Gary Shteyngart já chegou a ser comparado aos escritores russos Nikolai Gogol e Vladimir Nabokov, não exatamente por ter nascido na Rússia, mas pelo grande manejo literário dos seus livros e pelo humor particular que lhe é bem característico.
Shteyngart nasceu em Leningrado e imigrou para os Estados Unidos aos 7 anos. Ele devorou avidamente quase todos os livros de escritores russos, lidos em língua original. Considerando esses aspectos, não é à toa que seus romances contem histórias de jovens judeus russos que imigram para os Estado Unidos em busca de amor, de uma vida melhor ou de uma nova identidade - suas personagens são uma espécie de alter ego. Porém, o que poderia funcionar como um romance sério e de enaltecimento do modo de vida americano, acaba se tornando uma verdadeira epopéia folhetinesca no melhor estilo romance picaresco.
Em O pícaro russo (The russian debutante’s handbook no original, publicado em 2002 nos Estados Unidos e por aqui em 2006 pela Geração Editorial), as trapalhadas de Vladimir Girshkin ironizam o declínio do comunismo, o consumo capitalista desenfreado e a xenofobia aos imigrantes ao redor do mundo. Em Absurdistão, Misha Borisovitch Vainberg é a metralhadora politicamente incorreta que dispara contra o multiculturalismo americano (em certa medida mundial) simbolizado pela república de Absurdsvanï, o Absurdistão.
Não demorou muito para que Shteyngart se tornasse um autor aclamado. Para coroar a boa fase, Shteyngart emplacou seu nome na famosa lista de jovens escritores da revista New Yorker e lançou no ano passado o romance Super sad true love story. Foi bastante elogiado pela crítica americana e eleito um dos melhores romances do ano. Dessa vez, o protagonista é Lenny Abramov, um homem de meia idade obcecado por três coisas: seus livros, a ideia de ter uma vida eterna e uma garota coreano-americana chamada Eunice Park. O relacionamento multicultural dos dois é a tal história de amor super triste. O romance tem um formato bastante curioso, pois os capítulos se alternam: ou são os diários de Lenny ou são a correspondência online de Eunice.
A fim de promover Super sad true love story, os editores colocaram na internet um trailer hilário em que o próprio Shteyngart aparece fazendo piada ao lado do ator James Franco.
O negócio funcionou tão bem que ele repetiu a dose num novo trailer. Dessa vez ele faz graça ao lado do ator Paul Giamatti para promover a edição do livro em brochura. Acho que só Shteyngart é capaz de encarnar as personagens que ele mesmo cria.
A editora Rocco, que publicou Absurdistão, promete lançar ainda este ano Uma história de amor real e supertriste - segundo andei lendo está prevista para junho.
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Outra coisa curiosa a respeito de Shteyngart são suas leituras. A livraria Strand Books (nos Estados Unidos) pediu a ele que indicasse alguns livros para seus clientes. Além dos russo, alguns os escolhidos foram:
Americana, de Don DeLillo
Cloud atlas, de David Mitchell
Jeff em Veneza, morte em Varanasi, de Geoff Dyer
1984, de George Orwell
In persuasion nation, de George Saunders
Afluentes do rio silêncioso, de John Wray
Unnamed, de Joshua Ferris
E nós chegamos ao fim, de Joshua Ferris
Afogado, de Junot Diaz
Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro
O teatro de Sabbath, de Philip Roth
Vida vadia, de Richard Price
Os filhos da meia-noite, de Salman Rushdie
Pnin, de Vladimir Nabokov
Day of Oprichnik, de Vladimir Sorokin
*vídeos: reprodução do youtube.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
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