quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

PRÊMIO PARA MELHOR TRADUÇÃO

Na última terça-feira o júri do prêmio Best Translated Book Award anunciou sua lista de concorrentes a melhor tradução de literatura internacional publicada nos Estados Unidos em 2011. Foram escolhidos 25 livros de 14 países escritos em 12 línguas. Entre eles está Os leopardos de Kafka, de Moacyr Scliar traduzido do português para o inglês por Thomas O. Beebee e publicado pela Texas Tech University Press. Uma nova lista, com apenas 10 concorrentes, será anunciada em 10 de abril e o livro ganhador será conhecido durante o PEN World Voices Festival em Nova York - que acontece no final de abril e começo de maio.

Difícil avaliar quais as chances que o romance de Scliar tem para ganhar o prêmio. Embora o critério de seleção seja a qualidade do livro, sabemos que tem maior peso no julgamento a qualidade da tradução. Ou seja, mais da metade da responsabilidade está nas mãos de Thomas O. Beebee (renomado professor de literatura comparada e alemão na Universidade Penn State). Ainda temos de considerar dois pontos importantes: a) também estão concorrendo traduções de romances escritos por Amos Oz, Juan José Saer, Jean-Philippe Toussaint e Enrique Vila-Matas - para citar os nomes mais conhecidos; b) traduções do sérvio, norueguês, húngaro, sueco, polonês e hebraico levam uma pequena vantagem sobre as línguas mais usualmente faladas como francês, espanhol, italiano e alemão pelo grau de complexidade daquelas línguas e dificuldade de encontrar um tradutor (não tenho a menor ideia de como é o mercado de tradução norte-americano, mas tomando como base o Brasil quantos tradutores de húngaro você conhece?).

No que depender de Moacyr Scliar temos muitas chances. Li uma resenha sobre o livro e parece deliciosamente cheio de brincadeiras com a história, a literatura e a vida. Como resume o tradutor Thomas O. Beebee: "O romance de Scliar aborda temas da história brasileira e européia, escrita judaica, as viagens da literatura e uma questão fundamental da leitura: como julgar a correção ou incorreção de uma interpretação literária". Vamos cruzar os dedos! Levando o prêmio, projetamos um pouco da nossa literatura no mundo e fazemos jus a memória de um grande escritor que faleceu em março do ano passado, infelizmente.

***

Achei curioso descobrir que não existem prêmios de tradução de ficção tão tradicionais ou antigos quanto o Nobel, o Man Booker Prize, o Pulitzer e o Goncourt, por exemplo. Parece que no campo da tradução de poesia existem prêmios desde 1940 (ou até mais antigo). Imagino que deve ser por causa da especificidade do trabalho, afinal a nossa língua só diz respeito ao nosso próprio país ou aos falantes dela no mundo. Não tem como criar um prêmio internacional para isso. Solução: cada país deveria ter um prêmio importante do gênero já que a uma figura tão amada quanto odiado como o tradutor ("tradutor - traidor") pode ajudar ou prejudicar uma obra-prima.

O Best Translated Book Award pelo qual Scliar está concorrendo, por exemplo, foi criado em 2008. O prêmio para tradução mais antigo que encontrei chama Tchernichovsky Prize e foi criado em 1942 para traduções feitas para o hebraico.

No Brasil temos três prêmios conhecidos para tradução de ficção: APCA, Jabuti e Academia Brasileira de Letras. O prêmio da APCA foi criado em 1956, ganhou uma categoria específica para premiar literatura em 1972 e somente em 1974 contemplou o trabalho dos tradutores. Naquele ano ganhou Davi Arrigucci Junior pela tradução de Prosa de observatório, de Julio Cortazar. O Prêmio Jabuti foi criado em 1959, mas criou a categoria tradução somente em 1979 - premiando o livro Verso, reverso, controverso com traduções de Augusto de Campos para poemas dos trovadores provençais. A ABL criou recentemente um prêmio para tradução - o site não informa ao certo o ano, mas parece que foi depois do ano 2000.

Prêmios trazem prestígio ao trabalho do tradutor e ajudam a regulamentar o mercado que anda super aquecido por aqui. Quem sabe algum outro prêmio não esteja a caminho?

*P.S.: caso eu tenha praticado alguma incorreção ou tenha esquecido algum prêmio, por favor, escrevam nos comentários.

*P.S.2: como lembrou a Denise Bottman nos comentários, temos também o Prêmio Paulo Ranói de Tradução, organizado pela Fundação Biblioteca Nacional. Foi criado em 1995.

*imagem: reprodução de capa do livro de Moacyr Scliar em português e inglês.

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NOTAS #35

Biblioteca particular
Uma nova mania está rondando a internet nesse momento: fotos das bibliotecas mais bonitas do mundo. Afinal, todo leitor que se preze tem verdadeira obsessão por conhecer todas as bibliotecas que existem no planeta por mais exotica que sejam. A escolha dessas listas que circulam na web não tem nenhum critério crítico muito rigoroso. Vale pela arquitetura do prédio, pela distribuição simétrica de livros nas estantes, pela importância da coleção, pelo bom gosto de quem seleciona etc. Para além das bibliotecas públicas, todo leitor ainda carrega consigo uma grande curiosidade pela biblioteca de seu escritor favorito. Ali podemos ter pistas dos livros preferidos daquele sujeito ou até suas eventuais influências – por que não? Foi pensando nisso que o blog Work in Progress (do pessoal da editora norte-americana Farrar Straus & Giroux) publicou algumas fotos da biblioteca do escritor Michael Cunningham. Acreditem, o apartamento dele em Nova York tem estantes nas paredes do banheiro.

Vampiros na literatura
O centenário de morte do escritor Bram Stoker vai fazer você recordar que os vampiros são criaturas realmente assustadoras. Para provar isso, a
Horror Writers Association vai premiar o melhor romance sobre vampiros dos ultimos cem anos. Os seis concorrentes escolhidos pelo juri da associação foram: A hora do vampiro, de Stephen King; The soft whisper of the dead, de Charles L Grant; Eu sou a lenda, de Richard Matheson; Anno Dracula, de Kim Newman; Entrevista com o vampiro, de Anne Rice; e Hotel Transylvania, de Chelsea Quinn Yarbro. Todos de arrepiar. O vencedor será anunciado em 31 de março.
Retrato falado
Tem gente que não gosta de assistir um filme e depois ler o livro porque fica imaginando as personagens com o mesmo rosto daquela atriz bonita ou daquele ator famoso. Para esses melhor mesmo é usar a nossa imaginação. No entanto, tem gente que discorda e morre de curiosidade de imaginar um rosto real para aquele personagem tão amado ou odiado. Na falta de adaptações para o cinema, o tumblr The Composites resolver dar uma ajudinha para essas pessoas. O tumblr cria imagens usando um software destinado a criar retratos falados pela policia. Há uma extensa galleria com Emma Bovary (de Madame Bovary), Humbert Humbert (de Lolita), Juiz Holden (de Meridiano de sangue), Daisy Buchanan (de O grande Gatsby), entre outros. Na foto o retrato falado de Kevin (de Precisamos falar sobre Kevin).

Guerra de Canudos
Os sertões, de Euclides da Cunha acaba de ganhar uma reedição na França. O livro que Blaise Cendrars sonhou em traduzir algum dia saiu pela editora Métailie com tradução do português assinada por Jorge Coli e Antoine Seel. Recentemente, Os sertões também ganhou uma elogiada reedição nos Estados Unidos, pelo selo Penguin Classics.

Minicontos
Você está sem tempo para se dedicar aos livros? Há quanto tempo você não chega perto de uma obra de ficção? Não quer falar sobre isso? Calma, tenho uma solução para você. Que tal ler alguns minicontos do escritor Rinaldo de Fernandes? São 32 histórias-pílulas com no máximo três linhas publicadas no Jornal Rascunho. Se você preferir pode ler uma por dia – não leva nem um minuto. Não tem desculpa.

*Imagens: reprodução.

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

VALTER HUGO MÃE x JOSÉ LUIS PEIXOTO

Em termos de popularidade entre os leitores brasileiros não tem para ninguém, o grande escritor português contemporâneo é Valter Hugo Mãe. Nem me atrevo a dizer o contrário. Quem esteve presente na FLIP do ano passado sabe muito bem do que estou falando. Não é para menos, além das qualidades literárias, Hugo Mãe esbanjou simpatia e conhecimentos sobre o Brasil - conquistou o coração de muitas meninas e até cantou numa festa. Um pouco antes do fenômeno chegar ao Brasil, José Saramago tentou nos avisar dizendo que Hugo Mãe era um verdadeiro "tsunami literário". Não deu outra, a comoção foi geral na crítica literária e na platéia da FLIP também.
Apesar de ter vindo duas vezes ao Brasil (na FLIP, em 2005, e na FLIPorto, em 2009) e ter publicado três romances por aqui (

Nenhum olhar, Cemitério de pianos e Uma casa na escuridão), José Luis Peixoto, o conterrâneo três anos mais velho que Hugo Mãe, ainda não teve a mesma sorte. Quem sabe as coisas sejam diferentes com o recém lançamento de Livro, pela Companhia das Letras.

Comparar Peixoto com Hugo Mãe pode parecer uma bobagem tamanha. No entanto, os dois estão ligados a um tipo muito particular de narrativa experimental - estou considerando especificamente os romances que li: o remorso de baltazar serapião e Livro. Ambos atualizam a força da "linguagem arcaica" para fazer brotar uma prosa repleta de beleza e novidade. Outro detalhe: ambos foram ganhadores do Prêmio Literário José Saramago - Peixoto em 2001, Hugo Mãe em 2007.
Hugo Mãe vai a oralidade do "português medieval" para contar a história da família dos sargas e da desastrosa aventura amorosa de baltazar serapião num tempo em que as mulheres tinham de serem submetidas aos desígnios dos homens. Ao longo do percurso elementos de realismo mágico (ou a figura das bruxas medievais) são evocados para dar um brilho especial ao enredo.

Aqui cabe uma outra explicação importante: olhando de maneira ampla, o remorso de baltazar serapião faz parte de uma tetralogia imaginada pelo autor para representar um ciclo de tempo completo da vida humana. Projeto radicalmente inventivo, por si só. Assim, o nosso reino é a história de uma criança de 8 anos, o remorso de baltazar serapião é um romance sobre o começo da vida adulta, o apocalipse dos trabalhadores fala de mulheres trabalhadoras aos 40 anos e a máquina de fazer espanhóis trata da terceira idade (um barbeiro de 84 anos).

Peixoto recorre a oralidade do português da Vila Galveias, onde nasceu e viveu até os dezoito anos. Dizem que sua ideia era registrar aquela maneira antiga de falar para que não sumisse do mapa. Pela dificuldade que os leitores (mesmo portugueses) teriam, o projeto foi parcialmente abandonado. Livro é ao mesmo tempo a história da migração de portugueses para França em busca de melhores condições de vida, quanto uma história metalinguística do romance contemporâneo. Ao realismo mágico de Hugo Mãe, Peixoto contrapõe o que batizou de realismo mitológico - as personagens do romance estão próximas dos semideuses da mitologia grega.

A experimentação radical de Peixoto está concentrada na segunda parte de Livro. Me lembrou nouveau roman, OuLiPo, jogos de linguagem etc. Não fica apenas nisso. Tudo o que acontece na segunda parte está intimamente relacionado a primeira parte, mais recheada no enredo, na trama, na fábula, como preferirem. Graças ao recorte inovador a história das personagens da pequena vila portuguesa fica mais enriquecida. O que ele fez não é coisa que qualquer um consiga fazer. Pelo que li, em Portugal o trabalho foi classificado como o mais maduro de José Luis Peixoto. Livro é um grande livro (com o perdão do trocadilho meio clichê).

Tomara que um pouco da popularidade de Hugo Mãe possa migrar para Peixoto - um grande escritor a ser descoberto, como tantos. Semelhanças os dois tem de sobra. Alguém arrisca um trabalho de literatura comparada?

*Imagem: reprodução Google.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DAVID FOSTER WALLACE EM PORTUGUÊS

David Foster Wallace e Jonathan Franzen no lançamento de Infinite Jest, em 1996.

A gente fica salivando bastante quando vê um desses fenômenos em que livros gringos chamam atenção da mídia e ocupam as paradas literárias de sucesso. Feito aquele frango de padaria de domingo, muita gente conta os dias para devorar esse tal livro inteiro e reconhecer ou negar tudo o que andam dizendo pelos cantos. Foi o que aconteceu recentemente com Roberto Bolaño e Jonathan Franzen (para ficar com dois exemplos, apenas). Mas a fome sempre aperta quando um novo frango suculento surge na padaria do vizinho. De modo que todo mundo que acompanhou o burburinho em torno de David Foster Wallace e The Pale King, o aguardado livro póstumo e incompleto. Ele voltou a ser notícia essa semana, porque se estivesse vivo estaria completando 50 anos.
O nome de Foster Wallace começou a circular por aqui depois que a revista New Yorker organizou a primeira lista de 20 escritores com menos de 40 anos, em 1999. Nessa época ele já tinha se tornado o autor do homérico romance Infinite Jest e publicado vários textos de não-ficção (ensaios, reportagens etc.) na imprensa norte-americana. Em 2005, a Companhia das Letras publicou o livro de contos Breves entrevistas com homens hediondos com tradução de José Rubens Siqueira - um baita livro, por sinal. Mais ou menos na mesma época, Caetano Galindo, professor de linguística e tradução no curso de Letras da Universidade Federal do Paraná, nos presenteou com duas traduções inéditas do autor. Primeiro apareceu o conto A filosofia e o espelho da natureza (do livro Oblivion: Stories, de 2004), no portal Cronópios, e depois um capítulo de Infinite Jest, na revista Coyote nº 13 (editada pela Iluminuras). Não investiguei a fundo, mas parece que esse número da revista está esgotado. Se alguém tiver informações a respeito, por favor, entre em contato.

Em setembro de 2008, David Foster Wallace cometeu suícidio e deixou incompleto o romance em que estava trabalhando, The Pale King. O livro foi publicado somente em 2011, resgatando a força, o brilho e a genialidade da sua prosa. Ele foi considerado o "novo James Joyce".

De olho na repercussão desse lançamento a Companhia das Letras veio no ano passado como uma notícia salvadora: uma edição brasileira para Infinite Jest e The Pale King. A tradução de ambos vai ficar a cargo de Caetano Galindo (aquele mesmo de 2005). Boa decisão considerando a sua experiência anterior e paixão por Foster Wallace - Infinite Jest é para ele "o romance mais interessante dos anos 90".

Galindo já traduziu para o português obras de Thomas Pynchon, Tom Stoppard, Djuna Barnes, John Gray, Ali Smiht, entre outros. Atualmente está finalizando a tradução de A trama do casamento, de Jeffrey Eugenides (sai esse semestre pela Cia das Letras) e outra obra-prima da literatura moderna: Ulysses, de James Joyce (sai em abril pela Penguin-Companhia das Letras). Curiosamente ele começou a tradução de Ulysses em 2005, junto com as primeiras traduções que fez de David Foster Wallace.

Infinite Jest levou quatro anos sendo traduzido para o alemão e deve ficar pronto somente no ano que vem. Enquanto esperamos, está prometido para agosto desse ano o lançamento de uma coletânia de não-ficção organizada por Daniel Galera e com tradução dele e de Daniel Pellizzari. Vai ter A supposedly fun thing I'll never do again e Consider the lobster.

Sobre o futuro lançamento de The Pale King, ainda não há muitas notícias.

*Imagem: reprodução desse tumblr.
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

MARTIN AMIS VICIADO EM VIDEOGAMES

A história mais comentada da semana foi um livro que o escritor Martin Amis queria muito esquecer. Não se trata de uma obra-prima da ficção daquelas que impedem o escritor de seguir adiante, tampouco de um romance mal escrito, mas de um guia para detonar jogos de videogame como PacMan (o famoso "Come-come") e Space Invaders (aquele jogo que você precisa impedir alienígenas de destruírem uma ciade). Para dizer a verdade, o guia é para jogos de fliperama pois quando o livro foi escrito, em 1982, os videogames como os conhecemos ainda estavam em estágio de desenvolvimento.

Quando escreveu Invasions of the Space Invaders, Amis era um verdadeiro viciado em jogos de fliperama e tinha publicado quatro romances sem muita repercussão. Seu primeiro grande sucesso viria somente com Grana, em 1984. Pode ser que ele tenha pensando em conseguir algum dinheiro extra enquanto a fama literária não chegava. Ou quem sabe ele encarasse o assunto como muito promissor para o futuro, afinal o livro tinha um caráter tão serio que ganhou introdução de ninguém menos que Steven Spielberg – prestes a lançar o filme E.T., o extraterrestre.

Seja como for, o tempo passou, Amis ganhou alguns prêmios literários, os videogames ficaram mais complexos e os fliperamas rarearam bastante (ficaram restritos aos shoppings, se não estou enganado). Tudo tornou o livro muito datado e ingênuo, sobretudo quando ele desdenha de Shigero Miyamoto, o criador do MarioBros, que na época tinha acabado de lançar Donkey Kong. Vale como um registro do começo de carreira de um escritor importante e como fonte de pesquisa para quem quer estudar os fliperamas dos anos 80.

Faz tempo que o livro está fora de catálogo. A história foi redescoberta por Mark O’Connell, no site The Millions (tem a história completa e trechos do livro). Não está na terceira edição do fanzine dedicada ao videogame, mas se estivesse não ficaria fora de contexto.

*Imagem: reprodução.
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

REVISTAS DE INVEÇÃO

No ano passado tentei fazer um breve apanhado de revistas literárias do passado que continuam servindo de inspiração para as revistas culturais de hoje. O levantamento, evidentemente, foi incompleto. A tarefa exigia muita concentração, longas pesquisas e tempo.

Fuçando numa livraria em pleno feriado de Carnaval, deparei com um livro totalmente dedicado ao tema. Revistas de invenção, organizado por Sergio Cohn pela Azougue Editorial. O livro foi lançado em dezembro do ano passado - ou seja, passou completamente despercebido pelo meu texto sobre o assunto. Falha nossa!

O livro faz um apanhado das revistas culturais (e literárias, por que não?) desde o movimento modernista no começo do século XX até as revistas digitais do século XXI. É verdade que o livro falha um pouco nesse mapeamento digital, mas diante da imensidão da internet, dos blogs e fanzines digitais fica difícil querer alguma totalidade. A parte histórica é impecável.

Parece que o editor levou um ano inteiro fazendo a pesquisa, editando ideias etc. Deve ter sido bem trabalhoso, mas o resultado ficou bacana. Vale pelo menos como ponto de partida para quem não conhece nada e quer se interar sobre o assunto.

*Imagem: reprodução.

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

JULGANDO LIVROS PELA CAPA (2): PORTUGAL X BRASIL

No ano passado peguei uma bela ideia emprestada e fiz uma brincadeira comparando as capas dos mesmos livros em edições brasileiras e portuguesas. Para não perder a tradição e pensando em quanto isso seria divertido, faço uma nova rodada da brincadeira. Tamanha diferença entre as capas portuguesas e brasileiras não deve causar muito espanto, afinal cada país tem uma cultura visual muito particular e algo atrai os portugueses pode não atrair os brasileiros, evidentemente. O exercício de olhar as capas lado a lado servem para especularmos sobre o trabalho do capista na hora de resolver o problema de como dar um rosto a um livro e vendê-lo para o leitor.

Digo de antemão que não sou especialista no assunto, portanto estou comentando sem muito compromisso. A caixa de comentários está aberta para quem quiser participar - por favor, fiquem a vontade. As capas das edições brasileiras estão do lado direito.
A grande arte, de Rubem Fonseca
Na reedição desse grande clássico contemporâneo os dois capistas pensaram na mesma coisa: uma faca. Não é à toa, já que esse elemento traduz bem o enredo do livro. Os portugueses optaram por uma singela ilustração que transpassa a capa e vai a contracapa, ao passo que a edição brasileira escolheu um raio-x dilacerante - para dizer o mínimo. Ponto para as duas.

a máquina de fazer espanhóis, de valter hugo mãe
A capa da Alfaguara portuguesa é bonita, mantém a identidade da marca e tem humor. No entanto, é difícil não se render aos encantos abstratos (querendo ser figurativos) de Lourenço Mutarelli e ao projeto gráfico caprichado da Cosac Naify. Como explica Paulo Chagas no blog da editora "o procedimento remetia aos papéis marmorizados das partes internas de antigas encadernações. Era como se a capa tivesse sido virada do avesso".

A noiva do tigre (A mulher do tigre, em Portugal), de Téa Obreht
Enquanto os portugueses "preferiram" a mesma capa dos norte-americanos, nós criamos um desenho de cores marcantes. Só que a edição portuguesa tem uma certa vantagem de não entregar tudo logo de cara. O tigre pela metade guarda o mistério entre ameaça e ajuda. O tigre da capa brasileira parece mansinho.

Os imperfeccionistas, de Tom Rachman
Um caso curioso de repetição. Tanto a edição portuguesa quanto a edição brasileira optaram pela mesma capa da edição americana. Se não estou enganado a mesma coisa aconteceu na Inglaterra, no Canadá, na Espanha e na Alemanha. Pobreza de ideias? Não sei dizer. Mas qual é o problema de reproduzir uma capa bem limpa e elegante como essa. Nem preciso dizer que o jornal ali diz tudo.

Liberdade, de Jonathan Franzen
Os portugueses seguiram colados a escolha da capa britânica e colocaram um imenso "L" gráfico com o detalhe pequeno da pena. No entanto, nos saímos melhor traduzindo a ideia de "liberdade" ao contrapor uma cerca (em estilo tipicamente americano, mas ao mesmo tempo universal) com um céu cheio de nuvens. Inclusive, acho nossa capa infinitamente superior a da edição norte-americana. Alguma coisa me incomoda naquele pássaro azul e naquelas letras meio de lado.

Livro, de José Luis Peixoto
O carinho de bebê na capa da edição portuguesa revela o ponto de partida do romance, nada que comprometa as surpresas que você vai encontrar no romance. Só que a capa brasileira com letras formando os desenhos dos azulejos portugueses é bem mais interessante - tem até textura por conta do relevo da impressão. Além disso, traduz bem a forma da segunda parte do livro. É bem metonímico o negócio. Nossa diferença cultural me leva a pensar será que em Portugal essa capa faria sentido?

*Tem uma curiosidade a respeito da edição portuguesa: a mesma imagem de capa foi usada no livro Tu ne jugeras point, de Armel Job (um escritor belga). Foi pura coincidência como está explicado aqui.
Os malaquias, de Andréa del Fuego
As duas capas são bonitas. Trabalham com a ideia de família. De qualquer forma, prefiro a capa brasileira: é mais clara e as sombras na parede mantém o segredo sobre a fisionomia das personagens.

Outra vida, de Rodrigo Lacerda
A nossa capa guarda algo de estático, nostálgico, triste. Sensação que as personagens do livro devem experimentar na pele, pois é sobre uma viagem de volta que trata o enredo. A capa portuguesa tem movimento, trânsito e mudança que ganham ares de tristeza graças aos guarda-chuvas abertos. Por mais colorido que sejam não deixa de ser triste.

Pornopopéia, de Reinaldo Moraes
A capa brasileira não revela nada. Parece que é uma foto de Reinaldo Moraes lendo alguma coisa. Serve para destacar o nome do livro em grandes letras vermelhas em cadência divertida. Em contrapartida a capa portuguesa leva a melhor com a brincadeira visual das formas femininas. Pode parecer clichê usar a "natureza" para retratar coisas mais picantes, mas considerando o enredo a imagem tem tudo a ver. Ponto para eles!

Se eu fechar os olhos agora, de Edney Silvestre
A nossa edição é mais bonita. A "limpeza" de informações valoriza a foto no alto. ficou elegante. Já a capa portuguesa vai bem quando recupera elementos do enredo e vai mal quando coloca o título grande em vermelho. Parece que pesou um pouco, embora lembre o jogo de fechar os olhos alertando para abri-los. Será isso?

*Imagens: divulgação e reprodução.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

COMO ESCREVER UMA RESENHA RUIM

Em tempos de malhar a crítica literária, nada melhor do que criar um prêmio para a resenha literária "mais raivosa, engraçada ou mordaz dos últimos tempos" publicada em jornais ou revistas. Assim nasceu o "Hatchet Job of the Year" (ou "Serviço de Machadinha do Ano", como traduziu Sérgio Rodrigues no Todoprosa). O prêmio organizado pelo site inglês Omnivore Criticism Digested está na sua primeira edição e foi entregue em 7 de fevereiro. O ganhador foi Adam Mars-Jones pela resenha de Ao anoitecer, de Michael Cunningham. Segundo os organizadores, o objetivo do prêmio "é levantar o perfil dos críticos profissionais e promover a integridade e inteligência no jornalismo literário".

Este artigo, publicado originalmente no blog da Melville House (9/2/2012), trata dos problemas envolvendo uma resenha crítica.


"Eu tive sorte que todas as críticas ruins que eu tive foram escritas por idiotas." - Geoff Dyer sobre críticas negativas

Por Nathan Ihara
Tradução de Rafael R.


Geoff Dyer, um indicado ao primeiro prêmio "Hatchet Job of the Year" por sua resenha negativa para The Sense of na Ending, de Julian Barnes (Adam Mars-Jones ganhou o prêmio no dia 7 de fevereiro pela resenha de Ao anoitecer, de Michael Cunningham, como consta no site do prêmio), foi entrevistado na semana retrasada pelo jornal inglês The Guardian e disse algumas coisas tipicamente engraçadas e inteligentes sobre a natureza da crítica. Ele adverte contra o fascínio (talvez agravado por este prêmio) por escrever "frases espirituosas e condenáveis", à custa de "precisão de... julgamento".

Ele chama de "ingenuidade" pensar que os críticos não vão escrever sobre seus amigos ou inimigos . E ele traz à tona uma das minhas queixas de estimação pessoais sobre resenhas de livros: "Um dos problemas com resenhar é que os jornais estão obcecados com que suas resenhas apareçam primeiro – estar atualizado ao invés de ter tempo para formar uma visão mais considerável".

Como publicista, acho frustrante que editores de livros não queiram ou não possam atribuir resenhas de livros apenas alguns meses (ou semanas) após a janela de "oportunidade".

Dyer também critica um dos tipos mais comuns de resenhas negativas (uma resenha ruim de uma resenha ruim!):
Eu detesto quando um resenhista resume o enredo e adiciona algumas coisas no final sobre o estilo. Você está enfatizando a qualidade da escrita, mas de alguma maneira você correndo o risco de negligenciar a qualidade do julgamento.
O que me faz pensar num outro dos meus aborrecimentos críticos: que os resenhistas muitas vezes não conseguem apresentar claramente os seus próprios critérios estéticos antes de lançar ataques ou elogios. No exemplo acima, Dyer descreve o crítico comum que assume que algumas frases mal escritas significam um livro ruim. Dyer implica um critério crítico diferente: ele não está muito preocupado com a qualidade de escrita – há problemas maiores a serem considerados. Muitos argumentos aparentes sobre a qualidade de um livro ("Uma idéia brilhante!" versus "Horrivelmente escrito!") não estão realmente em desacordo sobre o livro. Pelo contrário, estas resenhas apenas expressam por baixo, mas frequentemente desarticulados, os conflitos sobre critérios para a “boa” arte.

Não seria mais fácil se os resenhistas fossem mais francos sobre o que eles querem? Por que, eu me pergunto, será que devemos ser forçados a inferir um sistema fundamental de avaliação dos resenhistas? (Respondendo minha própria pergunta: eu suspeito que muitos críticos não analisaram devidamente sua própria doutrina subjacente). Me parece evidente que qualquer crítico profissional deve ter por aí em algum lugar na web uma declaração formal de seus critérios literários. Essa lista não precisa (não deve) ser abrangente, mas pode fornecer uma base para a compreensão de como responder a um dado escrito por um crítico. Sem esses critérios, ler resenhas de livros parece um pouco como ser testemunha de uma condenação sem qualquer pista sobre a natureza da lei.

Algumas das melhores resenhas (a-hã, meus critérios) estão menos interessados em avaliar um livro do que descobrir ou revelar um critério útil. Por exemplo, no “Hatchet Job” de Marte-Jones para Ao anoitecer, de Cunningham, ele começa com a declaração: "Nada faz um romance parece mais vulnerável, mais nu, do que uma blindagem de referências literárias". Agora sabemos que um critério pelo qual Mars-Jones mede ficção. Ele teve a decência de ser dogmático. Bem longe dos padrões, ele está definindo sua regra: a referencialidade, particularmente se procura fazer um texto parecer mais significativo e poderoso, tem o efeito inverso de fazer um livro (ou escritor) parecer inseguro. Sem levar em conta se você concorda ou discorda desta afirmação, agora você pode ler o resto da resenha sabendo o que o resenhista destaca e acredita – o que lhe permite avaliar a forma como ele avalia.

Nathan Ihara é publicista da Melville House. Anteriormente, ela trabalhou como crítica literária do LA Weekly. O artigo foi reproduzido com permissão da editora.

*Imagem: Adam Mars-Jones recebendo o prêmio / reprodução hatchetjoboftheyear.com
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

UM PRÊMIO LITERÁRIO DEMOCRÁTICO!

Daqui há um mês vai começar a oitava edição do Tournament of Books. Para quem não conhece trata-se um campeonato anual entre 16 livros mais comentados ou ignorados da temporada norte-americana se enfrentam a fim de saber qual deles é o melhor (ou qual deles consegue convencer todo um júri especializado em literatura). Ao todo são quatro grandes rodadas em esquema mata-mata. Quem tiver melhor avaliação do júri segue na disputa até a grande final.

Tudo começou como uma conversa despretensiosa entre Kevin Guilfoile, John Warner e os editores do site themorningnews.org, Andrew Womack e Rosecrans Baldwin. Cansados daquelas premiações literárias arbitrárias e protocolares, eles tiveram a ideia de criar um prêmio que envolvesse algum drama, debate e muitas discussões. O torneio ainda permite a participação dos leitores no Zombie Round - livros que não entraram na competição "oficial", mas que os leitores acham que mereciam estar lá.

Justificar qual livro merece continuar na disputa não vai uma tarefa fácil para os jurados considerando que estão concorrendo escritores como Julian Barnes (ganhador do Man Booker Prize), Teju Cole, Jeffrey Eugenides, Chad Harbach, Haruki Murakami e Téa Obreht.

A lista completa dos 16 livros é essa aqui:

The Last Brother, de Nathacha Appanah
The Sense of an Ending, de Julian Barnes
Open City, de Teju Cole
Lightning Rods, de Helen DeWitt
The Sisters Brothers, de Patrick deWitt
A trama do casamento, de Jeffrey Eugenides
The Art of Fielding, de Chad Harbach
Stranger’s Child, de Alan Hollinghurst
Salvage the Bones, de Jesmyn Ward
1Q84, de Haruki Murakami
A noiva do tigre, de Téa Obreht
The Cat’s Table, de Michael Ondaatje
State of Wonder, de Ann Patchett
Devil All the Time, de Donald Ray Pollock
Swamplandia, de Karen Russell
Green Girl, de Kate Zambreno

*Os livros com título em português já foram lançado por aqui ou tem previsão de lançamento em breve. Julian Barnes vai sair pela Rocco; Teju Cole e Jeffrey Eugenides vão sair pela Companhia das Letras; Chad Harbach vai sair pela Intrínseca (provavelmente no ano que vem); Haruki Murakami vai sair pela Alfaguara.

No ano passado a disputa foi bastante apertada. Jennifer Egan com seu A visita cruel do tempo (recém-lançado pela Intrínseca) desbancou o favoritismo de Jonathan Franzen e seu comentadíssimo Liberdade. Olhando para os ganhadores das outras edições é possível ver que a disputa só tem peixe grande:

2011: A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan
2010: Wolf Hall, de Hilary Mantel
2009: Compaixão, de Toni Morrison
2008: A fantástica vida breve de Oscar Wao, de Junot Díaz
2007: A estrada, de Cormac McCarthy
2006: Por acaso, de Ali Smith
2005: Cloud Atlas, de David Mitchell

Qualquer semelhança do Tournament com a Copa de Literatura Brasileira não é mera coincidência - o nosso tornei foi inspirado no Tournament e tem uma tradição de quatro edições. Aliás, todo mundo anda na torcida por notícias sobre a edição 2012.

A ação do Tournament of Books começa dia 7 de março. Da primeira rodada haverá tensão na disputa entre 1Q84 versus The Last Brother e The Art of Fielding versus Open City. Ainda dá tempo de tirar o atraso e se aventurar nas leituras. Façam suas apostas!

*Imagem: reprodução da tabela do Tournament of Books.
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

NOVA INVASÃO RUSSA!?

O lançamento da primeira tradução de Guerra e paz feita diretamente do russo por Rubens Figueiredo confirmou nosso crescente interesse pela literatura daquele país. O livro foi um sucesso de vendas, público e crítica - um feito para um clássico de 2536 páginas que descreve nos mínimos detalhes a vida da sociedade na Rússia do século XIX e as manobras de Napoleão Bonaparte na tentativa de tomar o poder. Tamanho interesse pela literatura russa não é recente. O caminho foi aberto quase dez anos antes de Rubens Figueiredo completar a sua tarefa hercúlea.

O fenômeno da "nova invasão russa" começou em 1999 com a "Coleção Leste", da Editora 34, e a publicação de Crime e castigo, de Dostoiévski com tradução premiada de Paulo Bezerra - quem estabeleceu esse 'marco' não fui eu, mas Paulo Scarpin num artigo bacana "Nossos três russos: Paulo Bezzera, Boris Schnaiderman e Rubens Figueiredo" para a revista Piauí. De lá para cá, a editora 34 publicou pela mesma coleção outros trinta e três títulos com traduções primorosas. A Cosac Naify também contribuiu bastante na empreitada de traduzir os russos diretamente para o português. Além das obras de Liev Tolstói, a editora publicou títulos alguns livros pela coleção Prosa do Mundo (Ivan Turguêniev, Issac Bábel, Antón Tchekhov, Maksim Górki etc.) e por uma coleção simpaticamente batizada de "Russinhos", dedicada somente aos escritores daquele país.

A saúde editorial do nicho só atesta que a procura por esses clássicos está longe de acabar, ainda bem! Entretanto, pergunto se não seria um momento oportuno para ousar um pouco e publicar obras de escritores contemporâneos.

Foi assim que descobri um prêmio literário muito popular na Rússia chamado Независимая литературная премия "Дебют" (em inglês Debut Prize for young authors). O prêmio foi instituído em 2001 pela fundação Pokolenie e ganhou projeção internacional em 2010 - quando a fundação passou a traduzir os livros ganhadores e enviar seus autores para feiras de livros e festivais literários internacionais.

Da iniciativa surgiu uma antologia de jovens escritores russos com até 25 anos de idade - no estilo da série "jovens escritores..." que a New Yorker e a Granta já fizeram. A antologia foi publicada em inglês Squaring Circle (New Russian Writing) pela editora GLAS e em espanhol El segundo círculo pelo selo La otra orilla. Não sei porque razão alguns escritores da edição em inglês não estão na edição em espanhol e vice-versa.

A antologia me parece cercada de curiosidade porque nenhum dos escritores selecionados viveu a experiência da União Soviética - ou eram muito pequenos para entender o que estava acontecendo. Fator que por si só os cerca de exotismo. Como Olga Slávnikova, a organizado da antologia, aponta na introdução todos estão livres da herança política carregada pelas gerações anteriores. Eles não têm qualquer nostalgia pelo mundo soviético, tampouco lutam contra esse passado recente. O que lhes interessa é o momento presente da Rússia, sua realidade atual e tudo o que se passa dentro das suas fronteiras geográficas. Também não deixa de ser curioso que a maioria dos escritores cita como influências outros escritores russos, sem deixar de lado Nabokov, Gogol, Bulgákov, Tolstói, Dostoievski e Tchekhov.

(Não há como não lembrar das declarações de Vladimir Putin, primeiro-ministro russo, sobre a instituição de um cânone literário nacional que deveria ser obrigatório a todos os russos para fortalecer a identidade cultural do país. Será que essa atual geração atende aos anseios de Putin?).

Ainda, segundo a introdução, o maior dilema dos jovens russos é lidar com a incerteza diante dos problemas apresentados pela vida. Não existe garantia, planejamento ou estratégia num mundo onde é possível acontecer tudo, de bom ou ruim. Por ser um terreno imprevisível, a literatura serve perfeitamente para a situação. Não é à toa que o Debut Prize recebe mais de 50.000 textos todos os anos.

O jornal espanhól El País destacou três escritores da antologia: Alekséi Lukiánov, Olga Onóiko e Ígor Savéliev. Sendo o primeiro comparado a Italo Calvino. Particularmente ainda não li nenhum conto da antologia, mas um preview está disponível neste link - os textos aparecem integralmente, não sei porque cargas d'água.

Tomara que alguma editora esteja interessada nesse programa de divulgação desses novos escritores provenientes de um país com ampla tradição literária. Público não vai faltar, tenho certeza. Vamos cruzar os dedos e que venham os russos!

*Imagem: reprodução das fotos publicadas no El Pais / reprodução da capa das edições em espanhol e inglês.

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