terça-feira, 30 de novembro de 2010

PRÊMIO LEYA VAI PARA...

De Portugal vem uma notícia curiosa.

O júri do Prêmio Leya decidiu por unanimidade não atribuir o prêmio referente ao ano de 2010. Segundo um comunicado oficial as obras finalistas “não correspondem à importância e ao prestígio do Prémio Leya no âmbito das literaturas de língua portuguesa”. Concorriam três autores portugueses e um autor brasileiro de um total de 325 obras inscritas. O ganhador iria receber um prêmio no valor de 100 mil euros.

Organizado pela editora Leya, o prêmio está em sua terceira edição. Já ganharam O rastro do jaguar, do brasileiro Murilo Carvalho em 2008 e O olho de Hertzog, do moçambicano João Paulo Borges Coelho em 2009.

*imagem: reprodução.
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GRAPHIC NOVELS NA INTERNET


Aos poucos a internet está se tornando um ótimo lugar para a proliferação de graphic novels. Alguns são tão bons que poderiam até sair em versão impressa. Ou melhor, podem ficar na internet mesmo. Assim mais gente acessa, não existem custos para fabricação, publicação, divulgação, distribuição, etc. Quem não se lembra do clássico Alien Vs. Pooh, por exemplo.

Pois bem, navegando por aí encontrei nesse site uma graphic novel impressionante: His face all red, de Emily Carroll. Não encontrei muitas informações sobre a autora, mas sei que ela sabe desenhar muito bem. His face all - em tradução livre seria "Seu rosto vermelho" - conta a história de dois irmão que vão caçar uma fera assustadora que está matando os animais do vilarejo onde moram. O enredo tão ancestral ganha forma em cenas de inveja, vingança, suspense, mistério e terror.

Os desenhos são lindos e as cores vibrantes! Está em inglês, mas é bem fácil de ler e de acompanhar a história. Imperdível!

*imagem: reprodução.

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sábado, 27 de novembro de 2010

NOTAS #10


Arte ou obsessão?
Alfred Hitchcock tinha fama de ser um sujeito muito detalhista e meticuloso. Antes mesmo de começar qualquer filme, ele costumava pensar e avaliar muito as coisas que pretendia fazer. Prova disso são os arquivos contendo os vários storyboards para filmes como Os pássaros, Um corpo que cai, Psicose, etc. Juntos esses "estudos" poderiam resultar num belo graphic novel. Será que alguém já pensou em publicá-los em forma de livro? Alguns trabalhos podem ser visto em http://tinyurl.com/39osuom

Listas
Um blog na internet fez uma compilação com os 50 personagens mais odiados na história da literatura. Os organizadores avisaram que a lista resultou de conversas num fórum de discussão online. Os cinco primeiros são: o casal da saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer; o patriarcar Cholly Breedlove - O olho mais azul, de Toni Morrison; o adolescente Holden Caulfield - O apanhador no campo de centeio, de J.D. Salinger; a heroína Scarlett O’Hara - E o vento levou..., de Margaret Mitchell; e o terrível Iago - Otelo, de William Shakespeare. Também tem espaço para as personagens de F. Scott Fitzgerald, Vladimir Nabokov, Oscar Wilde e Jane Austen. A lista está disponível em http://tinyurl.com/2ejwpkl

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Continuando as listas, o jornal Huffington Post escolheu 8 livros que jamais conseguiriam virar um filme. Entre eles estão: Extremamente alto & incrivelmente perto, de Jonathan Sanfran Foer; Maus - A Historia De Um Sobrevivente, de Art Spiegelman e Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez.

Mais uma vez
F. Scott Fitzgerald caiu novamente nas graças dos diretores de cinema. Depois da adaptação bem sucedida de O curioso caso de Benjamin Button, produtores americanos anunciaram uma nova versão para O grande Gatsby. O romance mais conhecido de Fitzgerald chegará as telas pelas mãos do diretor Baz Luhrmann, tendo o ator Leonardo DiCaprio como Jay Gatsby e Carey Mulligan como Daisy Buchanan. Vale lembrar e assistir a famosa versão de 1974 dirigida por Jack Clayton, com Robert Redford e Mia Farrow no elenco. Detalhe: o roteiro foi assinado por Francis Ford Coppola e pelo próprio Fitzgerald.


Jane Austen Zumbi
Além de ser mestre nas artes marciais, Elizabeth Bennet do romance Orgulho, preconceito e zumbis tem um perfil no Facebook. A brincadeira faz parte de uma campanha de marketing da editora Quirk Books. A ideia é gerar publicidade boca-a-boca em torno do lançamento de Pride and prejudice and zombies: Dreadfully ever after - previsto para março do ano que vem. O livro será uma sequência de Pride and prejudice and zombies: Dawn of the Dreadfuls, de Steven Hockensmith. A Quirk ainda criou um perfil de Mr. Darcy no Twitter, um blog para Mrs. Bennett e prevê mais ações na internet.

Larsson em quadrinhos
Definitivamente, o sucesso em torno do escritor Stieg Larsson não tem hora para acabar. Dessa vez, a vida do escritor será transformada em quadrinhos com roteiro de Guillaume Lebeau e desenhos de Frédéric Rébéna. O livro tem previsão de lançamento em 2011 pela editora Dupuis.

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O Wall Street Journal também encontrou um e-mail de Siteg Larsson conversando sobre romances policiais. O texto está disponível em http://tinyurl.com/22ph9sa

Os livros favoritos de Salman Rushdie
Por ocasião do lançamento de Luka e o fogo da vida nos Estados Unidos, o Wall Street Journal perguntou a Salman Rushdie seus livro de fantasia preferidos. Sem pestanejar, o autor citou cinco livros que não são apenas para adolescentes: Aventuras de Alice no pais das maravilhas / Alice através do espelho, de Lewis Caroll; Peter Pan, de J.M. Barrie; O senhor dos anéis, de J.R.R. Tolkien; A bússola de ouro, de Philip Pullman; e O estranho caso do cachorro morto, de Mark Haddon.

A notícia Franzen da semana
O romance Freedom, de Jonathan Franzen já está sendo mais assimilado e tem recebido algumas críticas negativas. Para alguns o "hype" em torno de Franzen foi um pouco excessivo. A revista inglesa Literary Review, por exemplo, incluiu o romance na lista de indicados ao Bad Sex in Fiction Award - em tradução livre, significa algo como "Prêmio para o sexo ruim na ficção". O vencedor do prêmio será anunciado em 29 de novembro.

*imagens: reprodução Wikipedia e perfil de Elizabeth Bennet.

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

SERROTE NAS LIVRARIAS


Calma, caro leitor. Não se trata de uma dose tripla da revista Serrote, mas bem que poderia. É que a sexta edição está tão boa que precisou de três capas diferentes - todas assinadas por Felipe Cohen.

Só para você ter uma ideia: tem um artigo do escritor Alberto Manguel; tem Roberto Bolaño escrevendo sobre As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain; tem um ensaio impressionante de Henri Focillon - “Elogio da mão”; tem Armando Freitas Filho escrevendo sobre a expressão mais usada por João Cabral de Melo Neto - “Compreende?”; tem David Foster Wallace no Alfabeto; tem Maurice Blanchot falando sobre a morte; tem Rodolfo Walsh na seção "Carta aberta" e tem muitas outras coisas.

A melhor notícia é que a Serrote é quadrimestral. Assim, dá tempo de ler tudo até sair o próximo número.

*imagem: reprodução.
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EXPERIÊNCIA LIMITE: DINO BUZZATI

Um crítico disse certa vez que Dino Buzzati foi um escritor sui generis na literatura italiana. Basta ler qualquer um de seus contos ou romances para perceber algo bem diferente que circula entre o absurdo, o existencialismo e o surreal - seus temas favoritos. Acho Deserto dos Tártaros e As noites difíceis, duas obras primas.

Além de escritor, Buzzati era jornalista e também artista plástico. Ele gostava de mexer com esses três campos e se ressentia pelo fato de ser reconhecido somente como um autor de ficção. Mas devo confessar que fiquei bastante impressionado com o livro Poema em quadrinhos - que está saindo pela Cosac Naify. Não sei como foi na época do lançamento (1969), deve ter feito as pessoas olharem para sua obra com outros olhos.

Não se trata de uma história em quadrinhos propriamente, como estamos acostumados. Parece que Dino Buzzati resolveu experimentar essa linguagem e levá-la ao seu limite. Os desenhos têm cores e formas chocantes, reduzidas ao essencial da narrativa. O texto mistura a forma da prosa e da poesia, as frases parecem soltas e as palavras livres. Além de tudo isso, o livro emula pintura e faz muita referência ao cinema italiano dos anos 60/70 - Pasolini, Antonioni e Fellini. Vale lembrar que nessa época as teorias linguísticas estavam em plena ebulição na Europa e podem ter servido de estofo para as ideias de Buzzati.

A história é uma nova interpretação do mito de Orfeu, personagem da mitologia grega. Nessa versão, Orfeu é Orfi, um cantor pop; e Eurídice é Eura, a musa que morre jovem. O desfecho é bastante diferente, reatualiza o mito.

A revista Piauí publicou um trecho do livro na edição desse mês.

*imagem: divulgação.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

A ÁRVORE DE CÓDIGOS DE JONATHAN SANFRAN FOER


Jonathan Sanfran Foer é tido por muitos como um escritor superestimado e pretensioso por causa do estilo incomum dos seus livros. Basta ler Tudo se ilumina ou Extremamente alto & incrivelmente perto para perceber. No entanto, ele segue sendo apontado como um escritor talentoso e colecionando diversos prêmios aqui e ali. E por mais que tentem ignorá-lo qualquer movimento do rapaz sempre vem acompanhado de um grande burburinho. Seu novo livro Tree of codes é a maior prova disso.

Foer pegou o livro Ulica krokodyl ("A rua dos crocodilos" - em tradução livre), de Bruno Schulz e foi recortando palavras de uma página para criar buracos que permitissem ao leitor ver as palavras da página seguinte e assim por diante. Dessa forma, as páginas do livro se relacionam e criam uma nova história a partir do livro escrito por Bruno Schulz. Daí vem a ideia de "árvore de códigos", pois você pode ler o livro de diversas formas. Cada página corresponde a um galho que pendura palavras, que vão formando frases, etc.

A execução de Tree of codes ficou a cargo da editora Visual Editions - uma nova editora que investe em livros com projetos gráficos inovadores. A ideia foi recusada por diversas gráficas da Europa e todo o processo levou quase um ano para conseguir chegar ao resultado final perfeito.

Evidentemente esse experimento não resulta numa grande história. Tanto o pessoal da Visual Editions quanto Foer querem chamar atenção para a materialidade dos livros na era dos livros eletrônicos. Em entrevista a Vanity Fair, Foer disse que não tem nada contra os e-books. Sua vontade era criar um "livro-obra-de-arte" que fosse uma alternativa a essa tendência eletrônica surpreendendo os leitores com a forma que o livro tem.

É fato que o livro não vai vender milhões e o seu gesto não vai proclamar Foer o gênio de uma geração. Acho que embora a ideia soe pretensiosa, a intenção tem um resultado bem interessante. Basta ver esse vídeo com a reação das pessoas.

*imagem: reprodução / Visual Edition
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

FESTA FICÇÃO!


Quem disse que o pessoal das letras não gosta de festa? Estréia amanhã a festa FICÇÃO organizada por Carola Gonzalez e Renata Megale. Todo mês personalidades do mundo das letras vão dominar as pick-ups do clubinho Alberta#3 em São Paulo.

Na primeira edição quem coloca o povo para dançar são os escritores Michel Laub e Daniel Galera, Marcos Sacchi (o capista da editora Conrad) e André Conti (editor da Cia das Letras). A noite promete bastante. Será que o Daniel Galera vai de rock and roll, pop anos 80 e brasilidades? Vai ter até um drinque especial "NÃO FICÇÃO!".

INFO:

Ficção - 23.11 - 22h
Alberta#3
Avenida São Luís, 272 - República
Preços: R$30 na porta ou R$20 com nome na lista


*imagem: reprodução.
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domingo, 21 de novembro de 2010

SALMAN RUSHDIE E LUKA

Somente agora o romance Luka e o fogo da vida, de Salman Rushdie está chegando as livrarias dos Estados Unidos. Esse livro foi lançado mundialmente em agosto, aqui no Brasil, por ocasião da participação de Rushdie na FLIP.

Luka e o fogo da vida retoma um outro romance escrito por Rushdie, Haroun e o mar de histórias. Luka tem apenas doze anos e almeja ser como seu pai, Rashid Khalifa, e seu irmão mais velho, Haroun. No entanto, depois de provocar um incêndio acidental num circo que está na cidade, Luka vê seu pai cair num feitiço mortal. A única maneira de quebrar o feitiço e salvar Rashid Khalifa da morte é roubando o Fogo da Vida. Assim, Luka inicia sua jornada pelo Mundo da Magia a fim de enfrentar diversos obstáculos para conquistar seu objetivo.

Rushdie coloca na história diversos elementos das mitologias antigas e contemporâneas além de inserir outros elementos que lembram o universo dos videogames - recomendo a leitura de Luka e os videogames, em que Daniel Galera fala dessa ligação.

Para promover o livro nos Estados Unidos, a editora Random House colocou um booktrailer cinematográfico na internet. Também é possível ouvir o próprio Rushdie lendo um trecho do livro em inglês para um podcast da revista Vanity Fair. Por aqui, o livro foi lançado pela Companhia das Letras em edição caprichada com tradução de José Rubens Siqueira - tem um trecho em português aqui.

*imagem: reprodução.

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sábado, 20 de novembro de 2010

NOTAS #9


Ilustre Quixote
O pintor Jean de Bosschère fez desenhos impressionantes para uma edição do livro Dom Quixote de La Mancha datada de 1922. Nas mãos de Bosschère o cavaleiro de Cervantes ganhe uma aura espiritualista e obscura, bem ao do estilo do pintor. Quixote também foi ilustrado por outros pintores como Gustave Doré, Albert Dubout e Salvador Dali. Os desenhos de Bosschère estão disponíveis em http://tinyurl.com/2facvad

Mano Kerouac
Num período paranóico Jack Kerouac iria trazer a prosa espontânea das ruas dos Estados Unidos para dentro de seu mítico romance On the road. Cinquenta e três anos mais tarde Mike Lacher, escritor e designer, decidiu que a linguagem do romance precisava de uma atualização. Por isso, ele criou o tumblr On the bro'd. A ideia é simples: reescrever cada sentença de On the road na linguagem dos brothers. O resultado pode ser conferido em http://onthebrod.tumblr.com/

Pinguim danado
A editora Penguin está lançando uma caixa contendo 100 postcards diferentes com algumas de suas capas clássicas. A coleção é parte das comemorações dos seus 75 anos da editora. Tem desde as primeiras capas com duas faixas laranjas até edições mais modernas. Nem é preciso lembrar que o designer das capas da Penguin fizeram história e causam inveja no mundo todo. Como dizem, a Penguin sabe renovar um clássico.

Livros do ano
Sérgio Rodrigues do blog Todoprosa está organizando uma votação dos livros do ano lançados no Brasil. No total a lista dos concorrentes contará com dez autores brasileiros e dez autores estrangeiros. Os internautas e leitores podem indicar livros de sua preferência, sempre justificando a escolha com bons argumentos. Sérgio já deu pistas de que 2666, de Roberto Bolaño estará na lista. A votação começa em dezembro.

Manuscritos ameaçados
O Victoria and Albert Museum em Londres está em busca de doações para salvar os manuscritos de três romances de Charles Dickens. Entre as raridades estão David Copperfield e Um conto de duas cidades. Os manuscritos tem mais de 150 anos e estão bastante desgastados. Segundo o museu, a última restauração desses manuscritos foi feita nos anos 60.

A notícia Franzen da semana
Jonathan Franzen leu um trecho de seu badalado romance Freedom no 92nd Street Y, em Nova York. Ele subiu ao palco carregando uma valise, parecia um pouco tímido no começo e leu com rapidez os primeiros parágrafos. Depois ele foi acalmando e deu mais espaço para risada do público nos trechos irônicos. Ele dividiu a noite com a escritora Lorrie Moore, ambos responderam a perguntas enviadas pelo público logo após a leitura. Mais solto, Franzen fez graça e divertiu a platéia. Um trecho da leitura está disponível em http://tinyurl.com/234op6t

*imagem: reprodução do livro Dom Quixote.

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

MAIS PRÊMIOS LITERÁRIOS

Ontem foram anunciados os ganhadores do Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional. No total são oito prêmios divididos em oito categorias e cada um deles recebe o nome de um escrito brasileiro.

O grande vencedor do Prêmio Machado de Assis - categoria romance foi Do fundo do poço se vê a lua, de Joca Reiners Terron. Outros dois romances premiados foram Ribamar, de José Castello e Lugar, de Reni Adriano.

Do fundo do poço se vê a lua faz parte da coleção "Amores Expressos" e foi publicado esse ano. O romance conta a história de Wilson e William - irmãos gêmeos fisicamente idênticos, mas de personalidades completamente oposta. Wilson tenta desesperadamente se diferenciar da figura do irmão ao desejar transformar-se numa mulher tão inspiradora como a rainha Cleopátra. A trama se desenvolve depois do sumiço de Wilson e de um cartão-postal vindo da cidade do Cairo. Para escrever o romance Joca viajou para o Egito e ficou durante um mês na cidade do Cairo, fazendo viagens para Alexandria e Luxor.

O primeiro lugar do Prêmio Clarice Lispector - categoria conto foi para As certezas e as palavras, de Carlos Henrique Schroeder. O segundo e terceiro lugar ficaram com O macaco ornamental, de Luis Henrique Pellanda e Retratos imorais, de Ronaldo Correia de Brito.

O prêmio Paulo Rónai - categoria tradução ficou Rubens Figueiredo para a tradução do livro Ressureição, de Liev Tolstói. Outros dois ganhadores foram Luís Carlos Cabral com a tradução de Três tristes tigres, de Guillermo Cabrero Infante e Cláudio Giordano com a tradução de Cárcere de amor, de Diego de San Pedro.

*imagem: divulgação.
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ESCOLHA DO NATIONAL BOOK AWARDS

Surpresa na premiação do National Book Awards. O livro na categoria de melhor ficção foi Lord of misrules, de Jaimy Gordon. Estavam na disputa pelo prêmio alguns autores conhecidos como Peter Carey, Nicole Krauss e Lionel Schriver. Dizem que é uma tradição do prêmio não incluir na lista de indicados e nem premiar autores já consagrados. Muita gente sentiu falta de Jonathan Franzen, por exemplo, que acabou de lançar um romance bastante elogiado.

Jaimy Gordon, a autora do romance premiado, já publicou outros três livros. Tanto seu nome como sua obra permanece inédita no Brasil - arrisco dizer que no resto do mundo também. O prêmio certamente vai impulsionar uma circulação e tradução de seus livros. Ao bem semelhante aconteceu com Colum McCann, ganhador desse prêmio no ano passado com seu romance Deixe o grande mundo girar.

Lord of misrules - "Senhor da trapaça", em tradução livre -, fala sobre o terrível submundo das corridas de cavalo. Tommy Hansel inscreve quatro cavalos pouco conhecidos numa corrida em Indian Mound Downs, Estados Unidos. O plano é participar da competição para salvar seu estábulo da falência, porém ele terá de enfrentar uma verdadeira rede de intrigas e tramas inesperadas. Treinadores, jóqueis, apostadores, todos lutam desesperadamente para conseguir alguma vantagem nessas corridas a fim de sobreviver.

Um trecho do romance está disponível em inglês aqui.

*imagem: reprodução.
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terça-feira, 16 de novembro de 2010

REVISTA GRANTA NO BRASIL E NO MUNDO

A revista Granta já é velha conhecida de todo mundo que gosta de acompanhar assuntos do universo literário. Com muita história para contar, a revista inglesa criou um formato consagrado que mistura textos inéditos de ficção, poesia e ensaios assinados por escritores renomados, escritores estreantes e críticos consagrados. Enriquecendo os textos caudalosos há espaço para desenhos, pinturas e ilustrações - arte primorosa que casa muito bem com o conteúdo. Cada edição tem um tema principal que orienta o olhar da revista.

Para você ter uma ideia a Granta já teve em suas páginas Martin Amis, Saul Bellow, Raymond Carver, Nadine Gordimer, Milan Kundera, Ian McEwan, Gabriel Garcia Marquez, Salman Rushdie e muitos outros. A cada dez anos a revista tem preparado especiais para revelar novos escritores americanos e europeus.

A Espanha ganhou uma versão da revista seguindo o mesmo formato e aproveitando também o conteúdo da versão inglesa. Na 11ª edição, lançada esse ano, os editores publicaram um especial com os melhores jovens escritores em espanhol. De olho no mercado internacional, o próximo número da versão inglesa terá o mesmo tema e vai publicar os mesmos autores.

O Brasil também tem uma versão da Granta em português. Criada em 2007, a revista é publicada pela editora Alfaguara e está lançando este mês sua 6ª edição com o tema "Sexo" - os outros cinco temas foram "Os melhores escritores norte-americanos", "Longe daqui", "Vários autores - seleção de William Boyd" e "Família".

O tema "Sexo" foi assunto da 110ª edição da versão inglesa, mas a versão brasileira usou apenas uma parte desse conteúdo e acrescentou textos de autores brasileiros. Tem Marie Darrieussecq, Mark Doty, Dave Eggers, Lynn Barber, Anne Enright, Nell Freudenberger e Gary Shteyngart. Entre os brasileiros estão Rodrigo Lacerda, Ricardo Lísias, Reinaldo Moraes, Luiz Vilela, Antonia Pellegrino e os poetas Chacal e Antonio Cicero.

Como apontou Daniel Benevides no caderno Ilustrada, é uma pena que tenha ficado de fora os textos de Roberto Bolaño, Tom McCarthy e Herta Müller. Os três escritores foram muito comentados ao longo de todo esse ano. Bolaño, por exemplo, pode ser escolhido o autor do melhor livro do ano.

De qualquer forma, a Granta em português coloca a gente em contato com vários textos que poderiam passar em branco por aqui. Espero que a revista cresça e faça projetos em conjunto com a versão em espanhol e em inglês. Maneira de colocar a nossa literatura em circulação antes de 2013 quando seremos os convidados de honra da Feira de Frankfurt.

*imagem: divulgação.


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domingo, 14 de novembro de 2010

RASCUNHO - JORNAL DE LITERATURA

Quero corrigir uma injustiça que sei que devo ter cometido. Diversas vezes falei por aqui sobre o papel dos suplementos literários, das revistas e dos jornais no Brasil que falam com maior ou menor atenção sobre literatura. Em nenhum momento mencionei devidamente um jornal que faz esse trabalho por dez anos: Rascunho - jornal de literatura do Brasil. Criado em Curitiba pelo editor Rogério Pereira, o jornal tem uma edição impressa e um site na internet recheado de reportagens, entrevistas, resenhas, críticas e colunas assinadas por gente muito bacana. O belo trabalho do Rascunho é fruto do esforço de uma equipe fixa e de diversos colaboradores de peso. Isso sem mencionar o espaço e atenção dado aos novos autores. Assuntos da maior importância e conteúdo de qualidade sempre estão presentes.

No ano em que o Rascunho está completando 10 anos de vida quem ganha um presente são os leitores. Para comemorar a data a editora Arquipélago está publicando o livro As melhores entrevistas do Rascunho – Vol. 1, com organização do jornalista e escritor Luís Henrique Pellanda e ilustrações de Ramon Muniz. Ao todo são 15 entrevistas com escritores brasileiros como João Ubaldo Ribeiro, Bernardo Carvalho, Wilson Martins, Cristovão Tezza, entre outros. A julgar pelo título podemos esperar um volume 2. Vamos torcer.

Parabéns ao Rascunho e vida longa!

As Melhores Entrevistas do Rascunho – Vol. 1
Luís Henrique Pellanda (org.)
Arquipélago








*imagem: reprodução.

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

RESTRIÇÕES LITERÁRIAS


O ator James Franco de filmes como "Homem-Aranha", "Milk" e "Howl" publicou um livro de contos, Palo Alto. O livro reúne histórias sobre a angústia e o vazio existencial de um grupo de adolescentes que vivem em Los Angeles, nos Estados Unidos. Franco disse em diversas entrevistas que sua intenção era abordar grandes dilemas que estão ligados a essa fase da vida. Apesar da temática, Palo Alto não é direcionado ao público juvenil.

A estréia do ator no universo da ficção foi recebida com entusiasmo por uma parte da crítica. O New York Times, o Washington Post e o Book Bench da revista New Yorker gostaram bastante do livro. O célebre escritor Michael Cunningham gravou um vídeo conversando com o ator e tecendo diversos elogios. Porém, a outra parte da crítica não gostou do livro antes mesmo de lê-lo porque, segundo dizem, James Franco é um ator celebridade de Hollywood e não um escritor.

Paralelo a carreira de ator, ele frequentou os famosos cursos de escrita criativa de onde saíram renomados autores americanos. No começo Franco escrevia contos em particular, como hobby. À medida que foi mostrando esses contos e teve retorno das pessoas, sentiu segurança para publicar o livro.

A situação de James Franco lembra o caso recente de Chico Buarque com os prêmios Jabuti e Portugal Telecom. O grande compositor da música popular brasileira é também autor de quatro romances: Estorvo, Benjamim, Budapeste e Leite Derramado. Três deles já faturaram prêmios importantes de literatura. Isso sem mencionar o fato desses livros serem sucesso de público.

Chico disse que acha natural a desconfiança da crítica como apontou Raquel Cozer num texto para o Caderno 2. Reproduzo abaixo a fala dele:

“É difícil dissociar o narrador da pessoa pública. As pessoas pensam que o livro faz sucesso porque o autor tem um programa de TV ou é compositor. Mas não acho chato isso, não. Se eu visse um outro compositor ou apresentador que escrevesse um livro, talvez eu desconfiasse de que não fosse bom. Isso é muito natural” (...).

Percebo que a mesma restrição também persegue Tony Bellotto, guitarrista da banda Titãs. Ele é autor de seis livros, divididos em contos e romances policiais. Não sei extamente em que medida a crítica torce o nariz para seus livros, pois Bellotto não teve a mesma exposição que Chico Buarque em termos de premiação literária - pelo menos não que eu me lembre.

Não quero dizer que essas três personalidades escrevem romances de alta densidade literária e que eles estão à frente de pessoas que se dedicam integralmente a prosa de ficção. Mas por que o ator, o compositor e o guitarrista não podem também ser escritores?

*imagem: montagem sobre fotos reproduzidas do Google.

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NOTAS #8


Contos de fadas
Livros de contos de fadas sem ilustrações são muito sem graça. Quanto mais caprichada a ilustração, mais vamos gostar do livro. Pensando nisso, uma pessoa apaixonada por contos de fadas criou um Flickr para reunir ilustrações de livros bem antigos. A coleção conta com desenhos do principal trio de ilustradores do começo do século XX: Edmund Dulac, Arthur Rackham e Charles Robinson. Mais imagens estão disponíveis em http://tinyurl.com/y9srzkv

Nobel sem descanso
Mario Vargas Llosa mal ganhou o prêmio Nobel de Literatura e já retornou ao trabalho. Ele foi convidado pela Universidade de Princenton para ministrar um curso sobre técnicas do romance e outro sobre o escritor argentino Jorge Luis Borges. Vargas Llosa ainda lançou essa semana um novo romance, El sueño del celta. Ainda inédito no Brasil, esse livro tem previsão de lançamento em 2011 pela editora Alfaguara.

Autorretrato de Borges
O americano Burt Britton, co-fundador da lendária livraria New York Books & Company, conheceu de perto muitos escritores e outras figuras ilustres. Para cada um deles Britton fazia um pedido curioso: desenhar um autorretrato. A brincadeira ficou tão série que acabou virando uma coleção particular muito cobiçada - inclusive toda a coleção foi a leilão no ano passado e arrecadou lances altíssimos. Entre os escritores que se autorretrataram estão: Maurice Sendak, Margaret Atwood, Saul Bellow, Jorge Luis Borges, Roald Dahl, Allen Ginsberg, Stephen King, Cormac McCarthy, Norman Mailer, John Updike, Tom Wolfe e muitos outros. Uma parte desses desenhos pode ser vista em http://tinyurl.com/3x2zxeg

Nos bastidores
Dois autores do universo da prosa de ficção estão por trás do especial Afinal, o que querem as mulheres?: João Paulo Cuenca e Cecília Giannetti. Ambos escreveram o roteiro do seriado e contaram com a coautoria de Michel Melamed e do diretor Luiz Fernando Carvalho. Em entrevista os dois disseram da diferença entre escrever um livro solitariamente e de escrever para a TV em parceria com mais pessoas. Com duração de seis episódios e exibição semanal, o seriado vai ao ar na TV Globo.

Escolha editorial da Amazon
A megaloja Amazon fez a sua tradicional lista de melhores livros lançados no ano. Na categoria ficção os dez livros escolhidos são: Matterhorn, de Karl Marlantes; Freedom, de Jonathan Franzen; A mulher foge, de David Grossman; The Imperfectionists, de Tom Rachman; Major Pettigrew's Last Stand, de Helen Simonson; The Hand That First Held Mine, de Maggie O'Farrell ; Skippy Dies, de Paul Murray; One Day, de David Nicholls; Memory Wall, de Anthony Doerr e The Lonely Polygamist, de Brady Udall.

Honra ao mérito
Toni Morrison recebeu na França a Ordem Nacional da Legião de Honra - a maior condecoração de honra concedida pelo governo francês. Durante a cerimônia de entrega na semana passada Frederico Mitterrand, o ministro da cultura, disse que Morrison "incorpora a melhor parte da América, o que fundamenta o amor à liberdade nos sonhos mais intensos". Além de ser unanimidade de crítica como uma das melhores escritoras de seu tempo, Morrison também já ganhou o Prêmio Pulitzer e foi a primeira mulher negra a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura.

A noticia Franzen da semana

O jornal britânico Guardian disponibilizou o vídeo de uma entrevista com Jonathan Franzen. Sarfraz Manzoor, colaborador do jornal, pergunta ao escritor sobre o novo romance - Freedom, sobre a amizade com David Foster Wallace e sobre a política nos Estados Unidos. É interessante observar os óculos que foram cobiçados por uma dupla de malucos numa festa na Inglaterra e a imensa calma de Franzen ao responder as perguntas. O vídeo está disponível em http://tinyurl.com/2wjg5ql

*imagem: reprodução.


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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MICHEL HOUELLEBECQ GANHA O PRÊMIO GONCOURT


O escritor Michel Houellebecq é o ganhador do prêmio Goncourt pelo romance La carte et le territoire - ainda inédito em português. Ele vinha sendo apontado como favorito desde que a indicação foi anunciada. O livro conta a história de um famoso artista plástico que pede a um badalado escritor chamado Michel Houellebecq um texto para compor o catálogo de uma de suas exposições. Meses depois, Michel Houellebecq é encontrado morto. Parece que não faltam ao romance os elementos preferidos de Houellebecq: crítica a sociedade moderna, humor negro, sexo e doses cavalares de pessimismo.

Michel Houellebecq, ele mesmo não a personagem do romance, é uma figura bastante polêmica por tudo o diz e escreve. Quando La carte et le territoire foi lançado, por exemplo, muita gente acusou o livro de plágio a trechos da Wikipédia. A inclusão do autor na lista de indicados ao prêmio Goncourt também rendeu bastante assunto. Porém, Houellebecq tem uma boa reputação fora da França e tem uma verdadeira legião de fãs. Iggy Pop gosta tanto de Houellebecq que até fez um disco inspirado em seus romances - Préliminaires.

Dizem que o prêmio serviu como uma espécie de reparação da crítica francesa em relação ao autor injustiçado. Há quem enxergue nele traços de Lawrence Sterne, Celine, JG Ballard e Dostoiévski.

Eu li Particulas elementares e não gostei muito. Particularmente, fiquei incomodado com o universo apocalíptico ao extremo e com certos clichês que ele menciona sobre o Brasil. Mas reconheço que muitas críticas feitas a sociedade dos anos 60/70 são bastante fundadas.

Pode ser que Houellebecq mereça uma segunda chance.

*imagem: reprodução Wikipédia.
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domingo, 7 de novembro de 2010

FESTIVAIS LITERÁRIOS EM NOVEMBRO


Como todo mundo anda dizendo por aí, novembro é realmente o mês dos festivais literários. Pelo menos quatro deles devem acontecer a partir da próxima semana em Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo. Em todos eles há espaço para a poesia, para a prosa e para a mistura desses gêneros com outras linguagens.

Abrindo a temporada, o Fórum das Letras de Ouro Preto promove uma homenagem à África e a literatura do mundo lusófono. O Fórum acontece de 10 a 15 de novembro e conta com a participação de tantos autores que fica impossível mencionar todos, entre eles Mia Couto, Ondjaki, Alberto Mussa, Marina Colasanti, Daniel Galera e Rafael Coutinho, João Paulo Cuenca, Ronaldo Correia de Brito, Edney Silvestre, João Ubaldo Ribeiro, etc. Vale a pena aproveitar a viagem e curtir Ouro Preto já que o evento explora diversos lugares da cidade histórica.

Em seguida começa a Fliporto que deixou Porto de Galinhas e vai acontecer em Olinda entre os dias 12 e 15 de novembro. O evento segue um esquema semelhante ao da FLIP, em Paraty. O tema do festival será "A presença judaica no Brasil" e a escritora homenageada será Clarice Lispector. Os autores convidados são Alberto Manguel, Daniel Galera e Rafael Coutinho, Edney Silvestre, Milton Hatoum, Moacyr Scliar, Raimundo Carrero, Ricardo Piglia, Xico Sá, Tatiana Salem Levy, entre outros.

Ainda no nordeste, acontece de 18 a 20 de novembro a segunda edição da Flipipa - Festival Literário de Pipa, no Rio Grande do Norte. Alguns autores que estarão na Fliporto seguem para Pipa, mas o evento conta também com a presença de Marçal Aquino, João Gilberto Noll e João Ubaldo Ribeiro.

Junto com a Flipipa, rola em São Paulo a quinta edição da Balada Literária, organizada por Marcelino Freire. Nesse ano, a escritora homenageada será Lygia Fagundes Telles.Tem ainda Andréa del Fuego, Ivana Arruda Leite, Alberto Manguel, Marcelo Rubens Paiva, Cristhiano Aguiar, José Rezende Jr., Paulo Sandrini, Verônica Stigger, Ulrich Peltzer, José Castello, entre outros. O melhor: tem festa, senão não seria balada.

Se alguém se lembrar de mais algum, por favor, avisem.

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Update: recebi a notícia de que nos dias 12, 13, 14 e 15 de novembro acontece na cidade de Jaraguá do Sul - Santa Catarina o Panorama Jaraguá: literatura. Haverá debates, oficinas e o lançamento de um catálogo de escritores jaraguaenses. O evento acontece no SESC da cidade e conta com a participação dos autores Antônio Xerxenesky, Carol Bensimon, Ramon Mello, Marcelo Moutinho e Luís Henrique Pellanda.

*imagem: reprodução do site da Fliporto.

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

NOTAS #7


Tesouros da internet
Em 1925 o Fausto, de Goethe ganhou uma edição ilustrada pelo irlandês Harry Clarke. Ele fez cerca de 80 desenhos monocromáticos inspirados na história do homem que fez um pacto com o diabo. O tema é perfeito para as figuras surrealistas e atormentadas que estão espalhadas pelo livro. Clarke foi bastante cultuado pela psicodelia dos anos 60 e 70. A edição rara está disponível na internet em http://tinyurl.com/2d9rhrm

Lobo Antunes inédito
Nesta semana, Sôbolos rios que vão chegou as livrarias de Portugal. Trata-se do novo romance de António Lobo Antunes. O nome do romance vem de um verso de Camões. Algo entre a memória e a ficção, o livro conta a história de um homem que relembra os acontecimentos mais importantes de sua vida depois de sair de uma sala de cirurgia. Um rio de vozes inunda esse universo e todas elas correm para o seu fim.

A morte lhe cai bem
A revista Forbes lançou mais uma de suas famosas listas. Dessa vez a categoria era 'as treze personalidades mortas mais rentáveis'. Entre Michael Jackson, Elvis Prestley e John Lennon estavam dois escritores: J.R.R. Tolkien que morreu aos 81 anos vítima de uma úlcera e Stieg Larsson que morreu aos 50 anos vítima de um ataque do coração. Tolkien é autor do livro O senhor dos anéis e rende algo em torno de $50 milhões. Já Larsson com sua trilogia Millenium rende cerca de $15 milhões. Pode ser que a adaptação dos livros de Larsson para o cinema em Hollywood ajude a mudar esse quadro.

Polêmica
O livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato está envolvido em polêmica. O Conselho Nacional de Educação recomendou que esse livro fosse banido das escolas públicas em todo o Brasil por ser racista. O Sítio do Picapau Amarelo é uma das obras mais importantes da literatura infanto juvenil brasileira. O Ministério da Educação está avaliando a restrição.

Gabo na ativa
Gabriel Garcia Márquez está ocupado escrevendo um novo romance. O anúncio foi feito por seu editor na ocasião do lançamento de Yo no Vengo a Decir Un Discurso. A notícia contraria o boato de que Gabo iria abandonar a literatura e não iria mais escrever nenhum livro. O novo romance não tem data certa para publicação, mas deve se chamar "Nos encontraremos em Agosto" - em tradução livre.

Bloqueio criativo - a notícia Franzen da semana
Jonathan Franzen confessou ao jornal britânico Guardian na semana passada que a vergonha o impediu de escrever por uma década. Não se trata de uma pequena vaidade literária que ronda todos os escritores. Franzen tinha vergonha de tudo, incluindo pudor em relação a um caso amoroso e sua inexperiência sexual. A situação lhe causou um bloqueio criativo que só terminou graças aos sábios conselhos de sua mãe e de um amigo. Pobre Franzen!

*imagem: reprodução do desenho de Harry Clarke para a edição do Fausto.

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

FINALISTAS DO PRÊMIO CUNHAMBEBE

Confesso que não conhecia o Prêmio Cunhambebe de literatura estrangeira, mas descobri que sua criação é recente - a primeira edição foi em 2008. Inspirado no nome de um chefe indígena do século XVI, seu objetivo é premiar uma obra de ficção estrangeira contemporânea que tenha sido recém publicada no Brasil.

Na primeira edição o livro premiado foi As benevolentes, de Jonathan Littell que saiu pela editora Alfaguara com tradução de André Telles. No ano passado o ganhador foi Putas assassinas, de Roberto Bolaño publicado pela Companhia das Letras com tradução de Eduardo Brandão.

Para a edição desse ano foram anunciados essa semana os finalistas:

A fantástica vida breve de Oscar Wao, Junot Diaz - trad. Flávia Anderson, Record
Indignação, de Philip Roth - trad. Jorio Dauster, Companhia das Letras
Vidas Novas, de Ingo Schulze - trad. Marcelo Backes, Cosac Naify
Após o anoitecer, de Haruki Murakami - trad. Lica Hashimoto, Alfaguara
Terras baixas, de Joseph O'Neill - trad. Cássio de Arantes Leite, Objetiva
Às cegas, de Claudio Magris - trad. Maurício Santana Dias, Companhia das Letras
A chuva antes de cair, de Jonathan Coe - trad. Christian Schwartz, Record
A mulher foge, de David Grossman - trad. George Schlesinger, Companhia das Letras
Refrão da fome, de JMG Le Clézio - trad. Leonardo Fróes, Cosac Naify
O projeto Lazarus, de Aleksander Hemon - trad. Maira Parula, Rocco

O prêmio tem curadoria de Stéphane Chao e participam da comissão julgadora Alberto Mussa, Álvaro Costa e Silva, Eduardo Simões, Marcos Strecker, Miguel Conde, Rachel Bertol, Raimundo Carrero, Ronaldo Correia de Brito e Ubiratan Brasil. O livro vencedor será anunciado em dezembro.

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

PRIMAVERA NA CULTURA


Começou hoje e vai até o dia 15 de novembro o evento Primavera dos Livros na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Na programação haverá palestras, lançamentos e noite de autógrafos. As palestras em destaques são:

Escritores negros: Cruz e Souza, Machado de Assis e Lima Barreto
Com Eduardo de Assis Duarte, Luiz Silva Kiusam de Oliveira
Mediação de Sérgio Cláudio dos Santos

Crônicas
Com Humberto Werneck, Fernando Portela e Antonio Prata

Diversidade sobrenatural: vampiros que me mordam!
Com Adriano Messias, Arianne Brogini e Marcos Torrigo
Mediação de Ivan Finotti

Arrepiando a manhã... com histórias mal-assombradas
Com Adriano Messias

Haverá ainda palestras sobre o mercado livreiros, a chegada dos livros digitais, políticas públicas para a cultura, quadrinhos, internet, a literatura no teatro, no cinema, na televisão, na moda e na música. A programação completa pode ser conferida no site da Libre.

*imagem: reprodução do site da Libre.
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OS CURIOSOS MANUSCRITOS DE JANE AUSTEN

Uma tese curiosa está no ar e deve mexer um pouco com a impressão que todos temos da escritora inglesa Jane Austen. Seria ela uma escritora experimental e a frente do seu tempo?

Tudo começou com o projeto Jane Austen fiction manuscripts. Uma equipe de especialistas recolheu e disponibilizou na internet mais de 1000 manuscritos que pertenceram à escritora. Durante a analise dos manuscritos a professora e diretora do projeto, Kathryn Sutherland, constatou que não havia neles a maneira precisa e elegante tão comum aos romances de Jane Austen. Pelo contrário, havia nos manuscritos muitas rasuras, diversas inserções, borrões e alguns problemas de gramática e ortografia.

O desvio fez com que a professora pensasse na hipótese de que Jane Austen estivesse criando algo experimental ao tentar aproximar seu texto do modo como as pessoas conversam na vida real. Alguns trechos têm pontuação irregular, as frases são corridas e as falas das personagens não são divididas em parágrafos específicos para cada uma delas. Na versão impressa dos livros tudo isso foi modificado e colocado na forma mais convencional. Os textos finais bem acabados de Jane Austen foram obra do editor William Gifford.

É difícil pensar até que ponto essas observações podem tornar Jane Austen uma escritora experimental ou não. Pode ser que essa maneira "diferente" de escrever fosse parte do temperamento da autora e não uma intenção previamente planejada. Um estilo de escrita sem pontuação e frases com estrutura modificada só chegaria aos romances no século XX - pense em James Joyce, William Faulkner ou José Saramago. Os problemas de gramática e ortografia também não diminuem a obra que ela deixou - obra que vem sendo especialmente celebrada nos últimos anos. Talento e fôlego para a empreitada Jane Austen tinha de sobra.

Os manuscritos estão disponíveis na internet no site do projeto Jane Austen fiction manuscripts.

*imagem: reprodução do site Jane Austen fiction manuscripts.

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

HENRY JAMES: O MESTRE DO ROMANCE


Nos últimos anos a escritora Jane Austen teve uma misteriosa ascensão literária. Da noite para o dia seus romances começaram a ser reeditados aos milhares. Depois surgiram os mashups, os quadrinhos, os filmes, os vídeos no youtube e os artigos nos jornais. Porém, ela não está sozinha nesse resgate. Parece que o destino reserva os mesmos louros ao escritor Henry James.

Desde 2002, uma série de livros está sendo escrita tendo o escritor como objeto de estudo ou como personagem principal de suas tramas. Alguns de seus principais livros também estão ganhando novas reedições. O fenômeno é difícil de explicar. Seja qual for a verdadeira razão, ninguém pode negar a qualidade da obra de Henry James e o seu legado teórico para as futuras gerações.

Do homem teórico, por exemplo, posso dizer que ele foi o responsável por uma das principais formulações a respeito do foco narrativo no romance. Segundo dizem, a experiência de James com o teatro lhe deu gabarito para desenvolver romances em que a cena e o diálogo são os responsáveis pelo desenvolvimento da ação. Também é nesse momento que ele formula sua teoria sobre o narrador. Vou explicar de modo prosaico: para ele a figura do narrador no romance deveria se disfarçar numa personagem em terceira pessoa. Tal personagem deveria organizar a história, refletir e mostrar ao leitor tudo o que está se passando. Por isso a aversão dele aos romances em primeira pessoa ou com narradores que fazem muitas interferências na história.

As reflexões de Henry James estão reunidas numa série de prefácios que ele escreveu para alguns de seus romances e foram publicadas no livro A arte do romance - saiu pela editora Globo Livros com organização de Marcelo Pen.

Os grandes destaques da obra de Henry James são seus três últimos romances: As asas da pomba, de 1902; Os embaixadores, de 1903; e A taça de ouro, de 1904. Nesses livros, ele conseguiu apurar sua técnica narrativa, trabalhar muito bem a composição das frases e a escolha de cada palavra e explorar os drama humanos de maneira magistral.

No Brasil, A taça de ouro foi publicado pela editora Record. O mesmo livro ganhou no ano passado uma edição de bolso pela Best Bolso, um selo da editora Record. As asas da pomba saiu pela Ediouro em 1998, mas a edição está esgotada e pode ser encontrada apenas em sebos. Já Os embaixadores, livro que era inédito por aqui, vai ganhar este mês uma edição caprichada pela Cosac Naify. A tradução ficou a cargo de Marcelo Pen. A edição ainda terá textos de Modesto Carone e Ian Watt, além de prefácio escrito pelo próprio Henry James.

Outros livros de Henry James que já foram publicados no Brasil desde 2001: Os espólios de Poynton; A fera na selva; Pelos olhos de Maisie; Um peregrino apaixonado e outras histórias; Retrato de uma senhora e A volta do parafuso.

*imagem: reprodução Guardian.

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

THE BOY - INÉDITO DE DAVID FOSTER WALLACE

The boy, uma história inédita de David Foster Wallace está circulando na internet. Parece que essa história faz parte de Pale King - o livro inacabado de Foster Wallace que será publicado nos Estados Unidos no ano que vem. A história é cheia de verborragia, de ironias e do humor negro tão típicos do autor. Outros trechos que farão parte de Pale King também foram publicados pela revista New Yorker: Good people, Wiggle room e All that. Os fãs do escritor estão contando os dias para a publicação desse livro. Porém, Lane Brown da revista New York Magazine escreveu um artigo dizendo que este pode ser um livro bem chato.

Quem quiser também pode ouvir o próprio Foster Wallace lendo The boy. Há também o áudio de uma entrevista com ele. É interessante observar a reação da platéria.

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Update: Em dezembro a Columbia University Press vai publicar Fate, time, and language: an essay on free will. Trata-se da tese de gradução de David Foster Wallace.

*imagem: reprodução Google.

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