terça-feira, 30 de abril de 2013

CASMURROS - TRÊS ANOS



No dia 14 de abril o Casmurros completou três anos de vida e apagou três velinhas.

Como no ano passado, eu assumo a culpa por não ter feito um texto para registrar a data (na data mesmo em que o aniversário aconteceu). Eu estava bastante ocupado organizando os eventos no BaixoCentro, emendei uma coisa na outra e não tive tempo para me concentrar e celebrar. No fim, a leitura na Praça Marechal e o bate-papo com os escritores serviram como pequenas comemorações informais.

Vou confessar que sempre fica uma vontade de fazer uma festinha com bebida gelada, música boa e papos à toa sobre as coisas da vida. Afinal, nem só de literatura vive um ser humano. Uma festa pequena que sirva como pretexto para tirar as pessoas do ambiente virtual nem que seja por uns minutos e promover um encontro real (de carne e osso). Vamos ver. Para festas nunca é tarde.

Para quem não sabe, o Casmurros é feito por uma pessoa - eu mesmo Rafael R. Estou sempre procurando assuntos ligados a prosa de ficção para compartilhar com vocês informações, análises, opiniões e observações pessoais. Nem preciso dizer que todo dia tenho um milhão de ideias, mas escrevo menos do que gostaria por causa do tempo e da autocrítica que jamais me abandona.

Do ano passado até agora, fiquei contente de ter publicado a ideia das tatuagens literárias, a série das capas brasileiras X portuguesas e do espaço que a literatura brasileira está ocupando nessas páginas. Também gostei do convite para escrever no blog Mente Aberta - estou sumido, mas vou aparecer em breve. Sei que estou devendo uma nova edição do fanzine, mas aviso que ela está no forno e deve sair em breve, juro!

Tenho outras surpresas que não vou contar para não causar expectativa e estragar o prazer de vocês. 

Para finalizar, eu gosto sempre de dizer que o Casmurros acontece de forma independente e sem nenhum patrocínio, felizmente ou infelizmente - dependendo do ponto de vista. Agradeço a ajuda de todo mundo que responde aos meus pedidos e apelos (incluindo as editoras, os meus amigos e as pessoas que eu encho o saco para tudo acontecer). Como disse no "texto inaugural" continuo esperando que toda sorte de pessoas participe do blog comentando e também compartilhando seu jeito de ler as coisas.

Muito obrigado!



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segunda-feira, 29 de abril de 2013

UMA LISTA: VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (III)


Final (3 de 3)

-> para ler a primeira parte:  VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (I)

-> para ler a segunda parte:  VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (II)




15| Quenga de plástico (2011)
JULIANA FRANK
7Letras

Razão: quem não gosta de uma boa sacanagem? A estreia de Juliana Frank é melhor do que qualquer outro livro recente com conteúdo erótico que você tenha lido por aí. A ex-atriz pornô Leysla Kedman conta tudo sobre a sua vida sexual sem nenhuma censura! Tal qual uma Sherazade dos século 21, ela solta a língua e conquista o leitor usando todo o seu charme e poder de sedução. É uma história inteligente, despretensiosa e com muito bom humor.





16| Diário da queda (2010)
MICHEL LAUB
Companhias das Letras

Razão: um suposto acidente numa festa de aniversário tem consequências devastadoras na vida do narrador deste livro. O episódio serve como ponto de partida para um exame quase obsessivo de suas memórias a fim de responder a pergunta: como uma pessoa se torna o que ela é? Nesse mergulho em águas profundas nos deparamos com o diário deixado por seu avô, um sobrevivente de Auschwitz, e a história do seu pai com quem tem uma relação complicada. Nenhum livro da literatura brasileira promoveu uma reflexão tão contundente como esse.




17| O azul do filho morto (2002)
MARCELO MIRISOLA
Editora 34

Razão: A voz doentia do narrador desta confissão ficcional - um garoto triste e humilhado da classe média - goza de uma liberdade sem limites ao retirar a língua, os leitores e a própria literatura da sua doce zona de conforto mesclando um registro desbocado, termos chulos, palavrões e escatologias com imagens de grande força poética. O resultado é espontâneo, original, cru e explosivo.






18| Carvão animal (2011)
ANA PAULA MAIA
Record

Razão: um bombeiro, um cremador e um mineiro vivem marginalizados e inseridos num cotidiano bruto cercado pela morte e violência. O que une essas três personagens é o fogo, o carvão e as cinzas que ao mesmo tempo destroem a humanidade de cada um e servem como combustível para alimentar ódio, a brutalidade e a destruição.





19| Habitante irreal (2012)
PAULO SCOTT
Alfaguara


Razão: as desilusões políticas de uma geração que lutou com unhas e dentes por transformações, a figura do índio marginalizado nas cidades, as dificuldades de fugir para o exterior como imigrante ilegal e tantos outros temas que habitam a nossa cultura compõe um amplo retrato do Brasil contemporâneo.






20| Areia nos dentes (2010)
ANTÔNIO XERXENESKY
Record

Razão: nenhuma outra novela deste século foi capaz de uma mistura tão original: faroeste, famílias rivais, amores proibidos, relacionamento desajustado entre pai e filho, um escritor com dilema criativo, computadores, passado, presente e zumbis... tudo recheado com humor e boas doses de cultura pop. Precisa de mais alguma coisa?





21| Big Jato (2013)
XICO SÁ
Companhia das Letras

Razão: o livro descreve numa prosa coloquial e erudita a vida de um garoto, desde a infância até a idade adulta, lidando com a difícil escolha de crescer tendo como exemplo a figura do pai centrado e do tio beatlemaníaco ao mesmo tempo em que acompanha as transformações do mundo que o cerca.

*Imagens: capas dos livros são divulgação / ilustrações: montagem a partir de reproduções do Google.
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quarta-feira, 24 de abril de 2013

UMA LISTA: VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (II)


Continua ao longo da semana (2 de 3) 
-> para ler a primeira parte:  VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (I)

-> para ler a terceira parte:  VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (III)






8| Nada me faltará (2010)

LOURENÇO MUTARELLI
Companhia das Letras

Razão: nenhum livro reproduz tão bem a atmosfera da incomunicabilidade que ronda o ser humano quanto este. Por mais que as páginas estejam preenchidas por diálogos vertiginosos nós temos a sensação de que sempre resta alguma coisa para ser dita. Nosso desconforto aumenta quando vemos que os elementos narrativos (como espaço e tempo) foram reduzidos ao mínimo essencial e o narrador está completamente mudo - ou seja, o sujeito que deveria nos contar a história está "ausente" e se limita a mostrar as vozes das personagens sem nenhum filtro; assim o leitor vai caminhando por um enredo cujo pontapé inicial está no reaparecimento insólito de Paulo. 





9| Terra de casas vazias (2013)
ANDRÉ DE LEONES
Rocco

Razão: muita gente já escreveu sobre a morte, mas o livro de André de Leones compreende essa finitude em toda a sua dimensão: da morte concreta sempre nos espiando (com seu grande olho que nunca fecha) até morte simbólica encarnada na solidão, no medo e isolamento. Mas sempre existe esperança por menor que seja.






10| Gran Cabaret Demenzial (2007)
VERÔNICA STIGGER
Cosac Naify

Razão: quando tudo parece normal demais, corra para a literatura e veja que uma boa dose de nonsense com boas pitadas de humor negro fazem muito bem a saúde. Os contos desse livro são exatamente assim: escatológicos, irônicos, violentos e surrealistas. Por isso mesmo divertido e originalíssimos. Ainda bem!







11| Deus foi almoçar (2013)
FERRÉZ
Planeta

Razão: ao invés de colar a realidade a ficção, Ferréz aponta para a direção contrária e usa as armas da literatura para tentar mudar o mundo que nos cerca. Calixto é um homem que vive uma rotina pesada e aos poucos sente o vazio da existência quando tudo isso começa a perder o sentido. Assim começa sua difícil jornada em busca de redenção. Mas como escolher um caminho quando não queremos seguir por ele?





12| Hotel novo mundo (2009)
IVANA ARRUDA LEITE
Editora 34

Razão: o primeiro romance de Ivana Arruda Leite tem como cenário as histórias sórdidas e bem humoradas que habitam os hotéis baratos do centro de São Paulo. Várias personagens se encontram para contar seus dramas e sonhos para Renata - uma mulher que abandonou vida pequeno-burguesa carioca para viver sua liberdade anonimamente numa das maiores cidades do mundo.






13| A máquina do saudosismo (2009) - da antologia Futuro Presente
ATAÍDE TARTARI
Record

Razões: a história do nosso ilustre desconhecido parece ficção científica, mas não é. Ele estreou na literatura em 1987 com o livro EEUU 2076 DC, assinado com o pseudônimo de A. A. Smith. Depois disso, seus contos ficaram restritos ao público leitor de fanzines de ficção científica. Ele reapareceu - já com o nome de Ataíde Tartari - no começo dos anos 2000 com dois livros em inglês: Amazon e Tropical Shade. Sua "segunda" estréia aconteceu em 2009 na coletânea Futuro presente, organizada por Nelson de Oliveira. É nesse livro que está o conto "A máquina do saudosismo". Depois de morto, César ressuscita em 2217 e encontra a cidade de São Paulo totalmente transformada por prédios altíssimos, robôs e empresários que pensam apenas no lucro. Desapontado, ele constrói uma máquina capaz de simular a realidade e transportá-lo virtualmente para o século 21 com seus amigos e amores. Ataíde acaba de publicar dois ebooks (por enquanto, ainda não existem em versão impressa): A grande virada do Vitinho e A ilha do Dr. Schultz. Para ficarmos de olho!





14| Barba ensopada de sangue (2013)
DANIEL GALERA
Companhia das Letras

Razão: o escritor por quem todo mundo anda bastante excitado no momento com o livro mais comentado da temporada. A longa trajetória de um sujeito que abandona a civilização para seguir rumo ao mundo selvagem, horrível e assustador. Detalhe: ele não tem nome, esquece o rosto das pessoas que conhece e seu melhor amigo é uma cachorra. Aprecie com moderação.

*Imagens: reprodução / capas dos livros são divulgação / ilustrações: montagem a partir de reproduções do Google.
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segunda-feira, 22 de abril de 2013

UMA LISTA: VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVE LER (I)

Continua ao longo da semana (1 de 3)


As mulheres* que me perdoem, mas vamos abrir espaço para um singelo "Clube do Bolinha" nas Letras. Explico melhor: a GQ gringa - revista voltada ao público masculino - montou uma lista com 21 livros do século 21 que todo homem deve ler. Embora despretensiosa, a seleção se define como "um novo cânone" e está cheia de medalhões da recente literatura norte-americana. Ninguém é ingênuo a ponto de acreditar na provocação da revista porque nessa altura do campeonato todo mundo já está careca de saber que essas listas são totalmente arbitrárias e muito particulares. Mas quem se importa?

Pegando carona na mesma ideia, elaborei uma lista com 21 livros brasileiros publicados no século 21 que todo homem deve ler. A ideia é mostrar para os rapazes que não estão ligados no assunto um painel geral sobre o que vem sendo produzido na literatura brasileira dos anos 2000 até hoje. Pode recomendar para o pai, o irmão, os amigos e camaradas.

Para não ficar muito longo, vou dividir a seleção em três partes que serão publicadas ao longo dessa semana.

*Embora a lista seja destina aos homens, as mulheres também podem espiar e palpitar.
** Os livros e autores aparecem sem ordem de importância.

-> para ler a segunda parte:  VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (II)

-> para ler a terceira parte:  VINTE E UM LIVROS DO SÉCULO 21 QUE TODO HOMEM DEVERIA LER (III)





1 Nove noites (2002)
BERNARDO CARVALHO
Companhia das Letras


Razão: O deslocamento é um elemento fundamental para entender a obra de Bernardo Carvalho. Encontramos o Brasil através de personagens que estão perdidos no interior desconhecido do nosso próprio país ou espalhadas pelo mundo em países como Estados Unidos, Mongólia, Japão e Rússia. Em Nove noites, verdade histórica e ficção se confundem para contar a história de um homem obcecado em desvendar os últimos vestígios de um antropólogo norte-americano que teria cometido suícídio ao retornar de uma aldeia indígena no Brasil no ano de 1939.






2 Pornopopéia (2009)
REINALDO MORAES
Objetiva


Razão: As desventuras em série de Zeca - um cineasta marginal, ligadão aos prazeres do sexo e das drogas pesadas - provam que nós já temos um novo rei da sacanagem e da malandragem. É boa literatura papo-reto e sem firulas, manja?







3 O céu dos suicídas (2012)
RICARDO LÍSIAS
Alfaguara


Razão: Para alguns, a única maneira de dar um passo adiante é mexer no passado e viver um inferno pessoal que poderia ter sido esquecido. É assim que a personagem central dessa história se entrega de corpo e alma as suas emoções geradas pela culpa a fim de encontrar uma resposta para a perda de seu melhor amigo.






4 Mastigando humanos (2006)
SANTIAGO NAZARIAN
Nova Fronteira


Razão: Convenhamos, não é todo dia que você encontra um livro narrado por um jacaré que fugiu do Pantanal para viver no esgoto da cidade grande entre a boêmia insólita, dizendo frases como "Todos os prazeres são orais". Não! Não é um livro de fantasia para adolescentes: tem altas doses de erotismo, reflexões filosóficas e cultura pop com doses cavalares de humor.





5 Ladrão de cadáveres (2010)
PATRÍCIA MELO
Rocco


Razão: Não adianta tentar, por mais que vocês queiram a humanidade sempre estará com a mente voltada para a maldade e a violência. Na pacata cidade de Corumbá, um ex-gerente de telemarketing cheio de boas intenções segue por uma maratona de crimes e tráfico de drogas.




6 O paraíso é bem bacana (2006)
ANDRÉ SANT'ANNA
Companhia das Letras


Razão: Muitas vozes contam a história de Mané - um garoto pobre que vai parar na Alemanha por causa do seu futebol maravilha - e seus delírios com as setenta e duas virgens no paraíso. Acontece que Mané e as mil vozes que o acompanham falam o português torto das ruas, contam muitas besteira, escatologias e maluquices despertando paixão ou aversão dos leitores.




7 Eu perguntei pro velho se ele queria morrer (e outras histórias de amor) (2009)
JOSÉ REZENDE JR.
7Letras


Razão: Deturpando aquele dito popular "as melhores histórias estão nos pequenos livros". Num exercício precioso de concisão, ele consegue contar casos de amor de maneira simples e sofisticada. Se você não gosta de enrolação, mas não dispensa um bom livro, achou o que procurava.

*Imagens: reprodução / capas dos livros são divulgação / ilustrações: montagem a partir de reproduções do Google.
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domingo, 21 de abril de 2013

ADEUS AO SABÁTICO: 2010-2013



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quinta-feira, 18 de abril de 2013

PARA COMPREENDER UM POUCO DE CAIO F. ABREU


Cometi a maior falta quando falei dos mimos literários do Festival É tudo verdade e passei despercebido pelo documentário Sobre sete ondas verdes espumantes, de Bruno Polidoro e Cacá Nazario. É um documentário poético sobre a obra do escritor Caio Fernando Abreu - autor que soube usar seu estilo pessoal para tratar de temas universais como a solidão, o espanto, o amor, a melancolia e outras coisas mais. Para dar conta do recado os diretores optaram por uma saída muito original: mesclaram belas imagens das cidades em que Caiu morou - Santiago, Amsterdã, Berlim, Colônia, Paris, Londres, Porto Alegre e São Paulo - com trechos de seus livros e depoimentos de amigos próximos. Tem Marcos Breda, Maria Adelaide Amaral, Grace Gianoukas, Adriana Calcanhoto, o escritor Reinaldo Moraes e pessoas espalhadas pelo mundo que dão vida a obra de Caio em línguas estrangeiras. 

O filme, cuja estreia mundial aconteceu no É tudo verdade, já foi exibido em São Paulo e Rio de Janeiro. Quem perdeu, tem mais uma chance de ver no CCBB de Brasília nos dias 20/04 às 15h, e 21/04 às 21h.



Vale torcer para que o filme entre em circuito comercial.
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terça-feira, 16 de abril de 2013

ENSAIO VISUAL - PAULISTANAS

Um ensaio visual reunindo fotos e abstrações do encontro "Paulistanas" - são fotos da plateia, trechos do livro e objetos. 







 




 








Fotos de Adriana Carvalho
Trilha sonora sugerida: Trabalhos carnívoros, de Gui Amabis

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