terça-feira, 24 de agosto de 2010

ANDRÉ DE LEONES


Qual foi o primeiro livro que você leu e que teve impacto sobre você?
Até os treze, catorze anos, li basicamente quadrinhos. O primeiro livro que li e me impactou, já ali pelos quinze anos, foi "O Aleph", de Jorge Luis Borges. Na mesma época, li "The Ghost Writer" (em uma edição do Círculo do Livro, traduzido como "Diário de uma Ilusão"), de Philip Roth. Acho que foram os dois primeiros livros que me impactaram para valer.

Alguma vez você considerou a hipótese de não ser escritor?
Quis ser cineasta, até prestei vestibular para cinema e, anos depois, fiz um curso bem fuleiro em Goiânia. Ao mesmo tempo, lia muito e, pelo menos desde os catorze, quinze anos, já rascunhava algumas coisas. Acho que começou a ficar claro para mim que eu queria mesmo era escrever livros ali pelos meus dezoito, dezenove anos, apesar de eu ter insistido ainda por um tempo com esse lance do cinema.

Na sua opinião, todas as histórias já foram escritas ou ainda é possível criar novas histórias? Há novas formas de contar histórias?
Quando não houver mais seres humanos vivendo por aí: este será o dia em que não haverá mais histórias para contar. Cada vivência é única. Logo, cada um tem uma maneira própria, intransferível, de expressar essa vivência. Em se tratando de literatura, sempre haverá novas formas de contar histórias. E não estou falando de vanguardismos ou coisas desse tipo, mas da relação que cada escritor estabelece com a tradição, com seus autores e livros prediletos e com sua própria vivência, e do que produz a partir daí.

No que você está trabalhando agora?
Desde maio do ano passado, trabalho em um novo romance. Parte dele se passa em Brasília, cidade em que vivi por três anos e de que gosto muito, e outra parte em Jerusalém, onde passei uma temporada de seis meses em 2009 e para onde pretendo voltar daqui a alguns anos. Também fui contratado para escrever uma peça teatral, mas ainda não sei como vou me organizar entre uma coisa (o romance) e outra (a peça). Espero não abortar as duas.

Quem são os seus escritores favoritos com mais de quarenta anos?
Thomas Pynchon, Adriana Lisboa, Aharon Appelfeld, Maira Parula, Philip Roth, António Lobo Antunes, Cormac McCarthy e muitos, muitos outros.

*Ilustração: Nathalia Lippo
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