sexta-feira, 29 de abril de 2011

NOTAS #24



Futuro lançamento
Quarto, de Emma Donoghue chegará em breve as livrarias brasileiras. O livro será lançado pela editora Verus com tradução de Vera Ribeiro. No ano passado o romance esteve em quase todas as listas de melhores de 2010 e chegou a ser finalista do Man Booker Prize. O romance conta uma história estranha e bastante original: um menino de 5 anos vive num quarto com sua mãe desde que nasceu. Donoghue já confessou em entrevistas algumas de suas influências: Michael Cunningham, Dave Eggers, David Foster Wallace, Alice Munro, Philip Pullman e Jane Austen. Acima a capa da edição brasileira.

ABC da literatura
O caderno Babelia do jornal espanhol El país publicou um abecedário dos últimos 70 anos de literatura na Espanha. O texto faz uma espécie de brincadeira com a publicação do sétimo volume do projeto História da literatura espanhola, organizado por Jordi Gracia e Domingo Ródenas. O volume tem como subtítulo "Perda e recuperação da modernidade: 1939-2010". No abecedário verbetes como boom, censura, exílio, gerações, Juan Ramón Jiménez e vanguarda ajudam o leitor a compreender um pouco da história recente da literatura daquele país. O texto está disponível em http://tinyurl.com/6f6cahq

Segredos revelados
O jornal inglês Guardian colocou alguns escritores bastante conhecidos na parede e perguntou: o que faz um escritor? De onde vem as ideias? Você tem uma rotina? Como você começa a escrever um romance? Lápis ou computador? Dor ou prazer? Assim escritores como Ian McEwan, Hilary Mantel, Howard Jacobson, PD James, entre outros, revelaram o segredo de seu ofício. O artigo completo está disponível em http://tinyurl.com/5uy86uc

Lusofonia

De maio a dezembro, o Centro Nacional de Cultura em Portugal retoma o ciclo de palestras Balanço literário da década no mundo lusófono. As mesas tratam de temas como o romance brasileiro, a literatura na África lusófona, o acordo ortográfico, o mundo editorial e questões de tradução. O evento é organizado em parceria com a PNETLiteratura. Mais informações estão disponíveis em http://tinyurl.com/3ghan32

Bolañomania
O podcast de ficção da revista New Yorker de março teve uma história de Roberto Bolaño. O escritor peruano, Daniel Alarcón leu o conto Gómez Palacio - publicado pela revista New Yorker em agosto de 2005, mas consta originalmente no livro Putas assassinas. Antes e depois de ler a história, Alarcón fala sobre seu contato com o obra de Bolaño e comenta as impressões que o conto lhe causa. A leitura de Alarcón está disponível em http://tinyurl.com/3d295ll e o conto em inglês está disponível em http://tinyurl.com/28drxx



Jovem escritora
A editora Nova Fronteira lançou o primeiro livro de contos da escritora Yiyun Li, Tempo de boas preces. São dez histórias que revelam o assustador destino de milhões de chineses. O livro vem de uma boa trajetória, recebeu o PEN/Hemingway Award (ganhou também outras prêmios) e teve duas histórias adaptadas para o cinema. Não foi à toa que Yiyun Li entrou para a lista dos 20 escritores com menos de 40 anos da revista New Yorker.

***

Da mesma autora, a Nova Fronteira publicou o romance Os excluídos, que ganhou uma capa diferente em sua segunda edição (foto acima). Para saber mais sobre Yiyun Li recomendo reportagem e entrevista concedia à Raquel Cozer - disponível em http://tinyurl.com/3lbypgt

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

GEOFF DYER - ESCRITOR E ENSAISTA



Preparando a próxima edição do fanzine, tive uma vontade enorme de incluir um artigo escrito por Geoff Dyer. "Não custa nada tentar", pensei. Seria bom ao mesmo tempo para o fanzine, para quem gosta do escritor e para aqueles que vão descobri-lo. Só que infelizmente, não consegui o artigo. Uma pena!

Geoff Dyer esteve recentemente no Brasil para o lançamento da última edição da revista Serrote que publicou seu ensaio “Sobre ser filho único”. Naquela semana, ele fez uma palestra no Centro Cultural do Instituto Moreira Salles sobre um assunto do qual ele tem grande domínio: o ensaio pessoal. Partindo da experiência pioneira de Montaigne, Dyer falou sobre a natureza do ensaio. Um gênero ao mesmo tempo sedutor e perigoso por conta de sua aparente liberdade. Sem definir ou limitar nada, falando de maneira bastante clara, pausada e objetiva. Coloquei a primeira parte acima, mas nesse link é possível assistir a palestra inteira - aliás, recomendo! Depois de assistir, vocês vão entender a delícia que é um ensaio escrito por ele.

“Sobre ser filho único” está na edição da Serrote e na coletânea de ensaios publicada em 2010 na Inglaterra com o título Working the room e no mês passado nos Estados Unidos com o título Otherwise known as the human condition. Se não me engano, alguns desses ensaios foram publicados esparsadamente em jornais e revistas. Em seu blog, a revista Paris Review definiu o livro como "um curioso armário de opiniões que variam entre fotografia, arte e literatura, combinados com a abordagem experimental de Dyer para tópicos tão amplos como incursões no mundo estrangeiro, e sua busca pela combinação perfeita de cappuccino com donut".

Tanto talento tem grandes admiradores, como a escritora Zadie Smith. Ambos são ingleses e vivem refletindo e escrevendo ótimos textos críticos de toda natureza - ensaios, porque não. Numa conferência sobre escrever resenhas para revistas, Zadie Smith falou sobre ele:

"Geoff é reveladoramente direto, sem deixar faltar nenhum tipo de complexidade intelectual. Ele diz exatamente o que ele quer dizer, o mais diretamente possível. E os resultados são impressionantes para mim, e também uma espécie de... a única coisa que invejo no Geoff, e desejo esperançosamente, quando eu ficar um pouco mais velha, é apenas a variedade de seus interesses".

No Brasil, se não me fala a pesquisa, só foram publicados três livros dele: Ioga para quem não esta nem aí, O instante contínuo e Jeff em Veneza, morte em Varanasi. A obra dele compreende algo em torno de doze livros - fora o restante.

Quem ficou interessado e quer saber mais tem de ler: O olhar errante de Geoff Dyer um perfil escrito por James Wood e publicado no blog do IMS; a reportagem e entrevista de Raquel Cozer na época do lançamento de Jeff em Veneza, morte em Varanasi; a entrevista para o blog da revista Paris Review sobre Otherwise known as the human condition.

*vídeo: reprodução.
Share/Save/Bookmark

quarta-feira, 27 de abril de 2011

BRASILEIRO QUE NEM EU - QUE NEM QUEM?

Amanhã, a TV Cultura exibe o primeiro episódio da série Amores Expressos. O programa tem 16 documentários com duração de 22 minutos cada e será exibido semanalmente sempre às quintas-feiras, às 23h15, com reprise no Sábado, às 21h45. A estréia terá o escritor Antonio Prata na cidade de Xangai, na China.

Para quem não conhece, o projeto Amores Expressos foi criado pelo produtor Rodrigo Teixeira - com curadoria do escritor João Paulo Cuenca. Escritores brasileiros de diversas gerações viajaram para várias cidades do mundo. Cada um deles tinha de escrever uma história de amor inspirada na cidade em que estava.

Os diretores Tadeu Jungle e Estela Renner foram companheiros na empreitada e produziram 16 documentários captando as impressões e o processo de criação de cada escritor - esses, por sua vez, tinham câmeras digitais e máquinas fotográficas para registrar tudo o que acontecia e ainda mantinham um blog com textos e comentários.

A experiência aconteceu em 2007, resultando primeiro numa coleção de livros e agora nessa série de documentários para TV. Desde 2008, os livros estão sendo lançados pela Companhia das Letras. Já saíram: Cordilheira, de Daniel Galera (Buenos Aires), Estive em Lisboa e lembrei de você, de Luiz Ruffato (Lisboa), O filho da mãe, de Bernardo Carvalho (São Petesburgo), O único final feliz para uma história de amor é um acidente, de João Paulo Cuenca (Tóquio) e Do fundo do poço se vê a lua, de Joca Reiners Terron (Cairo).

Na próxima semana ocorre o lançamento do romance Nunca vai embora, de Chico Mattoso (Havana). No mês que vem a editora publica O livro de Praga, de Sergio Sant’Anna (Praga).

O deslocamento de território propõe uma questão interessante: será que o escritor brasileiro consegue produzir literatura brasileira no estrangeiro - ou num lugar que lhe é estrangeiro? É fato que a gente consome literatura estrangeira diretamente na fonte, sem filtros. Só que fazemos isso olhando do lado de cá. A mudança para outros lugares pode afetar esse processo? Estamos construindo obras mais universais e menos locais? Só quando a série estiver completa teremos um plano geral.

Até agora a experiência tem rendido bons frutos e diversos elogios da crítica. O filho da mãe, por exemplo, foi finalista de prêmios importantes de literatura e está na semifinal da Copa de Literatura. Do fundo do poço... ganhou o Prêmio Machado de Assis no ano passado. O único final feliz... foi muito bem comentado. Esqueci mais algum?

Da série, li apenas O filho da mãe e O único final feliz... ambos assimilam muito bem o nacional e o estrangeiro. O Brasil é um país nem tão distante. As histórias de amor parecem tão sufocantes quanto a própria experiência de ser estrangeiro. E no final parece que sempre existe um acidente para tornar a história feliz.

*Atualização*: esqueci de dizer que Cordilheira, de Daniel Galera também ganhou o Prêmio Machado de Assis e foi finalista do Prêmio Jabuti. Valeu, Diana!


Share/Save/Bookmark

terça-feira, 26 de abril de 2011

OUÇA UM BOM CONSELHO


Desde o ano passado, se não me engano, o jornal inglês Guardian tem perguntado aos escritores algumas regras de ouro para as pessoas que desejam se aventurar na área. A série tem conselhos de pessoas bem conhecidas. Vou reproduzir abaixo alguns conselhos em tradução meio literal:

Zadie Smith

Quando criança, certifique-se de que você leu um monte de livros. Gaste mais tempo fazendo isso do que qualquer outra coisa.

Quando adulto, tente ler sua própria obra como um estranho leria, ou melhor ainda, como seu inimigo leria.

Não romantize a sua "vocação". Você pode escrever tanto frases boas quanto ruins. Não existe um "estilo de vida de escritor". Tudo o que importa é o que você deixa escrito na página.

Evite panelinhas, gangues, grupos. A presença de uma multidão não vai fazer o seu texto ser melhor do que ele é.

Trabalhe num computador desconectado da internet.

Will Self

Pare de ler ficção - é tudo mentira mesmo, e a ficção não tem nada a lhe dizer que você já não saiba (assumindo, isto é, que você já leu muita ficção no passado; se você não leu você não tem qualquer tipo de interesse muito menos em ser um escritor de ficção).

Viva a vida e escreva sobre a vida. De fato não há fim em se fazer muitos livros, mas já existem muitos livros sobre os livros.

A vida do escritor é essencialmente a do confinamento solitário - se você não pode lidar com isso você não precisa pôr em prática.

Cheguei nesses conselhos depois de ler a entrevista de Lygia Fagundes Telles na Ilustrada. Quando perguntada sobre os jovens escritores de hoje, ela respondeu e aconselhou:

Eles me parecem ainda mais ansiosos do que nós éramos. Ansiosos por escrever e por aparecer. E a ansiedade é o maior perigo para um escritor.

Para completar a rodada de conselhos, sugiro também uma leitura na série "Conselhos literários fundamentais", do Sérgio Rodrigues no blog Todoprosa.

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

segunda-feira, 25 de abril de 2011

BURROUGHS POR DENTRO


Começa na próxima quinta-feira em São Paulo o Festival In-Edit Brasil 2011. Será a terceira edição do festival dedicado inteiramente ao documentário musical nacional e internacional. Para quem gosta não apenas de música, mas também de literatura a dica é assistir ao documentário William S. Burroughs: a man within, de Yony Leyser. Será uma chance única, pois dificilmente o documentário entra em circuito comercial - como é o caso do filme Uivo, com James Franco no papel de Allen Ginsberg.

O diretor Yony Leyser nasceu em Chicago e tem apenas 26 anos. A sua paixão por Burroughs começou no colégio quando uma edição de Almoço nu caiu nas suas mãos. A experiência foi tão chocante que acabou despertando a curiosidade dele pelo punk rock, os artistas surrealistas, a literatura e a geração beat como um todo. Anos mais tarde, já formado em cinema, Leyser foi investigar a vida de Burroughs e conseguiu tanta coisa que resolveu montar o documentário. Tem bastante material inédito e exclusivo.

Embora seja focado na influência de Burroughs sobre a música, o documentário também fala sobre os livros, os namorados, a arte, as drogas, as armas e o acidente que matou a mulher de Burroughs no México. Tem ainda a participação de David Cronenberg, Gus Van Sant, Iggy Pop, Laurie Anderson, Patti Smith, Ira Silverberg, Sonic Youth e outros.

Não há como negar a influência da geração beat na cultura ocidental depois da Segunda Guerra. Eles estão no movimento hippie, na contracultura, na onda ecologista, na arte de Andy Warhol, na música punk e na literatura. Almoço nu é um dos livros mais importantes do século XX. Há muitos jovens autores que beberam e continuam bebendo nessa fonte.

Uma pena que os romances de Burroughs circulem meio marginalmente por aqui. Cidades da noite escarlate saiu pela editora Siciliano e está fora de catálogo. Também esgotadas e fora de catálogo estão as edições de Almoço nu e Junky que saíram pela Ediouro. Disponíveis em livrarias estão apenas O gato por dentro, Cartas do Yage - ambos pela L&PM - e o romance escrito em parceria com Jack Kerouac E os hipopótamos foram cozidos em seus tanques - publicado pela Companhia das Letras. Também existem algumas edições em português de Portugal. Em sebos, essas edições chegam a custar bem caro.

William S. Burroughs: a man within será exibido em 01/05, domingo, 19h, no Cinesesc e 02/05, segunda-feira, 21h, no Cine Livraria Cultura 2. Depois de São Paulo, o festival segue para o Rio de Janeiro.

Abaixo o trailer do documentário:



*imagem: Burroughs e Patti Smith, por Allen Ginsberg/divulgação.
Share/Save/Bookmark

terça-feira, 19 de abril de 2011

JONATHAN FRANZEN ESTÁ CHEGANDO

Aos poucos estão surgindo mais notícias sobre a chegada do romance que abalou a mídia norte-americana. Liberdade, de Jonathan Franzen tem previsão de lançamento em 26 de maio pela Companhia das Letras. Em Portugal o romance será lançado na próxima segunda-feira - mais detalhes da edição portuguesa aqui.

A Livraria da Folha postou um pequeno trecho inédito do romance com tradução feita por Sergio Flaksman. No site também tem um comentário sobre a trajetória do livro lá nos Estados Unidos. Vou reproduzir aqui o parágrafo inicial para quem está curioso:


"Uma coisa ótima do jovem Walter era o quanto ele torcia para Patty vencer. Enquanto Eliza antes só demonstrava pequenos respingos insatisfatórios de parcialidade a seu favor, Walter lhe dedicava abundantes infusões de hostilidade contra qualquer um (seus pais, seus irmãos) que a deixassem aborrecida. E como ele era tão intelectualmente honesto em outros aspectos da vida, tinha uma credibilidade impecável quando criticava sua família e se alistava nos planos questionáveis que ela formulava para lidar com isso. Podia não ser exatamente o que ela queria num homem, mas era insuperável em sua dedicação, provendo Patty do apoio furibundo que, naquela época, ela precisava mais ainda que de amor".
A capa (imagem acima) foi criada por Elisa v. Randow. Uma simpática cerca bem ao estilo americano. Gostei porque fugiu a imagem ruim da edição americana (aquela do passarinho) e foi bem além daquela letra grande na edição inglesa e portuguesa (que não ficou ruim, mas acho que a nossa é bem melhor).

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

JENNIFER EGAN FATUROU O PULITZER 2011

Você já deve saber que A visit from the goon squad, de Jennifer Egan faturou mais um prêmio. Dessa vez, a autora ganhou o prêmio Pulitzer de melhor ficção. Os outros indicados na mesma categoria eram The privileges, de Jonathan Dee e The surrendered, de Chang-rae Lee.

Desde que foi lançado, esse romance vem ganhando diversos elogias da crítica. Figurou na lista de melhores romances do ano passado, ganhou o prêmio National Book Critics Circle e ainda venceu Jonathan Franzen no Tournament of Books.

Nas palavras do júri do Pulitzer, A visit from the goon squad é uma investigação inventiva sobre amadurecer e ficar mais velho em plena era digital, mostrando uma curiosidade apaixonante sobre as mudanças culturais em grande velocidade.

Espero que alguma editora brasileira esteja de olho e compre os direitos do livro para lançamento por aqui.

***

No ano passado Paul Harding foi o ganhador do prêmio. Seu romance A restauração das horas foi lançado no mês passado pela editora Nova Fronteira.

---

ATUALIZAÇÃO: Nem bem esse post teve tempo de esfriar e já chegou uma notícia importante. Segundo o Publishnews, A visit from de goon squad será publicado no Brasil pela editora Intrínseca. Não existe previsão de lançamento ainda. A mesma editora também deve lançar The keeper, outro romance de Jennifer Egan.

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

NOTAS #23


Biblioteca particular
A foto no alto mostra um dos livros da biblioteca particular de David Foster Wallace. É o romance Players, de Don Delillo repleto de anotações de toda a sorte e com uma letra miúda. O livro é parte do arquivo do escritor que está no Harry Ransom Center, na Universidade do Texas, Estados Unidos.

***

Na semana passada, Foster Wallace voltou a ser o centro das atenções por conta do lançamento de The pale king - romance que ele deixou inacabado. Além das resenhas críticas em importantes jornais e revistas, Wallace ganhou um curioso ensaio assinado por Jonathan Franzen na revista New Yorker (os dois eram amigos e o ensaio fala sobre o amor). A revista disponibilizou temporariamente o ensaio no Facebook para quem desse um "curtir".

***

Já Harry Ransom Center organizou um leitura de The pale king na data de seu lançamento. Paralelamente ao evento havia uma exposição com itens do arquivo do escritor, incluindo um livro que Foster Wallace usou para pesquisa enquanto se preparava para escrever The Pale King.

Trecho inédito
A Ilustríssima deu um presente para os leitores do escritor Ricardo Piglia. O caderno trouxe uma entrevista com o autor e publicou em primeira mão um trecho da tradução de Alvo noturno, romance que será lançado em agosto pela Companhia das Letras. Infelizmente, o site do jornal não menciona o nome do tradutor. Para os que desejam um aperitivo o trecho está disponível em http://tinyurl.com/3g2kvse

Atualização: a tradutora do trecho publicado pela Ilustríssima é Heloisa Jahn.

Dada
A notícia não deve ser tão nova, mas é de extrema importância. O site Ubuweb disponibilizou em seu acervo virtual os três primeiros números da revista Dada - idealizada por Tristan Tzara e ligada ao movimento Dadaísta. Há desenhos, pinturas, poemas e textos assinados pelos artistas do grupo vanguardista, incluindo o famoso Manifesto Dada de 1918. As edições estão disponíveis em http://tinyurl.com/7fpkvm

Parabéns, Beckett
Na semana passada o aniversário de Samuel Beckett foi comemorado com entusiasmo. O The New York Review os Books liberou um artigo escrito por Colm Tóibin chamado Happy Birthday, Sam! - publicado originalmente em 2006. Junto com o artigo havia uma série de ótimas ilustrações assinadas por David Levin. O texto está disponível em http://tinyurl.com/3bktxh2 e as ilustrações em http://tinyurl.com/3sz59pq

Literatura norte-americana
Dois lançamentos da literatura norte-americana devem aparecer em breve nas prateleiras das livrarias brasileiras. Segundo a coluna Painel das Letras publicada na Ilustrada, o romance Room, de Emma Donoghue teve os direitos adquiridos pela Editora Verus; e The tiger's wife, de Tea Obreht foi adquirido pela Leya Brasil. Os dois romances foram recebidos com boas críticas pela imprensa dos Estados Unidos, sendo Room um dos melhores do ano passado e The tiger's wife um dos mais aguardados desse ano.

Entendimento?
Desdobrando um pouco o debate da série Desentendimento, O Instituto Moreira Salles fez quatro perguntas ao escritor Bernardo Carvalho. O escritor foi citado no debate "como um exemplo de autor que não se encaixa no perfil de ‘literatura nacional’". As perguntas e respostas estão disponíveis em http://tinyurl.com/43uv842

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

sexta-feira, 15 de abril de 2011

CASMURROS - UM ANO

É dia de apagar uma velinha. O Casmurros está fazendo seu primeiro aniversário!

Quem tem blog deve saber da dificuldade que é achar um assunto e escrever alguma coisa sobre. Por mais que a gente viva na era da informação e que qualquer comentário possa gerar pautas imensas, sempre passa pela nossa cabeça aquela dúvida: será que não estou dizendo bobagem? Já apaguei ou joguei fora textos enormes por conta da minha autocrítica.

Eu nunca quis transformar o Casmurros em apenas um blog sobre notícias literárias. Acho que temos na internet uma série de meios de informação que suprem muito bem a nossa gana por uma notícia nova. A mesma coisa acontece com os meios que divulgam e produzem resenhas sobre livros. Minha ideia sempre foi fugir um pouco dessas regras, mas há momentos em que fica difícil nadar contra a maré. Na medida do possível tento fazer um pouco diferente.

Leio diversos sites, estou sempre de olho em livros novos e antigos, lembro das histórias do tempo da faculdade, converso com um monte de gente em busca de opiniões etc. Assim vai nascendo um pouco do que aparece por aqui. Nem preciso dizer que milhões de coisas que eu gostaria de comentar vão ficando pelo caminho por falta de tempo.

O Casmurros é mais ou menos assim: uma miscelânea de assuntos ligados a ficção. Tem a historinha mashup do Alien vs. Puff, tem a ficção no twitter, tem os 20 escritores brasileiros com menos de 40 anos (e tem as entrevistas também), tem as notas (que são sempre legais de fazer), tem sempre uma crise da crítica e da resenha, tem os escritores reclusos. Enfim, esqueci propositalmente algumas dessas bobagens bem divertidas que alegram nosso dia.

Só não posso deixar de falar do fanzine. Nasceu assim, meio sem querer e ficou bem bonito. Queria ter mais tempo para promovê-lo melhor. Não acho que ele seja isento de defeitos, o negócio tem uma vocação despretensiosa. Um novo número deve estar a caminho em breve.

***

Do nome: evidentemente, o nome foi uma brincadeira com o livro Dom Casmurros, de Machado de Assis e com a palavra casmurro - que não está no dicionário (só que no plural para parecer que eu sou muitos).

***

Ah! Esqueci de dizer que o pessoal sempre esbarra aqui procurando pelo Mil Casmurros. Juro que não foi proposital.

* Dessa vez não tem imagem.

Share/Save/Bookmark

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A FORMA ETERNA DO ROMANCE VIROU MUSEU

Faz tempo que estou pra comentar o Museu do Romance da Eterna, de Macedonio Fernández. O livro foi lançado em fevereiro desse ano pela Cosac Naify com tradução de Gênese Andrade. Macedonio Fernández é uma figura mítica na literatura argentina. Antes das vanguardas européias e de qualquer crise do romance, ele foi o primeiro a proclamar que "tudo já havia sido dito na literatura", de modo que não restava aos autores do novo século outra alternativa senão reinventar tudo. Macedonio foi tão seminal para a literatura argentina que vem dele a aparição de Borges, Cortázar, Ricardo Piglia etc.

O que me parece fascinante na afirmação de Macedonio é o fato de encarar de frente qualquer complexo de culpa com relação ao passado dizendo "vamos recomeçar de um jeito novo". Quantos escritores não se sentem angustiados com esses fantasmas?

O enredo de Museu do Romance da Eterna tem um formato fragmentário. A história é composta por uma série de prólogos que se sucedem sem nunca chegar propriamente ao começo do romance. Existem digressões, desvios, tautologias, invenções, citações, jogos e todo um movimento na tentativa de deformar o romance.

O projeto gráfico da editora também merece atenção especial. Parece que a capa dura enforma o conteúdo - dizem que Macedonio escrevia em papéis soltos e no projeto gráfico parece mesmo que várias folhas foram agrupadas entre a capa.

Tem um documentário em cinco partes na internet (a primeira está logo abaixo) para quem quiser saber mais sobre a figura de Macedonio Fernandez - feito por Andrés di Tello e Ricardo Pligia. Também recomendo as resenhas críticas da Ilustrada, do Caderno 2 e do Daniel Benevides.



*imagens: Macedonio Fernandez © Fundación San Telmo. Buenos Aires, Argentina / divulgação Cosac Naify.
Share/Save/Bookmark

terça-feira, 12 de abril de 2011

DEPOIS DE AMANHÃ ANDE COM AS MÁS COMPANHIAS


Amanhã acontece na Livraria da Vila (em Pinheiros) um bate-papo entre Reinaldo Moraes e Marçal Aquino, com mediação do Joca Reiners Terron. Os três se reúnem para o lançamento do selo Má Companhia, da Companhia das Letras.

O selo promete publicar só escritores malditos. Parece que a ideia nasceu num jantar em que estavam Luiz Schwarcz, Marçal Aquino e o próprio Joca Reiners Terron. Daí o Joca Terron sugeriu criar uma série de livros batizada Má Companhia lembrando que a Companhia das Letras tinha publicado uma outra série com o nome de Boa Companhia.

A ideia vingou. Tanto faz & Abacaxi, de Reinaldo Moraes e O invasor, de Marçal Aquino são os dois livros que inauguram o selo. Sonetos luxuriosos, de Pietro Aretino e Não há nada lá, do Joca Terron também deverão fazer parte do catálogo.

Ainda para comemorar o lançamento, o Joca escreveu no blog da Companhia das Letras um Amaldicionário da Literatura Brasileira que será publicado em três partes. Por enquanto só tem a primeira parte. Vamos aguardar por mais verbetes. E dá-lhe Joca!

---

Atualização: o Joca Terron publicou a segunda parte do Amaldicionário da Literatura Brasileira.

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

segunda-feira, 11 de abril de 2011

TWITTERATURA EXPERIMENTAL


Desde que surgiu, o Twitter tem servido como um grande laboratório para várias experiências literárias. Muitos escritores usam o serviço para criar micro-histórias tristes, engraçadas, curtas, longas, de todo o jeito. Não sei se a ferramenta resultou frutífera para o negócio, mas tem gente tentando fazer a sua parte e experimentando sem saber direito aonde a coisa vai dar.

É o caso do escritor americano John Wray, autor do livro Afluentes do rio silencioso - que saiu pela Companhia das Letras. Fiquei sabendo esses dias que Wray mantém uma conta no Twitter e está criando uma história sem nome com uma personagem chamada Citizen. O negócio todo começou depois que ele recebeu um conselho do seu editor: "abra uma conta no Facebook e no Twitter". Ele obedeceu prontamente, mas logo ficou cansado de ver apenas links e vídeos do Youtube. Então decidiu usar o Twitter para criar algum projeto de ficção. Citizen era uma personagem que tinha sido cortada do romance Afluentes do rio silencioso e servia perfeitamente para colocar a ideia em funcionamento.

Uma rápida olhada no experimento deixa a sensação de que o formato da história é bem solto. Não pretende ser um romance, um conto ou uma narrativa clássica. Cada tweet é auto-suficiente, contém duas ou três sentenças e faz a história avançar. Tudo é tão aberto e indefinido que Citizen pode tomar qualquer rumo. Wray disse que não pensou num final determinado, a experiência pode acabar a qualquer momento ou pode durar muito. As atualizações também não são frequentes, às vezes Wray fica meses sem escrever.

O que é bem curioso na experiência é o fato do escritor saber exatamente tudo aquilo que ele não quer. Ele tem plena consciência de que o Twitter é um meio que exige um gênero de escrita distinto do que existe e luta para fazer isso valer.

Seguindo outra linha, acho que a experiência mais frutífera envolvendo o Twitter foi aquela que rendeu um livro de sucesso no mundo anglófono: Twitterature. Alexander Aciman e Emmett Rensin usavam os famigerados 140 caracteres para transformar grandes clássicos da literatura em versões resumidas e bem humoradas de até vinte tweets ou menos. Acredite, tem até Anna Karenina, de Liev Tolstói.

Pegamos carona na ideia e também fizemos o nosso Clássicos da Twitteratura Brasileira - se não me engano os livros estão esgotados pois faziam parte de um projeto especial.

Justin Halpern também foi outro caso que começou escrevendo no Twitter e acabou publicando um livro chamado Meu pai fala cada m*rda. O rapaz registrou no Twitter algumas pérolas da sabedoria popular proferidas pelo pai. Depois de um tempo, Halpern reuniu o material num livro contando a história dele e da sua relação com o pai.

Alguém mais se lembra de boas experiências literárias no Twitter?

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

sexta-feira, 8 de abril de 2011

DOIS ITENS PARA PENSAR NO FINAL DE SEMANA


O blog do Instituto Moreira Salles tem uma seção bem interessante chamada "Desentendimento". Nela dois convidados debatem opiniões diferentes sobre um assunto comum. Na seção desse mês Beatriz Rezende e Alcir Pécora falaram sobre a literatura brasileira contemporânea com mediação de Paulo Roberto Pires. Salvo uma perda de foco na discussão aqui e ali, o vídeo serve como um painel em menor escala de dilemas que a gente vira e mexe enfrenta na vida, nas conversas de botequim e nos congressos acadêmicos. Recomendo ver inteiro - aqui.

Assistindo ao vídeo a gente tem a impressão de que não existe salvação para aqueles que gostariam de se tornar escritores ou críticos literários. A crise que atinge as artes contemporâneas parece tão real que chega a nos imobilizar. No entanto, não podemos ser tão apocalípticos assim! Há boa literatura no mundo e há boa literatura no Brasil.

Me parece que o debate acerta em cheio quando diz que a própria academia está matando a literatura, que a crítica se encontra fora do eixo e que não temos público leitor - conclusões não tão inéditas, mas comentadas com conhecimento de causa.

***

Do outro lado e num outro momento, Antônio Xerxenesky escreveu um texto que resume bem a cobrança imposta aos escritores nacionais: "ser "o novo Guimarães Rosa", "a nova Clarice Lispector", mais do que produzir uma ficção fantástica despretensiosa e divertida". Tenho cá pra mim que mesmo que esse sujeito apareça, vamos sempre querer mais. Uma perseguição parecida acontece em outras áreas: queremos ganhar o Oscar, o Prêmio Nobel etc.

Mais do que Guimarães Rosa e Clarice Lispector, a gente precisa romper com essa fixação para colocar a academia nos eixos e criar melhores condições para que novos leitores apareçam no pedaço.

Questões para a gente pensar no final de semana.

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark

terça-feira, 5 de abril de 2011

A MULHER QUE VENCEU FRANZEN

O romance A visit from the goon squad, de Jennifer Egan venceu o Tournament of Books 2011. A notícia é bem curiosa, pois ela venceu o favoritismo de Jonathan Franzen e seu aclamado romance, Freedom. A disputa foi bem acirrada e a decisão deve ter sido bem difícil para os dezessete jurados, imagino. O placar ficou assim: A visit from the goon squad 9 x 8 Freedom.

Com bem noticiou o LA Times, Jennifer Egan também ganhou o National Book Critics Circle Awards em março desse ano. Detalhe: ela estava disputando o prêmio com David Grossman, Paul Murray, Hans Keilson e Jonathan Franzen - outra vez.


Jennifer Egan nasceu em 1962, nos Estados Unidos. Ela já publicou nas revistas New Yorker, Harper's e New York Times magazine. Publicou um livro de contos e quatro romances. Se não estou enganado, The invisible circus ganhou tradução para o português e saiu pela editora Record com o título de Uma história a três - pegando carona na versão cinematográfica do livro.


*imagem: reprodução do NY Times.


Share/Save/Bookmark

sexta-feira, 1 de abril de 2011

NOTAS #22



Jack Kerouac
No mês passado, o blog americano Vol.1 Brooklyn fez um card estampando Jack Kerouac. O card foi feito para comemorar o aniversário do escritor beatnik que nasceu em 12 de março de 1922 e se estivesse vivo iria completar 89 anos. Além do desenho o card tem um trecho de Visões de Cody.

O rei está pálido
Desde janeiro The pale king, de David Foster Wallace está sendo considerado por muitos como o lançamento do ano no mercado editorial americano. O livro está em pré-venda na Amazon e todo mundo está desesperado atrás de uma cópia para ler antes. Três resenhas de peso pintaram na imprensa essa semana para aumentar as expectativas em torno do livro. No New York Times, "Maximized Revenue, Minimized Existence" por Michiko Kakutani; na revista GQ, "Too Much Information" por John Jeremiah Sullivan; e na revista TIME, "Unfinished Business" por Lev Grossman - o mesmo que escreveu o perfil de Jonathan Franzen como o melhor romancista americano. O lançamento acontece em 15 de abril, nos Estados Unidos.

Resenhas
Logo depois de "a resenha está morta, mas juro que não fui eu", topei com uma fala do escritor Martins Amis. Ela está na contracapa do livro Como funciona a ficção, do crítico da revista New Yorker:
"Não presto atenção nem levo a sério as resenhas literárias. Não se aprende nada com elas. Mas o que o crítico James Wood diz me interessa."
Evidentemente, a frase foi inserida para promover o livro. No entanto, espécie de ato falho, serve como mais um ponto de reflexão sobre a 'arte' (vamos chamar assim) de fazer resenhas.



Liberdade, liberdade
Os portugueses já estão contando as horas para o lançamento do romance Liberdade, de Jonathan Franzen. Não custa lembrar que esse foi o romance mais comentado do ano passado. O livro tem previsão de lançamento em 18 de abril e já está em pré-venda em algumas lojas. Saí pela editora Dom Quixote. A capa segue o mesmo designer elegante da edição inglesa - bem melhor que a capa americana. No Brasil, Liberdade será publicado em maio pela Companhia das Letras.

Ouça um bom conselho
O jornalista Michael Gove escreveu um artigo para o Telegraph dizendo que as crianças deveriam ler 50 livros por ano. Bastou uma semana para que Iain Hollingshead, outro jornalista do Telegraph, fizesse uma lista com 50 livros que as crianças não devem ler antes de morrer. Entre os escolhidos somente clássicos da literatura: Ulisses, 1984, O grande Gatsby, Orgulho e preconceito etc. Num estilo bem satírico, o jornalista explica porque cada um desses livros deve ser afastado das crianças. Sobre Crime e castigo, por exemplo, ele diz "um conto de angústia mental e intensos dilemas morais. Felizmente, é mais curto do que Guerra e paz". A lista completa está disponível em http://tinyurl.com/4jbduhu

Conto coletivo
O jornal português Público convidou o escritor Gonçalo M. Tavares para dar início a construção de um conto coletivo. Batizada de Conto Público a experiência contou com a participação de 26 leitores e foi finalizada no mês passado com direito a publicação na revista que acompanha o jornal. A experiência colaborativa está ficando cada vez mais frequente - já vi muitas outras acontecendo. Embora a história pudesse caminhar para um lugar sem volta, Gonçalo M. Tavares ajudou na edição e participou em momentos pontuais. O resultado pode ser conferido em http://tinyurl.com/3rfu2lq

*imagem: reprodução.
Share/Save/Bookmark