segunda-feira, 30 de junho de 2014

PARA QUEM VAI À FLIP E DECIDIU NA ÚLTIMA HORA...

E aí comprou ingressos para a FLIP? Acho que nem a Copa do Mundo foi capaz de impedir uma pequena correria por parte da plateia interessada em comprar ingressos para as mesas da Festa Literária de Paraty. Fiz uma consulta informal agora pouco e mais da metade da programação já não tem entradas - restam apenas 5 mesas. A novidade da programação desse ano é a entrada gratuíta tanto para o show de abertura (com a cantora Gal Costa) quanto para a transmissão das mesas pelo telão. Para tristeza geral da nação, o telão saí da beira da praia e vai para a Praça da Santa Casa; saudades de assistir as mesas com o pé na areia e uma cerveja na mão. Era quase um oásis.

Resta saber se haverá banco suficiente para todo o público que decidiu acompanhar pelo telão. Será que vão distribuir aqueles banquinhos de papelão?

Bom, vamos supor que você lembrou que a Copa acaba em duas semanas e decidiu de última hora fazer as malas rumo a Paraty para acompanhar a Festa. No entanto, um agravante te preocupa: você não leu nenhum livro dos autores convidados. Como resolver esse problema e não fazer feio?

Para ter dar uma mão eu criei uma tabela relacionando livros curtos, médios e longos (bem longos) de 216autores de prosa de ficção que estarão na FLIP. Como sempre, não tenho um daqueles infográficos super transados. Improvisei uma tabela no estilo vintage - que lembra os tempos do jornal em preto e branco (ainda bem que essas coisas do passado estão na moda).

Monte a tabela tomando como base a informação de que uma pessoa lê em média 15 páginas por hora. Usando esse dado, a tabela ficou assim:

Clique para aumentar
É evidente que na vida cotidiana nem tudo é tão estático assim. Pode ser que você seja um sujeito que consegue ler mais de 15 páginas por hora, bem como pode dispor de mais tempo de leitura aos finais de semana ou dias de folga do trabalho (lembrando que estamos no mês das férias escolares). Mesmo que você seja um sujeito "MUITO OCUPADO", vai conseguir ler pelo menos dois ou três livros. Esqueça os três catataus Jhumpa Lahiri, Joël Dicker e Eleanor Catton e fique com as opções de menor número de páginas.

Não desanime e não arrume desculpa.

*PS.: Listei um conto de Vladímir Sorókin que está na Nova antologia do conto russo porque o livro Dostoievski-Trip é uma peça de teatro - nada que impeça você de compreender um pouco do universo desse escritor. 

*Tabela: Rafael R.

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sexta-feira, 27 de junho de 2014

2ª RODADA - COPA DO MUNDO DE LITERATURA


Para continuar no tema "Copa do Mundo", volto aqui para dizer que terminou hoje a primeira rodada da Copa do Mundo de Literatura. Mantenho atualizações dos resultados quase diárias no Twitter. Apenas 16 livros seguem no torneio e as disputas recomeçam na próxima segunda-feira com dois jogos por dia.

Por acaso, três partidas literárias vão coincidir com os jogos das oitavas de final da Copa do Mundo que acontece nos campos de futebol: Brasil x Chile, Alemanha x Argélia e Estados Unidos x Bélgica. Prometem ser as disputas mais emocionantes.  A situação está muito complicada para o romance Budapeste, de Chico Buarque que vai enfrentar Noturno do Chile, de ninguém menos que Roberto Bolaño. É provável que no campo literário a gente leve a pior, porque na avaliação não existe o fator sorte.

Abaixo o calendário de jogos:

Brasil x Chile 30/06 - Jeff Waxman
Budapeste, de Chico Buarque (Brasil)
Noturno do Chile, de Roberto Bolaño (Chile)

Japão X Itália 30/06 - Rhea Lyons
1Q84 - os 3 volumes, de Haruki Murakami (Japão)
The Days of Abandonment, de Elena Ferrante (Itália)

Honduras x Bosnia Herzegovina 1/7 – Stephen Sparks
Senselessness, de Horacio Castellanos Moya (Honduras)
Como o soldado conserta o gramofone, de Saša Stanišić (Bósnia e Herzegovina)

Alemanha x Argélia 1/7 – Florian Duijsens
Austerlitz, de WG Sebald (Alemanha)
The Sexual Life of an Islamist in Paris, de Leila Marouane (Argélia)

México x Austrália 2/7 – Chad W. Post
Rostos na multidão, de Valeria Luiselli (México)
Barley Patch, de Gerald Murnane (Austrália)

Costa do Marfim x Uruguai 2/7 - Elianna Kan
Alá e as crianças - soldados, de Ahmadou Kourouma (Costa do Marfim)
The Rest Is Jungle, de Mario Benedetti (Uruguai)

França x Argentina 3/7 – Tom Roberge
O mapa e o território, de Michel Houellebecq (França)
Um acontecimento na vida do pintor viajante, de César Aira (Argentina)

Estados Unidos x Bélgica 3/7 - Lori Feathers
The Pale King, de David Foster Wallace (Estados Unidos)
The Misfortunates, de Dimitri Verhulst (Bélgica)

Armem suas torcidas!

*Imagem: divulgação.

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NO MEIO DO CAMINHO TINHA BORGES


É difícil não falar de futebol quando a Copa do Mundo está acontecendo no quintal da nossa casa. Para o bem ou para o mal, "#TáTendoCopa" e muita gente está contaminada pelo espírito do torneio embalado pela boa atuação das seleções, pelo clima festivo das cidades brasileiras e pelo entusiasmo da imprensa nacional e estrangeira. Agora só falta o Brasil levantar a taça para a festa ser completa.

Antes dessa data tão sonhada um temor anda a espreita: a seleção argentina. Como eu disse, não entendo profundamente de futebol, mas estou acompanhando os jogos pela TV, jornais e internet. Na minha humilde leitura, eles tiveram uma boa atuação nessa primeira fase e aos trancos e barrancos venceram as três disputas graças ao brilho de Lionel Messi. Para além dos campos, a torcida dos nossos hermanos está acompanhando o time de maneira apaixonada por onde quer que ele passe. Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre já sentiram um pouco dessa febre azul e branco.

Em meio a tangos, tragédias, empanadas e churrascos, parece que tanto os jogadores argentinos e quanto a sua torcida tem a plena convicção de que vão levar a taça da Copa para a casa. Tomara que não.

Para espantar o clima de festa deles, vale lembrar que Jorge Luís Borges - a estrela máxima das letras argentinas - odiava futebol. Dizia ele: "el fútbol es popular porque la estupidez es popular” (em tradução livre, "o futebol é popular porque a estupidez é popular"). Pode parecer controverso porque para os argentinos o futebol é quase uma religião, mas a história é verdadeira. Para Borges, o problema do futebol era o uso político do esporte apoiado no fanatismo nacionalista das pessoas e na cegueira para com a situação do país. Como não lembrar, por exemplo, da propaganda do governo militar brasileiro na Copa de 70? O risco sempre existe.

A ironia de Borges com o futebol aparece de relance no conto Esse est percipi - que está no livro Crônicas de Bustos Domecq, escrito por Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges. Em determinado momento uma personagem diz que o futebol deixou de ser um esporte praticado na vida real para virar um espetáculo midiático encenado. Mais pós-moderno impossível!
“Os estádios já são ruínas caindo aos pedaços. Hoje tudo se passa na televisão e no rádio. A falsa excitação dos locutores nunca o levou a suspeitar que tudo é patranha? A última partida de futebol nesta capital foi jogada dia 24 de junho de 37. Desde aquele exato momento, o futebol, do mesmo modo que a vasta gama de esportes, é um gênero dramático, a cargo de um só homem em uma cabine ou de atores com camisetas junto ao câmera”.
(Achei essa tradução na internet creditada a Janer Cristaldo)

Bem que o espírito de Borges poderia baixar no caminho da seleção argentina, né?

*Foto: Borges no L'Hôtel, Paris, 1969 / reprodução Wikipedia.
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quinta-feira, 19 de junho de 2014

O TIME DO BRASIL NA COPA


Eu não sou especialista em futebol, mas a turma do Pelé Calado é. Eles fizeram uma leitura espetacular da atuação da seleção brasileira após a partida com o México que terminou em zero a zero para frustração dos torcedores. 

Enquanto o urro transcendental não chega, apelamos para a imaginação e inventamos uma seleção de futebol que nunca existiu. Foi mais ou menos isso o que fez a Penguin Books quando escalou um time estelar das letras brasileiras. O gol conta com Machado de Assis; a defesa fica por conta de Graciliano Ramos, Mario de Andrade, Lima Barreto e Arthur Azevedo; no meio-campo tem Paulo Coelho, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa; no ataque Jorge Amado, Clarice Lispector e Daniel Galera.

Com um time desses, a gente consegue ganhar e jogar bonito.

***

Você concorda com essa escalação? Quem você chamaria? A caixa de comentários está aberta para você dizer qual é o time dos seus sonhos.

*Imagem: reprodução.
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quarta-feira, 11 de junho de 2014

MERCADO EDITORIAL PARTICIPATIVO 2.0


Faz tempo que eu quero comentar sobre a Bookstorming - uma plataforma de financiamento coletivo voltada exclusivamente a publicação de livros que convida o leitor a assumir em alguma medida o papel de produtor editorial. Para dar o pontapé inicial, ele precisa apoiar financeiramente a ideia; se a meta estipulada for atingida o livro entra em produção. Nessa etapa, o leitor vai acompanhar o processo e poderá sugerir mudanças na criação da capa, projeto gráfico etc. Depois de impresso o livro chega à casa do leitor com alguns mimos como embalagem personalizada ou marcadores de página.

Não é a primeira vez que o modelo de "crowdfunding" é usado para para publicar livros, mas a iniciativa é pioneira porque foca apenas no mercado editorial e conta com o benefício de ter um time de editores (Arthur Granado, Raquel Maldonado, Fabrício Fuzimoto e Breno Barreto) que selecionam projetos relevantes e os submetem a aprovação dos leitores - ou seja, os editores facilitam a vida do leitor na medida em que o ajuda com a parte de encontrar um livro. 

Outra vantagem da plataforma é colocar em evidência algum autor iniciante ou independente que tenha conseguido sucesso ao financiar seu livro. Conquistando esse primeiro passo, o autor poderá encontrar um público leitor, um nicho de mercado e, quem sabe, ter contratos com médias ou grandes editoras - caso não queira permanecer no esquema de financiamento coletivo e julgar a proposta interessante. Surge um mercado intermediário que não é dependente das tiragens que encalham e encontram problemas de distribuição.

A Bookstorming também poderá criar um público leitor que terá paixão pelo livro que financiar. Quem sabe esse leitor não crie gosto pelo hábito e passe a ler outros livros, frequente livrarias, eventos e tudo o mais.

São especulações e divagações. Vale experimentar.

***

Para ficar no tema da mobilização, colaboração, coletividade, o primeiro livro da plataforma é Desordem, uma antologia de contos escrita por Natércia Pontes, Cristiano Baldi, Erika Mattos da Veiga, Paulo Bullar, Patrick Brock, Olavo Amaral e Katherine Funke.

Até o momento o projeto já alcançou 57% da meta estabelecida e faltam 9 dias para encerrar o prazo. O preço do livro é R$ 35,00 (com frete já incluso). Para ajudar Desordem a sair do forno basta acessar o site da Bookstorming - lá você pode ler trechos do livro, entender mais sobre a plataforma e tirar dúvidas.

*Imagem: reprodução.
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segunda-feira, 9 de junho de 2014

COPA DO MUNDO DE LITERATURA

Demorou um pouco, mas um pessoal da Universidade de Rochester - nos Estados Unidos - saiu na frente e organizou a Copa do Mundo de Literatura. Será um torneio bem aos moldes do famoso Tournament of Books com uma pequena diferença: a competição incluí livros de autores cujos países estão participando da Copa do Mundo. Portanto, teremos 32 autores (cada país participa com um livro) e 24 juízes para dar conta das avaliações. O esquema também lembra a nossa Copa de Literatura Brasileira (se você acompanha este blog já deve saber como funciona tudo).

Os livros que estão na competição foram anunciados hoje. Os organizadores privilegiaram obras que foram publicadas originalmente depois dos anos 2000 e foram traduzidas para o inglês. O Brasil será representado por Budapeste, de Chico Buarque.

Ao contrário da Copa de Futebol, a Copa de Literatura não terá a fase classificatória de grupos. Na primeira rodada, os países se enfrentam com um único adversário de seu grupo e o vencedor segue para a rodada seguinte e assim segue até a final.

Abaixo está a lista de competidores, combates e datas dos jogos. Os livros traduzidos no Brasil ganharam título em português; mantive o título em inglês para aqueles que ainda não foram traduzidos; se não estou enganado, o livro de Mario Benedetti é uma seleção de contos de vários livros do autor feita pelo editor norte-americano, por isso mantive o original embora alguns contos já tenha sido traduzidos para o português.

Muitos livros já saíram por aqui e caso você queira acompanhar a partida terá tempo de ler e avaliar.



Primeira rodada

Brasil x Camarões 12/6 – Jeffrey Zuckerman
Budapeste, de Chico Buarque (Brasil)
Dark Heart of the Night, de Leonora Miano (Camerões)

Russia x Argélia 13/6 – Chris Schaefer
Day of the Oprichnik, de Vladimir Sorokin – (Russia)
The Sexual Life of an Islamist in Paris, de Leila Marouane (Argélia)

Itália x Inglaterra 13/6 – Trevor Berrett
The Days of Abandonment, de Elena Ferrante (Itália)
NW, de Zadie Smith (Inglaterra)

Espanha x Austrália 16/6 – Mauro Javier Cardenas
Seu rosto amanhã (volume 1) - febre e lança, de Javier Marias (Espanha)
Barley Patch, de Gerald Murnane (Austrália)

Colombia x Japão 17/6 – George Carroll
Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel Garcia Marquez (Colombia)
1Q84 - os 3 volumes, de Haruki Murakami (Japão)

Suíça x Honduras 18/6 – Hannah Chute
My Mother’s Lover, de Urs Widmer (Suíça)
Senselessness, de Horacio Castellanos Moya (Honduras)

Argentina x Nigéria 19/6 – Lance Edmonds
Um acontecimento na vida do pintor viajante, de César Aira (Argentina)
Graceland, de Chris Abani (Nigéria)

México x Croácia 20/6 – Katrine Ogaard
Rostos na multidão, de Valeria Luiselli (México)
Baba Yaga Laid an Egg, de Dubravka Ugrešić (Croácia)

Portugal x Estados Unidos 20/6 – Will Evans
Jerusalém, de Gonçalo Tavares (Portugal)
The Pale King, de David Foster Wallace (Estados Unidos)

França x Equador 23/6 – P.T. Smith
O mapa e o território, de Michel Houellebecq (França)
The Potbellied Virgin, de Alicia Yánez Cossío (Equador)

Chile x Holanda 24/6 – Shaun Randol
Noturno do Chile, de Roberto Bolaño (Chile)
O jantar, de Hermann Koch (Holanda)

Grécia x Costa do Marfim 25/6 – Laura Radosh
Why I Killed My Best Friend, de Amanda Michalopoulou (Grécia)
Alá e as crianças - soldados, de Ahmadou Kourouma (Costa do Marfim)

Bósnia e Herzegovina x Irã 26/6 – Hal Hlavinka
Como o soldado conserta o gramofone, de Saša Stanišić (Bósnia e Herzegovina)
The Colonel, de Mahmoud Dowlatabadi (Irã)

Bélgica x Coréia do Sul 26/6 – Scott Esposito
The Misfortunates, de Dimitri Verhulst (Bélgica)
Your Republic Is Calling You, de Young-ha Kim (Coréia do Sul)

Uruguai x Costa Rica 27/6 – Kaija Straumanis
The Rest Is Jungle, de Mario Benedetti (Uruguai)
The Cadence of the Moon, de Oscar Núñez Oliva (Costa Rica)

Alemanha x Gana 27/6 – James Crossley
Austerlitz, de WG Sebald (Alemanha)
Search Sweet Country, de Kojo Laing (Gana)

Promete ser um belo campeonato e começa na quinta-feira.

Façam suas apostas e comentários.

*Imagem: tabela da Copa do Mundo de Literatura/Divulgação.
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domingo, 8 de junho de 2014

FUTEBOL E LITERATURA: "BRASIL" X "CROÁCIA" ANTES DA COPA


Na sexta-feira terminou o Festival Europeu do Conto e parece que a partida de futebol amador entre o “Brasil” e a “Croácia” teve mesmo participação de João Paulo Cuenca e João Anzanello Carrascoza. O time do “Brasil” era formado por uma mistura de escritores convidados do festival e o time da “Croácia” era formado por artistas da banda croata Pips, chips & Videoclips. O resultado foi 6 a 4 para o “Brasil”. Será que teve gol do Cuenca ou do Carrascoza?

Imagem: Festival Europeu do Conto/Reprodução.
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terça-feira, 3 de junho de 2014

NOTAS #47


Capas
A revista New Yorker publicou nessa semana a charmosa edição literária de verão. O tema é "histórias de amor" e a capa foi assinada pelo cartunista Joost Swarte. Uma beleza! Tem um perfil de John Green (ele está bombando!), Miranda July, Joshua Ferris, Colm Tóibín, Tobias Wolff, Chris Ware, Karen Russell, Haruki Murakami e muitas coisas mais. Já a edição de verão da Paris Review tem uma capa toda manual com desenho do artista Raymond Pettibon, da série Real Dogs in Space. Tem ficção inédita de Zadie Smith.

Literatura móvel
Tenho certeza que essa notícia vai empolgar muita gente, mas sinceramente não sei quanto tempo ainda vai levar para que o comportamento seja adotado entre nós. E olha que os brasileiros são muito ligados em tecnologia. Um artigo na revista Salon diz que um terço dos norte-americanos que tem celular preferem ler ebooks nesses aparelhos do que em leitores digitais (iPad, Kindle etc.). Os adeptos dizem que ambos tem características semelhantes (armazenam muitos livros, possuem configuração de tamanho da página, luminosidade etc), mas o celular ganha em pontos pela conveniência e praticidade que proporciona. Afinal, não importa onde você vá seu celular estará com você. Geralmente é menor e dispensa a tarefa de carregar mais um aparelho pesado ou mesmo um livro volumoso. O artigo aponta que esse leitor tem por hábito ler trechos dos livros em momentos de "folga" e com intervalos entre um trecho e outro: na espera de uma consulta, no metrô, naquele intervalo do almoço antes de retornar ao trabalho, no trânsito etc. Detalhe: eles vão em busca de clássicos da literatura que estão disponíveis gratuitamente para download ao invés de ler obras que exijam muita concentração e releitura - tais como Charles Dickens e Jane Austen. A tese faz bastante sentido. A questão é que esse leitor já tem o hábito de ler. Resta saber se conseguimos chamar "novos" leitores concorrendo com redes sociais, Netflix e mensagens instantaneas que também está no celular ao alcance dos dedos.

Lojinha 1
A escritora Hilda Hilst ganhou uma lojinha na internet: Obscena Lucidez. Lá é possível adquirir quinquilharias (do tipo, porta copo e capa para celular), camisetas, caderninhos, pôsteres, agendas e até livros da escritora. A lojinha tem parceria com o Instituto Hilda Hilst e o dinheiro obtida com as vendas vai para as despesas da Casa do Sol, onde fica o instituto.


Lojinha 2
O pessoal da revista Electric Literature chamou o ilustrador Matt McCann para criar uma linha de baralho especial com caricaturas de escritores famosos. Tem  Virginia Woolf, Franz Kafka, Marcel Proust e mais uma turma da pesada. Custa $10 doláres e está à venda no site da revista.

Folhetim
O SESC convidou o escritor Ricardo Lísias para escrever uma espécie de folhetim chamado “A casa do avô”. Faz parte de uma iniciativa do SESC que vai promover uma série de atividades culturais num casarão no Ipiranga enquanto o prédio da unidade naquele bairro está passando por uma reforma. No total, o folhetim terá 15 capítulos com publicação diária - até agora, nove capítulos já estão disponíveis. A história gira em torno de um garoto chamado Ricardo que narra as lembranças da casa do avô onde passou grande parte da infância e adolescência e aprendeu muitas coisas sobre a vida. Lísias usa dois procedimentos que apareceram em sua obra mais recente: algumas fotografias pessoais que ilustram os trechos da narrativa e ruptura das fronteiras entre personagem e narrador. É interessante observar como o texto se comporta dividido em pequenos trechos sobretudo porque a memória do garoto é fragmentada. Lísias poderia tomar partido do formato para experimentar mais os limites e quem sabe tentar uma narrativa seriada desse tipo no twitter, no facebook ou num aplicativo que permite leitura serial no celular. Quem sabe? 


Dinheiro novo
As notas de dólar jamais mudaram e desde que foram criadas estampam os rostos dos principais presentes norte-americanos. Mas como os cartões de crédito e débito estão roubando o lugar das notas e, no futuro, o dinheiro poderá ser uma peça de museu, o ilustrador Shannon May aceitou o convite de um site para criar notas que homenageiam escritores. Acima Herman Melville. Mais aqui.

*Imagens: reprodução.
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