quinta-feira, 31 de março de 2011

O RETORNO DE LOLITA


A paixão do professor Humbert Humbert pela ninfeta Dolores Haze será alvo das nossas conversas novamente. Lolita, o polêmico romance de Vladimir Nabokov, ganhará reedição pela Alfaguara com nova tradução assinada por Sérgio Flaksman.

O livro vai integrar o relançamento da obra de Nabokov pela Alfaguara. Se não me engano, no total serão 13 livros sendo que Os originais de Laura e A verdadeira vida de Sebastian Knight abriram a coleção.

Logo mais a capa, no melhor estilo Alfaguara, deve figurar num site com mais de 150 capas de edições do mundo inteiro.

*imagem: reprodução.
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O PODER DOS LIVROS... DE PAPEL


A imagem tem cara de peça publicitária, mas a mensagem chega direitinho até a gente. Quem nunca sentiu o poder dos livros? Basta ler as primeiras páginas e seguir na história para termos a sensação de que estamos diante de fenômenos como explosões, fios, uma revoada de borboletas etc. Não existe barulho ou qualquer coisa que seja capaz de desviar a nossa concentração e nos tirar daquele universo.

Certo, pode parecer que o autor da peça tenha exagerado um pouquinho nas tintas, ou não? Quem sabe o iPad e os e-readers fiquem tão avançados que algum sujeito alucinado proponha um tipo de livro 3D ou algo do gênero. É esperar pra ver.

Infelizmente não encontrei autoria, mas tirei a imagem daqui.

*imagem: reprodução.

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terça-feira, 29 de março de 2011

A RESENHA ESTÁ MORTA MAS JURO QUE NÃO FUI EU


Falar sobre uma crise das resenhas me parece algo complicado. Não cheguei a uma conclusão final, mas penso bastante no assunto. A verdade é que ultimamente sinto um certo mal estar quando vou ler resenhas escritas por outras pessoas ou mesmo quando vou escrever as minhas - muito embora eu mais leia resenhas do que as escreva propriamente. Pensando nisso, vou apresentar alguns argumentos para promover reflexões sobre o tema. Espero não me perder no meio do redemoinho e espero não acabar refém do próprio assunto que estou comentando.

Não sou eu quem está alardeando a crise da resenha. Tenho a impressão de que o assunto surgiu em forma de burburinho na imprensa americana assim que as resenhas foram sumindo das páginas dos jornais e revistas. Foi o passo decisivo para que surgisse na internet uma onda enorme de blogs dedicados ao assunto. Um processo bem parecido aconteceu com as resenhas de discos e de filmes, em partes.

O problema foi que a resenha migrou do mundo impresso para o mundo virtual com prejuízos. O comentário analítico deu lugar a paráfrase do enredo, da história, da trama e os resenhistas esqueceram de falar sobre aquilo que sustenta tudo isso. Eles deixaram de lado a beleza particular da construção de uma obra de ficção. Quase não existem analises teóricas, não se fala em narrador, personagem, tempo, espaço e linguagem.

No final, ninguém sabe os pontos fortes e fracos do livro: o que é instigante nele? Como funciona aquele universo? O que foi que aquele autor fez com o material de que dispunha nas mãos? O comentário crítico fica resumido ao "gostei" e "não gostei". Tudo é bem leve.

As resenhas mais encorpadas, por outro lado pecam por dois problemas: ora ficam presas a um formato quadrado e pouco inventivo; ora abusam dos jargões acadêmicos e demonstram abertamente sua estrutura teórica demais. A vontade de comprovar uma teoria é tão grande que o prazer do texto morre. Aquele universo permanece inacessível ao leitor. Tudo é bem pesado.

A saturação também aconteceu pela enorme quantidade de lugares que oferecem a mesma coisa. Todo mundo vê tanta resenha na internet que acaba se cansando de tamanha superficialidade. A maioria sempre diz a mesma coisa, mas em palavras diferentes. O pior de tudo é que esses comentários podem causar danos aos livros.

No entanto, no horizonte do improvável surgem algumas saídas. A escritora Zadie Smith, por exemplo, parece apontar um caminho interessante. Ela assumiu o lugar de Benjamin Moser na coluna de resenhas da revista Harper's. Numa conversa com Gemma Sieff (editora da revista), Zadie Smith aos poucos redesenha as fronteiras das resenhas - sem nenhum sofrimento ou sem recorrer aos aparatos teóricos. Recomendo a leitura – o papo entre as duas é uma lição.

Antes de mais nada, Smith prefere ser chamada de resenhista no lugar de crítica. Ela diz que prefere escrever sobre os livros recorrendo as suas próprias percepções pessoais, evocando a figura de Virgínia Woolf que tinha essa abordagem em seus textos. Na coluna, Smith pretende ler e comentar as coisas que lhe causam um interesse particular uma certa estranheza. Na primeira New Books, publicada esse mês, Smith falou sobre Thomas Bernhard, Javier Marías e Sharifa Rhoden-Pitts.

Posto de outra forma, um resenhista pode colocar mais de si mesmo numa resenha usando suas próprias percepções ao invés de percepções críticas. Ele pode falar o quanto quiser de um livro, usando seus vários argumentos. Já o crítico é uma personalidade comprometida com seu modelo e seu distanciamento teórico. Ele precisa usar um espaço limitado para explicar e comprovar tudo aquilo que deseja.

Outro sujeito que está tentando salvar a resenha de seu estado capenga é Ron Charles, editor do Washington Post. O cara decidiu fazer algumas de suas resenhas em forma de vídeo. O resultado pode parecer um pouco com programa de auditório, mas tem a sua carga crítica.

Há também as resenhas assinadas por James Wood, editor da revista New Yorker e autor do livro Como funciona a ficção. O método dele está mais próximo do que Zadie Smith pretende fazer. Ainda que ela pratique com maior liberdade, me parece.

Como disse, o assunto não está concluído. Acho importante dizer que não estou tentando pichar a academia e todos os esforços que vem de lá – eu também sou fruto dela. Deve haver outras razões que expliquem o estado atual da resenha: entre a vida e a morte. Outras pessoas também devem estar propondo novos modelos e tentando fazer a sua parte. Quando se trata de previsões para o futuro na área da crítica, as coisas parecem um pouco nebulosas.

*imagem: reprodução.
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sábado, 26 de março de 2011

SOCIEDADES SECRETAS

O blog da Cosac Naify nos deu um pequeno presente ao promover o lançamento da novela História abreviada da literatura portátil, de Enrique Vila-Matas - publicado originalmente em 1985. Explico melhor: a editora convidou autores para escreverem relatos sobre "sociedades secretas que conheceram e/ou fizeram parte". As histórias foram publicadas no blog da editora em três partes - para acompanhar Top Secret, Top Secret II e Top Secret III.

O livro de Vila-Matas conta a história de um grupo de intelectuais do começo do século XX que funda uma sociedade secreta a fim de promover "o amor à escrita como diversão, a insolência, o espírito inovador e a autoria de obras que pudessem caber facilmente numa maleta". O grupo se autodenomina sociedade portátil ou sociedade shandy. Segundo o narrador do romance, o nome da sociedade teria várias explicações e significados possíveis - o que lembrar as explicações de Tristan Tzara para o nome do movimento Dadaísta. Aliás, Tzara é uma das personagens da novela junto com Marcel Duchamp, García Lorca, Walter Benjamin e tantos outros escritores, pintores e artistas. Detalhe: todos eles existiram realmente e nas mãos de Vila-Matas acabam virando personagens de ficção.

Seguindo o mesmo padrão de misturar a realidade com a ficção, Daniel Galera, Antonio Xerxenesky, Vanessa Barbara, Sérgio Rodrigues, Júlio Pimentel Pinto, Chico Mattoso e Joca Reiners Terron criaram história curiosas, engraçadas e até certo ponto, verídicas. Dessa vez, as personagens são Thomas Bernhard, Georges Bataille e uma galeria de escritores estrangeiros e nacionais se reunindo em torno da comida ou debatendo a literatura portátil.

Em tempo, Enrique Vila-Matas vai participar do 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural em maio desse ano.
*imagens: divulgação.

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quinta-feira, 24 de março de 2011

LORIN STEIN É UM FANFARRÃO?

Desde que assumiu o comando da Paris Review no ano passado, Lorin Stein está recuperando o glamour que andava um pouco sumido da revista. Dizer uma coisa dessas da maior revista de literatura do mundo (e uma das mais prestigiadas também) pode parecer uma heresia. Porém, basta ver o frisson que Stein tem causado em torno da revista a cada movimentação que ele faz. Todo mundo está com os olhos voltados para a revista a fim de saber qual será a próxima surpresa que ela vai trazer.

A surpresa fundamental, na minha opinião, é a ligação com a internet. O site da revista foi totalmente reformulado, ficou com um estilo bem atraente e ganhou blog, tumblr e twitter - será que tem facebook também? Além disso, alguns textos do extenso arquivo foram abertos na íntegra para consulta dos leitores. No mês passado a revista anunciou que vai publicar em partes o romance póstumo de Roberto Bolaño.

Posso estar enganado, mas a gente quase nunca ouvia falar de mudanças que chamassem tanto atenção enquanto Philip Gourevitch era editor - ele ocupou o cargo de 2005 até o começo do ano passado. Dizem os críticos que Gourevitch enfatizava demais os textos de não-ficção e publicava muita fotografia - atitudes que desagradavam os leitores mais antigos da revista e interessados em literatura.

Lorin Stein tem apenas 37 anos. Ele é visto por muitos como uma espécie de reencarnação de George Plimpton - o lendário fundador e editor da Paris Review. Stein carrega a experiência de ter trabalhado numa das editoras mais influentes de Nova York: a Farrar, Straus and Giroux. Foi ocupando o cargo de editor que ele entrou em contato com figuras importantes do meio literário e acabou se tornando uma pessoa querida entre escritores, editores e agentes. Evidentemente, ele não vive apenas de prestígio e provou que tem talento de sobra para poder ocupar essas posições.

Stein também sabe aliar, como poucos, suas tarefas de editor a sua imagem social. Ele tem um estilo muito peculiar, participa de festas, comparece a eventos, concede entrevistas e vive cercado de gente jovem com quem certamente pretende trabalhar algum dia. O gesto acaba funcionando para o bem e para o mal: recupera o charme da revista e faz as pessoas pensarem que a vida de editor é uma diversão. Quem trabalha em editoras sabe que nada disso acontece. Há muito mais trabalho pesado do que badalação.

Quem quiser saber mais sobre essa figura pode ler o perfil publicado pelo New York Times.

***

Como falo muito na Paris Review quero recomendar a reedição (com novo projeto gráfico) do Volume 1 - As entrevistas da Paris Review. Acabou de sair pela Companhia das Letras. Tem entrevistas imperdíveis de William Faulkner, Ernest Hemingway, Louis-Ferdinand Céline, Jorge Luís Borges, Ian McEwan, Paul Auster e Javier Marías, para citar alguns. O blog EM ALFA, do Ronaldo Bressane publicou alguns trechos sensacionais que servem como aperitivo.

*imagem: reprodução.

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quarta-feira, 23 de março de 2011

TERREMOTO NO JAPÃO


O terremoto no Japão foi o principal tema da revista New Yorker dessa semana. Na capa uma ilustração criada por Christoph Niemann e batizada de "Dark spring" mostra o galho de uma cerejeira sobre um fundo preto. Achei o tributo muito bonito.

Entre os artigos que analisam as consequências do terremoto há um texto comovente do escritor Kenzaburo Oe. O autor fala sobre a recorrente ameaça nuclear presente na história recente do Japão: Hiroshima, Nagasaki, os teste atômicos no atol de Bikini e o estrago provocado pelo tsunami na usina de Fukushima.

Para completar ainda republicou U.F.O. in Kushiro, de Haruki Murakami - esse conto já tinha sido publicado pela revista em 2001, mas os editores da revista decidiram publicá-lo novamente nesse número dedicado ao Japão. A história faz parte do livro After the quake (inédito no Brasil) composto por seis contos relacionados ao terremoto que assolou a cidade japonesa de Köbe em 1995. É bem interessante observar olhar da ficção de Murakami para o sofrimento que seu país enfrentava naquele momento. Somente o amor e os acontecimentos surreais são capazes de ajudar na reconstrução daquilo que foi perdido. De alguma forma, uma coisa acaba ecoando a outra na ficção ainda que sejam dois incidentes distantes no tempo.

No site da New Yorker U.F.O in Kushiro está disponível somente para assinantes. No entanto, encontrei a história aqui - acredito que esteja completa.

*imagens: reprodução.

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terça-feira, 22 de março de 2011

NOTAS #21


Mil e uma ilustrações
As histórias de Sherazade no livro As mil e uma noites já serviram como fonte de inspiração para centenas de ilustradores desde que o livro se tornou popularmente conhecido no ocidente. O blog Arabian Nights Books tenta catalogar o trabalho desses artistas com algumas amostras dos desenhos e informações sobre seus autores. Na imagem acima está Sherazade pelas mãos do ilustrador Edmund Dulac. Mais desenhos estão disponíveis em http://tinyurl.com/64m8rbu

Trilha sonora para romances
Você também está com saudades da coluna "Minha trilha sonora", publicada pelo Caderno 2 do Estadão? Confesso que era uma das minhas colunas preferidas, sobretudo quando tinha escritores selecionando músicas para várias ocasiões. Enquanto a coluna não volta, a gente pode apelar para a internet e encontrar algumas sugestões bem legais. Uma delas é a seção Book Notes, organizada pelo blog Largehearted Boy. Tem diversos escritores recomendando a trilha sonora perfeita para acompanhar seus romances, com direito a explicação e tudo o mais.

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O escritor Jonathan Coe, por exemplo, montou uma trilha sonora para acompanhar o seu novo romance - The terrible privacy of Maxwell Sim. Entre as doze faixas escolhidas tem Stevie Wonder - "Summer soft", Gentle Giant - "I am a camera", Dusty Springfield - "Goin' back", Sufjan Stevens - "Chicago", John Cage - "In A Landscape" e até Brian Eno - Music for airports.

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O escritor Adam Levin, autor do catatau The instructions, sugere que o leitor pense em The Clash - "The guns of Brixton", The Fugees - "Zealots", The Jackson Five - "The love you save" e muitas faixas do Misfits. A trilha mesmo dar energia para o leitor enfrentar as 1030 páginas do romance.

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Já Paul Murray, que escreveu o aclamado Skippy Dies, preferiu sugerir uma trilha sonora bem indie para o seu livro. Tem Sonic Youth - "Jc", Nation of Ulysses - "N-Sub Ulysses", José Gonzalez - "Heartbeats", Smashing Pumpkins - "Tonight, tonight", Nick Cave and the Bad Seeds - "There She Goes My Beautiful World", Broken Social Scene - "Anthems for a Seventeen-Year-Old Girl", MGMT - "Time to Pretend". No mínimo curioso, não?

Huxley para menores
Pode ser que ninguém saiba, mas Aldous Huxley já escreveu um livro para crianças chamado Os corvos de Pearblossom. O autor de Admirável mundo novo e As portas da percepção, escreveu a história em 1944 como presente de Natal para sua sobrinha, Olivia. O enredo fala sobre um casal de corvos que tem seus ovos roubados por cobras que moram na mesma árvore que eles. Os corvos de Pearblossom voltou a ser assunto por causa de uma nova edição que saindo nos Estados Unidos com ilustrações de Sophie Blackall (na foto). No Brasil o livro foi lançado em 2006 pela editora Record e foi ilustrado pela artista plástica italiana Beatrice Alemagna.

Diário ficcional
Diário da queda, novo romance de Michel Laub ganhou um book trailer caprichado na semana de lançamento. O livro conta a história de um homem que remexe as memórias de sua vida depois de recordar um acidente do passado. A reflexão profunda também evoca a história do pai e do avô do narrador. Quem ficou curioso pode conferir o trailer do livro em http://tinyurl.com/6fllygs e o primeiro capítulo em http://tinyurl.com/6yse3nt

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Lembrando que Michel Laub esteve na lista dos "20 escritores com menos de 40" que organizei no ano passado. Uma pequena entrevista dele para essa série está disponível em http://tinyurl.com/2anr6qg

Ficção de Polpa
A Não Editora está lançando essa semana o quarto volume da série Ficção de Polpa. O número é inteiramente dedicado as histórias de crime e mistério. A organização foi do Samir Machado de Machado e os textos são de Carlos Orsi, Yves Robert, Octávio Aragão, Rafael Bán Jacobsen, Carol Bensimon, Carlos André Moreira e Ernest Bramah. Além dos textos, o projeto gráfico também é muito bem realizado e a capa desenhada por Jader Corrêa é de tirar o fôlego.

Na TV e no cinema
Acho que nunca houve um acontecimento mais interessante no mundo contemporâneo do que livro que são adaptados para as telas do cinema ou da TV. Para dizer a verdade, esse casamento já rola faz bastante tempo. Pensando nisso, Forrest Wickman - do blog Brown Beat do site Slate - consultou o site IMDb para saber quais eram os escritores mais adaptados para o cinema, para as séries e especiais de TV e até para videogames. Os cinco primeiros da lista foram: William Shakespeare - 831 vezes; Anton Tchekhov - 320 vezes; Charles Dickens - 300 vezes; Edgar Allan Poe - 240 vezes; Robert Louis Stevenson - 225 vezes.

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A amostragem foi pequena (a lista toda tinha apenas vinte e cinco nomes) e o site do IMDb tem algumas falhas nos registros, mas o número de adaptações totais foi bastante surpreendente e expressivo. Shakespeare e Tchekhov, por exemplo, ficaram na frente de dois escritores bastante cinematográficos, Stephen King e Agatha Christie. Os dois primeiros lugares são ocupados por dramaturgos por uma simples razão, eu imagino: textos de teatro são mais fáceis de serem adaptados para a TV e para o cinema.

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Usando o mesmo método pouco ortodoxo, fiz um teste com cinco escritores brasileiros: Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Jorge Amado, João Guimarães Rosa e Paulo Coelho. O resultado foi: Nelson Rodrigues - 38 vezes; Jorge Amado - 28 vezes; Machado de Assis - 27 vezes; João Guimarães Rosa - 12 vezes; Paulo Coelho - 8 vezes.

Alguém arriscaria fazer uma amostragem maior?

*imagens: reprodução.

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quinta-feira, 17 de março de 2011

E-READER NO FUTURO...


Imagine se no futuro os e-readers (ou leitores de livros digitais) tiverem opções para customizar a história que você está lendo? Basta apertar um mísero botão para acrescentar zumbis, lutas, bobagens, final feliz, final triste, uma pitada de sexo etc etc etc. Dá até preguiça de tentar imaginar, né? Melhor ficar com nosso bom e velho livro de papel.

*imagem: o cartoo foi feito por Stephen Collins e tirei daqui.

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terça-feira, 15 de março de 2011

QUATRO REVISTAS

Está muito enganado quem acha que a internet e os e-readers estão acabando com as revistas impressas de literatura ou de humanidades. Na verdade os meios eletrônicos estão ajudando a divulgá-las ainda mais - será que está acontecendo uma revolução impressa desde que começaram a falar nisso? Eu, sempre que posso, comento e recomendo algumas delas por aqui. Já falei da Coyote, da Minotauro, da Caracol e do Rascunho (na verdade um jornal de literatura). Sem mencionar os cadernos de cultura dos jornais, as revistas semanais e mensais de informações e variedades (que breve ou longamente abordam o tema).

Quero recomendar mais quatro revistas:

ARTE E LETRA
A revista publicada bimestralmente pela editora de mesmo nome que fica em Curitiba. O foco é publicar ficção inédita de autores nacionais ou traduções inéditas no Brasil de autores estrangeiros. Tem espaço para textos clássicos e contemporâneos sempre acompanhados de boas ilustrações. No mês passado a revista chegou a edição nº 11 - Arte e Letra: Estórias L. O número tem contos de Victor Hugo, Rubén Darío, F. Scott Fitzgerald, Denis Diderot, Frank R. Stockton e quatro escritores de Porto Alegre: Rodrigo Rosp, Antônio Xerxenesky, Rafael Bán Jacobsen e Daniela Langer.


FICÇÕES
Parceria entre três editoras cariocas: Estação das Letras, 25 e 7Letras. A revista existe desde 1996, tendo em suas páginas textos de escritores consagrados e escritores a serem descobertos. Fez uma pausa para renovar as ideias e voltou com novo formato: a edição sai na internet e depois ganha uma versão impressa. Em dezembro do ano passado anunciou nova pausa com retorno prometido para esse mês. A gente pode folhear a edição nº 19 no site da revista enquanto a edição nº 20 não chega.




DICTA & CONTRADICTA
Revista semestral publicada em São Paulo pelo Instituto de Formação e Educação. Não aborda apenas assuntos ligados à literatura, trata-se de uma revista de humanidades com artigos e resenhas acadêmicas "mas sem academicismos". Lançada em dezembro do ano passado, a edição nº 6 tem, entre outras coisas, o conto Bravuras e bravatas, de Raimundo Carrero; a tradução do conto Na sala Virgínia, de Arlo Bates e o artigo Breve discurso sobre a cultura, de Mario Vargas Llosa.




CRISPIM
A revista é publicada pela editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco. Divulga textos de ficção e ensaios sobre literatura produzidos por estudantes da UFPE. A edição nº 2 tem textos de escritores consagrados como Antonio Carlos Secchin e Fernando Monteiro; tem ainda textos inéditos de escritores de Pernambuco, Paraíba e Angola, entrevistas, ensaios e resenhas.

*imagens: reprodução.
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domingo, 13 de março de 2011

SERROTE #7

A revista Serrote #7 chega amanhã as livrarias. Tem bastante coisa interessante: um ensaio de Geoff Dyer, a entrevista de Jonathan Frazen para a revista The Paris Review (na época do lançamento de Freedom, nos Estados Unidos e Inglaterra), fotos reveladoras do cotidiano de James Joyce feitas por Gisèle Freund, texto de Thomas Bernhard e um verbete assinado por Noemi Jaffe. Tem outras coisas também, estou destacando os assuntos ligados à literatura, ficção etc.

Um texto de Marcelo Coelho que está na edição foi publicado no caderno Ilustríssima - somente para assinantes do jornal.

*imagem: reprodução.

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JAMES WOOD: O CRÍTICO LITERÁRIO

Como funciona a ficção, de James Wood chega ao Brasil cercado de comentários interessantes. Não estou me referindo a polêmica envolvendo a tradução do livro - quem quiser saber mais sobre esse assunto pode ler a explicação da tradutora Denise Bottmann e a resposta da editora Cosac Naify que foram publicadas no caderno Prosa & Verso.

Achei interessante acompanhar o comentário de Sérgio Rodrigues, no blog Todoprosa, e da crítica de literatura Flora Süssekind, no mesmo Prosa & Verso. Os dois falam de perspectivas diferentes sobre o mesmo livro, mas acho interessante a oposição porque de alguma maneira acaba refletindo um conflito que existe: para falar sobre como funciona a literatura temos de seguir uma abordagem acadêmica ou podemos usar uma abordagem menos "pretensiosa".

Também sugiro duas entrevistas que ele concedeu: uma para Daniel Piza, no caderno Sabático, e outra para o Prosa & Verso. Acho interessante ler esse material porque vem acompanhado de pequenos textos introdutórios que refletem mais pontos de vista sobre o livro. Acredito que mais textos devem vir por aí.

Apenas para situar: James Wood é crítico da revista New Yorker e no livro ele aborda algumas categorias literárias (personagem, linguagem, narrador etc.) sem usar jargões acadêmicos. Pelo que eu li, tudo acontece meio em tom de conversa e sem aquele peso da responsabilidade crítica. É essa abordagem de James Wood que está no centro da questão.

Quando foi lançado nos Estados Unidos em 2008, o livro também rendeu diversas discussões. Figurou inclusive entre a lista dos mais vendidos.

Ainda não li o livro de Wood e acho bacana que ele chegue causando esses comentários. Isso estimula a gente a ler o livro para tirar nossas conclusões, ouvir os posicionamentos e encontrar um caminho para a tal "críse da crítica", quem sabe algum dia.

*imagem: divulgação.

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sexta-feira, 11 de março de 2011

NOTAS #20


Sci-Fi Hi-Fi
A ficção científica pode ter nascido no século XIX, mas suas raízes remontam a Grécia antiga - acredite se quiser. Mas será possível contar toda essa história usando apenas uma página? O autor desse infográfico conseguiu - infelizmente não consegui encontrar o nome do autor (alguém sabe?). Tem de tudo um pouco: Franz Kafka, William Burroughs, gregos e indianos. E tem os clássicos também, claro! A imagem em tamanho bem grande está disponível em http://tinyurl.com/4m8pbex

Escritores em vídeo
O blog A piece of monologue reuniu, através do Youtube, o documentário Waiting for Beckett: a portrait of Samuel Beckett. É o primeiro documentário americano sobre o escritor com direção de John Reilly e Melissa Shaw-Smith. O material raro foi produzido para a TV em 1994 e inclui depoimento do próprio Samuel Beckett e várias pessoas próximas a ele. Os vídeos estão reunidos em http://tinyurl.com/6d48lbl

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Outro vídeo curioso vindo do Youtube tem o escritor Henry Miller falando sobre seu banheiro. Todo decorado com fotos, ilustrações, quadros e obras de arte, o escritor confessa que seu banheiro deixa todo mundo perdido - mas olhando o vídeo fica difícil imaginar algo tranquilo naquele lugar. É uma verdadeira viagem ao redor do mundo dentro de um único cômodo da casa. O vídeo está disponível em http://tinyurl.com/4be3em8

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Novamente um vídeo postado pelo blog A piece of monologue. Trata-se de um vídeo curtinho em que Philip Roth fala sobre a velhice http://tinyurl.com/488l6n6

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Para terminar, um outro vídeo em que o escritor David Foster Wallace fala sobre literatura comercial e leitura nos Estados Unidos. Divertida a analogia que ele faz entre a literatura mais cabeça e a música clássica. O vídeo está disponível em http://tinyurl.com/6h2n8xk

Utopia Antiutopia
Quando os escritores criam histórias sobre o futuro, dificilmente eles pensam em algo positivo. As previsões são sempre catastróficas. Pensando nisso, o Huffington Post organizou uma lista com 12 romances antiutopicos. Evidentemente Admirável mundo novo, de Aldous huxley; 1984, de George Orwell e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury não poderiam ficar de fora. Tem também Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago; A estrada, de Cormac McCarthy e Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro. A lista completa está disponível em http://tinyurl.com/6af46n4

Furo!
O escritor Joca Reiners Terron consegue cada furo de notícia que deixa a gente de cabelo em pé. Um dos últimos foi mostrar em primeira mão a capa de Tanto faz & Abacaxi, de Reinaldo de Moraes. Os dois livros saem juntos em reedição pelo novo selo Má Companhia, da Companhia das Letras. Joca, diz pra gente quem assina a capa.

*imagem: reprodução

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quarta-feira, 9 de março de 2011

TOURNAMENT OF BOOKS E COPA DE LITERATURA


Começou ontem o Tournament of Books 2011. A primeira disputa já teve cara de clássico: Freedom, de Jonathan Franzen enfrentou Kapitoil, de Teddy Wayne. Depois de mostrar seus argumentos, o jurado escolheu Freedom - o romance mais comentado do ano passado. Será que o falatório geral influenciou a decisão final do jurado? Só lendo a justificativa.

Eu imagino que a tarefa dos jurados nesse torneio não será nada fácil. Entre os concorrentes figuram nomes que concorreram ao National Book Award, Man Booker Prize e ao Pulitzer. Veja a lista:

Freedom, de Jonathan Franzen
Kapitoil, de Teddy Wayne
Room, de Emma Donoghue
Bad Marie, de Marcy Dermansky
Savages, de Don Winslow
The Finkler question, de Howard Jacobson
A visit from the good squad, de Jennifer Egan
Skippy dies, de Paul Murray
Nox, de Anne Carson
Lords of misrule, de Jaimy Gordon
Next, de James Hynes
So much for that, de Lionel Shriver
Super sad true love story, de Gary Shteyngart
Model home, de Eric Puchner
The particular sadness of Lemon Cake, de Aimee Bender
Bloodroot, de Amy Greene

Para quem não conhece o Tournament of Books é um campeonato em que dezesseis livros se enfrentam em esquema mata-mata. Ao todo são quatro grandes rodadas. Quem tiver melhor avaliação do jurado segue na disputa até a grande final. Nesse torneio participam apenas livros em língua inglesa. O intuito não é escolher apenas um dos livros mais bacanas do ano, mas promover a discussão de ideias em torno de livros que foram bem recepcionados pela crítica.

O Tournament tem disputas diárias e a primeira rodada termina na próxima semana. O ganhador do jogo de ontem, como falei, foi Freedom, de Jonathan Franzen. Hoje, quem ganhou foi Room, de Emma Donoghue.

Quem pensa que só os falantes da língua inglesa tem esse privilégio estão enganados. Nós temos a nossa Copa de Literatura Brasileira que começou no mês passado - já comentei aqui. As duas primeiras disputas, ou os dois primeiros jogos, elegeram Como desaparecer completamente, de André de Leones e O filho da mãe, de Bernardo Carvalho. O próximo jogo acontece na próxima semana. Você pode vestir a camisa do seu livro preferido, acompanhar e comentar a justificativa de cada jurado. As discussões estão muito boas.

*imagem: reprodução da tabela do Tournament of Books.
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sexta-feira, 4 de março de 2011

CONTOS DE CARNAVAL


Juro que eu estava preparando um post para falar a respeito dos foliões amantes da literatura. Enquanto elaborava umas ideias na minha cabeça me deparei com a pequena antologia online: contos brasileiros de carnaval orgazinada pelo Sérgio Rodrigues do blog Todoprosa. A ideia é muito boa e inclui contos de João do Rio, Clarice Lispector, Aníbal Machado, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca e até um conto inédito de autoria do próprio Sergio Rodrigues - ainda inédito em livro.

Pegando carona, aqui vai a minha contribuição: Duas cartas, de Luis Henrique Pellanda que foi publicado em Macaco ornamental - livro de estréia do escritor que é de Curitiba. Li recentemente e recomendo bastante não só pelo enorme talento do Pellanda, mas também porque tem um outro conto de carnaval chamado Embaixadores de Xanadu. Infelizmente não achei na internet.

Outro conto que pode integrar a antologia online é Um dia de entrudo, de Machado de Assis. Quem disse que ele também não escreveu o seu.

Alguém se lembra de mais algum?

*imagem: reprodução Google.
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quinta-feira, 3 de março de 2011

TRÊS VEZES - DAVID FOSTER WALLACE

Se estivesse vivo, David Foster Wallace estaria completando 49 anos na semana passada. A data fez circular uma série de notícias a respeito do autor morto em 2008. Wallace era tido como um dos melhores escritores de sua geração.

A primeira delas foi o documentário "Endnotes: David Foster Wallace", apresentado pelo Professor Geoff Ward na rádio BBC. O programa foi ao ar no começo de fevereiro e trouxe um punhado de informações importantes a respeito de Foster Wallace. Nada parecido foi feito desde o seu suicídio. O documentário tem a participação de pessoas que foram muito próximas a ele: os escritores Don Delillo, Mark Costello e Rick Moody, sua irmã Amy Wallace, o editor Michael Pietsch e sua agente Bonnie Nadell. Para completar aparecem algumas entrevistas que o próprio Foster Wallace concedeu antes da publicação de Infinite Jest - até o momento esse romance de 1000 páginas é sua obra prima.



Revirando os arquivos o pessoal do The Ransom Center, na Universidade do Texas, encontrou o manuscrito da primeira página de Infinite Jest. Tem as anotações, os rabiscos, as correções e tudo mais - no melhor estilo Foster Wallace. (via mcnallyjackson)



Para completar uma história entitulada Backbone foi publicada na revista New Yorker. Na verdade, esse é um trecho de The pale king, livro inédito e inacabado de David Foster Wallace - deve ser o lançamento mais quente do ano, até o momento. O livro será publicado nos Estados Unidos em 15 de abril. Muito aguardado.

Para sentir um pouco do estilo de Foster Wallace, vou reproduzir aqui os dois parágrafos iniciais:
"Every whole person has ambitions, objectives, initiatives, goals. This one particular boy’s goal was to be able to press his lips to every square inch of his own body.

His arms to the shoulders and most of his legs beneath the knee were child’s play. After these areas of his body, however, the difficulty increased with the abruptness of a coastal shelf. The boy came to understand that unimaginable challenges lay ahead of him. He was six.

There is little to say about the original animus or “motive cause” of the boy’s desire to press his lips to every square inch of his own body. He had been housebound one day with asthma, on a rainy and distended morning, apparently looking through some of his father’s promotional materials. Some of these survived the eventual fire. The boy’s asthma was thought to be congenital".
O trecho completo está disponível aqui.

*imagem: reprodução.
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