A revista Veja fez uma matéria de capa no mínimo divertida - Por que ler ainda é decisivo. A tese da reportagem diz que o número de jovens que gostam de ler está se multiplicando. E adivinhem, eles começaram lendo Harry Potter, Crepúsculo e afins. Depois de pegarem hábito e gosto pela leitura passaram a obras clássicas que estão longe de serem classificadas como mera literatura de consumo etc. A mesma coisa vale para adultos que foram atraídos pelos livros de autoajuda ou autoajuda romanceada. Hoje, eles também estão em busca de autores clássicos.
Deixando um pouco a tese, fiquei com pena do Machado de Assis. De acordo com a reportagem, ele é constantemente citado como um estorvo, alguém que só afasta as pessoas da livros por causa da leitura obrigatória no colégio. Alguém precisa fazer alguma coisa para descolar essa imagem dele. Por enquanto, acho que nem Woody Allen conseguiria?
Completando a reportagem, a revista criou uma lista de sugestões do tipo "um livro puxa outro" (reproduzida acima - para quem quiser acompanhar). Me diverti muito olhando os mapinhas, porque a primeira vista me parece tão incoerente que um leitor de Nicholas Sparks chegue a ler Guerra e paz, do Tolstói. Não estou duvidando, acho mesmo um caminho natural, mas deve levar tempo até que esse leitor chegue a esse livro. Enfrentar a aridez das infinitas páginas da história da Rússia exige tempo, vontade e muita paciência.
Segundo as sugestões, um leitor que começou lendo Harry Potter, pode muito bem passar a Sherlock Holmes (de Conan Doyle), seguido por A ilha do tesouro (de Robert Louis Stevenson), O Aleph (de Jorge Luís Borges) e terminar com As cidades invisíveis (de Ítalo Calvino). Será mesmo?
Um outro caminho sugere que um leitor da saga Crepúsculo pode ler Drácula (de Bram Stocker), seguido de O médico e o monstro (de Robert Louis Stevenson), A metamorfose (de Franz Kafka) e A montanha mágica (de Thomas Mann). Taí um caminho que eu acho bem mais provável.
Tem esse: começou lendo A menina que roubava livros, segue para O diário de Anne Frank, A trilogia de O tempo e o vento (de Érico Veríssimo), O memorial do convento (de José Saramago) e Austerliz (de W.G. Sebald). Esse deve ser um leitor bem avançado, não é?
Fico imaginando o contrário: Será que em algum momento um leitor de Ricardo Piglia vai chegar até A cabana?
*imagem: reprodução.
Deixando um pouco a tese, fiquei com pena do Machado de Assis. De acordo com a reportagem, ele é constantemente citado como um estorvo, alguém que só afasta as pessoas da livros por causa da leitura obrigatória no colégio. Alguém precisa fazer alguma coisa para descolar essa imagem dele. Por enquanto, acho que nem Woody Allen conseguiria?
Completando a reportagem, a revista criou uma lista de sugestões do tipo "um livro puxa outro" (reproduzida acima - para quem quiser acompanhar). Me diverti muito olhando os mapinhas, porque a primeira vista me parece tão incoerente que um leitor de Nicholas Sparks chegue a ler Guerra e paz, do Tolstói. Não estou duvidando, acho mesmo um caminho natural, mas deve levar tempo até que esse leitor chegue a esse livro. Enfrentar a aridez das infinitas páginas da história da Rússia exige tempo, vontade e muita paciência.
Segundo as sugestões, um leitor que começou lendo Harry Potter, pode muito bem passar a Sherlock Holmes (de Conan Doyle), seguido por A ilha do tesouro (de Robert Louis Stevenson), O Aleph (de Jorge Luís Borges) e terminar com As cidades invisíveis (de Ítalo Calvino). Será mesmo?
Um outro caminho sugere que um leitor da saga Crepúsculo pode ler Drácula (de Bram Stocker), seguido de O médico e o monstro (de Robert Louis Stevenson), A metamorfose (de Franz Kafka) e A montanha mágica (de Thomas Mann). Taí um caminho que eu acho bem mais provável.
Tem esse: começou lendo A menina que roubava livros, segue para O diário de Anne Frank, A trilogia de O tempo e o vento (de Érico Veríssimo), O memorial do convento (de José Saramago) e Austerliz (de W.G. Sebald). Esse deve ser um leitor bem avançado, não é?
Fico imaginando o contrário: Será que em algum momento um leitor de Ricardo Piglia vai chegar até A cabana?
*imagem: reprodução.
Beeeem interessante!!É verdade que um livro muitas vezes nos faz ir até outros, pela temática ou talvez citações até dentro do próprio livro!
ResponderExcluirSó discordo desses rótulos de "literatura de consumo", como se alguns livros só por terem virado populares ou "teen" sejam menos "literários"! acho que se a pessoa lê, tá valendo!
Eu, por exemplo, gosto de vários temas!
Falando por mim, acho improvável que isso ocorra. O meu perfil de leitor cometeu uma série de desvios, talvez saudáveis, até me levar aos clássicos. Não acho que nossas escolhas sejam assim tão previsíveis; pelo contrário, é comum e interessante estar aberto para leituras variadas.
ResponderExcluirLari, não usei o rótulo "literatura de consumo" de maneira pejorativa. Só quis causar uma distinção entre um gênero e outro.
ResponderExcluirRafael,
ResponderExcluirEsse guia da Veja é mais um chutômetro de quem elaborou. Não vejo nexo nenhum entre as leituras sugeridas. E a reportagem também é rasa (li no restaurante no qual almoço; não tenho coragem de pagar pela revista), sem fundamentação estatística. Pegaram uma turma de leitores em algum lugar e generalizaram, como se o Brasil todo estivesse enfiado em livros. Coisas da Veja.
simpático!
ResponderExcluirParabéns pelo texto. Acho quase impossível que o sujeito que vive lendo essa literatura de massa chegue até Guimarães Rosa, Machado, Dostoievski e tantos outros clássicos.
ResponderExcluirWellington, achei a reportagem simpática - como disse a Denise. Além disso, apresenta alguns números de venda de livros, pesquisas americanas, faz essa brincadeira com as sugestões de leitura etc. Enfim, uma reportagem para uma revista semanal de notícias.
ResponderExcluirBom, falando por mim, estou lendo, sim, A Cabana, mas já li alguns clássicos beeem clássicos, e olha que já li também toda a série Crepúsculo! Mas conversando outro dia com uma pessoa que lê muito e lê de tudo, chegamos à seguinte conclusão: há livros que ficam, há aqueles que pra relembrar teríamos que lê-lo novamente. Os clássicos normalmente ficam e ainda mudam em você algo a respeito da sua visão de mundo. A literatura de diversão (não me matem) é aquela pra desanuviar e passar o tempo, mas eu sinceramente também não acho que o caminho é como o que apontaram na revista Veja.
ResponderExcluir