Faz tempo que estou pra comentar o Museu do Romance da Eterna, de Macedonio Fernández. O livro foi lançado em fevereiro desse ano pela Cosac Naify com tradução de Gênese Andrade. Macedonio Fernández é uma figura mítica na literatura argentina. Antes das vanguardas européias e de qualquer crise do romance, ele foi o primeiro a proclamar que "tudo já havia sido dito na literatura", de modo que não restava aos autores do novo século outra alternativa senão reinventar tudo. Macedonio foi tão seminal para a literatura argentina que vem dele a aparição de Borges, Cortázar, Ricardo Piglia etc.
O que me parece fascinante na afirmação de Macedonio é o fato de encarar de frente qualquer complexo de culpa com relação ao passado dizendo "vamos recomeçar de um jeito novo". Quantos escritores não se sentem angustiados com esses fantasmas?
O enredo de Museu do Romance da Eterna tem um formato fragmentário. A história é composta por uma série de prólogos que se sucedem sem nunca chegar propriamente ao começo do romance. Existem digressões, desvios, tautologias, invenções, citações, jogos e todo um movimento na tentativa de deformar o romance.
O projeto gráfico da editora também merece atenção especial. Parece que a capa dura enforma o conteúdo - dizem que Macedonio escrevia em papéis soltos e no projeto gráfico parece mesmo que várias folhas foram agrupadas entre a capa.
Tem um documentário em cinco partes na internet (a primeira está logo abaixo) para quem quiser saber mais sobre a figura de Macedonio Fernandez - feito por Andrés di Tello e Ricardo Pligia. Também recomendo as resenhas críticas da Ilustrada, do Caderno 2 e do Daniel Benevides.
*imagens: Macedonio Fernandez © Fundación San Telmo. Buenos Aires, Argentina / divulgação Cosac Naify.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
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