankfurt Book Fair.
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terça-feira, 5 de outubro de 2010

COMPETIÇÃO PELO PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA

Na próxima quinta-feira será anunciado o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Muita gente considera esse o prêmio mais importante de todos, sobretudo pela enorme tradição e prestígio que ele carrega. Além do reconhecimento e da quantia em dinheiro, o ganhador terá projeção mundial de sua obra - caso ainda não seja conhecido.

A especulação e a expectativa em torno do nome desse anúncio é grande. A cada semana as opiniões mudam na Ladbrokes, uma famosa casa de apostas em Londres. O primeiro nome da lista nesse momento é do escritor queniano Ngugi wa Thiong'o, seguido pelo americano Cormac McCarthy e pelo japonês Haruki Marukami. Na semana passada, o poeta sueco Tomas Tranströmer era o nome mais cotado, mas curiosamente perdeu força. Outros nomes como Alice Munro e Philip Roth também constam nas apostas, mas com menores chances. Uma coisa é fato: o prêmio costuma ser sempre uma surpresa.

Em meio ao burburinho, o jornal Los Angeles Times publicou um artigo muito bom que é também uma provocação: "Literature as a competitive sport" (em tradução livre: "A literatura como uma competição esportiva"). Entre muitas coisas interessantes, o autor do artigo, David L. Ulin, defende que os prêmios literários criam "uma espécie de cortina de fumaça, que nos distrai da real discussão sobre a literatura em favor de um quadro competitivo". Em outras palavras, o prêmio acaba se tornando um fetiche que atesta o valor de um determinado escritor-campeão ou da sociedade que ele representa. Como quem diz, tal escritor merece porque é americano, ou latino-americano, ou europeu, ou africano, etc.

Ulin chama atenção para algo que ninguém percebe: essa busca por prêmios é resultado de um processo totalmente subjetivo, bem diferente dos esportes. Para os membros da Academia Sueca deve ser tão difícil escolher um livro, quando é para nós. Simplesmente porque "admiramos livros diferentes em momentos diferentes da vida, por diferentes razões". Daí a ideia de promover uma discussão sobre a literatura ser mais importante do que um prêmio em si.

É evidente que os prêmios literários representam um significativo aumento na venda de livros do autor premiado. E como explica Ulin, os leitores enxergam nisso uma espécie de porto seguro para o qual podem recorrer quando estão perdidos em meio ao fluxo voraz de informação da nossa sociedade.

Acho os argumentos interessantes porque fazem eco em certas ideias que circulam em nosso país. Há muita gente querendo que algum dia um escritor brasileiro ganhe o prêmio Nobel de Literatura, como se isso servisse para atestar a qualidade do que nós escrevemos. Tal perseguição faz a gente esquecer de discutir outras coisas mais importantes como melhorar a educação para termos mais leitores, mais escritores, mais pensadores, mais críticos, etc.

Isso não é um privilégio do nosso país, está em toda parte do mundo e o artigo do Los Angeles Times é a maior prova. Também não estou ignorando o peso do Prêmio Nobel ou dizendo que nossa literatura não mereça nenhum prêmio literário, mas essa busca não deve ser um fim almejado custe o que custar, como nas competições esportivas.

*imagem: reprodução.
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domingo, 3 de outubro de 2010

LITERATURA ARGENTINA NA FEIRA DE FRANKFURT


A Feira do Livro de Frankfurt começa na próxima quarta-feira e esse ano o país convidado de honra será a Argentina. Por isso, não é à toa que a maioria dos nossos cadernos culturais desse final de semana está carregada de artigos falando sobre a literatura de ficção dos nossos hermanos. Também é possível reparar a grande quantidade de autores daquele país que estão chegando as nossas livrarias. Não é por falta de mérito, a literatura contemporânea deles figura entre as melhores do mundo.

Antes de entrar nesse assunto, gostaria de comentar a Feira de Frankfurt. Diferente dos festivais literários que a gente conhece, a feira é essencialmente um lugar de negócios - ainda que escritores "do momento" como Jonathan Franzen e Günter Grass marquem presença. Durante 5 dias, as editoras do mundo inteiro se reúnem para tratar de futuros contratos, fazer contatos e conferir as novidades do mercado editorial. Assim tem sido pelo menos desde 1949, ano em que a feira tomou esse formato moderno.

Além da Argentina, o e-book será outro tema onipresente e deve dominar as conversas de quem estiver por lá. Parece até que a organização da feira esta preparando uma série de conferências sobre o Kindle, o iPad e outros produtos similares. Para nós, leitores, acho interessante observar que a feira dita algumas tendências no lançamento de livros. Muitos outros escritores argentinos devem ser traduzidos entre o final do ano e primeiro semestre do ano que vem. Não custa lembrar que a Granta Espanha acabou de lançar uma edição especial com jovens escritores de língua espanhola - detalhe: oito deles são da Argentina.

Para mostrar que a literatura argetina vai muito além de Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, o caderno Babelia, do El Pais, selecionou na semana passada alguns escritores argentinos que são destaque nas letras nacionais. A lista inclui escritores e poetas. Abaixo, comento apenas os escritores de prosa de ficção:

Sergio Chejfec
Embora tenha nascido em Buenos Aires, ele vive na Venezuela. Já publicou em torno de 12 livros entre romances, ensaios e poemas. No Brasil, "Boca de lobo" da editora Amauta é seu único livro publicado.

Ricardo Piglia
Um dos grandes nomes da literatura argentina contemporânea. Já publicou diversos romances e ensaios críticos. Lançou um novo romance esse ano - "Blanco Nocturno" -, é um dos convidados da próxima edição da FLIPorto. Também já esteve na FLIP. Entre seus livros publicados em português estão os romances "Dinheiro queimado", "Respiração artificial", "A invasão" e "Nome falso" (os dois primeiros pela Companhia das Letras e os demais pela Iluminuras).

Alan Pauls
Embora seja um escritor de fama recente, Pauls já escreve romances, ensaios e contos desde 1984. No Brasil já foram publicados "O passado" (que também foi adaptado ao cinema por Hector Babenco) e "História do pranto" - ambos pela Cosac Naify.

Juan José Saer
Quase um veterano da literatura argentina que faleceu recentemente, em 2005. Uma das qualidades de Saer, segundo a crítica, é manejar a linguagem para construir novas propostas narrativas. Felizmente grande parte de sua obra de ficção já ganhou tradução para o português. Alguns destaques: "O enteado" - lançado pela Iluminuras -, "O grande", "As nuvens", "A ocasião" e "A pesquisa", todos publicados pela Companhia das Letras.

Rodolfo Fogwill
Morto em Agosto desse ano, era um sujeito cuja personalidade em certos momentos chegou a ter mais fama que a obra. Segundo dizem, gostava bastante de substâncias ilícitas e não perdia muito tempo escrevendo seus textos. Teve uma produção bem diversificada entre romances, contos, ensaios e poemas. "Os pichicegos" é seu único livro em português, publicado pela Casa da Palavra.

Guillermo Martínez
Bastante conhecido e traduzido pelo mundo inteiro, mas pouco comentado no Brasil. Teve até um conto publicado pela revista New Yorker. Já lançou 5 livros de ficção e outros livros de ensaios. Por aqui já foram lançados: "Crimes imperceptíveis" e "Sobre Roderer" - ambos pela Planeta do Brasil.

Pablo de Santis
A maioria de seus livros é voltada para o público infanto-juvenil, mas escreveu também romances voltados ao público adulto. Ganhou fama em 2007 depois de ganhar o prêmio Planeta-Casa de América. No Brasil já foram lançados "Inventor de jogos", livro infantil pela Girrafinha e seu romance premiado "O enigma de Paris", pela Planeta do Brasil.

Leopoldo Brizuela
Já publicou quatro livros, nenhum ainda foi traduzido para o português. Admirador de John Berger e dos conterrâneos Pablo de Santis e Guillermo Martínez, ele segue uma certa tradição da literatura argentina de misturar história e ficção.

César Aira
Outro grande nome da literatura dos pampas. Sua obra é marcada por um forte experimentalismo sem fronteiras: gêneros se misturam, o real cruza o irreal, personagens de outros romances reaparecem, etc. O leitor tem um grande desafio de entrar nesse universo e dar forma ao que lê. Ele já esteve na FLIP e tem apenas três novelas traduzidas para o português: "As noites de flores", "Um acontecimento na vida do pintor viajante", ambos pela Nova Fronteira e "A trombeta de vime", pela Iluminuras.

Marcelo Cohen
Autor pouco comentado, mesmo pela crítica argentina. Seus livros são conhecidos pela inventividade e experimentação linguística. Abarcam a literatura fantástica e a ficção científica, renunciando ao realismo puro. Tem muitos livros já publicados, mas nenhum traduzido para o português.

Martín Kohan
Também tem uma obra diversificada: já escreveu contos, romances e ensaios. É crítico e professor de teoria literária na Argentina. Já esteve na FLIP e seu romance "Ciências morais", premiado com o Herrald, foi publicado pela Companhia das Letras. Há também um outro romance "Duas vezes junho" da Amauta, porém está esgotado.

Muita gente reclama que o mercado editorial brasileiro é resistente a literatura produzida na América Latina. Exceto os clássicos, poucos autores conseguem romper essa barreira. Tenho a impressão de que a recíproca é verdadeira: nossos autores também são pouco traduzidos e divulgados por lá - há quem diga que mesmo aqui nossos autores são pouco divulgados. Outro dia, li um comentário a respeito da dificuldade de traduzir autores brasileiros pelo mundo - não me lembro onde foi.

Retomando o assunto Feira de Frankfurt, o Brasil já foi convidado de honra em 1994 e voltará a ocupar esse lugar na feira em 2013 - um ano antes da Copa do Mundo de Futebol e num período em que todas as atenções do mundo devem mesmo se voltar para o nosso país. Pode ser que o convite ajude a modificar um pouco esse cenário literário.

*imagem: divulgação.
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

JOVENS ESCRITORES DE LÍNGUA ESPANHOLA

A revista Granta Espanha anunciou hoje o nome dos escritores que estarão na edição especial "Os melhores jovens escritores da língua espanhola". Seguindo o modelo de outras listas elaboradas pela Granta inglesa, os editores selecionaram 22 jovens escritores - todos com menos de 40 anos. Na lista oito escritores são da Argentina e seis são da Espanha, os demais são do México, Colombia, Peru, Chile, Bolívia e Uruguai - apenas cinco mulheres. A maioria dos escritores também não mora no país onde nasceu.

De olho no mercado internacional, a edição também terá uma versão em inglês mas os contos serão diferentes da versão espanhola. No Brasil apenas dois escritores já foram publicados: "O menino peixe", da argentina Lucia Puenzo (editora Gryphus) e "Abril vermelho", do peruano Santiago Roncagliolo (editora Alfaguara). Tomara que essa lista estimule a chegada desses escritores por aqui.

A lista dos escritores:

Andrés Barba, nascido na Espanha - 1975; Oliveiro Coelho, nascido na Argentina - 1977; Federico Falco, nascido na Argentina - 1977; Pablo Gutiérrez, nascido na Espanha - 1978; Rodrigo Hasbún, nascido na Bolivia - 1981; Sonia Hernández, nascida na Espanha - 1976; Carlos Labbé, nascido no Chile - 1977; Javier Montes, nascido na Espanha - 1976; Elvira Navarro, nascida na Espanha - 1978; Matías Néspolo, nascido na Argentina - 1975; Andrés Neuman, nascido na Argentina - 1977; Alberto Olmos, nascido na Espanha - 1975; Pola Oloixarac, nascida na Argentina - 1977; Antonio Ortuño, nascido no México - 1976; Patricio Pron, nascido na Argentina - 1975; Lucía Puenzo, nascida na Argentina - 1976; Andrés Ressia Colino, nascido no Uruguai - 1977; Santiago Roncagliolo, nascido no Peru - 1975; Samanta Schweblin, nascida na Argentina - 1978; Andrés Felipe Solano, nascido na Colombia - 1977; Carlos Yushimito, nascido no Peru - 1977; Alejandro Zambra, nascido no Chile - 1975.

*imagem: reprodução.
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NOTAS #2


Kindle para internet
A Amazon está fazendo testes de uma nova ferramenta chamada "Kindle for the Web" - literalmente, Kindle para Internet. O serviço permite que as pessoas possam compartilhar em blogs e redes sociais trechos de livros que estão lendo ou querem recomendar. O Youtube, por exemplo, trabalha com o mesmo princípio quando o usuário quer "incorporar" um vídeo no blog. Por enquanto, só usuários cadastrados no site da Amazon podem usar a ferramenta.

Pynchonmania
O escritor Thomas Pynchon vai tomar conta das nossas estantes nos próximos meses. A Companhia das Letras vai publicar em novembro "Vício inerente", romance escrito no ano passado pelo consagrado autor de "O arco-íris da gravidade". No Youtube está circulando um vídeo que segundo contam foi narrado por Thomas Pynchon em carne e osso. No ano que vem a Companhia também promete lançar "Contra o dia", escrito em 2006 e que tem mais de 1100 páginas na versão em inglês. O vídeo de "Vício inerente" está disponível em http://tinyurl.com/krj8ap

Manuscritos raros
A Biblioteca Britânica está digitalizando aos poucos seu acervo com mais de mil raros manuscritos gregos. O resultado do trabalho está disponível gratuitamente na internet e pode ser consultado em http://www.bl.uk/manuscripts. Há fábulas de Esopo, salmos, entre outros.

Reminiscências
O escritor Kazuo Ishiguro revelou alguns de seus livros favoritos para os leitores do book club da apresentadora Oprah Winfrey. Não é difícil perceber uma pequena influência que essas leituras exerceram na obra de Ishiguro. Ele mesmo justifica suas escolhas. Por exemplo, a maneira de conduzir uma narrativa em primeira pessoa está em Charlotte Bronté; o humor sem nenhum compromisso com as coisas difíceis da vida está em P.G. Wodehouse; as lembranças de casa e o medo de que a realidade traía a nossa memória vem de Homero. Cormac McCarthy e David Mitchell são as curiosidades da lista. McCarthy foi escolhido por causa do fascínio que velho oeste americano e seus caubóis exercem em nosso imaginário; já a força imaginativa de Mitchell fez Ishiguro perceber que estava realmente ficando mais velho.

*

Os livros escolhidos foram: "Villete", de Charlotte Bronté; "Então tá, Jeeves", de P.G. Wodehouse; "Meridiano de sangue", de Cormac McCarthy; "Ghostwritten", de David Mitchell; "South of the Border, West of the Sun", de Haruki Murakami; "A odisséia", de Homero.

Lado B
Os livros de Shel Silverstein já comoveram inúmeras crianças e adultos com suas histórias poéticas e suas inconfundíveis ilustrações. Shel também era um compositor de mão cheia e tinha uma banda de rock and roll cujo disco mais conhecido é Freakin' At The Freakers Ball. Estão circulando na internet algumas histórias bem interessantes por trás da gravação desse disco. A melhor delas diz respeito as canções que nunca foram lançadas como: "Fuck'Em", "I love my right hand" e "I am not a fag". Como os títulos sugerem são canções politicamente incorretas até mesmo para os anos 70 e que revelam um certo humor negro do cartunista. Algumas dessas canções estão disponíveis no YouTube em http://tinyurl.com/2g746bj e http://tinyurl.com/3c6q53

*imagem: reprodução desse site.

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