segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NOTAS #17

Escritor em férias
O escritor francês Raymond Queneau em momento de descontração tirando fotos numa fotomática em Paris no verão de 1928. (via Jahsonic's microblog)

Mistérios revelados
Se estivesse viva, a escritora Virginia Woolf estaria fazendo aniversário em 25 de janeiro. Para comemorar a data, o site Flavorwire publicou um post listando "59 coisas que você não sabia sobre Virgínia Woolf". Entre os incidentes curiosos tem coisas como: "Woolf primeiro tentou se matar com 22 anos de idade ao saltar de uma janela. A janela de onde ela pulou, entretanto, não era alta o suficiente para causar danos mais sérios". O post completo está disponível em http://tinyurl.com/45fd9ek

Cidade literária
J.D. Salinger era conhecido por ser um autor recluso. Não gostava de aparecer em público, não dava entrevistas e não se deixava fotografar com facilidade. A Magnum preparou uma homenagem para relembrar o primeiro aniversário de morte do escritor. A agência de fotos disponibilizou 20 fotos de lugares visitados por Holden Caulfield, o famoso personagem de O apanhador no campo de centeio. As fotos estão disponíveis em http://tinyurl.com/4mxcyx9

A voz da escritora
A escritora Patrícia Highsmith ficou famosa por seus romances policias com altas voltagens psicológicas, tingidos de humor negro e doses de ironia na medida certa. Muitos críticos consideram o fato de Highsmith ter elevado o romance policial a categoria de grande arte. Nessa entrevista de rádio, a escritora fala sobre seus pais, sua infância e sobre a vida na badalada cidade de Nova York, sobre sua carreira e sobre seus livros. A entrevista em inglês está disponível em http://is.gd/iL1K96

Barbados
O escritor americano Herman Melville também era conhecido pela grande barba que ele tinha. O que ninguém poderia imaginar era o fato de que ele encontraria 25 diferentes palavras em inglês para designar "barba". Detalhe: todas as variações estão no romance White-Jacket publicado em 1850 - se não me engano não existe tradução desse livro para o português. Todas as palavras com um desenho explicativo estão disponíveis em http://tinyurl.com/4dnvo7a

*imagem: reprodução.
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ABRAHAM LINCOLN, VAMPIROS E MASHUPS

Em 2009, o livro Orgulho e preconceito e zumbis, de Jane Austen e Seth Grahame-Smith saiu pela pequena editora Quirk Books e liderou por semanas a lista dos livros mais vendidos do New York Times. Foi o suficiente para outras editoras americanas explorarem um "novo" filão. Porém, nem todos os novos títulos desse "gênero" foram tão felizes na realização quanto seu predecessor. Arrisco dizer que nem chegaram a fazer o mesmo sucesso.

Parece que na tentativa de serem originais e engraçados forçaram a mão na piada. Outros exageraram tanto na invenção do enredo que acabaram se atrapalhando. O resultado ficou meio artificial. A onda também chegou ao Brasil um pouco sem força, lembro até de um comentário no Todoprosa sobre o assunto.

Pensando nisso tudo surge a seguinte pergunta: será que os mashups literários aguentam mais uma temporada? Se depender de Seth Grahame-Smith eles aguentam. A razão é bem simples: Smith foi o grande responsável por colocar os mashups em evidência graças ao seu talento natural para o negócio. Ele é produtor, roteirista e blogueiro profissional.

Seu mais recente livro foi lançado essa semana pela Intrínseca: Abraham Lincoln caçador de vampiros. Dessa vez, Smith não partiu de um clássico da literatura. Ele partiu do diário secreto de Abraham Lincoln, ex-presidente dos Estados Unidos, e de uma ampla pesquisa sobre a história americana para nos contar que Lincoln era na verdade um caçador de vampiros. A ideia é tão boa que abocanha até uma fatia de leitores interessados em histórias de vampiros - que ainda estão na moda.

O livro recebeu muitos elogios nos Estados Unidos e deve fazer o mesmo sucesso que Orgulho e preconceito e zumbis - também lançado pela Intrínseca. Se depender do trailer, o livro já tem inúmeros leitores.

*imagem: divulgação.
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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

NOTAS #16


Tchekhov em tirinhas
O cartunista Ben Greenman resolveu fazer um resenha diferente para um livro de Anton Tchekhov: uma tirinha. Bem humorado, o cara viu nos contos do autor russo um paralelo com a vida de diversas personalidades americanas. Vale uma leitura rápida, não leva nem cinco minutos. A tirinha completa está disponível em http://tinyurl.com/4vlkufn

Literatsi
O blog Literatsi está lançando na internet uma revista digital sobre literatura. O editor do blog e da revista, Luiz Fernando Cardoso, tocou todo o projeto para colocar o primeiro número no ar. Ele conta que esse número ficou um pouco atrasado por conta de alguns problemas, por isso algumas seções estão um pouco desatualizadas. De qualquer ele já está convidando colaboradores para o próximo número. O primeiro número da revista e mais informações estão disponíveis em http://tinyurl.com/4g79fja

Blog
O Instituto Moreira Salles está estreando um blog - http://blogdoims.uol.com.br/. Por enquanto já tem um debate em vídeo, textos da revista Serrote assinados por Boris Schnaidermann e um texto de Davi Arrigucci Jr. sobre um quadro de Ismael Nery. Para quem quer saber sobre ficção o destaque será a seção de correspondência entre o escritor Daniel Galera e o editor André Conti.

Book trailer
A editora Agir colocou no youtube um trailer incrível do livro O seminarista, de Rubem Fonseca lançado em 2009. Fonseca tem fama de ser avesso às entrevistas e aparições em público, mas por incrível que pareça ele é o narrador deste vídeo. O gesto lembra Thomas Pynchon que também é o narrador no trailer do livro Vício inerente. O vídeo de O seminarista produzido pelo pessoal do Retina 78 está disponível em http://tinyurl.com/ygkxdgz

Influências
O escritor americano Adam Levin publicou no ano passado The instructions - seu primeiro romance com mais de 1000 páginas. Ele disse que escreveu o livro influenciado por Infinite Jest, de David Foster Wallace - um romance tão grande quanto o seu. Entre outras influências ele citou Don Dellilo, Philip Roth e George Saunders. The instructions foi bastante comentado por conta do seu tamanho, mas passado o choque inicial o romance tem recebido críticas bastante positivas.

*imagem: reprodução da tirinha de Ben Greenman.

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AS CAPAS MAIS LEGAIS 2010

O The Huffington Post convidou alguns designers norte-americanos para comentar quais foram as capas de livros que mais chamaram atenção ao longo de 2010. Entre os 25 livros mencionados estavam The thousand autumns of Jacob de Zoet, de David Mitchell, Prose, de Thomas Benhard, Maggot, de Paul Muldoon e The elephant's journey, de José Saramago.

Para fazer uma lista paralela considerando apenas os lançamentos nacionais busquei a ajuda do Samir Machado - escritor, editor e autor do blog Sobrecapas. Para quem não conhece, nesse blog o Samir comenta capas "e demais coisas relacionadas ao designer do livro". Pedi a ele que indicasse aleatoriamente dez livros lançados em 2010 cuja capa tenha lhe chamado atenção. Vamos a lista e aos comentários do Samir:


Solar, de Ian McEwan
Capa de Kiko Farkas e Thiago Lacaz/Máquina Estúdio
Companhia das Letras
"Já comentei dessa capa lá no Sobrecapas. Acho muito bom não só o quanto a capa resume numa imagem o conceito do livro, como também o quanto ela é impactante na prateleira".



Hitler, de Ian Kershaw
Capa de Kiko Farkas/Máquina Estúdio
Companhia das Letras
"A escolha de uma boa imagem é tudo. O detalhe do vidro quebrado sobre a imagem torna tudo ainda mais impactante".



Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho
Capa de Elisa V. Randow
Companhia das Letras
"A paleta de cores e o impacto do desenho me pegaram na primeira olhada".



Uma solidão ruidosa, de Bohamil Hrabal
Capa de Marcos Kothlar
Companhia das Letras
"Há um vídeo no
youtube mostrando a produção dessa capa. É bonita, cheia de camadas e há de se valorizar o trabalho manual em torno dela".


O cobrador, de Rubens Fonseca
Capa de Estúdio Retina_78
Agir
"Não li o livro, não sei dizer como ele se relaciona com a história. Porém, a imagem desse olho é a coisa mais nervosa e angustiante que já vi em uma capa de livro. Se foi essa a intenção, é perfeita".


A mão do diabo, de Dean Vincent Carter
Capa de Rafael Nobre
Bertrand Brasil
"A sobreposição de imagens e texturas resultou numa capa bem impactante. Salta aos olhos direto, numa prateleira".



Khadji-Murát, de Liev Tolstói
Capa de Gustavo Marchetti
Cosac Naify
"Adoro o minimalismo dessa capa".



Freud - Obras completas
Capa de WarrakLoureiro
Companhia das Letras
"Vendo na tela do computador, parecem muito simples, mas o livro físico em si é lindíssimo – a capa dura em tecido, as cores básicas e fortes, a lombada escura, etc. Um trabalho primoroso de produção gráfica".



Mulher que Chora, de Su Tong
Capa de Estúdio Retina78
Companhia das Letras
"A paleta de cores da imagem dessa capa é linda. Salta aos olhos no momento em que se vê".



Os espiões, de Luis Fernando Veríssimo
Capa de Rodrigo Rodrigues de Azevedo
Alfaguara
"Excelente escolha de foto. É muito difícil não sorrir ao ver essa capa".

*imagens: divulgação.

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

OSWALD NA FLIP

Achei bem acertada a decisão da FLIP de escolher Oswald de Andrade como autor homenageado dessa edição. Além de ser um dos autores mais importantes da primeira fase do nosso modernismo, Oswald também transitou muito bem entre a prosa e a poesia. Com isso, a FLIP retorna ao caminho da literatura e deixa a academia, assunto que causou muitas discussões no ano passado com a homenagem a Gilberto Freire. A escolha também antecipa as comemorações da Semana de 22 que em breve vai completar 90 anos.

Oswald de Andrade teve as ideias mais radicais para a renovação das nossas artes. Contra uma literatura atrasada, copiada da Europa, propôs um modelo de mastigação da cultura estrangeira misturada as nossas verdadeiras tradições. Foi o responsável por introduzir no Brasil a prosa experimental com livros antológicos como Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande. Suas ideias influenciaram gerações inteiras de escritores e continuam influenciando até hoje. Não deixo de enxergar no Brasil escritores que trilham o mesmo caminho experimental aberto pelo "Oswaldo", como Mario de Andrade costumava chamá-lo.

Também acho a escolha oportuna para ter mesas que discutam novos caminhos para a prosa: retornar ao romance do século XIX, abraçar o experimentalismo do século XX ou mergulhar na autoficção/bioficção?

A FLIP também anunciou dois convidados: o escritor argentino Andrés Neuman e David Remnick, editor da revista New Yorker. A editora Alfaguara anunciou que pretende lançar no Brasil em março o romance O viajante do século, de Andrés Neuman. Ele é apontado pela crítica especializada como um dos autores mais promissores de sua geração - esteve inclusive na seleção da revista Granta sobre jovens escritores de língua espanhola. Já David Remnick é o autor do livro A ponte, uma biografia de Barack Obama. Seus livros O rei do mundo e Dentro da floresta também já foram publicados no Brasil - todos pela Companhia das Letras.

*imagem: reprodução Wikipedia.
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

GRANTA EM PORTUGUÊS


Robert Feith e Marcelo Ferroni, editores da versão em português da revista Granta, conversaram com Ollie Brock da Granta inglesa. Os editores brasileiros falam sobre o processo de seleção e mistura de textos publicados pela edição inglesa e textos inéditos escritos por autores brasileiros.

Sobre os autores que não são tão conhecidos no mundo anglófono falam de Luiz Vilela, Ricardo Lisias, Rodrigo Lacerda e Reinaldo Moraes que compõe a sexta edição da versão brasileira da revista cujo tema é Sexo.

Os editores ainda disseram que nesse momento estão trabalhando na tradução de textos que foram publicados na Granta especial com "Os melhores jovens escritores da língua espanhola" e devem sair por aqui em junho. Vale lembrar Andrés Neuman, um dos convidados anunciados pela FLIP 2011, participou dessa edição especial. Neuman ainda não tem nenhum livro publicado no Brasil - certamente, com a vinda dele a FLIP, as editoras já devem estar trabalhando para mudar isso.

Achei bem interessante saber que eles também já começaram a trabalhar numa edição especial com Os melhores jovens escritores brasileiros que pretendem lançar em 2012. O especial pode render a primeira parceria entre a versão brasileira e inglesa, como aconteceu com a versão espanhola. Não custa lembrar que seremos o país convidado de honra da Feira de Frankfurt em 2013. Uma edição da Granta inglesa com o tema Brasil serviria como um esquenta. Escritores fiquem de olho.

A Granta em português é publicada por aqui pela editora Alfaguara. A entrevista na íntegra está aqui.

*imagem: reprodução Google.

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O ANO DE REINALDO MORAES


Sem dúvida nenhuma 2011 será o ano de Reinaldo Moraes. O escritor está fazendo um grande sucesso no boca-a-boca entre os leitores quase dois anos depois de publicar seu último livro, Pornopopéia. O romance narra as peripécias de Zeca, um ex-cineasta underground, que se envolve numa longa maratona de sexo, álcool e drogas em altas dosagens. Reinaldo já explicou em diversas entrevistas que o romance não tem nada de autobiográfico e muito menos de beatnik.

Penso aqui com meus botões que a participação do autor na FLIP 2010 foi bem decisiva para esse sucesso. Muito embora a gente saiba que os livros às vezes adquirem uma trajetória particular e sem nenhuma explicação aparente conseguem conquistar diversos leitores.

Seja como for, Pornopopéia que andava sumido das livrarias já está em sua quarta tiragem e deverá ganhar em março uma edição em formato de bolso bem mais barata e com distribuição nas bancas de todo país. Também em março a Companhia das Letras pretende relançar em um único volume outros dois romances de Reinaldo: Tanto faz e Abacaxi. O relançamento inaugura um novo selo da Companhia, o selo Má Companhia.

Pensa que acabou? Reinaldo ainda prepara um livro que se passa no México para a série Amores Expressos, coordenado pela Companhia das Letras, e um outro romance que deve sair até o final do ano pela editora Objetiva, A travessia de Suez.

Para os que ficaram interessados e querem saber mais, aqui tem o primeiro capítulo de Pornopopéia. Também recomendo a leitura de um perfil do autor e da obra escrito por Mario Sergio Conti para a revista Piauí - O malandro voltou fissurado. Tem também a entrevista dele para o programa Entrelinhas da TV Cultura:




E que venha mais Reinaldo Moraes!

*imagem: foto de Tomás Rangel reproduzida do Google.
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

BOLAÑOMANIA - OUTRO ROMANCE PÓSTUMO

Para alegria de muitos e desespero de alguns poucos a Bolañomania não deve acabar tão cedo. A editora espanhola Anagrama está publicando um romance que o escritor chileno deixou inacabado, Los sinsabores del verdadero polícia. Segundo dizem, o enredo é povoado de todos os temas favoritos de Bolaño e tem aquela estrutura labiríntica capaz de deixar os leitores com uma pulga atrás da orelha. Também reaparecem personagens presentes em outros livros como A estrela distante, Os detetives selvagens e 2666.

Bolaño vinha trabalhando em Los sinsabores del verdadero polícia desde os anos 80 e considerava que esse seria um de seus melhores livros. Em entrevista a agência EFE disse que o litro teria oitocentas mil páginas - certamente uma brincadeira. A edição da Anagrama tem apenas 328 páginas, com direito a prefácio.

Los sinsabores... será o quarto livro póstumo de Bolaño. Antes dele, a Anagrama já publicou 2666, O terceiro Reich e um volume de poesias chamado La universidad desconocida. Vale lembrar que 2666 foi considerado um dos melhores romances lançados no Brasil no ano passado por muitos jornais, revistas e blogs. O terceiro Reich será lançado no Brasil ainda esse mês pela Companhia das Letras.

Nos Estados Unidos acabou deve sair ainda esse ano Between parentheses (Entre paréntesis) uma coletânea de textos teóricos do escritor classificada como interessantíssima. Existem rumores de que Bolaño deixou um outro romance incompleto, Diorama. Ainda não existe previsão para publicação desse livro pela Anagrama.

O caso me faz lembrar um artigo li no jornal outro dia e que não me lembro exatamente onde saiu. O autor do texto levantava uma questão interessante: até que ponto vale a pena publicar obras inacabadas de autores que já morreram? Será que não seria melhor conhecer apenas aquilo que o escritor quis publicar? A publicação de obras inacabadas, rascunhos e procedimentos de trabalho não seriam uma maneira dos herdeiros explorarem economicamente o nome dos falecidos?

O que pensar?

*imagem: reprodução Anagrama.
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sábado, 15 de janeiro de 2011

NOTAS #15


Huckleberry Finn politicamente correto
O cartunista americano Ruben Bolling fez uma brincadeira com o livro As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain que está envolvido numa polêmica sobre racismo. Em três tirinhas o cartunista recria o clássico livro de Twain fazendo adaptações para torná-lo politicamente correto para os dias de hoje. A tirinha completa está disponível em http://tinyurl.com/6hr6n4d

Livros marcantes
O escritor João Ubaldo Ribeiro contou ao blog Tempo de Letras os livros que marcaram a sua vida. Entre os citados estão A ilíada, de Homero; os livros de Monteiro Lobato; e Don Quixote de La Mancha, na tradução de Viscondes de Castilho, "mais por conta das ilustrações de Gustave Doré" - contou ele.

Carta de Jack Kerouac
Uma carta de Jack Keroauc destinada ao ator Marlon Brando datada dos anos 50 foi uma das notícias mais comentadas da semana. Na correspondência, Keroauc pede a Brando que compre os direitos do livro On the road a fim de adaptá-lo ao cinema. O escritor beatnik seria Sal Paradise e o famoso ator seria Dean Moriarty. Quase 50 anos depois, o filme será finalmente lançado sob a direção de Walter Salles. Uma tradução da carta está disponível em http://tinyurl.com/4vr3d7b

Silvestre internacional
Se eu fechar os olhos agora, de Edney Silvestre pode não ter ganhado o Prêmio Jabuti de melhor livro do ano, mas em compensação está ganhando o mundo. O romance de estréia do jornalista será traduzido na França (pela editora Belfond), na Alemanha (pela editora Random House), na Sérvia (pela editora Giunti), na Holanda e em Portugal.

***

Edney Silvestre também está preparando o lançamento de seu próximo livro Felicidade é fácil que deve sair pela editora Record ainda em 2011.

Literatura asiática
O prêmio literário The Man Asian anunciou no final do ano passado a lista de indicados para o melhor livro publicado em 2010. Entre os dez concorrentes está o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, Kenzaburo Oe com o livro Torikae ko (Chenjiringu) - único autor da lista publicado no Brasil. Uma lista menor deve ser anunciada no mês que vem e o nome do ganhador será divulgado em março.

Contos
No final do ano passado o jornal O Globo anunciou a lista dos vencedores do concurso de contos Rio 2010. Foram dez finalistas, mas apenas três levaram o prêmio em dinheiros. O primeiro lugar foi para Erick Massoto de Almeida por "Nublado com chance de anarquia"; o segundo lugar ficou com Flávia Ruiz Perez por "Encontro com um amigo morto" e o terceiro lugar ficou com Natasha Mendonça por "Um dia perfeito para disco voador". Todos os contos foram publicados no jornal semanalmente.

Adeus papel
Pensando no desaparecimento do suporte, no fim do papel e na era digital um pessoal da Europa e dos Estados Unidos criou a revista Forté. Disponível no site http://www.magazineforte.com/ a revista é totalmente construída em formato de áudio. Você pode ouvir diretamente no site ou baixar um arquivo MP3 para ouvir onde quiser. A revista já está no quarto número. Parece coisa do futuro.

*imagem: reprodução da tirinha de Ruben Bolling.

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

COPA DE LITERATURA BRASILEIRA


A Copa de Literatura Brasileira só começa em 28 de fevereiro, mas os organizadores já anunciaram os dezesseis concorrentes da edição 2010/2011. Tem livros bem interessantes participando do torneio e tem algumas faltas também. Antes que a gente reclame, Lucas Murtinho explica no próprio blog da Copa que os livros são "escolhidos de forma bem pouco científica" - afinal, é bem difícil dar conta de todos os lançamentos e ainda agradar todas as torcidas.

O torneio funciona assim: na primeira rodada os livros escolhidos são divididos em grupos e se enfrentam em oito jogos. Os perdedores de cada jogo deixam o torneio e os ganhadores seguem para a próxima rodada. Assim segue o torneio até que somente dois livros se enfrentem na grande final.

O jurado de cada jogo é o responsável pela escolha do ganhador. Ele tem de justificar os motivos da sua decisão através de uma resenha caprichada. Os torcedores também podem se manifestar comentando os resultados. A diversão da Copa é justamente essa: criar discussão e comentários em torno dos livros concorrentes.

Participam dessa edição da copa os seguintes autores: André de Leones, Bernardo Ajzenberg, Bernardo Carvalho, Edney Silvestre, Adriana Lisboa, Ivana Arruda Leite, Joca Reiners Terron, Andrea Del Fuego, Rafael Bán Jacobsen, Paloma Vidal, Rodrigo Lacerda, Michel Laub, Carol Bensimon, Sérgio Rodrigues, Elvira Vigna e Ricardo Lísias.

Quem não leu os livros ainda tem tempo de sobra para adiantar a leitura já que falta mais de um mês para o apito inicial.

*imagem: reprodução.
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domingo, 9 de janeiro de 2011

NOTAS #14


Mosqueteiros ilustrados
A editora Zahar lançou no final do ano passado uma edição caprichada do livro Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas. A tradução, apresentação e notas explicativas foram feitas pelos escritores André Telles e Rodrigo Lacerda - eles também são os responsáveis pela tradução premiada de O conde de Monte Cristo, outro livro de Dumas. O livro inclui ainda mais de 100 ilustrações originais. De fato, trata-se da edição definitiva do romance.

Domínio público
Alguns escritores famosos estão entrando em domínio público em 2011. Entre eles, Walter Benjamin, o pensador mais importante do século passado, e os escritores Mikhail Bulgakov e F. Scott Fitzgerald. Vale lembrar que não são todos os textos que serão enquadrados nessa categoria. Tem de ficar atento ao ano de publicação da obra.

Os melhores de 2010 – parte 1
Parece que já faz tanto tempo, mas na verdade não faz. Por isso, muita gente ainda está falando sobre os melhores livros de 2010. Vamos perdoar, afinal foi o fim de uma década e estamos na era da velocidade - tem notícia que passa e a gente nem consegue degustar. A revista portuguesa LER, por exemplo, convocou seus leitores para uma votação. Entre os escolhidos tem: Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares; O Sonho do Celta, de Mario Vargas Llosa; Submundo, de Don DeLillo e Livro, de José Luís Peixoto.

***

O El País, por meio do caderno Babelia, também divulgou sua lista. Exceto Blanco nocturno, de Ricardo Piglia os demais livros também apareceram na lista da revista LER e a de muitos outros jornais. Fiquei impressionado com Verão, de J. M. Coetzee que está em todas as listas que vi circulando pela internet. A lista do El País está disponível em http://tinyurl.com/y9vhzbj

Os melhores de 2010 - parte 2
Outro que divulgou sua lista de 2010 para literatura estrangeira traduzida no Brasil foi João Paulo Cuenca no programa Estúdio i, da Globo news. Cuenca gostou de 2666, de Roberto Bolaño; A verdadeira vida de Sebastian Knight, de Vladimir Nabokov; Doutor Pasavento, de Henrique Vila-Matas; A morte de Bunny Mumro, de Nick Cave; e Uma mulher, de Peter Esterházy. Um vídeo do programa está disponível em http://tinyurl.com/28evzca

A literatura vai ao cinema
O jornal LA Times organizou uma lista com filmes que estão ligados ou foram inspirados pelo universo da literatura. Até agora foram 29 filmes - os critérios de seleção estão no link abaixo. A lista serve para aqueles dias chuvosos das férias em que você já cansou de ler livros. Tem Uma janela para o amor, baseado num romance de E.M. Forster; O céu que nos protege, baseado num romance de Paul Bowles; Short cuts - cenas da vida, adaptação de alguns contos de Raymond Carver; Razão e sensibilidade, baseado em livro de Jane Austen - a escritora do momento; Trainspotting - sem limites, baseado num livro homônimo de Irving Welsh. A lista completa está disponível em http://tinyurl.com/2c3pxqr

Paixão pela literatura
O ator James Franco está realmente envolvido com literatura. No ano passado ele publicou um livro de contos que recebeu diversos elogios e ainda estrelou um filme em que vive a história do poeta beatnick Allen Ginsberg - o filme deve estrear em breve no Brasil. Nessa semana o ator anunciou que ainda esse ano vai dirigir uma versão para o cinema do romance Enquanto agonizo, de William Faulkner e para o ano que vem pretende dirigir o romance Meridiano de sangue, de Cormac McCarthy.

Relançamento
A editora Companhia das Letras promete publicar em 2011 uma nova edição do livro Os escritores - as históricas entrevistas da Paris Review. O livro foi publicado pela primeira vez em 1988/1989 em dois volume e conta com as melhores entrevistas de escritores concedidas à revista de literatura mais importante do mundo. Tem E. M. Forster, Louis-Ferdinand Céline, Jorge Luis Borges, William Faulkner, Saul Bellow, John Cheever, Gore Vidal, Milan Kundera, William Burroughs, Vladimir Nabokov, Ernest Hemingway, Anthony Burgess, Jack Kerouac, Gabriel García Márquez, Philip Roth, entre outros.

***

Desde o ano passado, a Paris Review conta com um novo editor, Lorin Stein, que está dando novos ares à revista e modificando um pouco seu perfil. O site da revista, por exemplo, ganhou um blog, um tumblr e um twitter. Além disso, algumas entrevistas do arquivo tiveram seu acesso liberado para os leitores.
*imagem: reprodução do site da editora Zahar.

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

TOM SAWYER E HUCKLEBERRY FINN "CENSURADOS"


Por conta do centenário de morte do escritor Mark Twain, a editora norte-americana NewSouth Books vai lançar uma nova edição dos clássicos As aventuras de Tom Sawyer e As aventuras de Huckleberry Finn. O gesto que deveria ser comemorativo está envolto numa enorme polêmica porque a editora vai substituir as palavras "nigger" (negro) e "injun" (índio) que aparecem nos livros de Twain.

Em inglês as duas palavras são usadas de maneira racista e bastante ofensiva. Por isso, a editora, com base numa sugestão de um especialista em Mark Twain, pretende fazer essas modificações para evitar a repulsa de escolas que queiram adotar o livro. A medida repercutiu em diversos jornais norte-americanos e ingleses - também circularam notícias na Folha e no Prosa&Verso.

O caso não deixa de lembrar a mesma polêmica que aconteceu por aqui no ano passado envolvendo o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. Por aqui a maior parte das manifestações foi contra a decisão de censurar Lobato, alegando que as escolas e os professores deveriam orientar os estudantes sobre os trechos da obra considerados racistas. Por fim, Caçadas de Pedrinho deve ser publicado com notas de rodapé comentando os trechos.

Nos Estados Unidos a discussão ainda vai render muitos debates calorosos, afinal Mark Twain é uma das maiores instituições literárias norte-americanas. Para se ter uma ideia, no ano passado o primeiro volume de sua autobiografia entrou quase que instantaneamente para a lista dos mais vendidos antes mesmo de ter sido publicado.

O New York Times tem uma reportagem comentando a censura a obra de Twain e dizendo que a maior parte das manifestações até o momento são contrárias a modificação (saiu uma tradução da reportagem na Ilustrada - disponível somente para assinantes).

Provavelmente 2011 será um ano em que vamos ouvir falar muito sobre Mark Twain.

*imagem: reprodução do Google.
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APOSTAS PARA 2011 - NACIONAIS E ESTRANGEIRAS


Mal começou o ano e todo mundo já quer saber quais lançamentos vão agitar o mercado editorial em 2011. Não sei como funciona esse negócio de anunciar com tanta antecedência as apostas para o ano que está começando, mas tradicionalmente nossas editoras não costumam comentar muito o assunto. Fuçando os jornais e alguns blogs foi possível descobrir bastante coisa - pode ser que a coisa esteja mudando.

Além dos títulos que estou listando abaixo, sei que muitos dos escritores da lista "20 escritores brasileiros com menos de 40" estão preparando novos romances. Não sei dizer se serão publicados em 2011.

Se alguém descobrir ou lembrar de algum outro lançamento e quiser contribuir, por favor, me mande um sinal de fumaça. Prometo ficar de olho e atualizar a lista a medida que receber as informações.

EDITORA RECORD
La carte et le territoire (O mapa e o território), de Michel Houellebecq
Parrot and Olivier in America, de Peter Carey
Nosso fiel traidor, de John Le Carré
Felicidade é fácil, de Edney Silvestre
Em silêncio, de Tatiana Salem Levy
Seria uma sombria noite secreta, de Raimundo Carrero
O cemitério de Praga, de Umberto Eco

EDITORA NOVA FRONTEIRA
The long song, de Andrea Levy
Bárnabo das montanhas, de Dino Buzzati
Tinkers, de Paul Harding

AGIR
O novo romance (ainda sem nome) de Rubem Fonseca

EDITORA ROCCO
Everything ravaged, everything burned, de Wells Tower
Minuto de silêncio, de Siegfrid Lenz

COSAC NAIFY
Guerra e paz, de Liev Tolstói
Dublinesca, de Enrique Vila-Matas**

COMPANHIA DAS LETRAS
Nemesis, de Philip Roth
Freedom, de Jonatham Franzen
Blanco nocturno, de Ricardo Piglia
Contra o dia, de Thomas Pynchon
O terceiro Reich, de Roberto Bolaño
A ninfa inconstante, de Cabrera Infante
O novo romance (ainda sem nome) de Sérgio Sant'Anna, pela coleção Amores Expressos
Os últimos soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais
Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas, de José Saramago
Tanto faz, de Reinaldo Moraes (reedição)
Asterios Polyp, de David Mazzucchelli (graphic novel)**
The thousand autumns of Jacob de Zoet, de David Mitchell**
Autobiografia de Julian Assange (fundador da Wikileaks)**
Sunset Park, de Paul Auster**
O balanço da respiração, de Herta Müller**
Últimos dias, de Liev Tolstói**
Mecanismos internos, de J. M. Coetzee (um livro de ensaios)**
Guerra aérea e literatura, de W. G. Sebald**

ALFAGUARA
O sonho do Celta, de Mario Vargas Llosa
Sôbolos rios que vão, de António Lobo Antunes**

ESTAÇÃO LIBERDADE
O mestre do go, de Yasunari Kawabata**
O castelo de Yodo, de Yasushi Inoue**
Naná, de Emile Zola**

PETROBRAS CULTURAL
Guia de ruas sem saída, de Joca Reiners Terron - com desenhos de André Ducci

No mundo anglófono existem cronogramas em jornais, sites e blogs anunciando lançamentos previstos até o mês de dezembro. Listo abaixo alguns dos lançamentos mais esperados do ano nos Estados Unidos e Inglaterra - destaque para o livro inacabado de David Foster Wallace que já está sendo considerado por lá o lançamento do ano:

The empty family, de Colm Tóibín
While mortals sleep, de Kurt Vonnegut
You think that’s bad, de Jim Shepard
The tiger’s wife, de Tea Obreht
The pale king, de David Foster Wallace
The great night, de Chris Adrian
Between parentheses: essays, articles and speeches 1998-2003, de Roberto Bolaño
Say her name, de Francisco Goldman
Mondo and other stories, de J.M.G. Le Clezio
The tao of travel, de Paul Theroux
1Q84, de Haruki Murakami (terceiro volume)
The forgotten waltz, de Anne Enright
The new republic, de Lionel Shriver
Hot pink, de Adam Levin
The terrible privacy of Maxwell Sim, de Jonathan Coe

*imagem: capa do livro The pale king, de David Foster Wallace.
** Update - Atualização


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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

MÁ COMPANHIA - NOVO SELO DA CIA DAS LETRAS

Notícia da coluna de Mônica Bergamo no caderno Ilustrada, da Folha de SP:

MALDITOS
Reinaldo Moraes e Marçal Aquino são os primeiros autores da Má Companhia. O novo selo da Companhia das Letras, a ser aberto neste semestre, relançará obras de escritores "malditos" na literatura brasileira. "Tanto Faz" e "Abacaxi", títulos esgotados de Moraes, ganharão edição conjunta. De Aquino, será relançado "O Invasor".
Bacana!

Update: O selo Má Companhia tem lançamento previsto para março e não terá apenas autores brasileiros.
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O ROMANCE NA PRIMEIRA DÉCADA

Na última semana de 2010, pouco antes de encerrarmos a primeira década dos anos 2000, o Estadão, por meio do Caderno 2, preparou uma série de reportagens que serviram como um balanço das artes nos últimos dez anos. Achei o trabalho bastante primoroso e queria ter comentado por aqui bem antes do ano terminar, mas infelizmente não foi possível. Por isso, faço agora.

Na parte dedicada a literatura, especialmente a prosa de ficção, Antonio Gonçalves Filho destaca os atentados do 11 de Setembro de 2001 como o ponto de partida inicial para a transformação do romance como o conhecemos - "Abc do terror" e "Coetzee brilha no ano da autoficção". Ao invés de decretar sua morte, o jornalista diz que o romance abraçou o tema da culpa e do terror político por meio da experiência pessoal dos indivíduos:


"A politização da literatura e o revisionismo histórico marcaram definitivamente a primeira década do século, assim como a incorporação da experiência pessoal num romance de natureza autobiográfica disfarçada - a que se deu o nome de bioficção, ou autoficção, com o preferem outros".
A partir dessas afirmações surgem os escritores importantes que justificam essas três tendências que o romance contemporâneo vem seguindo: terror, culpa e autoficção/bioficção. Homem em queda, de Don Delillo seria o livro que inaugura o caminho do terror. O romance fala sobre uma personagem que sobreviveu ao ataque das Torres Gêmeas, mas não consegue retornar a vida como ela era antes do incidente. A tendência segue caminho com A estrada, de Cormac McCarthy - igualmente apocalíptico e desesperançoso.

A questão da culpa e da autoficção/bioficção aparecem em As benevolentes, de Jonathan Littel - segundo Antonio Gonçalves é o melhor romance da década; Reparação, de Ian McEwan - também apontado igualmente por muitos críticos como o romance da década -; dois livros de J. M. Coetzee - Diário de um ano ruim e Verão; e Neve de Orhan Pamuk.

Eu acrescentaria a lista de culpa e autoficção/bioficção os livros do alemão W. G. Sebald - são uma experiência única e diferentes de tudo o que a gente pode imaginar -, do espanhol Javier Marías - tão grandioso quanto Sebald, aliás, uma de suas influências -, dos argentinos Ricardo Piglia e César Aira - fazem uma brincadeira entre a história de verdade e a ficção - e o chileno Roberto Bolaño - que também faz ficção usando um pouco da história latina.

O interessante da reportagem é apontar com consistência um caminho que está passando bem diante dos nossos olhos. Tem a ver com aquilo que falei num outro post de querer pegar o novo e puxá-lo pelo rabo. Certamente o romance está trilhando diversos caminhos, mas esse parece ser um dos mais instigantes no momento.

*imagem: reprodução do Estadão.

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