terça-feira, 17 de agosto de 2010

CHARLES BUKOWSKI - 90 ANOS

A data não pode passar despercebida: ontem foi aniversário de Charles Bukowski. Se estivesse vivo, o velho safado estaria completando 90 anos. Infelizmente, ele faleceu de leucemia em 1994, aos 73 anos.

Bukowski nasceu na Alemanha, mas foi para os Estados Unidos quando menino. Passou a maior parte de sua vida em Los Angeles, cidade que lhe serviu de inspiração para compor sua obra. Quando adolescente enfrentou problemas com o pai violento e por causa de uma inflamação no rosto viveu meio solitariamente. Foi quando descobriu suas duas paixões: a literatura e o álcool. Parece que suas maiores influências foram Hemingway e Dostoiévski.

Sua vida pessoal foi a maior fonte de inspiração para compor uma obra extensa que compreende romances, contos e poemas. As histórias de Bukowski quase sempre retratam personagens envolvidas num submundo impregnado de melancolia, álcool, cigarro, prostituição e pobreza. Bem distante dos modelos de felicidade impostos pela sociedade. Os desastres da vida rendem momentos repletos de tristeza e lucidez. Percebemos que somos todos iguais quando todas as coisas dão errado e estamos bem próximos da crueldade da vida.

Outra qualidade de Bukowski é o humor e a irônia ácida diante de situações absurdas. Os temas lembram bastante os escritores beatnicks, mas Bukowski nunca se associou ao grupo. Por alguma razão ou circunstância, sua percepção captou a mesma sintonia que os beats tiveram daquele período.

A maior parte da obra de Bukowski foi publicada no Brasil pela editora L&PM. Seus livros mais conhecidos são Misto Quente e Ereções, ejaculações e exibicionismos (dividida em dois volumes - Crônicas de um amor louco e Fabulário geral do delírio cotidiano). Ambos ganharam adaptação para o cinema.

Em entrevista aos Los Angeles Times, ele disse certa vez:

"O vinho faz a maior parte da minha obra. Abro uma garrafa, ligo rádio e a coisa vem fluindo. Eu só datilografo uma vez a cada três noites. Não tenho nenhum plano. Minha mente está em branco. Me sento. Então a máquina de escrever me dá coisas que eu nem mesmo sei que estou trabalhando. É como almoçar de graça. Como jantar de graça. Eu não sei quanto tempo tudo isso vai durar, mas até agora não há nada mais fácil do que escrever".
*imagem: reprodução do Google.

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Um comentário:

  1. Sem esquecer, claro, de John Fante, um dos grandes responsáveis por seu estilo.

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