terça-feira, 18 de outubro de 2011

A LITERATURA BRASILEIRA NO MUNDO, JOÃO PAULO CUENCA E UMA PERGUNTA



De fato há um crescente interesse de outros países pela literatura contemporânea feita no Brasil. Lembrei da história surreal contada por Benjamin Moser na Ilustríssima sobre uma viagem a Tbilisi, capital da Geórgia, carregando livros brasileiros para estudantes de português naquele país - veja só uma coisa dessas. Depois teve a Feira de Frankfurt e toda aquela atenção voltada aos programas de incentivo para divulgação da nossa literatura no mundo. Nesse meio tempo também teve a FILBA em Buenos Aires com uma parte da programação dedicada aos brasileiros. E agora me deparo com esse vídeo em que o escritor João Paulo Cuenca fala para espanhóis sobre a nossa literatura!

Cuenca comenta a boa fase de jovens escritores no Brasil, a má vontade da academia para o contemporâneo, a falta de um jovem crítico interessante e a mania dos estrangeiros de buscar em nossa literatura apenas aspectos folclóricos. Concordo com tudo o que ele disse e fiquei com uma questão na cabeça: a crítica.

Crise ou apatia da crítica (mesmo da jovem crítica) me parece algo universal. Todo mundo está tentando encontrar uma maneira de tornar a crítica relevante para o grande público. Mas confesso que vendo o vídeo pensei nessa longa discussão que muita gente acha chata. Fiquei pensando onde será que está a nossa Zadie Smith, o nosso Geoff Dyer, a nossa Michiko Kakutani, o nosso James Woods etc? Será que essa figura ainda está em formação? Será que a internet é um meio fértil para esse trabalho? Vai ver ele/ela está bem embaixo do nosso nariz e a gente nem sabe.

P.S.: Alguém sabe se na França, na Espanha, na Alemanha ou na Geórgia alguém se preocupa com esse tipo de coisa? Devo estar redondamente enganado, mas não senti esse clima na Argentina.

(Voltando ao JP Cuenca: ele foi convidado para participar do Festival Vivamérica, na Espanha. A mesa tinha o curioso tema de "Rapsodas, escribidores y ventrílocuos". A ideia era discutir novas formas de literatura que existem entre o legado da tradição e as tecnologias do futuro. Quem quiser pode assistir a palestra na íntegra aqui. Cuenca fala de Changeman, Jaspion, Ultraman, bonecos em geral, bonecas japonesas e muitas outras coisas mais. É bem divertido e dura apenas 20 minutos).
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