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As discussões e os comentários literários sempre se dão em torno de livros impressos, mas a era digital já está dando sinais de que vai disputar uma fatia desse bolo. Se a tentativa será próspera ou não, só o tempo dirá. Mas nas últimas semanas tem sido constante as notícias em torno de aplicativos gratuitos desenvolvidos para iPad, iPhone e Androids.
Se não estou enganado o primeiro caso sério que despertou o mundo das letras foi o aplicativo do poema The Waste Land (A Terra Desolada), de T.S. Eliot. Nele é possível não só ler o poema em forma de texto, como escolher a pessoa que vai ler o poema para você (tem Viggo Mortensen, o próprio Eliot e outros) e assistir um vídeo com uma leitura dramática feita pela atriz Fiona Shaw. Tem também vários menus explicativos, outros vídeos explicativos, fotos da vida de Eliot e as imagens do manuscrito original com as anotações e tudo o mais.
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Existem também os aplicativos não tão sofisticados - diria rudimentares perto desses dois novos - dos livros Alice no país das maravilhas, de Lewis Caroll (que chamou atenção por causa do vídeo no youtube) e A guerra dos mundos, de H.G. Wells (é interativo, mas um pouco limitado).
Para completar a lista, a editora Penguin dos Estados Unidos acabou de
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Pensando no futuro, mas lembrando o passado
Olhando esses aplicativos, me lembrei da minha adolescência quando existiam aqueles CD-ROMs interativos que pareciam ser coisa do futuro - alguém lembra disso? O negócio tinha mil complicações, um designer meio quadrado e travava totalmente o computador. Eles eram vendidos como verdadeiras enciclopédias eletrônicas que iriam facilitar a vida do seu filho na escola. Felizmente o negócio não vingou depois do boom da internet.
O princípio dos aplicativos é bem parecido com o dos CD-ROMs, a diferença é a imaterialidade. Você não vai ter de reservar espaço na escrivaninha para nada. Tudo é virtual, numa base de dados que fica lá na China e você acessa através de servidores na internet. Uma beleza.
É fácil entrar naquelas discussões sobre a morte do livro, o mundo pós-humano, a era das máquinas e o desejo virtual. No entanto, não acredito que os "apps" vão mudar a nossa maneira de ler romances ou nosso interesse por livro em papel - pelo menos por um longo tempo. Até agora todas essas novidades facilitam a vida na hora de fazer pesquisa ou encontrar aquele livro cujo nome você esqueceu. Também ajudam quando você queria ter aquele livro bem a mão.
Para as editoras, criar um aplicativo com seu catálogo não deixa de ser um negócio interessante. Mas para o leitor os benefícios não são lá tantos entusiasmantes. Para a literatura do futuro muito menos. Pode ser que a pessoa que vai revolucionar a maneira como lemos ainda esteja para surgir nos próximos cem anos.
*imagens: reproduções.
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