sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

JULGANDO LIVROS PELA CAPA (4): PORTUGAL X BRASIL

Se você acompanha esse blog desde o começo deve saber que todos os anos faço uma brincadeira comparando as capas dos mesmos livros em edições portuguesas e brasileiras. Nem preciso dizer que virou tradição, pois será o quinto ano da brincadeira.

Vale lembrar que não sou especialista no assunto e estou comentando as capas descompromissadamente - com certa dose de humor, senão ninguém aguenta. Cada país tem a sua própria cultura visual e cada consumidor tem uma preferência na hora de escolher um livro pela capa. As observações servem como um exercício especulativo sobre o trabalho do capista (ou da editora) na hora de dar uma "cara" ao livro.

A caixa de comentários está aberta para quem quiser participar - por favor, fiquem à vontade. As capas das edições brasileiras estão do lado esquerdo.



A graça infinita (Brasil) / A piada infinita (Portugal), de David Foster Wallace
A edição portuguesa saiu em 2012 e a nossa no final do ano passado. Lá, eles optaram por uma imagem de TV em estilo vintage. Imagino que pegaram carona num ensaio do autor em que ele expõe uma longa teoria sobre certos traços da ficção pós-moderna pensando na quantidade de horas diárias que ficamos em frente a TV. Não foi uma ideia ruim. Seja como for, nada é páreo para a capa e o projeto gráfico de Alceu Chiesorin Nunes, Nik Neves e Elisa Braga que dispensa explicações. Ponto para Brasil por unanimidade do júri!



Acqua Toffana, de Patricia Melo
Faz um tempo que os livros dela estão saindo por uma nova editora aqui no Brasil e ganhando um novo projeto gráfico. Esse livro especificamente ganhou uma capa mais abstrata que não diz muita coisa. Já a edição portuguesa vem com esse quarto de rosto de mulher - conta um pouco sobre o enredo do livro (muito pouco). Ficou elegante. Ponto para os portugueses.



Dora Bruder, de Patrick Modiano
O Nobel de Literatura do ano passado também está em reedição com novo projeto gráfico. Dito isso, parece um pouco injusto avaliar a capa brasileira isoladamente porque ela faz parte de um conjunto de três livros - quando colocados, um ao lado do outro, formam o nome do autor. Infelizmente, estou comentando capas individualmente. Por isso, a edição portuguesa me parece mais charmosa com esse retrato em branco e preto estampado. Alguns podem alegar que estraga a imaginação do leitor ao dar um rosto à personagem. Acho que não. Ponto deles.



NW, de Zadie Smith
A capa portuguesa é um tanto desastrosa na escolha da tipografia e das cores - acho que nisso todos estão de acordo. Não sei dizer ao certo, mas quando vi pensei naqueles livros chatos de negócios e empreendimentos. Os ícones no rodapé também não dizem muita coisa. A nossa capa é melhor por várias razões: a sobriedade da cor preta, o recorte, o mapa, o minimalismo. Desculpem, mas esse é nosso.



A morte do pai - Minha luta 1, de Karl Ove Knausgård
Para avaliar as capas desse livro é preciso saber um pouco do enredo: o autor relembra os anos de sua infância e juventude na tentativa de decifrar a história do seu pai. No percurso ele rompe um pouco das fronteiras que separam os gêneros ficção, ensaio, biografia e memória. Por essa razão, a escolha de um retrato do autor para compor a capa da edição portuguesa parece um tanto redutiva, inadequada. A escolha da casinha isolada sob um céu chumbo é muito mais apropriada. Transmite simbolicamente a atmosfera do livro. Ponto pra gente.



Os luminares, de Eleanor Catton
A capa da edição brasileira é bem interessante porque joga com figuras do zodíaco, mapas astrais e constelações - elementos fundamentais para o enredo do livro. O contraste entre o fundo azul e o branco das linhas também ficou charmoso. No entanto, a edição portuguesa ganha pontos pela composição com as fases da lua, o rosto da pintura e o fundo branco. Esse é deles.



Forma de voltar a casa (Brasil) / Maneiras de voltar para casa (Portugal), de Alejandro Zambra
A comparação dessas duas capas tem um cheiro de covardia. Os portugueses optaram por uma foto muito poética e a cor do título também ficou muito bonita. Difícil não se render. Mas como desconsiderar a beleza originalíssima da edição brasileira? A cor, o fundo com grafismos, a tipografia… nesse caso é empate.



Habitante irreal, de Paulo Scott
Desenhos e ilustrações podem ter certo apelo para alguns leitores. Nisso a capa da edição portuguesa vai bem: mantém a identidade visual da editora e as cores são chamativas. Porém, não consigo decifrar a ligação da fogueira e da coruja com o enredo. A nossa capa é mais certeira. O fundo branco é muito elegante e o boneco do índio sem cabeça e em posição de luta parece flutuar no tempo e no espaço. Tudo a ver com o livro. Ponto nosso!



A paixão, de Almeida Faria
Outra avaliação bastante complicada. Estamos diante de dois estilos muito diferentes e muito específicos. A edição brasileira aponta para o moderno com a fotografia do vilarejo. A edição portuguesa aponta para o clássico com o desenho das três figuras humanas. Cada um com seu estilo. Empate técnico novamente.



A verdade sobre o caso Harry Quebert, de Joel Dicker
A pintura de Edward Hooper que estampa a capa da edição brasileira é muito charmosa. Traduz o clima da pequenina e pacata cidade do interior dos Estados Unidos onde a história acontece. Já a capa da edição portuguesa tem uma bela fotografia de Gregory Crewdson. Como não pensar na misteriosa Nola Kellergan e seu momento dramático? Pode ser empate, né?

*Imagens: divulgação. 
Share/Save/Bookmark

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

APOSTAS PARA 2015 - NACIONAIS E ESTRANGEIROS

Entra ano, saí ano e a melhor maneira de começar os trabalhos com o pé direito é falando da previsão de lançamentos de livros das editoras nacionais e estrangeiras. Afinal, ano bom é ano com muita novidade. Aposto que você ainda está na praia u voltou ao trabalho com preguiça, mas procurou o termo "lançamentos de ficção 2015" no Google.

As nossas editoras não costumam divulgar o cronograma de lançamentos do ano com muita antecedência. Por isso, estou listando abaixo um apanhado de livros que consegui apurar aqui e acolá. Tem o nome da editora e do autor - em alguns casos consta o título em português ou o título original já que a tradução deve estar em andamento. Não estou mencionando os autores que devem pintar na FLIP e sempre agitam lançamentos.

Senti falta (e vocês também vão perceber) de listar lançamentos dos selos digitais que ganham mais espaço a cada ano. Alõ, editores!

Vale lembrar que são previsões e as editoras podem alterar os cronogramas - assim como pode pintar uma nova onda, tipo "romances com vampiros, zumbis e anjos", "pornô S&M soft" etc. e lançamentos jorrem aos montes. Tudo pode acontecer.

Entre os nacionais destaco o livro de contos do escritor Ricardo Lísias que sempre merece bastante atenção. Na gringa, fico com Tom McCarthy que está fazendo um trabalho esplendoroso com a prosa de ficção e ainda permanece inédito por aqui.

Se alguém descobrir ou souber de algum outro lançamento e quiser contribuir, por favor, mande um sinal de fumaça. Prometo ficar de olho e atualizar a lista a medida que receber as informações.




-> ALFAGUARA
Concentração e outros contos, de Ricardo Lísias
Maior que o mundo, de Reinaldo Moraes
As reputações, de Juan Gabriel Vásquez
Um grão de trigo, de Ngugi wa Thiong'o
Soumission, de Michel Houllebecq
Avenida bonita, de Peter Buwalda

-> BIBLIOTECA AZUL (Globo Livros)
L'amica geniale, de Elena Ferrante
Harvest, de Jim Crace (também haverá reedição de Being dead e Quarentine)
Tetralogio Rabbit, de John Updike (reedição)
Obras completas de Adolfo Bioy Casares – volume B e C
To rise again at a decent hour, de Joshua Ferris

-> INTRÍNSECA
Nós, de David Nicholls
Toda luz que não podemos ver, de Anthony Doerr
Summerhouse with swimming pool, de Herman Koch

-> COSAC NAIFY
Não há lugar para a lógica em Kassel, de Enrique Vila-Matas
Em alto mar, de Toine Heijmans
Absalão, Absalão!, de William Faulkner

-> BERTRAND BRASIL
The good lord bird, de James McBride
The snow queen, de Michael Cunnighan
Zoo time, de Howard Jacobson
Hah, de Birgül Oguz

-> ROCCO
Um ano na selva, de Suzanne Collins
Abaixo do paraíso, de André de Leones

-> EDITORA 34
A educação sentimental, de Gustave Flaubert
Contos de Kolimá, de Varlam Chalámov
A escavação, de Andrei Platónov
Os sete enforcados, de Leonid Andrêiev
O adolescente, de Fiódor Dostoiévski
Sátántangó, de László Krasznahorkai
Carmen, de Prosper Mérimée

-> RADIO LONDRES
Atocha, de Ben Lerner
Viva a música!, de Andrés Caicedo
Stoner, de John Williams
A vida em espiral, de Abasse Ndione
Minotauro, de Benjamin Tammuz
Joe Speedboat, de Tommy Wieringa
Está tudo tranquilo lá em cima e Dez gansos brancos, de Gerbrand Bakker
Tirza, de Arnon Grunberg

-> FARO
Espero que sirvam cerveja no inferno, de Tucker Max

-> FOZ 
A rainha ginga, de José Eduardo Agualusa

-> COMPANHIA DAS LETRAS
Rãs, de Mo Yan
O lugar mais sombrio, de Milton Hatoum
A hologram for the king, de Dave Eggers
Como se o mundo fosse um bom lugar, de Marçal Aquino
Os mil outonos de Jacob de Zoet, de David Mitchell
Cloud Atlas, de David Mitchell
Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust (com tradução de Mario Sergio Conti)
City on fire, de Garth Risk Hallberg (sai em setembro, nos Estados Unidos)
Compilação de histórias policiais The Latin American Crime Issue, da revista McSweeney's - entre os autores Joca Reiners Terron, Bernardo Carvalho e Carol Bensimon
Não preciso mais de você, de Arthur Miller
How to be both, de Ali Smith
Biografia involuntária dos amantes, de João Tordo
I racconti e O gattopardo, de Tomasi di Lampedusa
As mudanças e os choques, de Martin Wolf
A era da ambição, de Evan Osnos
Nora Webster, de Colm Tóibín
A zona de interesse, de Martin Amis
Funny Girl, de Nick Hornby
Can’t and won’t, de Lydia Davis
A ilha da infância, de Karl Ove Knausgaard
Os judeus e as palavras, de Amós Oz e Fania Oz-Salzberger
O livro da gramática interior, de David Grossman
A casa assombrada, de John Boyne
A imortalidade, de Milan Kundera
Restinga, de Miguel Del Castillo

Eu não preciso mais de você, de Arthur Miller

-> ESTAÇÃO LIBERDADE
Don segundo sombra, de Ricardo Güiraldes
Humanidade perdida, de Osamu Dazai
Adeus, Tsugumi, de Banana Yoshimoto
O vento leste, de Otohiko Kaga
Medeia, de Christa Wolf
No país do cervo branco, de Chen Zhongshi
Da vida de um inútil, de Joseph von Eichendorff
Divã ocidental-oriental, de J. W. Goethe
Os anos de peregrinação de Wilhelm Meister, de J. W. Goethe

Natan, o sábio, de G. E. Lessing

-> HEDRA
Antologia do conto holandês (1839-1937), 16 contos de 16 autores

-> RECORD
Remissão da pena, Flores da ruína e Primavera de cão, de Patrick Modiano
Luxúria, de Fernando Bonassi
The wolf in white van, de John Darnielle

-> CARAMBAIA
Homens em guerra, de Andreas Latzko 
Soldados rasos, de Frederic Manning 
Juncos ao vento, de italiana Grazia Deledda

-> MUNDARÉU
O fogo, de Henri Barbusse
Uma juventude na Alemanha, de Ernst Toller

-> GRUA LIVROS
A última tentação de Cristo, de Nikos Kazantzakis 




GRINGOS (considerando o mercado editorial norte-americano e de língua inglesa)

Amnesia, de Peter Carey
The First Bad Man, de Miranda July
Lucky Alan: And Other Stories, de Jonathan Lethem
Satin Island, de Tom McCarthy
Trigger Warning: Short Fictions and Disturbances, de Neil Gaiman
The Buried Giant, de Kazuo Ishiguro
Ashes in My Mouth, Sand in My Shoes e I Refuse, de Per Petterson
The Last Word, de Hanif Kureishi
God Help the Child, de Toni Morrison
The Making of Zombie Wars, de Aleksandr Hemon
Purity, de Jonathan Franzen

*Imagens: divulgação.

Share/Save/Bookmark