Para alegria de muitos e desespero de alguns poucos a Bolañomania não deve acabar tão cedo. A editora espanhola Anagrama está publicando um romance que o escritor chileno deixou inacabado, Los sinsabores del verdadero polícia. Segundo dizem, o enredo é povoado de todos os temas favoritos de Bolaño e tem aquela estrutura labiríntica capaz de deixar os leitores com uma pulga atrás da orelha. Também reaparecem personagens presentes em outros livros como A estrela distante, Os detetives selvagens e 2666.
Bolaño vinha trabalhando em Los sinsabores del verdadero polícia desde os anos 80 e considerava que esse seria um de seus melhores livros. Em entrevista a agência EFE disse que o litro teria oitocentas mil páginas - certamente uma brincadeira. A edição da Anagrama tem apenas 328 páginas, com direito a prefácio.
Los sinsabores... será o quarto livro póstumo de Bolaño. Antes dele, a Anagrama já publicou 2666, O terceiro Reich e um volume de poesias chamado La universidad desconocida. Vale lembrar que 2666 foi considerado um dos melhores romances lançados no Brasil no ano passado por muitos jornais, revistas e blogs. O terceiro Reich será lançado no Brasil ainda esse mês pela Companhia das Letras.
Nos Estados Unidos acabou deve sair ainda esse ano Between parentheses (Entre paréntesis) uma coletânea de textos teóricos do escritor classificada como interessantíssima. Existem rumores de que Bolaño deixou um outro romance incompleto, Diorama. Ainda não existe previsão para publicação desse livro pela Anagrama.
O caso me faz lembrar um artigo li no jornal outro dia e que não me lembro exatamente onde saiu. O autor do texto levantava uma questão interessante: até que ponto vale a pena publicar obras inacabadas de autores que já morreram? Será que não seria melhor conhecer apenas aquilo que o escritor quis publicar? A publicação de obras inacabadas, rascunhos e procedimentos de trabalho não seriam uma maneira dos herdeiros explorarem economicamente o nome dos falecidos?
O que pensar?
*imagem: reprodução Anagrama.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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