quinta-feira, 28 de julho de 2011

EM DEFESA DE POLA OLOIXARAC

Pola Oloixarac era uma das autoras mais esperadas pela platéia da FLIP - não foi à toa que ela foi considerada a musa da edição. No entanto, ela acabou sendo "ofuscada" pela presença do português gente boa valter hugo mãe. Pola pareceu um tanto confusa, foi bastante prolixa nas respostas e o público não teve muita paciência para escutar o que a moça tinha para dizer. Uma pena, como já comentei.

As teorias selvagens é um livro bastante engenhoso e cheio de humor. O melhor de tudo é que Pola recorreu aos temas da cultura pop para dar forma ao romance e brincar com coisas sisudas da literatura. Caminham lado a lado coisas como hackers, nerds, Google, música dos anos 80, videogame, blogs, redes sociais, conhecimento enciclopédico de filosofia, sociologia e antropologia.
Não é um romance de leitura fluída, rápida. Exige certa atenção por parte do leitor para fazer as ligações entre a galeria de personagens soltos ao longo do tempo. Também precisamos ter algumas referências sobre as questões que ela aborda como a ditadura militar na Argentina, a juventude universitária de Buenos Aires (que existe em qualquer parte do mundo), a coisa hacker/nerd, programas de TV, música brasileira, música pop etc.

Como ela mesma explica numa entrevista ao programa Entrelinhas, da TV Cultura, a ideia do romance era abordar as questões de intercâmbio de informações entre as pessoas. Todo mundo quer comunicar, seduzir e dominar outras pessoas por meio do conhecimento e isso fica bem claro no enredo.

Durante a ditadura militar havia um controle de informações por parte do governo, mas também havia esse mesmo controle por parte da militância anti-ditadura. Os desdobramentos desses dois discursos no mundo de hoje também se afastam cada vez mais daquela realidade em que foram criados. Problema semelhante ocorre hoje no mundo virtual da era Google - tudo o que você faz na rede está alimentando um banco de informações enorme sobre os seus hábitos e gostos particulares. Será que seu "eu" virtual realmente corresponde ao seu "eu" real?

Outra questão interessante é a relação que o romance estabelece entre o universo ficcional (o que existe no livro e somente nele) e o universo real (esse que nós vivemos). Em Pabst, Kamtchowsky, Andy e Mara reconhecemos um monte de gente que está ao nosso redor - para não dizer quando nós mesmos nos reconhecemos em alguns momentos. E o tema tão atual dos hackers invadindo sites do governo e das novas militâncias antigoverno? Certamente você deve conhecer muita gente que fala de Platão, Aristóteles, Kant, sociologia e escritores obscuros. Mas quando disso não é apenas um discurso superficial? Tudo isso aparece como uma ironia a todas essas coisas e certamente a pessoa que fala de Kant assiste Sex & The City, ouve Madonna, gosta de arte e joga videogame. Tudo misturado bem ao gosto do nosso tempo.

Alguém disse que romance bom não precisa de explicações, o leitor entende o que o autor quer dizer. Só que minha defesa não é uma inferência (não estou explicando coisas) sobre o romance. Tudo isso que falei está pulando nas páginas do livro da Pola. Falei até meio desordenadamente porque não tive tempo de elaborar e desenvolver melhor as ideias. De qualquer forma, As teorias selvagens é um grande romance e acho que deveriam dar uma nova chance a beleza intelectual estonteante da Pola Oloixarac.

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PS: não tenho nada contra o valter hugo mãe, pelo contrário! Os romances dele também são de tirar o fôlego. Com a Pola, acho que ele guarda a experimentação e esse afastamento do discurso oficial da história que é tido por muitos como sagrado. Não é à toa que a mesa dos dois na FLIP chamava "Pontos de fuga". Prometo voltar no valter.

*fotos: Pola Oloixarac na coletiva de imprensa - Nelson Toledo/FLIP e lendo Fogo pálido, de Vladimir Nabokov - Walter Craveiro/FLIP.
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SILVA - JORNAL LITERÁRIO


O escritor Ricardo Lísias lançou um jornalzinho chamado SILVA. A publicação vai circular semestralmente e com distribuição gratuita. O número #1 saiu em junho com um conto do próprio Lísias chamado Evo Morales, um trecho inédito do romance que será lançado por José Luiz Passos, carta de Joaci Pereira Furtado e um texto de Pedro Meira Monteiro.

Lembrando que Ricardo Lísias é autor de O livro dos mandarins - livro ganhador da mais recente edição da Copa de Literatura Brasileira. Ele também figurou na lista que organizei sobre "20 escritores brasileiros com menos de 40".

Vida longa ao SILVA.

*imagem: reprodução da capa que encontrei no Google porque meu escaner quebrou.

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

ENCAPANDO KAFKA

A notícia não é tão nova (aliás, deve ser bem velha para os tempos de hoje), mas tem aparecido tanta notícia sobre Franz Kafka que não pude ignorar essa coleção de capas criadas pelo designer Peter Mendelsund. Os oito livros foram lançados pela editora americana Schocken - se não estou enganado é um selo da Knopf Doubleday Publishing Group.

Como Peter mesmo afirma no post original de seu blog, Kafka sempre foi um autor que primeiro lhe vinha a cabeça quando perguntavam "para qual escritor você gostaria muito de criar capas?". Por ser um de seus autores preferidos não foi difícil pensar um novo projeto gráfico. Ele gosta tanto que elencou uma série de qualidades bastante kafkianas:
"A economia, o humor negro, a impenetrabilidade provocativa; o brilho do pensamento-experiência; o sabor hierático e esotérico das construções; a desorientadora cadência da prosa; a impecável, a lógica mágica interna que impulsiona as marionetes mecânicas de sua trabalho; o judaísmo muito discutido (como se isso fosse fácil de analisar); as "abstrações concretas" (nas palavras de Zadie Smith )..."

A ideia dele foi colocar olhos nas capas porque eles lembram aquela sensação de paranóia, de estar sendo observado. O que convenhamos, casa muito bem com as histórias do autor. Outra coisa foi abusar cores para fugir do preto, bege ou vermelho que costumam aparecer nos livros de Kafka. A diversidade de cores reforça o humor, a ironia e o seu sentimentalismo.

Abaixo montei uma galeria com as capas:



Peter Mendelsund é um designer muito conhecido pelos trabalhos que cria para as capas de livros nos Estados Unidos. Além de Kafka, ele assinou a capa dos livros de Stieg Larsson, Peter Carey, Adam Ross, Liev Tolstói, Fiódor Dostoiévski e muitos outros. Uma parte do portfólio dele está aqui.

*imagens: reprodução das capas assinada por Peter Mendelsund.
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quarta-feira, 20 de julho de 2011

LITERATURA TRANSVIADA NA FRANÇA

O repórter Lucas Neves (do caderno Ilustríssima - Folha de SP), em podcast com o escritor Reinaldo Moraes, comentou rapidamente uma questão bem instigante: a aparição de um movimento de escritores precoces na atual literatura francesa. O assunto surgiu por conta do lançamento do romance Ilusões pesadas, de Sacha Sperling que Reinaldo Moraes traduziu para o português. Neves diz que três livros lançados recentemente na França formatam esse movimento: Hell - Paris 75016, de Lolita Pille; Ilusões pesadas, de Sacha Sperling e Michael Jackson, de Pierric Bailly.

Os três são muito jovens e escreveram o primeiro livro entre os 18 e 20 anos de idade. Eles usam elementos biográficos para contar histórias de jovens como eles que levam uma vida meio sem rumo, regada a altas doses de drogas, álcool, festas e sexo. Todos declararam ter sofrido influência de escritores como William Burroughs, Jack Kerouac, Frédéric Beigbeder, Philippe Djian, J.D. Salinger e Bret Easton Ellis. Some a isso o gosto por música pop (incluindo o rock and roll, a dance music e o hip hop), o uso de uma prosa com certas marcas de oralidade e talento de sobra para dar conta de uma das fases mais estranhas da nossa vida.

Pegando carona na ideia, o Fábio Justino escreveu para a segunda edição do fanzine um artigo falando desses três jovens escritores - "A (quase) nova literatura transviada" disponível para download aqui. Junto do artigo tem a tradução livre de um trecho do romance Michael Jackson, de Pierric Bailly, autor ainda inédito no Brasil.

Não é de hoje que a literatura francesa tem os seus prodígios. Talvez os três precursores mais antigos dessa nova geração sejam: Arthur Rimbaud, Raymond Radiguet e Françoise Sagan.

Rimbaud, aos 18 anos, revolucionou a poesia com a publicação de Uma temporada no inferno e Iluminações (um conjunto de poemas em prosa fundamental para o surgimento das Vanguardas Artísticas do começo do século XX). O estilo de vida 'enfant terrible' fez com que ele tivesse um relacionamento conturbado com um homem mais velho e abandonasse a poesia para levar uma vida mais ordinária.

Anos depois, em 1923, foi a vez de Raymond Radiguet escandalizar a França publicando Le diable au corps (Com o diabo no corpo - não descobri se foi lançado no Brasil). Ele tinha apenas 20 anos. Nesse livro uma mulher casada se envolve com um menino de dezesseis anos enquanto o dela marido luta na guerra - o enredo está cheio de traços autobiográficos do próprio autor.

Em 1954, Françoise Sagan tornou-se um bestseller na França com a publicação de Bom dia, tristeza. O livro virou uma espécie de retrato da juventude desiludida e solitária. Na época a escritora tinha apenas 18 anos. Sagan também teve uma vida complicada por conta do uso excessivo de drogas e remédios, o consumo de bebidas e de relacionamentos que não deram certo.

Além de Lolita Pille, Sacha Sperling e Pierric Bailly, mais nomes se juntam a essa nova geração de escritores precoces:

Ariane Fornia
A mais jovem escritora do time. Seu livro de crônicas Dieu est une femme (2004) foi publicado quando ela tinha só 14 anos. É uma reunião de observações chocantes sobre o universo adolescente escrita pela perspectiva de quem estava vivenciando aquelas coisas naquele exato momento. Ela já publicou mais dois outros livros.

Anne-Sophie Brasme
Estreou na literatura aos 17 anos com Respire (2001) que narra a história de um estudante do ensino médio que é preso depois de assinar uma amiga. O romance fez muito sucesso e foi traduzido para outras dezessete línguas. Publicou em 2005 seu segundo romance.

Faïza Guène
Publicou seu primeiro romance aos 19 anos, Kiffe kiffe demain (2004). O livro fala de uma menina de quinze anos e seu dia-a-dia na cidade de Livry-Gargan. Por conta da temática a autora recebeu o apelido de "Françoise Sagan das cidades". Já publicou outros dois romances.

Boris Bergmann
O segundo escritor mais jovem do time. Publicou seu romance Viens là que je te tue ma belle (2007) aos 15 anos. A história fala de um menino que descobre o rock and roll dos anos 60 e monta uma banda - no melhor estilo Holden Caulfield de ser. No ano passado Bergmann publicou seu segundo romance.

Lyubko Deresh
Escritor ucraniano que publicou Culte (2009), seu primeiro livro, aos 16 anos. Apesar da nacionalidade chegou à França totalmente integrado com o estilo dos demais escritores. Culte conta a história de um professor de biologia que vai dar aulas numa vila perdida no meio dos Cárpatos. Lá ele se apaixona por uma jovem tímida, mas não vê nenhuma chance de conquistá-la até que fenomenos estranhos começam a acontecer.

*imagem: montagem sobre fotos reproduzidas do Google de Lolita Pille, Sacha Sperling e Pierric Bailly.
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terça-feira, 19 de julho de 2011

RÁDIO LITERATURA

No programa Amores Expressos de 28/4 o cronista e escritor Antônio Prata disse um negócio interessante: "a banalização da literatura seria maravilhosa se a literatura fosse uma coisa acessível a todos e o escritor fosse igual a um arquiteto ou engenheiro". Evidentemente a frase está fora do contexto original, mas significa exatamente o que precisa significar. Afinal, seria muito bom se a literatura deixasse de ser uma coisa sagrada, intocável e inacessível como parece para muita gente.

Daí a importância de ideias simples que possam levar a literatura para as multidões, sem muita mistificação e mantendo compromisso com a qualidade - evitando desvios desnecessários e abordagens mirabolantes.

A longa introdução foi para dizer que no último domingo a Rádio Batuta do Instituto Moreira Salles estreou uma série de programas chamada "Prefácios". Coordenada por Francisco Bosco e com apresentação de Flávio Moura, a série pretende convidar autores para conversar sobre seus livros preferidos ou livros que gostariam de prefaciar algum dia. Até o momento foram gravados 13 programas que serão disponibilizados um a cada domingo no site da rádio.

O primeiro programa contou com a presença de valter hugo mãe falando sobre A metamorfose, de Franz Kafka. (Detalhe: o programa foi gravado em Paraty durante a FLIP e logo após a sua arrebatadora participação na mesa "Pontos de fuga", com a escritora Pola Oloixarac). valter hugo mãe fala da influência de Kafka na sua obra e destrincha alguns pontos que considera importantes na novela.

A agenda para os próximos programas é essa: 24/7 - João Ubaldo Ribeiro; 31/7 - Milton Hatoum; 7/8 - Paulo Henriques Britto; 14/8 - Andrés Neuman; 21/8 - Bernardo Carvalho; 28/8 - Alexei Bueno e 4/9 - Rodrigo Lacerda.

[via Caderno 2]

*imagem: reprodução Google.
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segunda-feira, 18 de julho de 2011

LITERATURA E DESENHO

Li outro dia no caderno Babelia (do jornal El País) uma notícia a respeito da paixão de Franz Kafka por desenhos. Parece que tudo começou quando Kafka ainda era um estudante universitário. Ele tinha o habito de fazer desenhos nas margens dos cadernos e manuscritos. É um pouco difícil, para não dizer impossível, não observar certas similaridades entre os desenhos e a obra literária dele: o traço duro, certa "estranheza" das formas, desespero, angústia etc. (estou tomando algumas liberdades de interpretação). Essa face não tão conhecida do escritor mais importante do século passado ganhou as páginas de um livro que está saindo na Espanha pela editora Sexto Piso - Dibujos.

Kafka não está sozinho. A reportagem do Babelia relembra que escritores como Goethe, Victor Hugo, William Blake, Lewis Carroll, García Lorca, Dino Buzzati e Bruno Schulz também faziam desenhos.

Na semana passada, descobri que mais uma escritora vai se juntar a essa galeria. A editora americana Fantagraphics Books vai publicar em dezembro alguns cartuns criados pela escritora Flannery O'Connor. A maioria foi feita na época em que ela estava no colegial e os assuntos giram em torno desse universo.

Mais desenhos dela estão aqui.

*imagens: reprodução.
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sábado, 16 de julho de 2011

NOTAS #27

Fantasmas literários

Antônio Xerxenesky lança na próxima semana o livro de contos A página assombrada por fantasmas em Porto Alegre (dia 21 de julho na Palavraria Livraria) e no Rio de Janeiro (dia 26 de julho na Livraria Prefácio - com direito a bate-papo mediado por Leonardo Villa-Forte). Ainda não há data para lançamento em São Paulo. Fiquei mais curioso para ler esse livro depois desse comentário do Emilio Fraia: "A paranóia deflagrada pela leitura é uma das maneiras de ler os contos deste livro. Mas existem outras. Trata-se também de textos que homenageiam e ironizam os gêneros. E de um mundo cujas promessas de aventura se cumprem exclusivamente nos livros ou a partir deles".

Paul Murray



O book club do jornal Telegraph está fazendo um tour pelas livrarias do Reino Unido. Em sua mais recente viagem, o book club esteve na The Linlithgow Bookshop em Edimburgo, na Escócia. O escritor Paulo Murray participou do evento lendo um trecho do romance Skippy Dies - ainda sem tradução para o português.

Produtos do pinguim
A Penguin dos Estados Unidos resolveu co
memorar seu aniversário de um jeito bem diferente. A editora criou uma edição limitada de shapes de skate usando a imagem de capa de alguns de seus livros clássicos - entre eles: Dharma Bums, de Jack Kerouac e As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Para concorrer ao mimo os leitores precisam enviar fotos de seus skates com o seu clássico da Penguin preferido. Os ganahadores serão escolhidos por votação popular. Mais informações estão disponíveis em http://tinyurl.com/6acgxr2

***

Pegando carona na promoção da Penguin, a editora Michelle Witte resolveu criar uma série imaginária de band-aids com a mesma ideia. A brincadeira tem um tom irônico, mas não deixa de ser comercialmente atraente. Quem não se lembra das pessoas colando band-aids no tênis na década de 90? http://tinyurl.com/6h4bbae

Diversão


Um vídeo curtinho com o escritor Jack Kerouac jogando sinuca.

Gainsbourgianas
Não me canso de falar aqui da saudosa coluna Trilha Sonora que era publicada pelo Caderno 2, aos sábados. João Paulo Cuenca e Daniel Galera foram dois escritores que passaram pela coluna contando um pouco dos seus gostos musicais. Para matar a saudade, encontrei um podcast da revista BRAVO! com o editor Paulo Roberto Pires. Aproveitando o lançamento do filme Gainsbourg - O homem que amava as mulheres, ele escolheu cinco canções clássicas do mítico cantor e compositor francês: Je T'aime Moi Non Plus, Black Trombone, La Javanaise, L'Anamour, Je Suis Venu Te Dire Que Je M'En Vais. O podcast está disponível em http://tinyurl.com/5w9ymx4

Kafka no cinema
No final do mês começam as filmagens de um curta metragem inspirado na novela A metamorfose, de Franz Kafka. Os diretores David Yohe e Jason Goldberg fizeram um vídeo contando um pouco mais sobre o projeto. Dá pra ver que vai ser um pequeno filme de terror moderno. O vídeo está disponível em http://vimeo.com/24549645

Festas
As melhores festas são aquelas paras as quais a gente não foi convidado, eis uma verdade. Pensando nisso, o site Flavorwire organizou um lista com as dez melhores festas da literatura que a gente não pode comparecer. Pelo menos não de verdade, apenas imaginariamente. Na lista tem a festa de aniversário de Mrs. Dalloway (de Virginia Woolf), todos aquelas festa que acontecem em O grande Gatsby (de F. Scott Fitzgerald), o chá alucinatório em Alice no país das maravilhas (de Lewis Carroll), o misterioso baile em Madame Bovary (de Gustave Flaubert) e mais festas em Abaixo de zero, de Bret Easton Ellis, O teste de ácido do refresco elétrico, de Tom Wolfe etc. A lista completa está disponível em http://tinyurl.com/6hubxub

*imagem: reprodução.
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sexta-feira, 15 de julho de 2011

ENCONTRO COM OS ESCRITORES DO PRÊMIO SP DE LITERATURA

A Secretária de Cultura de SP está promovendo encontros com os finalistas do Prêmio SP de Literatura. Os encontros acontecem sempre aos sábados na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Os vencedores serão anunciados em 1 de agosto. Só achei ruim o horário: das 11h30 às 13h30 - ou seja, tem de acordar bem cedo para acompanhar a conversa.

O primeiro encontro foi em 2/7 com o tema "contos e romances" e participação dos escritores Menalton Braff, Hélio Polvora, Rubens Figueiredo, Adriana Lisboa e Evandro Affonso Ferreira - mediação de Cadão Volpato.

Segue agenda dos próximos encontros:

Sábado - 16/7 - Origens e Raízes
Com Joca Reiners Terron, Miguel Sanches Neto, Carola Saavedra e Nelson de Oliveira - mediação de Mona Dorf.

Sábado - 23/7 - O Fantástico dentro da Literatura
Com Sérgio Mudado, Andréa Del Fuego, Reni Adriano e Gabriela Guimarães Gazzinelli - mediação de Marcelino Freire.

Sábado - 30/7 - A História no Enredo
Com Marcelo Ferroni, Ronaldo Wrobel, Marco Lucchesi e Luis Alberto Brandão - mediação de Flávio Moura.

A lista de todos os finalistas de "Melhor Livro do Ano" e "Melhor Livro do Ano - Autor Estreante" com sinopse dos romances está disponível aqui. O jornal Rascunho também está fazendo uma enquete informal perguntando "Qual romance merece vencer o Prêmio São Paulo de Literatura?". Até o momento, Poeira: demônios e maldições, de Nelson de Oliveira está ganhando disparado com 38 votos. Você pode votar aqui.

*imagem: reprodução.
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terça-feira, 12 de julho de 2011

CASMURROS #2


Nessa edição: Santiago Nazarian, Lolita Pille, Sacha Sperling, Pierric Bailly, W.G. Sebald, Eduardo Lago, J.M. Coetzee, Don Delillo, César Aira e mais.

TAMANHO: 1.72MB
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IMPRESSÕES DA VIAGEM - FLIP 2011


Eu queria fazer alguns comentários sobre minhas impressões dessa FLIP, mas quem acompanhou a coisa pelos jornais e pela internet já deve estar por dentro de tudo o que aconteceu. Há uma série de impressões sobre as mesas, entrevistas com os autores convidados, fofocas dos bastidores e balanço com o melhor e o pior. Um verdadeiro banquete de informações, mesmo para quem estava lá.

É bacana ver como a cobertura pela internet está crescendo cada vez mais. Não tinha como ser muito diferente. Imagino que a imensa quantidade de tweets deixou todo mundo meio perdido na timeline. Também deve ter uma boa quantidade de fotos circulando no Facebook de muita gente, fora os vídeos de improviso - vocês já viram o escritor valter hugo mãe cantando fado. Isso para não falar nos "hotsites" dos jornais e das editoras. Quem se lembra das primeiras edições da FLIP pode notar a grande diferença.

Infelizmente, não fui a Paraty com equipamento suficiente para transmitir informações do que estava se passando. Tive acesso ao wi-fi em alguns momentos, mas tinha pouco tempo para conseguir fazer um post. Quem sabe no ano que vem - é a terceira vez que vou à FLIP (in loco) e sempre digo isso.

A nova estrutura da festa ficou melhor. Tem mais espaço para todo mundo circular entre a programação oficial e a programação paralela que está crescendo e ganhando mais importância. A tenda do telão na beira da praia e aquele passeio público deram novo charme a Paraty. O time de escritores convidados também foi de alto nível e muitas mesas tiveram mais encontros de temas do que desencontros.

Achei curiosa a reação do público. Rompendo um pouco a ideia de platéia passiva, teve gente que interferiu diretamente por meio de aplauso, gritos e assovios.

Na mesa do David Byrne, me pareceu que parte da platéia ficou assoviando em protesto a longa fala do mediador Alexandre Agabiti Fernandez. Nessa mesma mesa uma pessoa gritou qualquer coisa da platéia enquanto Eduardo Vasconcellos falava. Aproveito para dizer que essa mesa foi mesmo bem esquisita - como disse a Raquel Cozer via twitter - Byrne falou sobre urbanismo, cidades e Jane Jacobs, mas ele não é arquiteto. Foi estranho.

Na mesa entre Ignácio de Loyola Brandão e Contardo Calligaris teve gente que se levantou protestando contra apoio dado por ambos a decisão de Antonio Tabucchi de cancelar a participação na FLIP. Na mesa entre Pola Oloixarac e valter hugo mãe a platéia suspirava pelo português - teve muitos aplausos e choro. Quando os dois entraram rolou um coro de gritos (estou comentando sem nenhum juízo crítico).

Muita gente também comentou sobre as mediações: ou falavam muito ou não faziam as intervenções necessárias. Mas tenho a impressão de que o mediador ideal é algo meio subjetivo. Tem gente que gosta daqueles carrascos que arrancam confissões, fazem perguntas inteligentes etc. Tem gente que prefere o mediador invisível.

E o que dizer da tradução simultânea? É uma coisa bem delicada porque não é tarefa simples, mas pode impedir a platéia de se apaixonar por um escritor ou pelo menos de se interessar mais pelo trabalho dele.

valter hugo mãe foi o escritor mais consagrado dessa edição. Ele caiu no encanto de todo mundo. Tinha muitos pontos a seu favor: fala português, tem uma voz bem paciente, é extremamente simpático e diz muitas coisas sobre o Brasil. James Ellroy é uma figura. Andrés Neuman também colocou todo mundo no bolso. Só achei uma pena que o público não tenha dado uma segunda chance para a bela Pola Oloixarac apresentar seu livro.

Também achei ótima a participação do Zé Celso no final da FLIP. O domingo costuma vazio, mas nesse ano foi cheio. Ele reconfigurou a mesa "Livro de cabeceira" e o público (bem assanhadinho) respondeu positivamente. Serve para os curadores pensarem outras maneiras de formatar essa mesa - que é bem legal e permite uma aproximação maior do público com os escritores e obras diversas.

*Imagem: retirada do flickr da FLIP/ Crédito: Nelson Toledo.
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quinta-feira, 7 de julho de 2011

AUSÊNCIA - RUMO À FLIP!


Caros leitores,

Estou indo rumo à FLIP. Pretendo atualizar o blog de lá, mas não sei se vou ter sucesso em função do tempo e do acesso ao wi-fi/internet. Prometo que vou tentar. Se não pintar nenhum texto novo até domingo, não se preocupe. Quando voltar terei muitas histórias para contar.

Nos vemos na FLIP!

*imagem: reprodução do flickr da FLIP.
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GRANTA EM PORTUGUÊS (2)


A notícia de que teríamos uma edição da revista Granta totalmente dedicada a novos escritores brasileiros já circulava pela internet desde janeiro desse ano. Na época, os editores da versão brasileira da revista conversaram com a Granta inglesa e tocaram no assunto - fiz um post falando do assunto. Com a FLIP rolando, mais notícias sobre o projeto começam a ganhar forma.

John Freeman, editora da Granta inglesa que está no Brasil para participar da FLIP, conversou com Marcelo Ferroni, editor da Alfaguara e da Granta Brasil - a conversa está aqui. Entre outras coisa, ele diz que o júri que vai ajudar na seleção de melhores jovens escritores brasileiros é composto por Manuel da Costa Pinto, Italo Moriconi, Samuel Titan Jr., Cristovão Tezza, Benjamin Moser, Isa Pessoa e o próprio Ferroni.

Acho que a ideia é reproduzir um pouco o que aconteceu com a Granta na Espanha. Os editores de lá preparam uma edição especial totalmente voltada aos jovens escritores de língua espanhola. A edição também teve uma versão em inglês, atingindo leitores na Inglaterra e nos Estados Unidos. Essa edição acaba de ser publicada no Brasil, inclusive.

Será uma bela maneira de promover mais os escritores brasileiros antes da Feira de Frankfurt, em 2013.

*imagem: reprodução.
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terça-feira, 5 de julho de 2011

UMA HISTÓRIA DE AMOR REAL E SUPERTRISTE

Mais um livro dos jovens escritores americanos apontados pela revista New Yorker chega às livrarias brasileiras. Uma historia de amor real e supertriste, de Gary Shteyngart tem lançamento previsto para o dia 16/07. Ele será publicado pela editora Rocco com tradução de Antônio E. de Moura Filho. É o segundo livro de autoria de Gary Shteyngart a sair pela editora Rocco - o primeiro foi Absurdistão.

Uma história de amor real... teve uma boa trajetória no circuito anglófono. Ele foi publicado um mês após o nome de Shteyngart aparecer na lista da New Yorker. Para promover o livro em edição de capa dura, a editora americana colocou na internet um trailer com a participação muito bem humorada do próprio Shteyngart e do ator James Franco. O trailer é hilário e ganhou dois prêmios no Moby Awards - um prêmio independente para os melhores e piores book trailers americanos. Uma história de amor real... faturou o prêmio nas categorias: melhor trailer com celebridade (James Franco) e Grande prêmio do júri - estamos te dando esse prêmio pois do contrário você iria ganhar muitos outros (o prêmio tem esse nome longo mesmo). No final do ano passado, o livro apareceu quase por unanimidade em todas as listas de melhores livros do ano.

Em maio desse ano, Shteyngart ganhou um prêmio britânico concedido exclusivamente para romances cômicos/engraçados - The Bollinger Everyman Wodehouse Prize. O prêmio existe desde 2000 e foi a primeira vez que um autor americano foi ganhador. Antes dele, somente britânicos do porte de Will Self, Jonathan Coe, Howard Jacobson e Ian McEwan com Solar.

Aproveitando a boa maré, um novo trailer apareceu na internet para lançar e promover a edição em brochura de Uma história de amor real... Dessa vez, além de Shteyngart o trailer é estrelado pelo ator Paul Giamatti.

O livro conta a história de Lenny Abramov, um russo-americano de 39 anos de idade obcecado por três coisas: seus livros, a ideia de ter uma vida eterna e uma garota coreano-americana chamada Eunice Park. O relacionamento multicultural dos dois é a história de amor super triste. O romance tem um formato bastante curioso, pois os capítulos se alternam: ou são os diários de Lenny ou são a correspondência online de Eunice.

A editora Rocco, gentilmente, adiantou um trecho do livro.

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*imagem: divulgação.
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domingo, 3 de julho de 2011

DOSSIÊ OSWALD DE ANDRADE

Oswald de Andrade, autor homenageado da FLIP, ganhou as páginas de dois importantes cadernos de literatura do final de semana - e também figura na edição da revista BRAVO! desse mês. Já disse que achei a escolha muito acertada para a festa. Afinal, o legado de Oswald de Andrade ainda é imenso, mesmo depois de atravessarmos tantos movimentos de vanguarda ao longo do século XX.

Por mais que a gente não perceba, existem muitos procedimentos adotados pelas novas gerações de escritores que guardam parentesco com as ideias pregadas por ele. Evidentemente, nenhuma pode se comparar ao radicalismo, invenção e experimentação proposto naquele momento do nosso primeiro modernismo.

Montei um pequeno "dossiê" com textos que circularam nos jornais nesse final de semana:

Pós-Walds - artigo de Augusto de Campos falando sobre a amizade dele e dos demais concretistas com Oswald de Andrade. O trio (Augusto, Haroldo e Décio Pignatari) foi responsável por resgatar e divulgar a obra do escritor quando ninguém mais falava nele.

Tupy Or Not Tupy na Era da Internet - reportagem de Antonio Gonçalves Filho sobre o livro Antropofagia hoje? organizado por João Cezar de Castro Rocha e Jorge Ruffinelli. Tem entrevista com Castro Rocha no Prosa&Verso.

'Oswald pertence ao século XXI' - depoimentos de Antonieta Marília de Oswald de Andrade, filha do escritor, sobre as lembranças que ele guarda do pai.

Experimento e experiência em Oswald - o autor revisitado por Eduardo Sterzi.

*imagem: reprodução do quadro de autoria de Tarsila do Amaral / via Google.
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sábado, 2 de julho de 2011

JOE SACCO NA FLIP E PÓS-FLIP


Você é fã do quadrinista Joe Sacco e não vai à FLIP? Não se preocupe, ele já tem agenda divulgada nos eventos pós-FLIP. Dia 12 de julho ao meio-dia, Joe Sacco fala com Ronaldo Bressane na Livraria da Vila da Fradique Coutinho em evento organizado pela Companhia das Letras.

Não pode comparecer nessa data e nesse horário, não tem problema. A Folha de SP e o portal UOL organizam uma sabatina o autor. O evento acontece dia 11 de julho às 20h no Teatro da Folha. Assinantes da Folha e do UOL poderão se inscrever para assistir a sabatina ao vivo, no entanto haverá transmissão pela internet com direito a participação dos internautas. A mediação ficará por conta de Fernanda Mena, Caco Galhardo, Marco Aurélio Canônico e Pedro Cirne. Mais informações aqui.

***

Quem vai à FLIP e não conseguiu ingresso para assistir ao quadrinista terá mais uma chance: ele estará sábado (dia 9 de julho) na Flipzona. Os ingressos serão vendidos apenas em Paraty. [Dica da Raquel Cozer]

Como aquecimento recomendo ler a entrevista dele na Ilustrada, no Caderno 2 e na revista The Believer (em inglês).

*imagem: reprodução.
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sexta-feira, 1 de julho de 2011

COM A PALAVRA O ESCRITOR: POLA OLOIXARAC, JAMES ELLROY E VALTER HUGO MÃE


Pola Oloixarac pareceu bastante desinibida e articulada na entrevista que concedeu a revista Marie Claire. Mostrou para quem quisesse ver porque o posto de musa da FLIP já é dela faz tempo. A entrevista foi publicada na edição desse mês e está disponível aqui.

Ela conta que se mudou de Buenos Aires porque "em Buenos Aires, o mundo literário é feito de panelinhas e fofocas". Conta dos elogios, das críticas e do debate provocado pela publicação de As teorias selvagens - Pola chegou a ser insultada pessoalmente por muita gente. Ela ainda disse que não quer ter filhos, que lê um monte de porcaria e que adora o estilista Marc Jacobs - inclusive pretende colocar um biquíni do estilista em sua mala de viagem a Paraty.

Sobre literatura Pola confessa que suas influências literárias foram Suzan Coolidge, Maxine Swann (cujo livro Filhos de hippies acabou de ser publicado pela editora Planeta do Brasil), Jorge Luís Borges e Clarice Lispector - por quem está apaixonada "de uns dez anos para cá".

Ela gosta do Brasil (As teorias selvagens toca no assunto MPB), ama Gal Costa, lê sobre o país e vai ambientar seu próximo romance no Brasil do século XIX - diz que é "sobre botânicos, extremamente erótico. Será bem menos político que o anterior."

***


James Ellroy, outro convidado da FLIP, concedeu entrevista a revista Rolling Stone (está na edição de junho, mas uma parte da entrevista está disponível aqui). A entrevista foi concedida originalmente ao repórter Sean Woods, da Rolling Stone americana, e foi traduzida por Ana Ban. É praticamente um perfil do escritor que será a grande estrela do festival - que me desculpe a Pola Oloixarac.

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O escritor valter hugo mãe figurou nas páginas da revista Serafina em entrevista a Rita Siza, diretamente do Porto. É um texto pequeno (disponível somente para assinantes), mas com um trecho bem engraçado sobre a famigerada pergunta das minúsculas:


E por que só minúsculas? Fiz a pergunta que, suspeitava, valter hugo mãe já respondeu um milhão de vezes. "Um milhão e 300 mil vezes", corrige. E a resposta é sempre a mesma? "Ah, essa é excelente, essa nunca me tinham feito", comenta. "Não. Vou variando, vou acrescentando, vou respondendo melhor." A explicação, que tem a ver com "aproximar o texto da sua natureza", não cabe toda aqui, mais uma razão para lhe repetirem a pergunta quando o encontrarem, aí no Brasil.
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O bom da FLIP é isso: a literatura vira a pauta do momento - desconsiderando aqueles conhecidos jornais e revistas que tratam apenas do assunto, evidentemente.

*imagem: reprodução site da FLIP.
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