sábado, 7 de maio de 2011

MACHADO DE ASSIS INFLUENCIOU WOODY ALLEN?



Não importa que o The New York Times Book Review tenha comparado Machado de Assis a Flaubert, Thomas Hardy ou Henry James. Nem que o New York Times tenha classificado o livro como "uma obra-prima da ironia epicurista". Woody Allen disse que só leu Memórias Póstumas de Brás Cubas porque o livro era fino. Salvo por poucas páginas! Ainda bem que não mandaram para ele um exemplar d'Os Sertões, de Euclides da Cunha. Seria descartado no primeiro contato.

Finda a tarefa, Woody falou que o livro era muito original e poderia ter sido escrito ontem - pela inventividade e tudo o mais. Sorte de Woody não ter passado a vida sem conhecer o nosso maior clássico. E tem gente que acha Machado de Assis velho, pode? Isso para não citar aquelas pessoas que acusam Machado de estragar o gosto dos adolescentes pela leitura. Ora vejam só!

O que eu mais me intrigou mesmo nessa história foi as semelhanças entre o livro do Bruxo do Cosme Velho e a obra de Woody Allen. Reparem: a narrativa metalinguística e a conversa com o leitor, tão típicas em Machado, sempre figuram nos filmes do Woody; A conturbada relação de amor de Brás com Marcela e Virgília serviriam como uma luva para o cineasta americano; e o que dizer do capítulo "O delírio", "O velho diálogo de Adão e Eva" e tantos outros? Dignos de Zelig, não?; isso para não falar da ironia, do humor, da agilidade... não sei, começo a achar que Machado de Assis deixa Woody Allen no chinelo!

Agora, será que Woody Allen leu uma edição de inglesa ou americana? Será que tinha aquele posfácio escrito pela Susan Sontag?

*imagem: reprodução da capa das edições americana e inglesa.

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