Você estava com saudades daquela seção do blog chamada "Três livros..."? Pois eu também estava. Para quem não se lembra é uma seção em que recomendo três livros reunidos sobre um mesmo assunto. Com o mês de outubro batendo a nossa porta não dá para escapar da Oktoberfest - o festival de cerveja alemão, que tem uma versão brasileira. Por isso, vou recomendar três livros da novíssima literatura alemã. Dois deles ainda inéditos no Brasil. Para ler entre uma cerveja e outra!
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Summerhouse, Later
Judith Hermann
Editora: Harper Perennial
O primeiro livro da jovem escritora alemã foi publicado em 1998 e recebeu muitos elogios de crítica e público. São nove pequenas histórias que falam sobre temas como a reunificação alemã, a busca da própria identidade, o medo do futuro e as insatisfações cotidianas. Judith Hermann já publicou outros dois livros e sua obra está aguardando uma tradução para o português.
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Fama - Um romance em nove histórias
Daniel Kehlmann
Editora: Companhia das Letras
Apesar de ter nascido em 1975, Daniel Kehlmann já publicou 7 livros e carrega consigo o fato de ter um de seus romance entre os mais vendidos da literatura de língua alemã. Confessou numa entrevista que seu grande mestre é Gabriel García Márquez por conta da atmosfera mágica e absurda dos enredos. Como num espelho de contrários, Fama conta nove histórias de gente simples fazendo coisas extraordinárias e de gente extraordinária vivendo coisas simples. Um pouco das fronteiras entre realidade e ficção perdem contorno já que entre as personagens podemos reconhecer algumas pessoas famosas.
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All the Lights
Clemens Meyer
Editora: And Other Stories
Antes de ser escritor, Clemens Meyer teve uma adolescência dura, passagem pela prisão e fez de tudo um pouco: foi taxista, motorista, entre outras coisas. A experiência rendeu muito material para os três livros que publicou - o primeiro deles recebeu diversos prêmios. Em All the Lights, pessoas que perderam tudo na vida lutam desesperadamente para fazer alguma coisa de suas vidas num mundo cada vez mais difícil. Outro escritor que aguarda tradução para o português.
*Imagens: divulgação.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
O NOBEL PODE SER DELE?
Quando outubro vem se aproximando é sempre assim: começam as especulações sobre quem será o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Para manter o suspense e a surpresa, os organizadores do prêmio divulgam uma agenda com todas as datas para anúncio dos vencedores tomando o cuidado de deixar a categoria literatura em aberto. Até o tal anúncio não tem lista de indicados, lista longa, lista curta, nada. Acho que nem mesmo os adivinhadores do futuro conseguem matar essa charada. O grande termômetro do prêmio continua sendo a casa de apostas Ladbrokes.
Segundo o ranking deles, os mais cotados ao prêmio são:
1. Adonis
2. Thomas Tranströmer
3. Péter Nádas
4. Thomas Pynchon e Assia Djebar (empatados)
5. Ko Un
6. Les Murray e Haruki Murakami (empatados)
7. Mircea Cartarescu
8. K. Satchidanandan
9. Philip Roth, Cormac McCarthy, John Banville, Colm Toibin, Joyce Carol Oates, Don DeLillo e Antonio Lobo Antunes (todos empatados).
O nome de Adonis, poeta e ensaísta sírio, já foi cogitado anteriormente para o prêmio, mas ele nunca chegou lá. De olho nos número da Ladbrokes parece que esse ano o Nobel é dele e ninguém tasca. Sobretudo depois dos eventos da Primavera Árabe e das manifestações pró-democracia na Síria - Adonis tem uma poesia de forte cunho social e seus discursos costumam ser sempre carregados no tom político. Só um azarão poderia melar os planos de Adonis (nunca se sabe).
É bom lembrar que a Ladbrokes nem sempre acerta. Não me esqueço que no ano passado, segundo a casa de apostas, Tom McCarthy era tido como o nome certo para ganhar o Man Booker Prize. Na última hora ganhou o escritor Howard Jacobs.
De língua portuguesa, apenas o escritor Lobo Antunes é citado e sem muitas chances - ele está num distante décimo lugar empatado com muitos outros. Ano passado ganhou o escritor Mario Vargas Llosa. O que diminuem as chances da academia sueca olhar novamente para os escritores latino-americanos, segundo muita gente acredita.
Agora é sentar e esperar ou quem sabe fazer uma "fézinha".
*Imagem: Wikipédia.
Segundo o ranking deles, os mais cotados ao prêmio são:
1. Adonis
2. Thomas Tranströmer
3. Péter Nádas
4. Thomas Pynchon e Assia Djebar (empatados)
5. Ko Un
6. Les Murray e Haruki Murakami (empatados)
7. Mircea Cartarescu
8. K. Satchidanandan
9. Philip Roth, Cormac McCarthy, John Banville, Colm Toibin, Joyce Carol Oates, Don DeLillo e Antonio Lobo Antunes (todos empatados).
O nome de Adonis, poeta e ensaísta sírio, já foi cogitado anteriormente para o prêmio, mas ele nunca chegou lá. De olho nos número da Ladbrokes parece que esse ano o Nobel é dele e ninguém tasca. Sobretudo depois dos eventos da Primavera Árabe e das manifestações pró-democracia na Síria - Adonis tem uma poesia de forte cunho social e seus discursos costumam ser sempre carregados no tom político. Só um azarão poderia melar os planos de Adonis (nunca se sabe).
É bom lembrar que a Ladbrokes nem sempre acerta. Não me esqueço que no ano passado, segundo a casa de apostas, Tom McCarthy era tido como o nome certo para ganhar o Man Booker Prize. Na última hora ganhou o escritor Howard Jacobs.
De língua portuguesa, apenas o escritor Lobo Antunes é citado e sem muitas chances - ele está num distante décimo lugar empatado com muitos outros. Ano passado ganhou o escritor Mario Vargas Llosa. O que diminuem as chances da academia sueca olhar novamente para os escritores latino-americanos, segundo muita gente acredita.
Agora é sentar e esperar ou quem sabe fazer uma "fézinha".
*Imagem: Wikipédia.
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011
CONTOS DE PATRÍCIA MELO
Da coluna da Mônica Bergamo na Folha de SP:
CAMINHO DA MORTE
Patrícia Melo entregou à editora Rocco os originais de "Escrevendo no Escuro", seu primeiro livro de contos. Serão 13 histórias tendo a morte como tema. A obra será lançada em outubro.
CONTOS DE PATRÍCIA MELO
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011
UMA PARTIDA DE FUTEBOL LITERÁRIA
Lembra quando eu disse que estava trabalhando num negócio que era segredo? Pois bem, não é mais e já posso revelar. Fui convidado para ser juiz no Gauchão de Literatura 2011. Apitei o jogo de nº 25, a partida entre Os espiões, de Luiz Fernando Veríssimo x A anatomia de Amanda, de Hilda Simões Lopes.
Por isso, fiquei bastante concentrado na leitura e avaliação dos dois livros. Minha resenha com o resultado da partida já está no blog do campeonato. Agora é a vez da torcida participar e dizer o que pensa do avaliação. O link está aqui. Só não vale xingar a mãe do juiz.
*Imagem: logo do campeonato/reprodução.
Por isso, fiquei bastante concentrado na leitura e avaliação dos dois livros. Minha resenha com o resultado da partida já está no blog do campeonato. Agora é a vez da torcida participar e dizer o que pensa do avaliação. O link está aqui. Só não vale xingar a mãe do juiz.
*Imagem: logo do campeonato/reprodução.
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NOTAS #29
Escritores de papel
Vi na Ilustríssima e não pude resistir. O livro Literary Greats Paper Dolls, de Tim Foley tem cerca de 30 escritores de língua inglesa para você recortar e colar neles roupinhas de seus famosos personagens. Tem Arthur Conan Doyle vestido de Sherlock Holmes, Agatha Christie como Miss Marple, Charles Dickens em fantasma do natal passado e outros tantos. A ideia é bastante original e não deixa de ser muito divertida. Bem que alguma editora podia se animar e fazer uma versão nacional. Já pensou José de Alencar vestido como Peri? Algumas imagens do livro de Tim Foley estão disponíveis aqui.
Não é para qualquer um
A notícia mais comentada na semana passada foi o anúncio de que o escritor George R.R. Martin é o mais novo integrante do clube "escritores que venderam 1 milhão de livros digitais no Kindle". Se não estou enganado, a Amazon está considerando o total de vendas dos cinco livros da série As crônicas de gelo e fogo. James Patterson, Charlaine Harris, Stieg Larsson e Suzanne Collins também atingiram seu milhão de vendas no Kindle por causa da publicação de séries. Só que chegar a esse número não é para qualquer um, mesmo escrevendo séries. Stephenie Meyer e sua saga Crepúsculo, por exemplo, não conseguiu.
***
De fato George R.R. Martin é um escritor de sucesso. Vejo diariamente pessoas circulando nas ruas com algum dos volumes de As crônicas de gelo e fogo embaixo do braço (sobretudo no metrô e ônibus). Parte do sucesso pode ser atribuída à adaptação para a TV exibida no canal HBO. Seja como for são livros de fantasia e aventura que estão satisfazendo o gosto dos leitores cansados de tanto realismo. O tamanho também não assusta ninguém - cada volume tem no mínimo 500 páginas. E teve gente dizendo que no futuro as pessoas só iam ler histórias curtas!
Piglia esgotado
Os ingressos para ver Ricardo Piglia em São Paulo esgotaram muito rapidamente no mesmo dia em que começaram a ser distribuídos (acho que foi algo em torno de três ou quatro horas, não consegui calcular). O escritor argentino fará uma conferência sobre "Romance e tradução". Nem tive chance de garantir um lugar. Como consolo, estou recomendando um vídeo com Piglia e outros escritores debatendo o papel do ciberespaço na literatura e na crítica - durante a feira do livro em Madri. Daqui ele segue para o RJ.
FILBA
Segundo disseram a participação dos brasileiros na FILBA não foi cercada de muita curiosidade por parte dos nossos hermanos - exceto quando o assunto era Clarice Lispector. A grande estrela do festival foi mesmo o escritor J.M. Coetzee. Os principais jornais argentinos abusaram de muitos adjetivos para dizer que a conferência de encerramento com a presença do escritor foi brilhante. Tentei encontrar algum vídeo da apresentação, mas parece que o festival não teve transmissão de vídeos na internet. Acabei reencontrando um vídeo antigo de Coetzee em conversa com Peter Sacks. Ele até sorri!
O poder das capas
Antonio Candido, em depoimento pessoal sobre Graciliano Ramos, disse que ficou impressionado quando viu a capa da primeira edição de Caetés - achou diferente. Emendou falando sobre a importância das novas capas dos livros naquela época, difundindo o modernismo com suas estéticas cubista, surrealista etc. Um célebre capista do período foi Santa Rosa. Pelas mãos dele passaram livros de Jorge Amado, José Lins do Rego, Lucio Cardoso, Mario de Andrade, Graciliano Ramos e muitos outros.
***
Falando em capa tenho mais duas coisas para comentar. A primeira é um post da semana passada sobre a tradição dos poloneses no campo do designe gráfico. Descobri um link com capas bem legais de edições polonesas das décadas de 70 e 80. A segunda é uma lista daquelas que só o Flavorwire consegue fazer com 20 capas de clássicos da literatura reinventadas e infelizmente nunca publicadas. A mais bonita na minha opinião é Franny & Zooey, de J.D. Salinger por Nan Lawson (acima).
Polêmicas
Para fechar as notas duas polêmicas: a propaganda da Caixa Econômica com Machado de Assis e o Prêmio Jabuti desclassificando obras de sua lista de concorrentes ao prêmio.
*Imagem: J.M. Coetzee reproduzido do Página 12; capas de livro reprodução/divulgação.
NOTAS #29
domingo, 18 de setembro de 2011
ANDRÉS BARBA E OUTROS ESCRITORES NA SOMBRA
O caderno Babelia, do jornal El País, traz em sua capa uma lista de escritores espanhóis admirados por seu pares, com boa trajetória desde a primeira publicação, reconhecimento de crítica, prêmios na bagagem e relativo sucesso internacional, mas que ainda não se tornaram um sucesso entre os leitores espanhóis.
A história parece mais comum do que a gente imagina. Sobretudo se pensarmos em tempos de super produção de livros, crescimento vertiginoso de editoras (e selos) e do aparecimento de escritores de boa qualidade. Tudo se complica! A reportagem tenta encontrar razões para explicar o fenômeno, só que no fim prevalece o imponderável.
No blog Painel das Letras, Josélia Aguiar fez um levantamento e descobriu que dos autores citados na reportagem apenas Andrés Trapiello tem livros publicados no Brasil. Buscando mais informações por aqui, descobri que o livro Bingo!, de Esther Tusquets saiu em Portugal e por aqui pelo selo Minotauro - do grupo Almedina. Aliás, esse selo tem uma coleção inteiramente dedicada a escritores espanhóis.
Andrés Barba ganhou tradução para o português por causa de um conto publicado na antologia da Granta com os melhores jovens escritores em espanhol - lançada aqui pelo selo Alfaguara. Barba já esteve no Brasil participando de um encontro de escritores brasileiros e espanhóis no Instituto Cervantes - junto com ele estavam Luis Magrinyá, Marcos Giralt e Marta Sanz, todos apareceram na lista do Bebelia. Tem até entrevista de Barba para um programa de TV em Minas Gerais (junto com Marta Sanz).
Sobre Andrés Barba, descobri uma curiosidade: entre os escritores que o influenciaram está Clarice Lispector. Uma crônica escrita por ela serviu como inspiração para que ele escrevesse o livro As mãos pequenas - também publicado pelo selo Minotauro, dentro da coleção de escritores espanhóis (portanto, pode ser que em breve esse livro apareça em nossas livrarias).
Quem ficou curioso, pode ler o conto publicado pela Granta (em inglês - The coming flood) aqui.
*Imagem: selo Minotauro.
A história parece mais comum do que a gente imagina. Sobretudo se pensarmos em tempos de super produção de livros, crescimento vertiginoso de editoras (e selos) e do aparecimento de escritores de boa qualidade. Tudo se complica! A reportagem tenta encontrar razões para explicar o fenômeno, só que no fim prevalece o imponderável.
No blog Painel das Letras, Josélia Aguiar fez um levantamento e descobriu que dos autores citados na reportagem apenas Andrés Trapiello tem livros publicados no Brasil. Buscando mais informações por aqui, descobri que o livro Bingo!, de Esther Tusquets saiu em Portugal e por aqui pelo selo Minotauro - do grupo Almedina. Aliás, esse selo tem uma coleção inteiramente dedicada a escritores espanhóis.
Andrés Barba ganhou tradução para o português por causa de um conto publicado na antologia da Granta com os melhores jovens escritores em espanhol - lançada aqui pelo selo Alfaguara. Barba já esteve no Brasil participando de um encontro de escritores brasileiros e espanhóis no Instituto Cervantes - junto com ele estavam Luis Magrinyá, Marcos Giralt e Marta Sanz, todos apareceram na lista do Bebelia. Tem até entrevista de Barba para um programa de TV em Minas Gerais (junto com Marta Sanz).
Sobre Andrés Barba, descobri uma curiosidade: entre os escritores que o influenciaram está Clarice Lispector. Uma crônica escrita por ela serviu como inspiração para que ele escrevesse o livro As mãos pequenas - também publicado pelo selo Minotauro, dentro da coleção de escritores espanhóis (portanto, pode ser que em breve esse livro apareça em nossas livrarias).
Quem ficou curioso, pode ler o conto publicado pela Granta (em inglês - The coming flood) aqui.
*Imagem: selo Minotauro.
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sábado, 17 de setembro de 2011
MIL CAPAS POLONESAS
Não sou um profundo conhecedor da história do design gráfico, mas sei que os poloneses são verdadeiros gênios no assunto. Motivados pela herança cultural que carregavam e pelo contexto político do país (sempre envolvido em disputas territoriais, invasões, guerras e regimes comunistas totalitários), os artistas poloneses criaram um estilo único de comunicação visual que continua a influenciar as novas gerações de designers gráficos. Parece até que existe um esforço por parte dos artistas poloneses contemporâneos para que a tradição não acabe.
Um dos exemplos mais conhecidos da escola polonesa são os cartazes. A história toda começa no final século XIX, mas tem seu grande momento logo após o final da Segunda Guerra Mundial - tendo seu desdobramento ao longo das décadas seguintes. Em "The legacy of Polish Poster Design", um artigo da Smashing Magazine, tem uma explicação bem interessante explicando algumas razões que levaram os poloneses a se dedicarem aos cartazes:
Do cartaz para a capa dos livros (ou outros campos de atuação do design gráfico) foi apenas uma questão de tempo. Uma parte específica dessa história foi resgatada no recente livro 1000 Polish Book Covers - publicado no ano passado pela editora 40000 Painters Publishing. Os trabalhos foram selecionados por Aleksandra e Daniel Mizienliński que são designers gráficos e criadores do Hipopotam Studio. Imagino que os dois devem ter tido um trabalhão para chegar ao resultado final. Só que deve ter valido muito a pena, pois a tiragem foi totalmente vendida.
Abaixo uma galeria com algumas páginas do livro:
*Imagens: 40000 Painters Publishing/divulgação.
Um dos exemplos mais conhecidos da escola polonesa são os cartazes. A história toda começa no final século XIX, mas tem seu grande momento logo após o final da Segunda Guerra Mundial - tendo seu desdobramento ao longo das décadas seguintes. Em "The legacy of Polish Poster Design", um artigo da Smashing Magazine, tem uma explicação bem interessante explicando algumas razões que levaram os poloneses a se dedicarem aos cartazes:
"Três observações importantes devem ser feitas. Primeiro, naquele momento o cartaz era basicamente a única forma permitida de expressão artística individual. Em segundo lugar, o Estado não estava preocupado muito com a forma como os cartazes pareciam. Terceiro, o fato de que a indústria era controlada pelo Estado acabou por ser uma bênção disfarçada: ao trabalhar fora das restrições comerciais de uma economia capitalista, os artistas poderiam expressar plenamente seu potencial. Eles não tinham outra escolha senão tornar-se designers profissionais de cartazes e é por isso que eles se dedicaram tão completamente a esta arte". (tradução livre feita por mim)Os interessados nessa história podem saber um pouco mais nesse blog (em português). O Google Images está cheio de exemplos dos cartazes - a maioria de filmes.
Do cartaz para a capa dos livros (ou outros campos de atuação do design gráfico) foi apenas uma questão de tempo. Uma parte específica dessa história foi resgatada no recente livro 1000 Polish Book Covers - publicado no ano passado pela editora 40000 Painters Publishing. Os trabalhos foram selecionados por Aleksandra e Daniel Mizienliński que são designers gráficos e criadores do Hipopotam Studio. Imagino que os dois devem ter tido um trabalhão para chegar ao resultado final. Só que deve ter valido muito a pena, pois a tiragem foi totalmente vendida.
Abaixo uma galeria com algumas páginas do livro:
*Imagens: 40000 Painters Publishing/divulgação.
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
SUMIDO?
Michel Houellebecq sumiu e ninguém sabe onde ele está. Eu também estou um pouco ausente, mas o meu caso tem explicação. Estou ocupando pensando na próxima edição do fanzine - se tudo der certo, deve sair em outubro. Além disso, estou sem tempo para elaborar os posts como eu gostaria que eles aparecessem por aqui. O lado ruim disso é que alguns temas acabando ficando datados demais ou perdem a importância. Tenho lido bastante e trabalhado num negócio que é segredo, por enquanto - depois conto mais.
No mais, não desistam do blog. Prometo aparecer com notícias a qualquer momento.
*Imagem: consegui aqui.
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
O MUNDO IDEAL DA LITERATURA
Já devo ter falado mais de uma vez que gosto muito do blog do Michel Laub. Também gosto dos livros dele, mas confesso que não li todos. Fiquei apenas com dois: O gato diz adeus e Diário da queda. Ambos são muito bem escritos - com isso quero dizer que ele tem bastante controle do enredo; sabe o que vai dizer, como dizer e o efeito que pretende causar (pelo menos essa foi a minha impressão de leitura). Pelas coisas que acompanho, ele parece refletir muito sobre escritor um romance no mundo de hoje (pós-tudo!) e ser brasileiro (nossa literatura é periférica).
Mas gosto também do blog. Lá tem a parte crítica, as reflexões do Michel Laub sobre a literatura. Os posts são curtos, variados e dizem exatamente aquilo que precisam dizer - sem introdução, nariz de cera ou firula. Muitos "conselhos" de lá servem como um ponto de orientação para mim - e estou falando muito sério.
Para entender o que estou dizendo, recomendo a leitura da série "Mundo ideal". Trata-se de uma sequência de posts em que outros escritores listam propostas literárias para o mundo de agora - ou para um mundo ideal de agora que pode ser que nunca se realize. Tem propostas para o romance por Ana Paula Maia, propostas para o conto por Santiago Nazarian, propostas para a crítica por Antônio Xerxenesky e até proposições do próprio Laub para a crítica literária e o ano novo.
Aproveita o embalo e olhada nos posts dele para o blog da Cia das Letras. Depois você me diz...
*Imagem: Mapa da fictícia ilha de Utopia, livro homônimo de Thomas Morus (ou Thomas More), de 1516 / reprodução Google.
Mas gosto também do blog. Lá tem a parte crítica, as reflexões do Michel Laub sobre a literatura. Os posts são curtos, variados e dizem exatamente aquilo que precisam dizer - sem introdução, nariz de cera ou firula. Muitos "conselhos" de lá servem como um ponto de orientação para mim - e estou falando muito sério.
Para entender o que estou dizendo, recomendo a leitura da série "Mundo ideal". Trata-se de uma sequência de posts em que outros escritores listam propostas literárias para o mundo de agora - ou para um mundo ideal de agora que pode ser que nunca se realize. Tem propostas para o romance por Ana Paula Maia, propostas para o conto por Santiago Nazarian, propostas para a crítica por Antônio Xerxenesky e até proposições do próprio Laub para a crítica literária e o ano novo.
Aproveita o embalo e olhada nos posts dele para o blog da Cia das Letras. Depois você me diz...
*Imagem: Mapa da fictícia ilha de Utopia, livro homônimo de Thomas Morus (ou Thomas More), de 1516 / reprodução Google.
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011
FICÇÃO "NUM TEMPO DE CATÁSTROFES" - 9/11
Domingo os atentados que aconteceram em 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos completam dez anos. Acho que todo mundo se lembra do que estava fazendo naquele dia e naquele exato momento. Como muita gente, lembro de ter visto na TV o instante em que o segundo avião bateu numa das torres. Não demorou muito e as torres despencaram. Foi um negócio chocante e inacreditável.
O maior atentado terrorista da história marcou o início do século XXI e mudou muita coisa não só na sociedade americana como no mundo todo. A ficção também foi afetada. Muitos romances norte-americanos escritos após o 11 de setembro procuraram refletir a imensidão daqueles eventos na vida do cidadão comum. O jornalista Antonio Gonçalves Filho (do Estadão), num balanço sobre o romance da primeira década desse século, resumiu o clima geral da literatura a partir desses eventos - recomendo da leitura do artigo. Para ele, o romance abraçou o tema da culpa e do terror político por meio da experiência pessoal dos indivíduos. No mesmo artigo, Antônio fala que os romances emblemáticos de "um tempo de catástrofes" são Homem em queda, de Don DeLillo e A estrada, de Cormac McCarthy.
Os jornais e revistas estão lançando uma série de reportagens especiais em torno do tema. A New Yorker, por exemplo, preparou um número especial com textos de Colum McCann, Zadie Smith, Jonathan Sanfran Foer, Elif Batuman e ficção de novos escritores sobre o mundo pós-ataques. A Ilustrada e o Estadão tem reportagens e listas de livros com as transformações sofridas pela indústria cultural.
Pensando especificamente sobre a ficção, a revista Granta (edição inglesa) vai publicar um número especial chamado "Dez anos depois". A edição tem um olhar multifacetado sobre o que aconteceu e trás histórias de gente ao redor do mundo sobre a vida após a queda das torres. Num podcast sobre o lançamento da revista, John Freeman recomendou cinco romances que tratam do evento:
Homem em queda, de Don DeLillo
Extremamente alto & incrivelmente perto, de Jonathan Sanfran Foer
Os filhos do imperador, de Claire Messud
Complo contra a América, de Philip Roth
Terrorista, de John Updike
Indendiário, de Chris Cleave
Vocês lembram de mais romances emblemáticos sobre o 11 de setembro?
*Imagem: reprodução da capa da Granta.
O maior atentado terrorista da história marcou o início do século XXI e mudou muita coisa não só na sociedade americana como no mundo todo. A ficção também foi afetada. Muitos romances norte-americanos escritos após o 11 de setembro procuraram refletir a imensidão daqueles eventos na vida do cidadão comum. O jornalista Antonio Gonçalves Filho (do Estadão), num balanço sobre o romance da primeira década desse século, resumiu o clima geral da literatura a partir desses eventos - recomendo da leitura do artigo. Para ele, o romance abraçou o tema da culpa e do terror político por meio da experiência pessoal dos indivíduos. No mesmo artigo, Antônio fala que os romances emblemáticos de "um tempo de catástrofes" são Homem em queda, de Don DeLillo e A estrada, de Cormac McCarthy.
Os jornais e revistas estão lançando uma série de reportagens especiais em torno do tema. A New Yorker, por exemplo, preparou um número especial com textos de Colum McCann, Zadie Smith, Jonathan Sanfran Foer, Elif Batuman e ficção de novos escritores sobre o mundo pós-ataques. A Ilustrada e o Estadão tem reportagens e listas de livros com as transformações sofridas pela indústria cultural.
Pensando especificamente sobre a ficção, a revista Granta (edição inglesa) vai publicar um número especial chamado "Dez anos depois". A edição tem um olhar multifacetado sobre o que aconteceu e trás histórias de gente ao redor do mundo sobre a vida após a queda das torres. Num podcast sobre o lançamento da revista, John Freeman recomendou cinco romances que tratam do evento:
Homem em queda, de Don DeLillo
Extremamente alto & incrivelmente perto, de Jonathan Sanfran Foer
Os filhos do imperador, de Claire Messud
Complo contra a América, de Philip Roth
Terrorista, de John Updike
Indendiário, de Chris Cleave
Vocês lembram de mais romances emblemáticos sobre o 11 de setembro?
*Imagem: reprodução da capa da Granta.
FICÇÃO "NUM TEMPO DE CATÁSTROFES" - 9/11
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011
ANDRÉS NEUMAN - O BATUTA
A série Prefácios da Rádio Batuta que iria ao ar semanalmente todos os domingos andou atrasando um pouco as atualizações. Uma pena, pois a ideia é bastante original e o conteúdo de altíssimo nível. Eu nunca tive muita coragem de encarar Os sertões, de Euclides da Cunha, mas confesso que fiquei muito tentado depois de ouvir Alexei Bueno comentando o catatau barroco científico - para usar um termo da academia. Há outros programas tão encantadores quanto.
De qualquer forma, quero chamar atenção para o programa mais recente com a participação do escritor argentino Andrés Neuman. Ele foi um dos primeiros nomes a pintar na lista de autores convidados da FLIP desse ano. Embora tenha publicado quatro romances, livros de contos, poesias e ensaio, Neuman tem apenas um romance publicado em português - O viajante do século (Alfaguara). O jovem escritor carrega consigo uma bagagem invejável: importantes prêmios literários na Espanha, a seleção da revista Granta como um dos melhores escritores de língua espanhola e elogios de ninguém menos que Roberto Bolaño.
No programa, não por acaso, ele fala sobre Os detetives selvagens. Neuman teve uma relação próxima com Roberto Bolaño. Os dois falavam constantemente por telefone, trocavam e-mails, cartas e Neuman chegou a encontrá-lo pessoalmente uma única vez. Tenho a impressão que Neuman quis desmistificar a figura de Bolaño como um escritor pobre, drogado, maldito, doente e condenado a morte. Da pequena convivência, ele lembra que Bolaño era muito divertido, extremamente culto (um leitor autodidata voraz), muito falante (as conversas por telefone poderiam durar três, quatro horas), um homem de extremos que podia ser doce ou rude quando queria. E num momento muito particular, Neuman fala da casa de Bolaño que era totalmente organizada enquanto o escritório de trabalho era como uma cova - ele tinha um 386 sem conexão com a internet. Não quero falar muito para não criar novas auras em torno da bolañomania que dominam o mundo.
Além do aspecto pessoal, Neuman conta a sua maneira de enxergar a obra de Bolaño. Ressalta suas qualidades literárias (superiores a qualquer modismo); fala sobre o rompimento com o nacionalismo (Bolaño é chileno, mas vive na Espanha e escreve um romance que se passa no México - suas personagens sempre buscam algo que não está em nenhum lugar); e diz que na tentativa de superar a literatura de Borges, Bolaño cria uma literatura borgeana com corpo, com sexo.
Neuman veio com Michael Sledge para participar da mesa "Viagens literárias" na FLIP - uma única mesa. O clima foi descontraído e bem humorado, mas confesso que com o programa acabamos ganhando duas mesas.
***
Quero aproveitar para comentar o romance O viajante do século. Li logo depois da FLIP. Fiquei intrigado com os elogios de Bolaño ("Um talento iluminado. A literatura do século XXI pertencerá a Neuman e a alguns poucos de seus irmãos de sangue.") - qualquer comentário sobre Neuman vinha colado a esses elogios.
O romance é grandioso. Neuman lida o tempo todo com zonas de fronteira: Wandernburgo é uma cidade imaginária que fica nos confins perdidos da Alemanha; os prédios e as ruas mudam de lugar todas as noite; é um romance, mas trata de poesia, de política, de filosofia, ensaios e literatura; cronologicamente a história acontece no século XIX, mas tem um olhar do século XX; Hans e o realejeiro são metáforas para viajante (em movimento) e do morador (sempre fixo) - há muitos outros opostos que se misturam.
Gosto muito da maneira como o autor explora o tema do viajante - figura central na cultura contemporânea. Grandes populações constantemente se deslocam em busca de melhores condições de vida. Há estrangeiros espalhados por todas as partes do mundo, sobretudo em paises desenvolvidos. O viajante (como Hans) é alguém que parte em busca de aventuras, em busca de dar sentido para algo que não sabe ao certo qual é. Acho que essa ansiedade de uma vida de aventura ronda a cabeça de muita gente que conheço. Tem também o fato de chegar num lugar em que ninguém sabe nada sobre o seu passado e você tem a chance de recomeçar sua história do zero.
Enfim, são apenas algumas observações. O romance tem muito mais coisas e abre várias possibilidades de leitura. Quem ficou curioso pode assistir o vídeo de Neuman no programa Entrelinhas.
*Imagem: flip.org
De qualquer forma, quero chamar atenção para o programa mais recente com a participação do escritor argentino Andrés Neuman. Ele foi um dos primeiros nomes a pintar na lista de autores convidados da FLIP desse ano. Embora tenha publicado quatro romances, livros de contos, poesias e ensaio, Neuman tem apenas um romance publicado em português - O viajante do século (Alfaguara). O jovem escritor carrega consigo uma bagagem invejável: importantes prêmios literários na Espanha, a seleção da revista Granta como um dos melhores escritores de língua espanhola e elogios de ninguém menos que Roberto Bolaño.
No programa, não por acaso, ele fala sobre Os detetives selvagens. Neuman teve uma relação próxima com Roberto Bolaño. Os dois falavam constantemente por telefone, trocavam e-mails, cartas e Neuman chegou a encontrá-lo pessoalmente uma única vez. Tenho a impressão que Neuman quis desmistificar a figura de Bolaño como um escritor pobre, drogado, maldito, doente e condenado a morte. Da pequena convivência, ele lembra que Bolaño era muito divertido, extremamente culto (um leitor autodidata voraz), muito falante (as conversas por telefone poderiam durar três, quatro horas), um homem de extremos que podia ser doce ou rude quando queria. E num momento muito particular, Neuman fala da casa de Bolaño que era totalmente organizada enquanto o escritório de trabalho era como uma cova - ele tinha um 386 sem conexão com a internet. Não quero falar muito para não criar novas auras em torno da bolañomania que dominam o mundo.
Além do aspecto pessoal, Neuman conta a sua maneira de enxergar a obra de Bolaño. Ressalta suas qualidades literárias (superiores a qualquer modismo); fala sobre o rompimento com o nacionalismo (Bolaño é chileno, mas vive na Espanha e escreve um romance que se passa no México - suas personagens sempre buscam algo que não está em nenhum lugar); e diz que na tentativa de superar a literatura de Borges, Bolaño cria uma literatura borgeana com corpo, com sexo.
Neuman veio com Michael Sledge para participar da mesa "Viagens literárias" na FLIP - uma única mesa. O clima foi descontraído e bem humorado, mas confesso que com o programa acabamos ganhando duas mesas.
***
Quero aproveitar para comentar o romance O viajante do século. Li logo depois da FLIP. Fiquei intrigado com os elogios de Bolaño ("Um talento iluminado. A literatura do século XXI pertencerá a Neuman e a alguns poucos de seus irmãos de sangue.") - qualquer comentário sobre Neuman vinha colado a esses elogios.
O romance é grandioso. Neuman lida o tempo todo com zonas de fronteira: Wandernburgo é uma cidade imaginária que fica nos confins perdidos da Alemanha; os prédios e as ruas mudam de lugar todas as noite; é um romance, mas trata de poesia, de política, de filosofia, ensaios e literatura; cronologicamente a história acontece no século XIX, mas tem um olhar do século XX; Hans e o realejeiro são metáforas para viajante (em movimento) e do morador (sempre fixo) - há muitos outros opostos que se misturam.
Gosto muito da maneira como o autor explora o tema do viajante - figura central na cultura contemporânea. Grandes populações constantemente se deslocam em busca de melhores condições de vida. Há estrangeiros espalhados por todas as partes do mundo, sobretudo em paises desenvolvidos. O viajante (como Hans) é alguém que parte em busca de aventuras, em busca de dar sentido para algo que não sabe ao certo qual é. Acho que essa ansiedade de uma vida de aventura ronda a cabeça de muita gente que conheço. Tem também o fato de chegar num lugar em que ninguém sabe nada sobre o seu passado e você tem a chance de recomeçar sua história do zero.
Enfim, são apenas algumas observações. O romance tem muito mais coisas e abre várias possibilidades de leitura. Quem ficou curioso pode assistir o vídeo de Neuman no programa Entrelinhas.
*Imagem: flip.org
ANDRÉS NEUMAN - O BATUTA
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segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O FILHO DE VALTER HUGO MÃE
"Um homem chegou aos quarenta anos e assumiu a tristeza de não ter um filho. Chamava-se Crisóstomo. Estava sozinho, os seus amores haviam falhado e sentia que tudo lhe faltava pela metade, como se tivesse apenas metade dos olhos, metade do peito e metade das pernas, metade da casa e dos talheres, metade dos dias, metade das palavras para se explicar às pessoas".Assim começa O filho de mil homens, o novo romance de Valter Hugo Mãe - agora com maiúsculas e minúsculas! O livro conta a história de Crisóstomo que ao completar quarenta anos lida com a tristeza de não ter tido um filho. Em busca de felicidade, ele acaba construindo uma família inventada.
O livro tem previsão de lançamento em Portugal no próximo dia 25 de setembro pelo selo Alfaguara. No mesmo dia Valter Hugo Mãe vai completar quarenta anos e como ele disse na FLIP, sente-se frustrado por não ter tido um filho. Qualquer semelhança entre escritor e personagem são mera coincidência. Num texto para o Jornal de Letras (um jornal português) de agosto, Valter confessou que não tem a menor vocação para a paternidade: "Queria muito fazê-lo mas dá-me medo demasiado fazê-lo. Como se fosse um aviso: salvem esta criança, o pai é um incapaz, só serve para a literatura e para desperdícios semelhantes". No mesmo texto, ele lembra da passagem pela FLIP, da comoção geral que causou em muita gente e dos inúmeros bilhetes de mulheres dispostas a realizar o sonho do rapaz de ser pai - o texto completo está aqui.
Seja como for, O filho de mil homens inaugura uma nova fase na vida do escritor. Parece que sem as minúscula da tetralogia o nosso reino, o remorso de baltazar serapião, o apocalipse dos trabalhadores e a máquina de fazer espanhóis.
Segundo a imprensa portuguesa, esse é um dos livros mais aguardados do ano e talvez o lançamento mais importante de um autor português. Também li por aí, que Valter Hugo Mãe quase deletou o livro depois de terminado. Ele tinha detestado o resultado final, mas sua editora o convenceu do contrário.
Não sei se já existem planos para lançamento do romance no Brasil. Vamos aguardar.
*Imagem: capa do livro/reprodução.
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sexta-feira, 2 de setembro de 2011
O ILUSTRE DESCONHECIDO
Não sei se me perdi em algum momento no meio de tantos lançamentos, mas não vi notícias sobre O desconhecido, de Joshua Ferris. Com o perdão do trocadilho, o romance passou despercebido por aqui. A crítica anglófona fez uma série de bons comentários sobre o romance, chegando a elegê-lo como um dos melhores do ano passado - Economist, New York Times e a New Yorker.
Em qualquer pesquisa rápida que a gente faça no Google dá para ver que Joshua Ferris é um escritor rodeado de elogios. De cara ele ganhou um prêmio PEN/Hemingway Foundation e uma indicação ao National Book Award com seu primeiro romance, E nós chegamos ao fim (que saiu aqui pela Nova Fronteira). Os dois prêmios são bastante respeitados nos Estados Unidos, ganhar um deles é algo como receber um passaporte para o panteão dos melhores escritores americanos. Não foi à toa que o nome de Ferris começou a pipocar em todos as revistas literárias como "a melhor novidade dos últimos tempos".
(Nesse momento você deve estar pensando, "legal, mas todo mês aparece alguém que é tido como a melhor novidade de todos os tempos". De fato existe uma sobrecarga de notícias desse tipo. Mas vamos combinar o seguinte: daqui para frente essas notícias e listas podem ser encaradas como "eis um escritor ou um grupo de escritores em quem temos de prestar atenção" diante de tantos lançamentos que não conseguem ser absorvidos pelos leitores, críticos etc.)
Depois desse grande "debut literário", Ferris publicou contos na Granta e na New Yorker. Por isso, não foi muita novidade quando o nome dele figurou na lista dos melhores jovens escritores da New Yorker.
Tanta badalação em torno de um escritor tão novo pode estragá-lo, mas parece que Ferris não se intimida com tamanho "hype" - nem mesmo com esse rótulo de "promessa da ficção norte-americana". Ele declarou certa vez que críticas e elogios são coisas coladas a carreira do escritor. O melhor a fazer é avaliar tudo isso de maneira comedida e seguir escrevendo.
O desconhecido conta a história de um advogado abatido por uma doença incurável que o faz caminhar sem parar. O incidente aos poucos mata sua auto-estima, seu casamento, sua carreira e o mundo confortável ao seu redor.
O romance foi publicado em junho pela Casa da Palavra durante a comemoração dos 15 anos da editora (em tempo, a Casa da Palavra também firmou parceria com a editora Leya que segundo li vai "cuidar da distribuição, do marketing e da estratégia de vendas dos livros").
Abaixo um trecho de O desconhecido, gentilmente cedido pela editora Casa da Palavra.
*Imagem: divulgação.
Em qualquer pesquisa rápida que a gente faça no Google dá para ver que Joshua Ferris é um escritor rodeado de elogios. De cara ele ganhou um prêmio PEN/Hemingway Foundation e uma indicação ao National Book Award com seu primeiro romance, E nós chegamos ao fim (que saiu aqui pela Nova Fronteira). Os dois prêmios são bastante respeitados nos Estados Unidos, ganhar um deles é algo como receber um passaporte para o panteão dos melhores escritores americanos. Não foi à toa que o nome de Ferris começou a pipocar em todos as revistas literárias como "a melhor novidade dos últimos tempos".
(Nesse momento você deve estar pensando, "legal, mas todo mês aparece alguém que é tido como a melhor novidade de todos os tempos". De fato existe uma sobrecarga de notícias desse tipo. Mas vamos combinar o seguinte: daqui para frente essas notícias e listas podem ser encaradas como "eis um escritor ou um grupo de escritores em quem temos de prestar atenção" diante de tantos lançamentos que não conseguem ser absorvidos pelos leitores, críticos etc.)
Depois desse grande "debut literário", Ferris publicou contos na Granta e na New Yorker. Por isso, não foi muita novidade quando o nome dele figurou na lista dos melhores jovens escritores da New Yorker.
Tanta badalação em torno de um escritor tão novo pode estragá-lo, mas parece que Ferris não se intimida com tamanho "hype" - nem mesmo com esse rótulo de "promessa da ficção norte-americana". Ele declarou certa vez que críticas e elogios são coisas coladas a carreira do escritor. O melhor a fazer é avaliar tudo isso de maneira comedida e seguir escrevendo.
O desconhecido conta a história de um advogado abatido por uma doença incurável que o faz caminhar sem parar. O incidente aos poucos mata sua auto-estima, seu casamento, sua carreira e o mundo confortável ao seu redor.
O romance foi publicado em junho pela Casa da Palavra durante a comemoração dos 15 anos da editora (em tempo, a Casa da Palavra também firmou parceria com a editora Leya que segundo li vai "cuidar da distribuição, do marketing e da estratégia de vendas dos livros").
Abaixo um trecho de O desconhecido, gentilmente cedido pela editora Casa da Palavra.
*Imagem: divulgação.
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