sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

RECADO


Pessoal,

Para variar, o ano está acabando e como sempre eu ainda tinha um monte de coisas para falar e fazer. Infelizmente não deu. Que mal! Entra ano e sai ano e as coisas são assim. Sei que fiquei um bom tempo sem aparecer, mas tenham em mente que o blog não acabou. As novidades ficam para o ano que vem. O blog faz uma pausa de hoje até a primeira semana de 2015. Feliz ano novo!

Imagem: reprodução desse link
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

PRESENTES DE NATAL 2014


Eu sei que estou longe desse blog faz um tempo, mas não pensem que acabou. Fui ali ler um livro bem longo e aos poucos estou retomando o ritmo.

Já que estamos em dezembro, não posso fugir a tradição de todos os anos. Por isso, mais uma vez, organizei uma seleção de presentes para o natal. No "guia de compras" entraram apenas livros de ficção em prosa lançados ao longo do ano de 2014. A intenção é ajudar na hora das compras de última hora para o amigo secreto e tudo o mais. Com essas dicas você não vai fazer feio - pode ter certeza.

O serviço inclui imagem de capa do livro, título, autor, tradutor, preço e link para o site das editoras. O preço pode variar dependendo da livraria em que você compra em função de ofertas promocionais, programas de fidelidade, descontos, compra pela internet, importação etc.

Boas compras!

Incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação, de Haruki Murakami com tradução de Eunice Suenaga (Alfaguara Brasil; R$ 39,90). O autor mais aclamado do momento faz sua incursão no tema mais caro do século XXI - o trauma, a identidade e a reparação do passado.

Graça infinita, de David Foster Wallace com tradução de Caetano Galindo (Companhia das Letras; R$ 111,90). Tem quem ache 'chatinho', tem que ache 'genial'; seja como for é uma obra prima não apenas por sua invenção formal, mas também por captar a atmosfera esquizofrênica da sociedade norte-americana e atingir os contornos que atormentam o homem ocidental pós-moderno com doses extras de ironia.

Cantiga de findar, de Julian Hebert com tradução de Miguel Del Castillo (Rocco; R$ 34,50). Na esteira da metaficção o autor compôs um livro que leva ao limite as fronteiras os gêneros literários e o conceito de verdade.

Obras completas de Adolfo Bioy Casares – volume A, de Adolfo Bioy Casares com tradução de Sergio Molina, Rubia Prates Goldoni, Josely Vianna Baptista, Antônio Xerxenesky, Ari Roitman e Paulina Watch (Globo Livros selo Biblioteca Azul; R$ 69,90). Uma coleção completa e caprichada que vai reunir em três volumes a obra do escritor argentino em novas traduções.

Fogo-Fátuo, de Patrícia Melo (Rocco; R$ 29,50). A investigação da morte de um ator em pleno palco serve como pano de fundo para um romance policial explosivo - tal como sugere o título.

Paradiso, de José Lezama Lima com tradução de Olga Savary (Martins Editora; R$ 74,90). Um clássico da literatura latino-americana que estava fora de catálogo e ganha nova tradução. Conta a história da vida de José Cemí, desde o fim do seu paraíso até a dura aprendizagem das coisas.

O réveillon de Max Richter, de Cecilia Giannetti (E-galáxia; R$ 1,98). O selo voltado ao livro digital mais interessante do momento tem um conto que merece ser lido nesse período de festas.

Um homem burro morreu, de Rafael Sperling (Oito e Meio; R$ 35,00). É o livro de contos mais inclassificável que já tivemos notícia. É um desses momentos em que nos lembramos que a literatura também precisa de rebeldia.

Uma rua de Roma, de Patrick Modiano com tradução de Herbert Daniel e Cláudio Mesquita (Rocco; R$ 24,50). Outro livro que estava fora de catálogo, mas foi resgatado pelo prêmio Nobel de Literatura - trabalho superpremiado do autor.

The fantastic jungles of Henri Rousseau, de Michelle Markel com ilustrações de Amanda Hall(Eerdmans Books for Young Readers; $ 12,61 - importado aproximadamente R$ 58,00). A ilustre vida do destemido pintor francês - é para crianças, mas vale para adultos.

*Imagem das capinhas: divulgação / montagem: Rafael R.
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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

E O PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA VAI PARA...



É muito difícil passar despercebido diante da notícia mais bombástica do momento: o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Entra ano, saí ano, outubro chega e a gente corre para a internet tentado encontrar o nome do felizardo que vai levar para casa 8 milhões de coroas suecas - sem mencionar o prestígio de ter ser nome ao lado de pessoas muito importantes na literatura ocidental, o interesse das editoras pelos seus livros, o aumento do seu público leitor etc.

Pois bem, o ganhador desse ano é o francês Patrick Modiano. Como os membros da Academia Sueca disseram, Modiano é bastante conhecido na França (ganhou o Prêmio Goncourt, em 1978), mas pouco conhecido mundo afora. Só pode ser essa a razão pela qual ninguém apontou seu nome na lista de apostas da Casa Ladbrokes - a Raquel Cozer conta como funciona o burburinho na Ladbrokes e o processo de seleção da Academia Sueca numa reportagem da Ilustrada. Nem preciso dizer que as maiores apostas eram naqueles autores de sempre: Haruki Murakami, Ngugi Wa Thiong'o, Adonis, Svetlana Aleksijevitj, Philip Roth e até… Bob Dylan (sim, ele sempre aparece). Quem pensou que ia ficar rico, só perdeu dinheiro.

Seja como for, Patrick Modiano já teve livros publicados no Brasil pela Rocco até 2003. Fiz uma pesquisa de campo (pela internet - cof, cof, cof) e parece que todos estão fora de catálogo. Você consegue encontrar num sebo com facilidade. No entanto, a Cosac Naify publicou nesse ano (não faz muito tempo) o livro infanto-juvenil Filomena Firmeza com ilustrações do Sempé. Uma feliz coincidência! Agora com o anúncio do Nobel, me parece provável que essa editora tenha maior interesse em lançar nova edições dos romances adultos do autor. Vamos aguardar.

Se você não aguentar de ansiedade de ler um romance dele, especialistas recomendam que você comece por Uma rua de Roma - tem nos sebos em pequenas quantidades.

Enquanto os livros não chegam, a gente pode continuar no clima de adivinhação/especulação e arriscar nomes que podem sair consagrados nessa temporada de prêmios que tomam o final do ano de assalto. Vem por aí: Man Booker, Prêmio SP de Literatura, Telecom etc. Conta para mim os seus palpites?

*Imagem: divulgação nobelprize.org

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

LITERATURA NA BIENAL DE ARTE E NO MÊS DA CULTURA INDEPENDENTE


A Bienal do Livro abriu espaço em sua programação cultural para abraçar outras artes, atrair novos públicos, ganhar relevância e tudo o mais. Agora é hora da Bienal de Artes abraçar a literatura (em seu sentido mais amplo) para promover reflexões em torno do tema "Como ... coisas que não existem" proposto pelo curador da mostra, Charles Esche. A ideia é que os artistas convidados encarnem a atmosfera das grandes transformações sociais do mundo contemporâneo. Algumas polêmicas (enfrentamentos, choques, contestações, guerrilha, transgressões - chame como quiser) devem pintar por aí.

Evidentemente não é a primeira vez que a literatura aparece no evento, afinal tudo é arte (em seu sentido mais amplo). Porém, parece sintomático que a literatura apareça dentro da Bienal de Arte na forma dos muitos saraus organizados por diversos coletivos na periferia da cidade. É como se o grito da rua adentrasse os portões daquela instituição e mais do que isso: a "literatura divergente" (o termo é do Nelson Maca, poeta e professor da Universidade Católica de Salvador) estivesse ganhando legitimação e visibilidade. Para termos uma ideia, alguns saraus da periferia de São Paulo estiveram na Feira do Livro de Buenos Aires e fizeram bastante sucesso.

Promete ser uma experiência interessante uma vez que o visitante estará literalmente imerso dentro de um ambiente de... contestação. A programação completa foi divulgada pela Ilustrada, se você perdeu pode conferir aqui.

***


Embuido do mesmo espírito de contestação dos tempos interessantíssimos em que vivemos, a cidade recebe também o evento "Mês da Cultura Independente". A programação é extensa e incluí várias manifestações artísticas. Para o campo da literatura o destaque será o 3º Encontro de Literatura Divergente organizado por Berimba de Jesus e Nelson Maca na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, em São Paulo. Além dos debates, o encontro vai promover feira de livros, oficinas, exposições, saraus, performances e lançamentos.

E veja que interessante: serve como um complemento as atividades que vão acontecer na Bienal de Artes.

*Imagem: Obra de Éder Oliveira que estará na Bienal/Divulgação; Biblioteca Alceu Amoroso Lima/Divulgação.
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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

BIENAL DO... LIVRO?


A Bienal do Livro começou na semana passada, termina no domingo e eu não fui. Nem vou. Lembro que a última Bienal (em 2012) terminou com uma repercussão negativa nos jornais e nos blogs - apesar dos bons números de público e de vendas, é verdade - e o que eu disse naquela ocasião parece que continua valendo: livros sem desconto atrativo, programação cultural nem tão literária assim, falta de lançamentos etc.

A verdade é que eu não sou mais o público-alvo da Bienal. Uma reportagem da Ilustrada pintou o evento como um grande festival de rock: tem debates, peças, filmes, shows... e até livros. Não é à toa que o cartaz diz assim "Diversão, cultura e interatividade. Tudo junto e misturado". Parece que o evento perdeu relevância com uma parcela do público e para se manter vivo encontrou seu filão nos jovens (o público infantil também tem espaço garantido). Será que para ler ou sentir atração pela leitura o jovem precisa de vários artifícios e não apenas de um... livro?

Vejam, isso não é um problema. Não quero parecer apocalíptico ou derrotista. Quando mais o público infantil e jovem ler, melhor: com mais leitores o mercado editorial fica saudável e a educação ganha um aliado fundamental. Nem preciso destacar os benefícios da leitura (sim! eles existem, acredite!). Todo mundo sabe de cor essa ladainha. E quem gosta de livros mais "literários" (vamos chamar assim) já tem muitas outras maneiras de encontrar novidades, conseguir descontos, pensar e debater a respeito dos livros que lê.

Quando o balanço dessa Bienal sair na segunda-feira, tenho certeza que os números de visitantes serão bons - de vendas é um problema dependendo de quem vê.

Seja como for, fica sempre esse sentimento de que os eventos de livros tem cada vez menos... livros. É culpa do nosso romantismo purista em torno do mais "literário", do livro físico, do livro que é apenas livro mesmo. A coisa fica pior quando a gente se dá conta de que os... livros mais "literários" tem cada vez menos importância: são menos lidos, vendem menos e vão perdendo a relevância. 

Parece um contrassenso que o público adulto que consome o mais "literário" seja ignorado por um evento do tamanho da Bienal. Podia haver uma Bienal Paralela que contemplasse essa turma. Pior ainda é pensar que a Bienal poderia se reinventar num mundo carente de reinvenção. sonho com o dia em que a Bienal tenha a ousadia de tomar de assalto a cidade de São Paulo, saí dos domínios do Anhembi e ocupe as ruas promovendo eventos sérios e diversos sobre... livros e leitura.

Simples assim.

*Foto: retirei do Google.
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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

AOS TRABALHOS - VOLTANDO DA FLIP...

Um, dois, três... testando. Som! Som!

Eu sei que simplesmente sumi do mapa sem dar maiores explicações. Acontece que depois da FLIP eu emendei férias e não tive tempo de deixar um recado por aqui. Até do twitter eu sumi. Foi mal! Prometo que não vai mais acontecer (cof, cof, cof).

Enquanto estive fora muita coisa aconteceu no mundo da prosa de ficção. Além disso, tem bienal do livro, Donna Tartt e muita literatura brasilera. Volto num momento de bastante agito, mas antes preciso escrever umas linhas mal traçadas sobre a FLIP (promessa é divida).

Aos trabalhos!

***



Já não resta muito a dizer quase três semanas após o término da Festa Literária Internacional de Paraty. Você já deve ter lido toda sorte de coisas na internet. Apelo para os tais textos opinativos e impressionaistas que estão em alta. 

Não acredito que tenha sido uma FLIP extraordinária para a prosa de ficção, mas a gente não pode exigir tamanha especificidade de uma Festa que trata de livros em geral - é um festival de humanidades e ainda que ficasse no ambito da literatura tem a prosa, a poesia, o teatro, os ensaios etc. 

Na minha humilde opinião, os escritores Eleanor Catton, Mohsin Hamid, Etgar Keret, Juan Villoro e Daniel Alarcón colocaram a plateia no bolso. Nada comparado a comoção generalizada de Valter Hugo Mãe em edições anteriores. No conjunto, eles tiveram senso de humor e inteligência de sobra para falarem de literatura, política e assuntos gerais. Souberam transformar com maestria perguntas ingênuas em grandes questões. Como diz aquele ditado, fizeram de um limão uma limonada. Tenho certeza que Catton conseguiu convencer muita gente a enfrentar seu pequenino catatau de quase 900 páginas. Alarcón felizmente não foi ofuscado pelo furacão Fernanda Torres - ela soube dar espaço para o livro dele. Perceba, o livro dela é muito bom, vendeu muito bem, ela estava em casa, fala com aquela desenvoltura que a gente conhece e ainda tinha Fernanda Montenegro sentada logo ali na linha de frente. Quem iria prestar atenção num escritor do Peru?

Cansei de cruzar com eles todos felizes e contentes flanando naquelas ruas de pedra.

No mais, achei a FLIP comedida (será a crise financeira, a crise de patrocínio, a crise do mercado?). A tenda dos autores pareceu muito mais simples do que os anos anteriores. A organização acertou ao liberar o show de abertura, mas errou ao desfazer a tenda do telão na beira da praia e deixar o público em pé debaixo de um sol escaldante - podia ter providenciado uma sombra e uns bancos. Mesmo na Praça da Matriz a coisa era infernal. Para não mencionar o falatório da multidão que ia e vinha o tempo todo e não deixavam a gente nem ouvir. Aquela ponta da praia onde ficava a tenda do telão no ano passado ficou morta. As mediações também foram um pouco sofridas, assim como as traduções simultaneas (com exceções) e a qualidade técnica do som nos telões.

Os preços das pousadas, das livrarias e restaurantes estavam pela hora da morte - sério. Acho que nem em São Paulo a gente gasta tanto com refeições, para ficar num único item (e olha que São Paulo não é uma cidade muito barata). Se continuar assim, alguém vai ter de montar um manual de sobrevivência a baixo custo em Paraty durante esse evento.

No mais, vale dizer que Paraty agora tem três livrarias!

*Imagem: reprodução.
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terça-feira, 29 de julho de 2014

FLIP - PROGRAMAÇÃO PARALELA


Amanhã começa mais uma edição da FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty. As mesas da programação principal estão caprichadas com autores nacionais e internacionais e todos os ingressos para assistir ao vivo na tenda principal estão esgotados. Não se desespere porque nesse ano a tenda do telão será grátis. Vamos supor que você quer ver aquele seu autor favorito de perto, você tem duas oportunidades: pedir um autógrafo ou acompanhar a extensa programação paralela.

Abaixo listei o que consegui compilar. Além desses eventos, o jornal Folha de SP terá uma casa com a presença de alguns autores e tem a Flipinha (programação voltada ao público infantil).

Se você souber de alguma coisa, escreva nos comentários que faço atualizações.

FLIPMAIS
Casa da Cultura - R Dona Geralda 177
Preço dos ingressos para eventos pagos: R$ 12 (inteira); R$ 6 (meia)
Os ingressos estarão à venda na Casa da Cultura e na bilheteria da Flip, para eventos do mesmo dia ou do dia seguinte.

Programação

>> 31 quinta

14h
Construindo políticas públicas para a leitura*
Com José Castilho, Marques Neto, Fabiano dos Santos Piúba, Antônio Carlos de Morais Sartini, Paulo Daniel Elias Farah e  Cláudia Santa Rosa. A mediação será de Volnei Canônica

16h
Mano a mano
Com Damián Tabarovsky e Leopoldo Brizuela. A mediação será de Leandro Sarmatz

18h
Versos de risco – do hai-kai à poesia marginal
Com Adriana Calcanhotto e  Charles Peixoto. A mediação será de Guilherme Freitas

20h
Tradução in translation
Com José Luiz Passos, Sam Byers, Paulo Henriques Britto e Daniel Hahn

22h
Noites de cinema: Jards

>> 1 sexta

14h
A poesia e seus caminhos de fazer ler*
Com Flávio Araújo, Luís Dill, Ninfa Parreiras e Simone Monteiro de Araújo

16h
Meio de campo: o papel do agente literário
Com Lucia Riff, Mariana Teixeira Soares e Nicole Witt. A mediação será de Henrique Rodrigues

18h
Centenário de um Nobel
Com Alberto Ruy-Sánchez e Horácio Costa

20h
Em nome do pai
Com Ivo Herzog e Marcelo Rubens Paiva. A mediação será de Zuenir Ventura

22h
Noites de cinema: Mr. Sganzerla - os signos da luz*

>> 2 sábado

10h30
O estilo Millôr
Com Reinaldo e Chico Caruso. A mediação será de Guilherme Freitas

14h
Biblioteca na escola: leitura e letramento*
Com Pilar Lacerda, Cristina Maseda, Eliane Tomé e Graça Castro. A mediação será de Patrícia Lacerda

18h
Spoken word - a poesia em performance
Com Charlie Dark e Siba. A mediação será de Alice Sant’anna

20h
Eu, Malvolio
Com Tim Crouch

22h
Noites de cinema: crônicasNÃOditas*

*Evento gratuito. Retirar ingressos uma hora antes na Casa da Cultura com uma hora de antecedência.

CASA DO IMS
Rua do Comércio, 13
De quinta a sábado, das 10h às 22h
Domingo, das 10h às 16h

Haverá exposição e lançamento do livro "Millôr 100 + 100: desenhos e frases". O novo número da revista Serrote 17 também terá lançamento durante a FLIP.

>> Quinta 31
16h – Antônio Prata 
17h – Gregório Duvivier
18h – Jorge Edwards 

>> Sexta 1 
16h – Sérgio Augusto 
17h – Almeida Faria
18h – Paulo Mendes da Rocha
19h – Graciela Mochkofsky

>> Sábado 2
16h – José Luiz Passos 
17h – Daniel Alarcón 
18h – Cacá Diegues
19h – Juan Villoro

* Programação sujeita a alterações

CASA DA ROCCO
Rua da Matriz, esquina com Comendador José Luiz, no Centro Histórico

De quinta-feira a sábado, sempre das 10h às 20h
No domingo, das 10h às 14h

>> Sexta 1
15h Documentos, por favor
Com Frei Betto e Claudia Nina
Mediação: Guiomar de Grammont

17h O silêncio vale mais que mil palavras
Com Flávio Izhaki e Marcelo Moutinho
Mediação: Guiomar de Grammont

>> Sábado 2
15h Sexo, drogas e literatura
Com Julio Ludemir e Wesley Peres
Mediação: Claudia Nina

17h Lançamento de Devagar e Divagando, de Flávio Carneiro

19h Literatura em trânsito
Com Florencia Garramuño e Luciana di Leone
Mediação: Diana Klinger

>> Domingo 3
12h Eu vou te matar
Com Bernardo Kucinski  e Antonio Xerxenesky
Mediação: Miguel Conde

Todos os eventos são gratuitos nessa casa.

*Imagem: reprodução Google.
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quarta-feira, 23 de julho de 2014

NOTAS #48

Teve Copa
Acompanhei durante o mês de junho e julho as partidas disputadíssimas da Copa do Mundo de Literatura e não avisei nada do resultado final - justamente o que mais interessa. Para sanar essa falta gravíssima, digna de um cartão vermelho e uma ducha fria para refletir, venho aqui anunciar que o grande campeão foi Noturno do Chile, de Roberto Bolaño. Foi uma goleada espetacular: 17 pontos para o livro do Bolaño contra 9 pontos para Rostos na multidão, de Valeria Luiselli (México). No caminho, o campeão deixou para trás Hermann Koch (Holanda), Chico Buarque (Brasil), Elena Ferrante (Itália) e W.G. Sebald (Alemanha).

Particularmente, acho Noturno do Chile um primor. Recomendo como porta de entrada para aquelas pessoas que querem se aventurar na obra do chileno e não sabem muito bem por onde começar.

***

Como vocês viram, o Chico Buarque (representando o Brasil) foi derrotado pelo campeão e caiu na segunda rodada. Uma pena! Mais sorte para a gente da próxima vez.

***

A Copa do Mundo de Literatura vai deixar tanta saudade quanto a Copa do Mundo de Futebol. Eu não consigo parar de pensar numa Copa de Literatura Brasileira. Ainda mais com tanto livrão despencando nas nossas prateleiras.



Falando nisso...
Dois lançamentos bastante aguardados estão chegando as nossas livrarias: Luzes de emergência se acenderão automaticamente, de Luisa Geisler e A vez de morrer, de Simone Campos.



Otra Língua
Além dos alemães, os latino-americanos fizeram o maior sucesso nessa Copa do Mundo. A gente podia aproveitar essa 'buena onda' para conhecer um pouco da literatura feita pelos nossos vizinhos em boas traduções para o português. Um bom caminho é a Coleção Otra Língua da Editora Rocco, organizada por Joca Reiners Terron - um cara que entende muito do assunto. Já falei dessa coleção no ano passado, mas oito novos títulos serão lançados até o final do ano. Os dois primeiros são Hotéis, de Maximiliano Barrientos (traduzido por Joca Reiners) e Um homem morto a pontapés, de Pablo Palacio (traduzido por Jorge Wolff). Depois vem A internacional Argentina, de Copi (traduzido por Carlito Azevedo), O boxeador polaco, de Eduardo Halfon (traduzido por Lui Fagundes), Prosas apátridas, de Julio Ramón Ribeyro (traduzido por Angélica Freitas), Canção de Morrer, de Julián Herbert (traduzido por Miguel Del Castillo), Um Ano, de Juan Emar (traduzido por Pablo Cardellino) e A sinagoga dos iconoclastas, de J. Rodolfo Wilcock (traduzido por Davi Pessoa). Tem até vídeo promocional, olha que bacana: http://youtu.be/DBY0E4tWnps



No corpo
Quem acompanha este blog de longa data deve saber da paixão escondida por literatura e tautagem. Pois bem, o pessoal do Litographs (é gringo - dos Estados Unidos) resolveu fazer um financiamento coletivo com uma ideia bem bacana para quem gosta de tatuagem, mas tem medo de fazer uma definitiva: uma coleção de tatuagens literárias temporárias (daquelas tipo decalque que saem quando você toma banho). Tem tatuagens inspiradas em Jack London, James Joyce, Herman Hesse, Victor Hugo e outros mais. Detalhe: os primeiros 2.500 apoiados do projeto vão receber um trecho único de Alice no país das maravilhas para tatuar (temporariamente), fotografar e juntos formar a maior tatuagem literária de todos os tempos. O livro estará todo escrito no corpo dessas pessoas. Mais informações aqui: http://tinyurl.com/k94ujk4




Bancos Parade
Lembra da Cow Parade? Aquela exposição com estátuas de vacas em tamanho real decoradas por artistas plásticos famosos. Então, durante todo o verão a cidade de Londres vai receber uma exposição semelhante só que dessa vez as estrelas serão bancos, ao invés de vacas. Melhor do que isso: bancos decorados por artistas plásticos tendo como inspiração clássicos da literatura. Parece que são 50 bancos (portanto, 50 livros diferentes) espalhados pela cidade. Tem Charles Dickens, Nick Hornby, P.G. Wodehouse, Virginia Woolf, George Orwell (na foto), Jane Austen e outras mais. Para admirar, sentar e ler. Alguém pode aproveitar essa retomada do espaço público das nossas cidades e fazer uma coisa parecida.

*Imagens: divulgação.


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segunda-feira, 30 de junho de 2014

PARA QUEM VAI À FLIP E DECIDIU NA ÚLTIMA HORA...

E aí comprou ingressos para a FLIP? Acho que nem a Copa do Mundo foi capaz de impedir uma pequena correria por parte da plateia interessada em comprar ingressos para as mesas da Festa Literária de Paraty. Fiz uma consulta informal agora pouco e mais da metade da programação já não tem entradas - restam apenas 5 mesas. A novidade da programação desse ano é a entrada gratuíta tanto para o show de abertura (com a cantora Gal Costa) quanto para a transmissão das mesas pelo telão. Para tristeza geral da nação, o telão saí da beira da praia e vai para a Praça da Santa Casa; saudades de assistir as mesas com o pé na areia e uma cerveja na mão. Era quase um oásis.

Resta saber se haverá banco suficiente para todo o público que decidiu acompanhar pelo telão. Será que vão distribuir aqueles banquinhos de papelão?

Bom, vamos supor que você lembrou que a Copa acaba em duas semanas e decidiu de última hora fazer as malas rumo a Paraty para acompanhar a Festa. No entanto, um agravante te preocupa: você não leu nenhum livro dos autores convidados. Como resolver esse problema e não fazer feio?

Para ter dar uma mão eu criei uma tabela relacionando livros curtos, médios e longos (bem longos) de 216autores de prosa de ficção que estarão na FLIP. Como sempre, não tenho um daqueles infográficos super transados. Improvisei uma tabela no estilo vintage - que lembra os tempos do jornal em preto e branco (ainda bem que essas coisas do passado estão na moda).

Monte a tabela tomando como base a informação de que uma pessoa lê em média 15 páginas por hora. Usando esse dado, a tabela ficou assim:

Clique para aumentar
É evidente que na vida cotidiana nem tudo é tão estático assim. Pode ser que você seja um sujeito que consegue ler mais de 15 páginas por hora, bem como pode dispor de mais tempo de leitura aos finais de semana ou dias de folga do trabalho (lembrando que estamos no mês das férias escolares). Mesmo que você seja um sujeito "MUITO OCUPADO", vai conseguir ler pelo menos dois ou três livros. Esqueça os três catataus Jhumpa Lahiri, Joël Dicker e Eleanor Catton e fique com as opções de menor número de páginas.

Não desanime e não arrume desculpa.

*PS.: Listei um conto de Vladímir Sorókin que está na Nova antologia do conto russo porque o livro Dostoievski-Trip é uma peça de teatro - nada que impeça você de compreender um pouco do universo desse escritor. 

*Tabela: Rafael R.

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sexta-feira, 27 de junho de 2014

2ª RODADA - COPA DO MUNDO DE LITERATURA


Para continuar no tema "Copa do Mundo", volto aqui para dizer que terminou hoje a primeira rodada da Copa do Mundo de Literatura. Mantenho atualizações dos resultados quase diárias no Twitter. Apenas 16 livros seguem no torneio e as disputas recomeçam na próxima segunda-feira com dois jogos por dia.

Por acaso, três partidas literárias vão coincidir com os jogos das oitavas de final da Copa do Mundo que acontece nos campos de futebol: Brasil x Chile, Alemanha x Argélia e Estados Unidos x Bélgica. Prometem ser as disputas mais emocionantes.  A situação está muito complicada para o romance Budapeste, de Chico Buarque que vai enfrentar Noturno do Chile, de ninguém menos que Roberto Bolaño. É provável que no campo literário a gente leve a pior, porque na avaliação não existe o fator sorte.

Abaixo o calendário de jogos:

Brasil x Chile 30/06 - Jeff Waxman
Budapeste, de Chico Buarque (Brasil)
Noturno do Chile, de Roberto Bolaño (Chile)

Japão X Itália 30/06 - Rhea Lyons
1Q84 - os 3 volumes, de Haruki Murakami (Japão)
The Days of Abandonment, de Elena Ferrante (Itália)

Honduras x Bosnia Herzegovina 1/7 – Stephen Sparks
Senselessness, de Horacio Castellanos Moya (Honduras)
Como o soldado conserta o gramofone, de Saša Stanišić (Bósnia e Herzegovina)

Alemanha x Argélia 1/7 – Florian Duijsens
Austerlitz, de WG Sebald (Alemanha)
The Sexual Life of an Islamist in Paris, de Leila Marouane (Argélia)

México x Austrália 2/7 – Chad W. Post
Rostos na multidão, de Valeria Luiselli (México)
Barley Patch, de Gerald Murnane (Austrália)

Costa do Marfim x Uruguai 2/7 - Elianna Kan
Alá e as crianças - soldados, de Ahmadou Kourouma (Costa do Marfim)
The Rest Is Jungle, de Mario Benedetti (Uruguai)

França x Argentina 3/7 – Tom Roberge
O mapa e o território, de Michel Houellebecq (França)
Um acontecimento na vida do pintor viajante, de César Aira (Argentina)

Estados Unidos x Bélgica 3/7 - Lori Feathers
The Pale King, de David Foster Wallace (Estados Unidos)
The Misfortunates, de Dimitri Verhulst (Bélgica)

Armem suas torcidas!

*Imagem: divulgação.

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NO MEIO DO CAMINHO TINHA BORGES


É difícil não falar de futebol quando a Copa do Mundo está acontecendo no quintal da nossa casa. Para o bem ou para o mal, "#TáTendoCopa" e muita gente está contaminada pelo espírito do torneio embalado pela boa atuação das seleções, pelo clima festivo das cidades brasileiras e pelo entusiasmo da imprensa nacional e estrangeira. Agora só falta o Brasil levantar a taça para a festa ser completa.

Antes dessa data tão sonhada um temor anda a espreita: a seleção argentina. Como eu disse, não entendo profundamente de futebol, mas estou acompanhando os jogos pela TV, jornais e internet. Na minha humilde leitura, eles tiveram uma boa atuação nessa primeira fase e aos trancos e barrancos venceram as três disputas graças ao brilho de Lionel Messi. Para além dos campos, a torcida dos nossos hermanos está acompanhando o time de maneira apaixonada por onde quer que ele passe. Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre já sentiram um pouco dessa febre azul e branco.

Em meio a tangos, tragédias, empanadas e churrascos, parece que tanto os jogadores argentinos e quanto a sua torcida tem a plena convicção de que vão levar a taça da Copa para a casa. Tomara que não.

Para espantar o clima de festa deles, vale lembrar que Jorge Luís Borges - a estrela máxima das letras argentinas - odiava futebol. Dizia ele: "el fútbol es popular porque la estupidez es popular” (em tradução livre, "o futebol é popular porque a estupidez é popular"). Pode parecer controverso porque para os argentinos o futebol é quase uma religião, mas a história é verdadeira. Para Borges, o problema do futebol era o uso político do esporte apoiado no fanatismo nacionalista das pessoas e na cegueira para com a situação do país. Como não lembrar, por exemplo, da propaganda do governo militar brasileiro na Copa de 70? O risco sempre existe.

A ironia de Borges com o futebol aparece de relance no conto Esse est percipi - que está no livro Crônicas de Bustos Domecq, escrito por Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges. Em determinado momento uma personagem diz que o futebol deixou de ser um esporte praticado na vida real para virar um espetáculo midiático encenado. Mais pós-moderno impossível!
“Os estádios já são ruínas caindo aos pedaços. Hoje tudo se passa na televisão e no rádio. A falsa excitação dos locutores nunca o levou a suspeitar que tudo é patranha? A última partida de futebol nesta capital foi jogada dia 24 de junho de 37. Desde aquele exato momento, o futebol, do mesmo modo que a vasta gama de esportes, é um gênero dramático, a cargo de um só homem em uma cabine ou de atores com camisetas junto ao câmera”.
(Achei essa tradução na internet creditada a Janer Cristaldo)

Bem que o espírito de Borges poderia baixar no caminho da seleção argentina, né?

*Foto: Borges no L'Hôtel, Paris, 1969 / reprodução Wikipedia.
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quinta-feira, 19 de junho de 2014

O TIME DO BRASIL NA COPA


Eu não sou especialista em futebol, mas a turma do Pelé Calado é. Eles fizeram uma leitura espetacular da atuação da seleção brasileira após a partida com o México que terminou em zero a zero para frustração dos torcedores. 

Enquanto o urro transcendental não chega, apelamos para a imaginação e inventamos uma seleção de futebol que nunca existiu. Foi mais ou menos isso o que fez a Penguin Books quando escalou um time estelar das letras brasileiras. O gol conta com Machado de Assis; a defesa fica por conta de Graciliano Ramos, Mario de Andrade, Lima Barreto e Arthur Azevedo; no meio-campo tem Paulo Coelho, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa; no ataque Jorge Amado, Clarice Lispector e Daniel Galera.

Com um time desses, a gente consegue ganhar e jogar bonito.

***

Você concorda com essa escalação? Quem você chamaria? A caixa de comentários está aberta para você dizer qual é o time dos seus sonhos.

*Imagem: reprodução.
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quarta-feira, 11 de junho de 2014

MERCADO EDITORIAL PARTICIPATIVO 2.0


Faz tempo que eu quero comentar sobre a Bookstorming - uma plataforma de financiamento coletivo voltada exclusivamente a publicação de livros que convida o leitor a assumir em alguma medida o papel de produtor editorial. Para dar o pontapé inicial, ele precisa apoiar financeiramente a ideia; se a meta estipulada for atingida o livro entra em produção. Nessa etapa, o leitor vai acompanhar o processo e poderá sugerir mudanças na criação da capa, projeto gráfico etc. Depois de impresso o livro chega à casa do leitor com alguns mimos como embalagem personalizada ou marcadores de página.

Não é a primeira vez que o modelo de "crowdfunding" é usado para para publicar livros, mas a iniciativa é pioneira porque foca apenas no mercado editorial e conta com o benefício de ter um time de editores (Arthur Granado, Raquel Maldonado, Fabrício Fuzimoto e Breno Barreto) que selecionam projetos relevantes e os submetem a aprovação dos leitores - ou seja, os editores facilitam a vida do leitor na medida em que o ajuda com a parte de encontrar um livro. 

Outra vantagem da plataforma é colocar em evidência algum autor iniciante ou independente que tenha conseguido sucesso ao financiar seu livro. Conquistando esse primeiro passo, o autor poderá encontrar um público leitor, um nicho de mercado e, quem sabe, ter contratos com médias ou grandes editoras - caso não queira permanecer no esquema de financiamento coletivo e julgar a proposta interessante. Surge um mercado intermediário que não é dependente das tiragens que encalham e encontram problemas de distribuição.

A Bookstorming também poderá criar um público leitor que terá paixão pelo livro que financiar. Quem sabe esse leitor não crie gosto pelo hábito e passe a ler outros livros, frequente livrarias, eventos e tudo o mais.

São especulações e divagações. Vale experimentar.

***

Para ficar no tema da mobilização, colaboração, coletividade, o primeiro livro da plataforma é Desordem, uma antologia de contos escrita por Natércia Pontes, Cristiano Baldi, Erika Mattos da Veiga, Paulo Bullar, Patrick Brock, Olavo Amaral e Katherine Funke.

Até o momento o projeto já alcançou 57% da meta estabelecida e faltam 9 dias para encerrar o prazo. O preço do livro é R$ 35,00 (com frete já incluso). Para ajudar Desordem a sair do forno basta acessar o site da Bookstorming - lá você pode ler trechos do livro, entender mais sobre a plataforma e tirar dúvidas.

*Imagem: reprodução.
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segunda-feira, 9 de junho de 2014

COPA DO MUNDO DE LITERATURA

Demorou um pouco, mas um pessoal da Universidade de Rochester - nos Estados Unidos - saiu na frente e organizou a Copa do Mundo de Literatura. Será um torneio bem aos moldes do famoso Tournament of Books com uma pequena diferença: a competição incluí livros de autores cujos países estão participando da Copa do Mundo. Portanto, teremos 32 autores (cada país participa com um livro) e 24 juízes para dar conta das avaliações. O esquema também lembra a nossa Copa de Literatura Brasileira (se você acompanha este blog já deve saber como funciona tudo).

Os livros que estão na competição foram anunciados hoje. Os organizadores privilegiaram obras que foram publicadas originalmente depois dos anos 2000 e foram traduzidas para o inglês. O Brasil será representado por Budapeste, de Chico Buarque.

Ao contrário da Copa de Futebol, a Copa de Literatura não terá a fase classificatória de grupos. Na primeira rodada, os países se enfrentam com um único adversário de seu grupo e o vencedor segue para a rodada seguinte e assim segue até a final.

Abaixo está a lista de competidores, combates e datas dos jogos. Os livros traduzidos no Brasil ganharam título em português; mantive o título em inglês para aqueles que ainda não foram traduzidos; se não estou enganado, o livro de Mario Benedetti é uma seleção de contos de vários livros do autor feita pelo editor norte-americano, por isso mantive o original embora alguns contos já tenha sido traduzidos para o português.

Muitos livros já saíram por aqui e caso você queira acompanhar a partida terá tempo de ler e avaliar.



Primeira rodada

Brasil x Camarões 12/6 – Jeffrey Zuckerman
Budapeste, de Chico Buarque (Brasil)
Dark Heart of the Night, de Leonora Miano (Camerões)

Russia x Argélia 13/6 – Chris Schaefer
Day of the Oprichnik, de Vladimir Sorokin – (Russia)
The Sexual Life of an Islamist in Paris, de Leila Marouane (Argélia)

Itália x Inglaterra 13/6 – Trevor Berrett
The Days of Abandonment, de Elena Ferrante (Itália)
NW, de Zadie Smith (Inglaterra)

Espanha x Austrália 16/6 – Mauro Javier Cardenas
Seu rosto amanhã (volume 1) - febre e lança, de Javier Marias (Espanha)
Barley Patch, de Gerald Murnane (Austrália)

Colombia x Japão 17/6 – George Carroll
Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel Garcia Marquez (Colombia)
1Q84 - os 3 volumes, de Haruki Murakami (Japão)

Suíça x Honduras 18/6 – Hannah Chute
My Mother’s Lover, de Urs Widmer (Suíça)
Senselessness, de Horacio Castellanos Moya (Honduras)

Argentina x Nigéria 19/6 – Lance Edmonds
Um acontecimento na vida do pintor viajante, de César Aira (Argentina)
Graceland, de Chris Abani (Nigéria)

México x Croácia 20/6 – Katrine Ogaard
Rostos na multidão, de Valeria Luiselli (México)
Baba Yaga Laid an Egg, de Dubravka Ugrešić (Croácia)

Portugal x Estados Unidos 20/6 – Will Evans
Jerusalém, de Gonçalo Tavares (Portugal)
The Pale King, de David Foster Wallace (Estados Unidos)

França x Equador 23/6 – P.T. Smith
O mapa e o território, de Michel Houellebecq (França)
The Potbellied Virgin, de Alicia Yánez Cossío (Equador)

Chile x Holanda 24/6 – Shaun Randol
Noturno do Chile, de Roberto Bolaño (Chile)
O jantar, de Hermann Koch (Holanda)

Grécia x Costa do Marfim 25/6 – Laura Radosh
Why I Killed My Best Friend, de Amanda Michalopoulou (Grécia)
Alá e as crianças - soldados, de Ahmadou Kourouma (Costa do Marfim)

Bósnia e Herzegovina x Irã 26/6 – Hal Hlavinka
Como o soldado conserta o gramofone, de Saša Stanišić (Bósnia e Herzegovina)
The Colonel, de Mahmoud Dowlatabadi (Irã)

Bélgica x Coréia do Sul 26/6 – Scott Esposito
The Misfortunates, de Dimitri Verhulst (Bélgica)
Your Republic Is Calling You, de Young-ha Kim (Coréia do Sul)

Uruguai x Costa Rica 27/6 – Kaija Straumanis
The Rest Is Jungle, de Mario Benedetti (Uruguai)
The Cadence of the Moon, de Oscar Núñez Oliva (Costa Rica)

Alemanha x Gana 27/6 – James Crossley
Austerlitz, de WG Sebald (Alemanha)
Search Sweet Country, de Kojo Laing (Gana)

Promete ser um belo campeonato e começa na quinta-feira.

Façam suas apostas e comentários.

*Imagem: tabela da Copa do Mundo de Literatura/Divulgação.
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domingo, 8 de junho de 2014

FUTEBOL E LITERATURA: "BRASIL" X "CROÁCIA" ANTES DA COPA


Na sexta-feira terminou o Festival Europeu do Conto e parece que a partida de futebol amador entre o “Brasil” e a “Croácia” teve mesmo participação de João Paulo Cuenca e João Anzanello Carrascoza. O time do “Brasil” era formado por uma mistura de escritores convidados do festival e o time da “Croácia” era formado por artistas da banda croata Pips, chips & Videoclips. O resultado foi 6 a 4 para o “Brasil”. Será que teve gol do Cuenca ou do Carrascoza?

Imagem: Festival Europeu do Conto/Reprodução.
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terça-feira, 3 de junho de 2014

NOTAS #47


Capas
A revista New Yorker publicou nessa semana a charmosa edição literária de verão. O tema é "histórias de amor" e a capa foi assinada pelo cartunista Joost Swarte. Uma beleza! Tem um perfil de John Green (ele está bombando!), Miranda July, Joshua Ferris, Colm Tóibín, Tobias Wolff, Chris Ware, Karen Russell, Haruki Murakami e muitas coisas mais. Já a edição de verão da Paris Review tem uma capa toda manual com desenho do artista Raymond Pettibon, da série Real Dogs in Space. Tem ficção inédita de Zadie Smith.

Literatura móvel
Tenho certeza que essa notícia vai empolgar muita gente, mas sinceramente não sei quanto tempo ainda vai levar para que o comportamento seja adotado entre nós. E olha que os brasileiros são muito ligados em tecnologia. Um artigo na revista Salon diz que um terço dos norte-americanos que tem celular preferem ler ebooks nesses aparelhos do que em leitores digitais (iPad, Kindle etc.). Os adeptos dizem que ambos tem características semelhantes (armazenam muitos livros, possuem configuração de tamanho da página, luminosidade etc), mas o celular ganha em pontos pela conveniência e praticidade que proporciona. Afinal, não importa onde você vá seu celular estará com você. Geralmente é menor e dispensa a tarefa de carregar mais um aparelho pesado ou mesmo um livro volumoso. O artigo aponta que esse leitor tem por hábito ler trechos dos livros em momentos de "folga" e com intervalos entre um trecho e outro: na espera de uma consulta, no metrô, naquele intervalo do almoço antes de retornar ao trabalho, no trânsito etc. Detalhe: eles vão em busca de clássicos da literatura que estão disponíveis gratuitamente para download ao invés de ler obras que exijam muita concentração e releitura - tais como Charles Dickens e Jane Austen. A tese faz bastante sentido. A questão é que esse leitor já tem o hábito de ler. Resta saber se conseguimos chamar "novos" leitores concorrendo com redes sociais, Netflix e mensagens instantaneas que também está no celular ao alcance dos dedos.

Lojinha 1
A escritora Hilda Hilst ganhou uma lojinha na internet: Obscena Lucidez. Lá é possível adquirir quinquilharias (do tipo, porta copo e capa para celular), camisetas, caderninhos, pôsteres, agendas e até livros da escritora. A lojinha tem parceria com o Instituto Hilda Hilst e o dinheiro obtida com as vendas vai para as despesas da Casa do Sol, onde fica o instituto.


Lojinha 2
O pessoal da revista Electric Literature chamou o ilustrador Matt McCann para criar uma linha de baralho especial com caricaturas de escritores famosos. Tem  Virginia Woolf, Franz Kafka, Marcel Proust e mais uma turma da pesada. Custa $10 doláres e está à venda no site da revista.

Folhetim
O SESC convidou o escritor Ricardo Lísias para escrever uma espécie de folhetim chamado “A casa do avô”. Faz parte de uma iniciativa do SESC que vai promover uma série de atividades culturais num casarão no Ipiranga enquanto o prédio da unidade naquele bairro está passando por uma reforma. No total, o folhetim terá 15 capítulos com publicação diária - até agora, nove capítulos já estão disponíveis. A história gira em torno de um garoto chamado Ricardo que narra as lembranças da casa do avô onde passou grande parte da infância e adolescência e aprendeu muitas coisas sobre a vida. Lísias usa dois procedimentos que apareceram em sua obra mais recente: algumas fotografias pessoais que ilustram os trechos da narrativa e ruptura das fronteiras entre personagem e narrador. É interessante observar como o texto se comporta dividido em pequenos trechos sobretudo porque a memória do garoto é fragmentada. Lísias poderia tomar partido do formato para experimentar mais os limites e quem sabe tentar uma narrativa seriada desse tipo no twitter, no facebook ou num aplicativo que permite leitura serial no celular. Quem sabe? 


Dinheiro novo
As notas de dólar jamais mudaram e desde que foram criadas estampam os rostos dos principais presentes norte-americanos. Mas como os cartões de crédito e débito estão roubando o lugar das notas e, no futuro, o dinheiro poderá ser uma peça de museu, o ilustrador Shannon May aceitou o convite de um site para criar notas que homenageiam escritores. Acima Herman Melville. Mais aqui.

*Imagens: reprodução.
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terça-feira, 27 de maio de 2014

O CONTO EM EVIDÊNCIA


O conto pode seguir desprezado por autores e críticos que enxergam nele apenas uma forma de teste para uma obra de fôlego maior ou ignorado pelo mercado editorial que costuma dizer que o gênero não vende tanto, mas segue vivo desde que surgiu nos primórdios da civilização em forma de história ouvida ao pé de uma fogueira. Lá na aurora do século XIX, muito antes do século XXI existir, o conto emancipou-se com escritores do calibre de E.T.A. Hoffmann, Edgar Allan Poe, Guy de Maupassant, Tolstói, Tchekhov, Machado de Assis, Balzac, Stendhal, Eça de Queirós, Aluízio Azevedo e toda a turma. No século XX, o conto atingiu sua maturidade formal e espatifou-se em miniconto, microconto, microrelato, flash fiction, conto brevíssimo, pequenos poemas em prosa etc. Por tudo isso, dizer que o conto vive uma “ascenção” nos dias de hoje é duvidoso.

Seja como for, o conto ganhou visibilidade e virou um assunto recorrente. Provavelmente, isso está acontecendo por três motivos: a) o gênero entrou no circuito dos festivais e prêmios; b) editoras e autores estão focados em publicar livros do gênero; c) mudanças na tecnologia (internet, celular e leitores digitais) e no comportamento social (ansiedade, pressa, falta de tempo livre etc,). Não sei se conseguirei destrinchar os três motivos com destreza, por isso, vou mais ilustrar do que analisar.

A Europa, os Estados Unidos e o Brasil tem um festival do conto. Na semana passada, escrevi sobre o assunto depois de conversar com Carlos Henrique Schroeder, idealizador do Festival Nacional do Conto (que está na 4ª edição e deve crescer nos próximos anos) e com Roman Simić, diretor do Festival Europeu do Conto (que está na 13ª edição). Ambos tem entre seus convidados autores iniciantes e veteranos e, ao longo desses anos, certamente contribuíram para jogar luz numa produção meio escondida ou desconhecida para muitos leitores. Assim fazem a roda girar porque encontram autores, críticos e fazem a obra circular entre leitores. Você pode não acreditar, mas esses festivais despertam o interesse do leitor. Outro ponto importante, do ano passado pra cá três autores que são conhecidos pela dedicação a forma curta foram contemplados com prêmios literários internacionais de peso: Lydia Davis ganhou o Man Booker Prize Internacional; Alice Munro ganhou o Prêmio Nobel de Literatura; e, dois meses atrás, George Saunders ganhou o Folio Prize (certo, além dos livros de contos, ele tem já publicou novelas, mas o prêmio foi para seu mais recente livro de contos). Nós ainda não temos nenhum prêmio literário dirigido exclusivamente ao gênero, no entanto nossos principais prêmios (Jabuti, Portugal Telecom, Prêmio SP de Literatura e Machado de Assis, para citar alguns) contemplam o formato. Em alguns casos a categoria divide espaço com crônicas - vai entender. Tá certo que o Jabuti nunca concedeu o prêmio de livro do ano para uma obra de contos. Quem sabe agora não pinta um desses?

Antes da internet, muitos jornais/revistas literárias (aqueles de crítica séria) costumavam publicar contos. Havia também as famosas antologias. Depois vieram os fanzines que ajudaram bastante a cena de autores independentes dos anos 80/90. Finalmente, surgiu a internet em seu formato comercial e popular que trouxe uma enxurrada de textos curtos e mais autores. Até que, de uns 5 anos para cá, as experiências de publicação digital ficaram mais acessíveis e começaram a virar realidade. Quem não lembra da revista Electric Literature? Recentemente, os editores criaram um blog chamado Recommended Reading que publica uma história por semana escolhida por alguém bacana. Por aqui existe a Cesárea, uma revista eletrônica com um formato parecido - só que um pouco menos multimídia. Outras experiências bem sucedidas são os selos Atavist e E-galáxia com a coleção Formas Breves. Eles também publicam um conto por semana que são vendidos exclusivamente para leitores digitais com preços baixos. Não me informei muito, mas parece que a Amazon também criou um serviço semelhante chamado Kindle Singles. Alguns autores também estão tentando o caminho da autopublicação - um pouco mais trabalhoso, mas ao que parece está ganhando contornos reais a cada dia.

Pense também que autores consagrados como Hilary Mantel e Margaret Atwood também vão entrar para a dança e prometem publicar livros de contos até o final do ano. O livro da Mantel vai chamar The assassination of Margareth Thatcher; da Atwood vai chamar Stone Mattres. Quem sabe, Eleanor Catton (The Luminaries tem mais de 800 páginas) e Donna Tartt (Goldfinch tem mais de 700 páginas) também não se animan?

O último motivo me parece diretamente ligado ao motivo anterior: as novas tecnologia dos celulares e leitores digitais estão ficando mais amigáveis. Veja, por exemplo, o fenômeno dos aplicativos para celular que permitem ler e acompanhar histórias curtas a todo momento. Além disso, existem esses aplicativos que são como redes sociais para você publicar e compartilhar pequenos textos e histórias com seus “seguidores”. Os leitores digitais também ficaram mais baratos, mais leves e emulam muito bem a sensação do papel (se é que isso realmente importa para quem gosta de ler). Me parece um caminho sem volta porque o comportamento social também mudou para “acompanhar” os “novos tempos”. Basta caminhar pela rua para perceber que muita gente está com os olhos e os dedos fixos no celular. Isso para não mencionar o fato de que muita gente reclama da falta de tempo para sentar e ler um livro - melhor pegar o celular.

O que o futuro nos reserva só o tempo dirá. Mas não se desespere, não saia por aí arrancando os cabelos ou investindo seu suado dinheirinho numa startup - a não se que você já tenha alguma experiência no negócios e saiba fazer investimentos. Não quero parecer apocalíptico, pelo contrário. Os livros longos (conhecidos como catataus) vão continuar existindo. A maior prova disso é o sucesso de vendas da monumental novela Game of Thrones - muita gente carrega aqueles livros para cima e para baixo nas ruas -, de Moby Dick, Os detetives selvagens e dos premiados The Luminaries e Goldfinch. Da mesma forma, o conto vai continuar vivendo, seja curto ou curtíssimo. A lição que fica é importa: as pessoas querem uma boa história, não importa a sua extensão.

***

Aproveitando o assunto, para você que ficou empolgado e está buscando um livro que seja de forma breve tenho quatro recomendações:


Para a próxima mágica vou precisa de asas
ALEX EPSTEIN
Nau Editora

Seus minicontos mal ultrapassam o tamanho de uma página. Alguns tem o tamanho de uma linha. Você pode pensar em Lydia Davis, mas a verdade é que as histórias Alex Epstein são muito mais surreais e misteriosas. Passam um pouco ao largo daquele instante cotidiano que explode em significados quando ganham o olhar do narrador - marca de Davis. Tem qualquer coisa de Borges e Monterroso.


Tipos de perturbação
LYDIA DAVIS
Companhia das Letras

Talvez a autora dispense apresentações porque no ano passado seu livro foi bastante comentado por aqui, ganhou um prêmio importante e de quebra ela esteve na FLIP. Aqui as histórias são de uma sensibilidade enorme, tem humor e tristeza a partir de um ponto de vista muito particular. Vão de uma linha a três páginas. Tem qualquer coisa de Kafka.



Dez de dezembro
GEORGE SAUNDERS
Companhia das Letras

O livro entrou para lista de melhores do ano passado, foi finalista de vários prêmios e levou para casa o Folio Prize, dois meses atrás. A tradução acaba de chegar por aqui. Tem um pouco daquela tradição contística norte-americana de John Cheever e Raymond Carver, mas com uma pegada mais atual e tragicômica.




Estórias mínimas
JOSÉ RESENDE JUNIOR
7 Letras

É o caso de um autor cuja obra é inteiramente voltada ao conto - num português bem brasileiro. Os dois primeiros livros dele tinham contos mais longos, mas nesse livro ele pratica a forma brevíssima. Tem muito humor e doses demasiado humanas de amor e solidão na medida certa. Dá pra ler em menos de duas horas e apreciar para a eternidade.



Não resisti e vou recomendar também dois clássicos da forma curta:

Novelas nada exemplares
DALTON TREVISAN
Record

O autor mais recluso da nossa literatura (não perde nem para Rubem Fonseca e Raduan Nassar) é também o responsável por formatar o miniconto em nossas terras. Aqui ele faz referência ao famoso livro de Cervantes, mas enche Curitiba de tédio e a melancolia para desfilar histórias do submundo e da morte. Estão lá os suicidas, as prostitutas, as moças para casar, os homens comuns. Um detalhe interessante: o livro foi publicado em 1959 e marca a estreia de Trevisan na literatura brasileira. O crítico Otto Maria Carpeaux e o escritor Carlos Heitor Cony apontam o livro foi um divisor de águas.


A ovelha negra e outras fábulas
AUGUSTO MONTERROSO
Record

Infelizmente, o livro está fora de catálogo, mas tem uma particularidade: foi traduzido para o português por Millôr Fernandes e ilustrado por Jaguar. Não é possível encontrar nem em sebo. Quem sabe com a FLIP em homenagem a Millôr e a visibilidade dos minicontos, alguém tenha a bondade resgatá-lo. Monterroso é um autor guatemalco que passou a maior parte da vida no México. Ficou conhecido por ter escrito o menor conto do mundo O dinossauro (note que esse microconto não está nesse livro) e inspirou essa onda de formas curtas que explodiram na literatura de agora, agora. Tem formato humorístico e faz paródias com as fábulas da antiguidade clássica. Isaac Asimov disse que jamais foi o mesmo depois de ler O macaco que 
quis ser escritor satírico (esse está nesse livro). 

*Imagens: minilivro/reprodução Google Images; capas/divulgação.

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