No final de abril, falei sobre uma nova revista de ficção pitando na internet. Pois bem, não demorou quase nada e chegou o primeiro número da TREVO - você pode ler onde quiser no computador, ereader, celular etc. Tem um monte de textos inéditos de jovens escritores brasileiros e ilustrações da Mariana Lucio de Oliveira.
Vida longa a TREVO!
*Imagem: reprodução.
terça-feira, 24 de julho de 2012
sexta-feira, 20 de julho de 2012
NOTAS #38
Jantar fictício
Já imaginou se a gente conseguisse fotografar as refeições das nossas personagens favoritas? Foi pensando nisso que Dinah Fried montou a série Fictitious Dishes retratando refeições dos romances O apanhador no campo de centeio (foto acima), Oliver Twist, Alice no país das maravilhas, Os homens que não amavam as mulheres e Moby Dick. Nem preciso dizer que o prato do Oliver Twist é o mais simples, né?
Ficção para homens
Foi se o tempo em que romances e contos eram mania das "senhouras". Não se engane: ficção também é coisa para homem. Se alguém ainda tinha alguma dúvida, a revista Esquire responde com três novas histórias assinadas por Stephen King e Joe Hill (respectivamente, pai e filho), Lee Child e Column McCann - foram publicadas na edição do mês passado. Tem de ser muito macho!
***
Falando nisso, o novo romance de Column McCann está pronto, mas deve chegar às livrarias norte-americanas somente em 2013. O livro chamado Transatlantic usa a história de três pessoas reais para criar uma obra de ficção: um escravo negro que parte dos Estados Unidos rumo a Irlanda em busca de democracia e liberdade, em 1845; dois jovens pilotos de avião deixam a Primeira Guerra Mundial para protagonizar o primeiro vôo transatlântico entre Newfoundland e o oeste da Irlanda, em 1919; e um senador americano que viaja para a Irlanda em busca de paz, em 1998.
De uma certa forma, McCann repete uma experiência que está presente em Deixe o grande mundo girar - transformando em ficção a história real do artista francês Philippe Petit caminhando por um cabo de aço entre as torres do World Trade Center. Enquanto o artista se apresenta várias histórias brotam e convergem para um ponto de vista único. Afinal, como o próprio McCann gosta de afirmar "uma história são todas as história".
Edição limitada
1Q84, de Haruki Murakami fez muito sucesso nos países em que foi publicado. Nada que se compare ao lançamento no Japão, com as filas enormes e leitores dormindo na porta das livrarias - digamos que na Europa e nos Estados Unidos o frisson foi um pouco menor. Pois bem, se você é fã do escritor japonês é bom correr logo. Acaba de sair uma edição limitada e autografada de apenas 111 exemplares de 1Q84. Os três volumes recebem papel e tipografia especial. Ah! O texto está em inglês.
***
No Brasil, 1Q84 deve chegar no segundo semestre - em edição normal mesmo.
Serrote 11
Acaba de chegar às livrarias a nova número da Serrote, revista de ensaismo publicada pelo Instituto Moreira Salles. A capa e o ensaio visual fazem parte da série Cabinet, feita pela americana Roni Horn. Tem ainda um um ensaio exclusivo do colombiano Héctor Abad sobre Joseph Roth; um perfil da escritora Marguerite Duras assinado por Enrique Vila-Matas; Brian Boyd falando sobre Machado de Assis e Vladimir Nabokov; Susan Sontag descrevendo seu encontro com o escritor Thomas Mann e Harold Pinter falando da primeira noite em que viu Samuel Beckett e muitas outras coisas mais.
***
As duas belas surpresas ficam por conta do perfil de Michael Jackson assinado por John Jeremiah Sullivan, sensacão do ensaísmo americano, e o jovem jornalista Karl Marx na visão de Christopher Hitchens.
Salvato Telles Menezes (o pai) tem no currículo traduções dos livros V., de Thomas Pynchon e Cidades da noite vermelha, de William Burroughs (foi publicado no Brasil com o título Cidades da noite escarlate). Já Vasco Menezes (o filho) traduziu obras de Chuck Palahniuk e Por um fio, de Thomas McGuane (inédito no Brasil).
As mais de mil páginas foram traduzida apenas na Espanha (La broma infinita) e na Alemanha (Unendlicher Spaß) - por lá, o trabalho levou quatro anos.
***
No Brasil, Infinite jest será publicado pela Companhia das Letras com tradução de Caetano Waldrigues Galindo (que traduziu Ulysses e muitas coisas mais). Ainda não tem previsão de lançamento, mas não deve sair antes de 2013.
Já imaginou se a gente conseguisse fotografar as refeições das nossas personagens favoritas? Foi pensando nisso que Dinah Fried montou a série Fictitious Dishes retratando refeições dos romances O apanhador no campo de centeio (foto acima), Oliver Twist, Alice no país das maravilhas, Os homens que não amavam as mulheres e Moby Dick. Nem preciso dizer que o prato do Oliver Twist é o mais simples, né?
Foi se o tempo em que romances e contos eram mania das "senhouras". Não se engane: ficção também é coisa para homem. Se alguém ainda tinha alguma dúvida, a revista Esquire responde com três novas histórias assinadas por Stephen King e Joe Hill (respectivamente, pai e filho), Lee Child e Column McCann - foram publicadas na edição do mês passado. Tem de ser muito macho!
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Edição limitada
1Q84, de Haruki Murakami fez muito sucesso nos países em que foi publicado. Nada que se compare ao lançamento no Japão, com as filas enormes e leitores dormindo na porta das livrarias - digamos que na Europa e nos Estados Unidos o frisson foi um pouco menor. Pois bem, se você é fã do escritor japonês é bom correr logo. Acaba de sair uma edição limitada e autografada de apenas 111 exemplares de 1Q84. Os três volumes recebem papel e tipografia especial. Ah! O texto está em inglês.
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No Brasil, 1Q84 deve chegar no segundo semestre - em edição normal mesmo.
Acaba de chegar às livrarias a nova número da Serrote, revista de ensaismo publicada pelo Instituto Moreira Salles. A capa e o ensaio visual fazem parte da série Cabinet, feita pela americana Roni Horn. Tem ainda um um ensaio exclusivo do colombiano Héctor Abad sobre Joseph Roth; um perfil da escritora Marguerite Duras assinado por Enrique Vila-Matas; Brian Boyd falando sobre Machado de Assis e Vladimir Nabokov; Susan Sontag descrevendo seu encontro com o escritor Thomas Mann e Harold Pinter falando da primeira noite em que viu Samuel Beckett e muitas outras coisas mais.
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As duas belas surpresas ficam por conta do perfil de Michael Jackson assinado por John Jeremiah Sullivan, sensacão do ensaísmo americano, e o jovem jornalista Karl Marx na visão de Christopher Hitchens.
Foster Wallace em terras portuguesas
Uma notícia envolvendo David Foster Wallace está agitando a temporada de lançamentos literários em Portugal. Salvato Telles Menezes e Vasco Menezes, respectivamente pai e filho, estão empenhados na árdua tarefa de traduzir Infinite Jest - na versão portuguesa o livro receberá o carinhoso título de A piada infinita. O livro tem previsão de lançamento em novembro pela editora Quetzal e irá inaugura uma série de traduções da obra de Foster Wallace em Portugal (até agora nenhum de seus livros tinha sido publicado no país).Salvato Telles Menezes (o pai) tem no currículo traduções dos livros V., de Thomas Pynchon e Cidades da noite vermelha, de William Burroughs (foi publicado no Brasil com o título Cidades da noite escarlate). Já Vasco Menezes (o filho) traduziu obras de Chuck Palahniuk e Por um fio, de Thomas McGuane (inédito no Brasil).
As mais de mil páginas foram traduzida apenas na Espanha (La broma infinita) e na Alemanha (Unendlicher Spaß) - por lá, o trabalho levou quatro anos.
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No Brasil, Infinite jest será publicado pela Companhia das Letras com tradução de Caetano Waldrigues Galindo (que traduziu Ulysses e muitas coisas mais). Ainda não tem previsão de lançamento, mas não deve sair antes de 2013.
*Imagens: Dinah Fried/reprodução; The Curved House/reprodução e capas do livros/divulgação.
NOTAS #38
quarta-feira, 18 de julho de 2012
DA EUROPA COM AMOR E DO BRASIL COM PAIXÃO
Já que "quase ninguém se importa com literatura brasileira - especialmente com a NOVA literatura brasileira" (como disse o André Barcinski), então vamos falar da literatura que importa para muita gente. Que tal a européia?
A editora Dalkey Archive publicou no começo do ano o terceiro número da antologia anual Best European Fiction, editada pelo escritor Aleksandar Hemon. Ele foi convidado pela Dalkey Archive para editar a primeira antologia em 2009. A ideia era colocar em circulação nos Estados Unidos e na Inglaterra escritores europeus contemporâneos que dificilmente seriam traduzidos por grandes editoras - exceto os fenômenos como Roberto Bolaño (sim, ele não era europeu, mas morava na Espanha), Per Petterson, Stieg Larsson e companhia que surgem ora aqui, ora ali.
Os autores europeus podem enviar textos recentes em sua língua original. O pessoal da Dalkey Archive corre para fazer as traduções e junto com Hemon fazem a seleção dos melhores. Infelizmente não é possível incluir tudo o que enviam e nem publicar um texto de cada país (se fosse assim a antologia teria mais de mil página, tranquilamente). Também acontece de alguns paises não enviarem nenhum texto, por isso ficam de fora. O prefácio sempre tem algum escritor renomado: Zadie Smith, em 2010 e Colum McCann, em 2011. Depois de publicada não rola nenhuma discussão no Twitter, no Facebook etc.
Para o número Best European Fiction 2012 foram selecionados 31 textos de 28 países diferentes - indo de Portugal até o extremo Leste Europeu. A Espanha participa com três textos, sendo: um galego, outro catalão e outro espanhol propriamente dito. O prefácio escrito por Nicole Krauss destaca o fato dos leitores anglófanos consumirem quase 90% ou mais da literatura produzida em seus próprios países e apenas 10% ou menos da literatura estrangeira. Isso mesmo, não traduzem quase nada para o inglês.
(Não tenho a menor ideia do volume de tradução no Brasil, mas usando minha matemática de botequim posso dizer que a proporção é bem maior do que nos Estados Unidos. Ainda que não sejamos um país de muitos leitores.)
Desse número, os leitores brasileiros podem conhecer apenas a francesa Marie Darrieussecq (que teve alguns livros publicados pela Companhia das Letras e está fora de catálogo) e o português Rui Zink (que teve dois livros publicados pela Editora Planeta).
Uma pena que a antologia circule apenas em inglês.
***
Evidentemente, a frase do André Barcinski tem uma provocação embutida. Algumas pessoas pelo Brasil, não necessariamente aquelas da vida real, se importam com a literatura brasileira. Além da Mercearia São Pedro (para quem não conhece é um bar em São Paulo, no bairro da Vila Madalena), tem escritores em Porto Alegre (aliás, aos montes; tanto que criaram um campeonato literário só com escritores de lá), no Rio de Janeiro (qual o bar dos escritores no RJ?), em Salvador, no Recife e em Belo Horizonte - desculpem se esqueci as outras praças. A galera dessas turmas deve ter ficado bem chateada com a provocação da frase. Tem ainda o pessoal da periferia (essas sim, pessoas da vida real que não estão nem ligando para a turma da Granta e afins) que está quilômetros distante da Mercearia e estão fazendo sua própria literatura - vide a FLUPP, Sarau da Cooperifa e muitos outros.
Putz! Esqueci de falar dos autores e leitores da chamada "literatura do entretenimento" - a maioria apareceu na antologia Geração subzero, da editora Record. Os leitores devem ter ficado bem chateados com a tal frase. Uma reportagem da revista ÉPOCA falou que a tiragem em exemplares da Thalita Rebouças chega a 1,3 milhão; André Vianco - 900 mil; Eduardo Spohr - 360 mil; e Raphael Draccon - 130 mil.
Portanto, fiquem calmos. Se um caminhão desgovernado bater na Mercearia a literatura brasileira contemporânea não vai acabar.
***
Em tempo, se você quiser ler as resenhas sobre a Granta que saíram nos jornais clique aqui, aqui, aqui e aqui. Eu fico com o Nelson de Oliveira, "precisamos de mais antologias. Os norte-americanos, que entendem realmente de mercado editorial, lançam numa década dúzias de antologias."
Próximo assunto, por favor.
A editora Dalkey Archive publicou no começo do ano o terceiro número da antologia anual Best European Fiction, editada pelo escritor Aleksandar Hemon. Ele foi convidado pela Dalkey Archive para editar a primeira antologia em 2009. A ideia era colocar em circulação nos Estados Unidos e na Inglaterra escritores europeus contemporâneos que dificilmente seriam traduzidos por grandes editoras - exceto os fenômenos como Roberto Bolaño (sim, ele não era europeu, mas morava na Espanha), Per Petterson, Stieg Larsson e companhia que surgem ora aqui, ora ali.
Os autores europeus podem enviar textos recentes em sua língua original. O pessoal da Dalkey Archive corre para fazer as traduções e junto com Hemon fazem a seleção dos melhores. Infelizmente não é possível incluir tudo o que enviam e nem publicar um texto de cada país (se fosse assim a antologia teria mais de mil página, tranquilamente). Também acontece de alguns paises não enviarem nenhum texto, por isso ficam de fora. O prefácio sempre tem algum escritor renomado: Zadie Smith, em 2010 e Colum McCann, em 2011. Depois de publicada não rola nenhuma discussão no Twitter, no Facebook etc.
Para o número Best European Fiction 2012 foram selecionados 31 textos de 28 países diferentes - indo de Portugal até o extremo Leste Europeu. A Espanha participa com três textos, sendo: um galego, outro catalão e outro espanhol propriamente dito. O prefácio escrito por Nicole Krauss destaca o fato dos leitores anglófanos consumirem quase 90% ou mais da literatura produzida em seus próprios países e apenas 10% ou menos da literatura estrangeira. Isso mesmo, não traduzem quase nada para o inglês.
(Não tenho a menor ideia do volume de tradução no Brasil, mas usando minha matemática de botequim posso dizer que a proporção é bem maior do que nos Estados Unidos. Ainda que não sejamos um país de muitos leitores.)
Desse número, os leitores brasileiros podem conhecer apenas a francesa Marie Darrieussecq (que teve alguns livros publicados pela Companhia das Letras e está fora de catálogo) e o português Rui Zink (que teve dois livros publicados pela Editora Planeta).
Uma pena que a antologia circule apenas em inglês.
***
Evidentemente, a frase do André Barcinski tem uma provocação embutida. Algumas pessoas pelo Brasil, não necessariamente aquelas da vida real, se importam com a literatura brasileira. Além da Mercearia São Pedro (para quem não conhece é um bar em São Paulo, no bairro da Vila Madalena), tem escritores em Porto Alegre (aliás, aos montes; tanto que criaram um campeonato literário só com escritores de lá), no Rio de Janeiro (qual o bar dos escritores no RJ?), em Salvador, no Recife e em Belo Horizonte - desculpem se esqueci as outras praças. A galera dessas turmas deve ter ficado bem chateada com a provocação da frase. Tem ainda o pessoal da periferia (essas sim, pessoas da vida real que não estão nem ligando para a turma da Granta e afins) que está quilômetros distante da Mercearia e estão fazendo sua própria literatura - vide a FLUPP, Sarau da Cooperifa e muitos outros.
Putz! Esqueci de falar dos autores e leitores da chamada "literatura do entretenimento" - a maioria apareceu na antologia Geração subzero, da editora Record. Os leitores devem ter ficado bem chateados com a tal frase. Uma reportagem da revista ÉPOCA falou que a tiragem em exemplares da Thalita Rebouças chega a 1,3 milhão; André Vianco - 900 mil; Eduardo Spohr - 360 mil; e Raphael Draccon - 130 mil.
Portanto, fiquem calmos. Se um caminhão desgovernado bater na Mercearia a literatura brasileira contemporânea não vai acabar.
***
Em tempo, se você quiser ler as resenhas sobre a Granta que saíram nos jornais clique aqui, aqui, aqui e aqui. Eu fico com o Nelson de Oliveira, "precisamos de mais antologias. Os norte-americanos, que entendem realmente de mercado editorial, lançam numa década dúzias de antologias."
Próximo assunto, por favor.
*Imagem: reprodução capa da antologia.
DA EUROPA COM AMOR E DO BRASIL COM PAIXÃO
SEGUNDA VOZ - RÁDIO BATUTA - IMS
Passando aqui para recomendar um mimo que o pessoal do Instituto Moreira Salles nos presenteou: Segunda Voz - isso para não falar do Gabinete de Curiosidades, da Mariana Newlands. Trata-se de uma série de programas organizados pela Rádio Batuta, do IMS. Alguns autores que estavam na programação oficial da FLIP foram convidados para falar sobre suas personagens preferidas na literatura. Achei que as gravações fossem ao ar aos poucos depois que a FLIP tivesse terminado. Que nada! A séria completa já está no ar.
Dulce Maria Cardoso escolheu a personagem de Flaubert, Madame Bovary; Juan Gabriel Vásquez ficou com Charles Marlow, do livro O coração das trevas escrito por Joseph Conrad; Enrique Vila-Matas falou sobre Nick Carraway do romance O grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald); Alejandro Zambra pegou Giovanni Drogo de O deserto dos tártaros, escrito por Dino Buzatti.
No ano passado a mesma Rádio Batuta organizou a bela série Prefácios - que deu uma pausa e espero que seja breve.
Tem mais coisas. Vale a pena gastar um tempinho.
*Imagem: reprodução do site da Rádio Batuta.
SEGUNDA VOZ - RÁDIO BATUTA - IMS
sexta-feira, 13 de julho de 2012
BLOG MENTE ABERTA - DOIS
Nessa semana, no blog Mente Aberta, falo sobre a literatura brasileira contemporânea na FLIP. Para ler é só clicar aqui!
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quarta-feira, 11 de julho de 2012
BALANÇO OU O QUE EU VI DA FLIP 2012
Juro! Eu estava escrevendo um balanço sobre "o que eu vi da FLIP" (ainda dá tempo?) e começaria o texto dizendo que o escritor Francisco Dantas foi o que melhor sintetizou o espírito dessa edição ao dizer que não podemos exigir dos escritores muita desenvoltura diante de uma platéia e um microfone. Só que o Ubiratan Brasil, do Estadão, teve a mesma ideia e correu na minha frente. Uma pena! Seja como for, resolvi eleger o texto do Bira (ouvi um monte de gente chamando ele assim) a melhor análise da FLIP. Inclusive, assinaria embaixo do título da reportagem - "FLIP mantém desafio de balancear fama e intimismo".
Do que eu vi, achei a mesa com Gary Shteyngart e Hanif Kureishi muito bem humorada (do jeito que deveria ser e que o público queria que fosse, me parece). Em contrapartida, Jonathan Franzen... bem, Jonathan Franzen não agradou todo mundo, mas entendo as razões dele.
Não deixo de achar graça nos mediadores que ao começo de quase todas as mesas diziam "estamos diante do maior autor..." ou "estamos diante de grandes autores...". Ok, a gente sabe que eles são importantes do contrário não estariam por ali, certo?
Outro assunto que dominou todas as mesas foi o dilema da pátria: devemos pertencer ou não pertencer a este lugar, eis a questão? Fique claro que não estou falando com ironia - o assunto rendeu boas discussões e demonstrou como boa literatura pode surgir desses deslocamentos. A literatura (ou o gesto de escrever um livro) como forma de terapia também me pareceu meio dominante. Muitos escritores falaram a respeito.
***
Por isso, acho estranho alguém afirmar que a FLIP foi monótona, que um defeito foi mesas unindo escritores com afinidades (cheias de elogios mútuos), erros e mais erros e tudo o mais. Li um monte de gente dizendo essas coisas. Fiquei com a impressão de que a imprensa sempre espera conflitos nas mesas para criar um fato jornalístico e ter notícia (ter sobre o que falar). Afinal, se um escritor só fala das qualidades do outro não tem muito como atrair atenção de todo mundo. Ao lado de Jennifer Egan, Ian McEwan até fez uma piada sobre isso dizendo "Não seria muito mais divertido se odiássemos o trabalho um do outro?".
Entendo que a ideia de mesas conjuntas pressupõe um deba
Para não me extender muito, deixo o caso do Jonathan Franzen para um outro momento.
***
Parece meio anacrônico fazer um texto sobre a FLIP - agora que a Festa já acabou e outra edição só no ano que vem. No entanto, estive na FLIP e queria muito ter feito uma cobertura um pouco "em tempo real". Infelizmente, faço o blog sozinho e conseguir acesso a internet em Paraty é meio complicado. Também fiquei avesso a ideia de escrever sobre as mesmas coisas que os jornais estavam publicando. Além disso, tem a transmissão ao vivo das mesas pela internet e teve até transcrição que o blog da Companhia das Letras com todo (ou quase todo) diálogo dos autores da editora (trabalho da Diana Passy).
Pensando em pautas, me deu vontade de escrever sobre tudo o que não é propriamente literatura. Tipo, o sanduíche que Jennifer Egan não comeu; o passeio anônimo de Gary Shteyngart pela beira do canal; Ian McEwan esbanjando seu humor inglês e Teju Cole com um olhar muito curioso por tudo. Para não dizer dos escritores brasileiros (alguns até com nome na lista da Granta) que estavam circulando bem à vontade pela Praça da Matriz. Ah! Teve a história da camisa engomada do Francisco Dantas... fica pra próxima.
***
Entendo que o público, muitas vezes, espera uma tremenda performance por parte dos escritores convidados. Acontece que alguns conseguem e outros não. Resta a pergunta: será que isso realmente torna a Festa mais desinteressante - para não dizer monótona?
Do que eu vi, achei a mesa com Gary Shteyngart e Hanif Kureishi muito bem humorada (do jeito que deveria ser e que o público queria que fosse, me parece). Em contrapartida, Jonathan Franzen... bem, Jonathan Franzen não agradou todo mundo, mas entendo as razões dele.
Não deixo de achar graça nos mediadores que ao começo de quase todas as mesas diziam "estamos diante do maior autor..." ou "estamos diante de grandes autores...". Ok, a gente sabe que eles são importantes do contrário não estariam por ali, certo?
Agora mudando um pouco para a cobertura da FLIP pelos jornais.
Como tudo na vida, um festival (seja literário ou não) sempre é uma experiência muito particular. Cada participante tem um modo muito distinto de ver as coisas. Quem esteve em Paraty pensou uma coisa, quem viu a transmissão das mesas pela internet pensou outra e quem acompanhou pelos jornais (ou pela internet nos blogs, Twitter, Facebook e afins) pensou outra completamente diferente. Fica difícil achar um discurso central que atenda todas as percepções.
Como tudo na vida, um festival (seja literário ou não) sempre é uma experiência muito particular. Cada participante tem um modo muito distinto de ver as coisas. Quem esteve em Paraty pensou uma coisa, quem viu a transmissão das mesas pela internet pensou outra e quem acompanhou pelos jornais (ou pela internet nos blogs, Twitter, Facebook e afins) pensou outra completamente diferente. Fica difícil achar um discurso central que atenda todas as percepções.
Por isso, acho estranho alguém afirmar que a FLIP foi monótona, que um defeito foi mesas unindo escritores com afinidades (cheias de elogios mútuos), erros e mais erros e tudo o mais. Li um monte de gente dizendo essas coisas. Fiquei com a impressão de que a imprensa sempre espera conflitos nas mesas para criar um fato jornalístico e ter notícia (ter sobre o que falar). Afinal, se um escritor só fala das qualidades do outro não tem muito como atrair atenção de todo mundo. Ao lado de Jennifer Egan, Ian McEwan até fez uma piada sobre isso dizendo "Não seria muito mais divertido se odiássemos o trabalho um do outro?".
Entendo que a ideia de mesas conjuntas pressupõe um deba
te, mas tenho a impressão que uma parte da platéia está mais interessada em ver o escritor falando sobre qualquer coisa do que debatendo assuntos propriamente (cof!) literários. Valter Hugo Mãe, para citar um caso, falou sobre o desejo de ter filhos, sobre a alegria dos brasileiros, leu carta e conquistou a platéia. Não houve debate, discussão ou polêmica e desconheço uma pessoa que não tenha gostado (quer dizer, teve gente que não gostou só que ele tinha uma platéia inteira a seu favor).
Discursos políticos e "conflitos" (não propriamente por discordância ou saia justa entre autores) estiveram presentes na mesa com Adonis e Amin Maalouf (não vi, estou me baseando no texto do Bira e nas coisas que li) e na mesa com Zoé Valdés e Dany Laferrière (vi e achei bastante política a postura dela ao falar francês - ela é cubana - e a força do discurso dele falando sobre a ditadura haitiana). Evidentemente, nenhum deles atirou fogo na tenda dos autores. O gesto político foi sutil, mas perceptível.
Para não me extender muito, deixo o caso do Jonathan Franzen para um outro momento.
***
Parece meio anacrônico fazer um texto sobre a FLIP - agora que a Festa já acabou e outra edição só no ano que vem. No entanto, estive na FLIP e queria muito ter feito uma cobertura um pouco "em tempo real". Infelizmente, faço o blog sozinho e conseguir acesso a internet em Paraty é meio complicado. Também fiquei avesso a ideia de escrever sobre as mesmas coisas que os jornais estavam publicando. Além disso, tem a transmissão ao vivo das mesas pela internet e teve até transcrição que o blog da Companhia das Letras com todo (ou quase todo) diálogo dos autores da editora (trabalho da Diana Passy).
Pensando em pautas, me deu vontade de escrever sobre tudo o que não é propriamente literatura. Tipo, o sanduíche que Jennifer Egan não comeu; o passeio anônimo de Gary Shteyngart pela beira do canal; Ian McEwan esbanjando seu humor inglês e Teju Cole com um olhar muito curioso por tudo. Para não dizer dos escritores brasileiros (alguns até com nome na lista da Granta) que estavam circulando bem à vontade pela Praça da Matriz. Ah! Teve a história da camisa engomada do Francisco Dantas... fica pra próxima.
***
Não posso deixar de falar do telão que deu problema em vários momentos e da tradução meio sofrida - Vila Matas leu em espanhol um poema de Fernando Pessoa (na mesa de cabeceira que eu vi do telão, ali bem na areia da praia) e houve uma "tradução" para o português que diferia muito do poema original; imagina a versão que Ian McEwan não estava ouvindo? Tudo bem, a culpa não é dos tradutores e nem da organização porque não é possível prever o que determinado autor vai ler naquele momento. Alguém tem alguma solução?
***
Devo voltar ao assunto FLIP uma ou duas vezes mais - prometo!
*Imagem: exposição "os leitores"/André Conti - peguei do flickr da FLIP.
Devo voltar ao assunto FLIP uma ou duas vezes mais - prometo!
*Imagem: exposição "os leitores"/André Conti - peguei do flickr da FLIP.
BALANÇO OU O QUE EU VI DA FLIP 2012
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sexta-feira, 6 de julho de 2012
A LISTA OFICIAL DOS JOVENS ESCRITORES BRASILEIROS NA GRANTA
Ontem, os editores da revista GRANTA (junto com os editores da versão nacional) finalmente anunciaram os nomes dos jovens escritores brasileiros que vão compor a famosa seleção da revista. O anuncio rolou numa coletiva de imprensa em Paraty depois de muita espera, muita especulação e muita teoria da conspiração. Acho até que anda rolando uma certa preguiça geral em ouvir falar sobre esse assunto. Independente disso, vale dizer que a seleção é importante por colocar em circulação internacional nomes da nossa literatura contemporânea. Um dos editores até comentou que nomes contemplados pelo Man Booker Prize saíram de seleções anteriores da Granta (versão inglesa, evidentemente).
Se você ainda não viu a lista circulando pela internet, aqui estão os escritores selecionados:
Cristhiano Aguiar
Javier Arancibia Contreras
Vanessa Barbara
Carol Bensimon
Miguel Del Castillo
João Paulo Cuenca
Laura Erber
Emilio Fraia
Julián Fuks
Daniel Galera
Luisa Geisler
Vinicius Jatobá
Michel Laub
Ricardo Lísias
Chico Mattoso
Antonio Prata
Carola Saavedra
Tatiana Salem Levy
Leandro Sarmatz
Antônio Xerxenesky
***
Comparando a lista oficial com os meus palpites descobri que acertei apenas 8 dos 20 nomes - achei meu "score" um tanto baixo. Alguns nomes da lista me surpreenderam e outros são realmente inéditos para mim. Alguém acertou mais nomes?
Ainda não coloquei as mãos em nenhum exemplar para dar uma olhada nos textos selecionados e na belezura da edição. Aqui em Paraty tem apenas uma livraria que fica cheia de gente o tempo inteiro.
E vocês, o que acharam da seleção?
Miguel Del Castillo
João Paulo Cuenca
Laura Erber
Emilio Fraia
Julián Fuks
Daniel Galera
Luisa Geisler
Vinicius Jatobá
Michel Laub
Ricardo Lísias
Chico Mattoso
Antonio Prata
Carola Saavedra
Tatiana Salem Levy
Leandro Sarmatz
Antônio Xerxenesky
***
Comparando a lista oficial com os meus palpites descobri que acertei apenas 8 dos 20 nomes - achei meu "score" um tanto baixo. Alguns nomes da lista me surpreenderam e outros são realmente inéditos para mim. Alguém acertou mais nomes?
Ainda não coloquei as mãos em nenhum exemplar para dar uma olhada nos textos selecionados e na belezura da edição. Aqui em Paraty tem apenas uma livraria que fica cheia de gente o tempo inteiro.
E vocês, o que acharam da seleção?
ATUALIZAÇÃO: não sei se alguém tem o número parcial de vendas, mas a revista deve ter sido um sucesso - comercialmente falando. Na Livraria Cultura existe uma fila de 15 pessoas (até esse momento) esperando para colocar as mãos num exemplar. Parece que a pré-venda teve grande procura.
Como não poderia deixar de ser, a revista está rendendo discussões na internet sobre os critérios usados para selecionar os escolhidos. Via Raquel Cozer descobri o blog OffGranta - para os inscritos que ficaram de fora se manifestarem. Por enquanto apenas dois escritores deram as caras.
O assunto ainda vai render bastante. Na quarta-feira, John Freeman, editora da Granta inglesa, participa de um bate-papo sobre "as revistas literárias hoje" com Paulo Poberto Pires e Arthur Dapieve no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro. O evento também promove o lançamento da nova edição da revista Serrote.
Na quinta-feira, Freeman estará na Livraria da Vila em São Paulo ao lado de Manuel da Costa Pinto e Marcelo Ferroni (dois jurados que ajudaram na decisão final). Não descobri a pauta do encontro, mas certamente será em torno da revista.
*Imagem: reprodução do site do jornal O Globo/ Caderno Prosa&Verso
A LISTA OFICIAL DOS JOVENS ESCRITORES BRASILEIROS NA GRANTA
AUSÊNCIA - RUMO À FLIP!
Caros, leitores!
Estou indo rumo à FLIP. Pretendo atualizar o blog de lá, mas não sei se vou ter sucesso em função do tempo e do acesso ao wi-fi/internet. Prometo que vou tentar. Se não pintar nenhum texto novo até domingo, não se preocupe. Quando voltar terei muitas histórias para contar.
Nos vemos na FLIP.
*Imagem: Nelson Toledo - Flickr da FLIP.
AUSÊNCIA - RUMO À FLIP!
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