quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
DAVID FOSTER WALLACE EM PORTUGUÊS
A gente fica salivando bastante quando vê um desses fenômenos em que livros gringos chamam atenção da mídia e ocupam as paradas literárias de sucesso. Feito aquele frango de padaria de domingo, muita gente conta os dias para devorar esse tal livro inteiro e reconhecer ou negar tudo o que andam dizendo pelos cantos. Foi o que aconteceu recentemente com Roberto Bolaño e Jonathan Franzen (para ficar com dois exemplos, apenas). Mas a fome sempre aperta quando um novo frango suculento surge na padaria do vizinho. De modo que todo mundo que acompanhou o burburinho em torno de David Foster Wallace e The Pale King, o aguardado livro póstumo e incompleto. Ele voltou a ser notícia essa semana, porque se estivesse vivo estaria completando 50 anos.
O nome de Foster Wallace começou a circular por aqui depois que a revista New Yorker organizou a primeira lista de 20 escritores com menos de 40 anos, em 1999. Nessa época ele já tinha se tornado o autor do homérico romance Infinite Jest e publicado vários textos de não-ficção (ensaios, reportagens etc.) na imprensa norte-americana. Em 2005, a Companhia das Letras publicou o livro de contos Breves entrevistas com homens hediondos com tradução de José Rubens Siqueira - um baita livro, por sinal. Mais ou menos na mesma época, Caetano Galindo, professor de linguística e tradução no curso de Letras da Universidade Federal do Paraná, nos presenteou com duas traduções inéditas do autor. Primeiro apareceu o conto A filosofia e o espelho da natureza (do livro Oblivion: Stories, de 2004), no portal Cronópios, e depois um capítulo de Infinite Jest, na revista Coyote nº 13 (editada pela Iluminuras). Não investiguei a fundo, mas parece que esse número da revista está esgotado. Se alguém tiver informações a respeito, por favor, entre em contato.
Em setembro de 2008, David Foster Wallace cometeu suícidio e deixou incompleto o romance em que estava trabalhando, The Pale King. O livro foi publicado somente em 2011, resgatando a força, o brilho e a genialidade da sua prosa. Ele foi considerado o "novo James Joyce".
De olho na repercussão desse lançamento a Companhia das Letras veio no ano passado como uma notícia salvadora: uma edição brasileira para Infinite Jest e The Pale King. A tradução de ambos vai ficar a cargo de Caetano Galindo (aquele mesmo de 2005). Boa decisão considerando a sua experiência anterior e paixão por Foster Wallace - Infinite Jest é para ele "o romance mais interessante dos anos 90".
Galindo já traduziu para o português obras de Thomas Pynchon, Tom Stoppard, Djuna Barnes, John Gray, Ali Smiht, entre outros. Atualmente está finalizando a tradução de A trama do casamento, de Jeffrey Eugenides (sai esse semestre pela Cia das Letras) e outra obra-prima da literatura moderna: Ulysses, de James Joyce (sai em abril pela Penguin-Companhia das Letras). Curiosamente ele começou a tradução de Ulysses em 2005, junto com as primeiras traduções que fez de David Foster Wallace.
Infinite Jest levou quatro anos sendo traduzido para o alemão e deve ficar pronto somente no ano que vem. Enquanto esperamos, está prometido para agosto desse ano o lançamento de uma coletânia de não-ficção organizada por Daniel Galera e com tradução dele e de Daniel Pellizzari. Vai ter A supposedly fun thing I'll never do again e Consider the lobster.
Sobre o futuro lançamento de The Pale King, ainda não há muitas notícias.
*Imagem: reprodução desse tumblr.
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Alguma notícia sobre a reedição de Extremamente alto e incrivelmente perto, Rafael? Obrigado.
ResponderExcluirWellington, uma nova fornada foi impressa e o livro já está sendo vendido nas livrarias.
ResponderExcluirA julgar por outras obras semelhantes da Companhia, chuto um preço na casa dos R$ 70.
ResponderExcluirImportar é muito mais jogo.