quarta-feira, 25 de maio de 2011
MÁRIO DE ANDRADE - MEU ESCRITOR FUTURISTA
Mário de Andrade não foi apenas o autor de Macunaíma e Paulicéia desvairada - duas obras que por si só já o colocariam no panteão das letras nacionais. Muito além disso, ele foi o mentor do movimento modernista brasileiro atacando em diversas frentes: escreveu ensaios críticos de natureza variada sobre literatura, fotografia, história e música. Também era fotógrafo e colunista de jornais e revistas da época. Não contente, ele ainda foi diretor do departamento municipal de cultura da cidade de São Paulo. As contribuições dele para com a nossa cultura fizeram com que avançássemos anos luz. A escrava que não é Isaura, Ensaios sobre a Música Brasileira e Aspectos da Literatura Brasileira são fontes constantes fontes de informação para qualquer sujeito que deseja saber mais sobre a nossa cultura.
A parte a importância de Mário de Andrade, estou escrevendo esse post para contar uma outra história. Em 1941, antecipando um pouco a nossa atual paixão por listas de melhoras da literatura, a Revista Acadêmica pediu a diversos escritores que respondessem uma pergunta bem singela: “Quais são os dez melhores contos brasileiros?”. Mário de Andrade estava entre esses escritores. Não sendo capaz de escolher apenas dez, escolheu vinte e tres e justificou dizendo: “os dez melhores contos da literatura brasileira são, pelo menos, duas dúzias”.
O escritor Luiz Ruffato recuperou a lista, recolheu os contos mencionados por Mário de Andrade e organizou um livro que saiu esse ano pela editora Tinta Negra - Mario De Andrade - Seus Contos Preferidos. Ruffato faz o texto de apresentação do livro. Interessante é olhar como esses contos refletem o gosto literário do escritor modernista e de que forma eles podem ter alguma relação com a obra dele. Mais ainda, o livro joga nova luz sobre alguns autores que não fazem parte do cânone literário - entre eles J. Simões Lopes Neto, Afonso Arinos, Valdomiro Silveira, Roque Callage, Gastão Cruls, Léo Vaz, Menotti Del Picchia, Hugo de Carvalho Ramos, Rodrigo M. F. de Andrade, João Alphonsus, Ribeiro Couto e Darcy Azambuja.
Numa sacada modernista, Mário deixou o vigésimo quarto conto em branco. O espaço deveria ser preenchido pelos leitores da revista. Pode ser que ele estivesse pensando em colocar um conto dele mesmo. No entanto, prefiro pensar que ele estava deixando uma porta aberta para o futuro. O melhor conto não só já foi escrito, como também ainda está para ser escrito.
Em tempo, Luiz Ruffato e Marisa Lajolo falam sobre esses contos hoje às 19h na Biblioteca Mário de Andrade.
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Sobre a Revista Acadêmica, existe uma história muito boa contada pelo Fernando Morais. Diz que nos idos dos anos 40, a revista literária mais importante do Brasil se chamava Dom Casmurro. Tinha sido criada por Brício de Abreu e Álvaro Moreyra e "tinha entre seus colaboradores a fina flor da literatura e do jornalismo" da época. Depois de uma briga interna Carlos Lacerda, Murilo Miranda e Moacyr Werneck de Castro deixaram a Dom Casmurro e montaram a Revista Acadêmica. Para combater a concorrência, eles trouxeram mais gente importante. Imaginem vocês como deveria ser o ambiente de euforia e disputa intelectual em torno de um assunto como a literatura.
*imagem: reprodução Google.
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