segunda-feira, 9 de maio de 2016

JULGANDO LIVROS PELA CAPA (5): PORTUGAL X BRASIL

Eu sei que estou demorando para aparecer com atualizações por aqui, mas como diz um amigo meu: “devagar se vai ao longe”. Ele também tem outras máximas como: “devagar e sempre”, “a pressa é inimiga da perfeição”, “apressado como cru” etc. Por isso, não se preocupe porque em algum momento eu vou voltar com alguma novidade. Fique de olho!

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Como já faço há vários anos, achei que seria divertido comparar as capas dos mesmos livros em edições portuguesas e brasileiras - é o quinto ano da brincadeira. A capa é elemento muito importante para quem gosta de livros. Ela tem uma grande influência sobre o leitor porque funciona como uma porta de entrada para aquele universo que vamos acompanhar por algum tempo. Conheço muitas pessoas que compram livros pela capa - elas realmente existem e não há nada de errado com isso. Nem mesmo os livros digitais conseguiram abolir a capa, uma vez que essas imagens circulam pela internet e estão gritando nas estantes das livrarias online.

Quero lembrar que não sou especialista no assunto e estou comentando as capas descompromissadamente - com certa dose de humor, senão ninguém aguenta. Cada país tem a sua própria cultura visual e cada leitor tem uma preferência na hora de escolher um livro pela capa. As observações servem como um exercício especulativo sobre o trabalho do capista (ou da editora) na hora de dar uma "cara" ao livro.

A caixa de comentários está aberta para quem quiser participar - por favor, fiquem à vontade. As capas das edições brasileiras estão do lado esquerdo.


Submissão, de Michel Houellebecq
As duas edições tem capas diferentes, apesar de terem sido publicados pela mesma editora. O que reforça aquela conversa de que cada pais tem uma cultura visual própria. Acho curioso que a edição brasileira abriu mão dessa “moldura” que é uma marca característica das capas da Alfaguara - os portugueses mantiveram a “moldura”, por exemplo. Com isso, optamos por explorar todo o espaço disponível com esse fundo preto sobreposto pelo mapa da França envolto nesses desenhos arabescos. Acho muito bonito esse dourado que salta aos olhos. Os portugueses foram mais tradicionais: ficaram com a “moldura” e incluíram a Torre Eiffel - um ícone, o maior símbolo visual da França. Interessante que os arabescos estão nas duas capas envolvendo a França (seja pelo mapa, seja pela torre). Nesse caso, acho que temos um empate técnico.


Vá, coloque um vigia (Brasil) / Vai e põe uma sentinela (Portugal), de Harper Lee
Os portugueses não quiseram arriscar e escolheram a mesma capa da edição norte-americana - fazendo apenas as alterações necessárias. É uma capa bonita. Nós seguimos uma ideia parecida - reparem na árvore, nas cores -, mas numa versão mais limpa. Não é ruim. O que me incomoda um pouco é o excesso de informação que acaba poluindo o visual - o título em inglês, por exemplo. Ponto para os portugueses - ainda que a ideia não seja original


A resistência, de Julián Fuks
Outro exemplo de um livro publicado pela mesma editora em dois países diferentes, com capas diferentes. Algumas pessoas podem dizer que a mudança é mínima, já que a ideia de arquivo com fotos e textos está nas duas capas. Ainda que pequena, a alteração para mostrar que os portugueses preferem algo mais clássico. A seleção de fotos, a disposição delas, os escritos e o papelão com a fonte que imita máquina de escrever dão ares antigos. A nossa é mais concentrada nas fotografias (elas quase não aparecem por inteiro) e a capa fica mais “moderninha”. Ponto para a nossa edição.


Um outro amor (Brasil) / Um homem apaixonado (Portugal), de Karl Ove Knausgård
Parece que os portugueses optaram por fazer todo o projeto gráfico da série “Minha luta” com retratos do autor. A edição portuguesa do volume anterior - A morte do pai - tem essa mesma fotografia, esse mesmo enquadramento. Eu fico pensando se isso não confunde o leitor a ponto de fazê-lo crer que a história do livro é totalmente verídica. A edição brasileira é muito mais sugestiva. Ponto brasileiro.


A ilha da infância, de Karl Ove Knausgård
Eu quis colocar o terceiro volume da série “Minha luta” para dizer o seguinte: ao passo que os outros dois volumes - A morte do pai e Um outro amor - optaram pelo rosto do autor (com aquele enquadramento que mostra apenas uma parte), esse volume mostra o rosto inteiro. Como se o autor assumisse o projeto de contar a sua vida por inteiro, finalmente. O retrato é muito bem realizado, mas acho menos sugestivo. Vejam que a edição brasileira também tem uma figura humana, mas ela não tem relação com a figura do autor. Bem mais sugestivo. Ponto brasileiro outra vez.


A amiga genial, de Elena Ferrante
Talvez os portugueses não gostem mesmo de alusão, sugestão etc. eles devem gostar mais de substantivos concretos, do que abstratos. Brincadeiras à parte, eles optaram por uma foto que também foi usada na edição australiano do livro - com a diferença de que usaram uma “moldura“ que enquadra o rosto da garota no centro da capa. Não me agrada tanto. Seja como for é uma capa bonita - o fundo branco ficou elegante. A nossa edição tem essa ilustração das mulheres trajando maios, tomando sol e com chapéus que escondem o rosto. Fora o colorido alegre. Bem mais interessante, um pouco menos dramático. Ponto para a nossa edição.


Uma aventura secreta do Marquês de Bradomin, de Teresa Veiga
Aqui nós temos uma partida bem difícil. A edição brasileira é artística: o fundo branco, a montagem com os livros, a fonte manuscrita etc. Muito bom! Seja como for, é difícil resistir aos encantos dessa ilustração que caracteriza tanto as edições da Tinta da China. É minimalista, é quase ingênuo, quase naïf, mas é lindo. Acho que nesse caso é empate.


Pureza (Brasil) / Purity (Portugal), de Jonathan Franzen
O grafismo da edição portuguesa remete ao sol - as linhas, a cor - e tem a ver com a história do livro. O resultado final, me parece deixar a desejar. A nossa edição, em contrapartida, é um desbunde. É uma fotografia, com uma cor alucinante, as nuvem rarefeitas… e tem esse sol que fica escondido pela letra “u”. Fora a composição do título em sílabas que vão esmaecendo. É muita pureza, com o perdão do trocadilho. Ponto para o Brasil.


Primeiros contos (Brasil) / Primeiras histórias (Portugal), de Truman Capote
Eis outro julgamento difícil. O papel pardo, a fonte de máquina de escrever e o retrato do autor ainda jovem envolto na moldura conversam perfeitamente. Sintetiza uma ideia, um conceito. Já a edição brasileira ganha pela liberdade (e coragem) de colocar uma bela foto do autor inteira - sem cortes. Causam a mesma impressão de um autor ainda jovem, ainda em formação, trajando sandálias. A disposição do título também é elegante, com essa cor verde. Pode ser empate, né!?

*Capas: divulgação


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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

CASMURROS NO FACEBOOK


Depois de muito tempo o ‪#‎Casmurros‬ finalmente se rendeu as redes sociais e está entrando de cabeça no facebook. Tem gente que vai dizer que o blog "traiu o movimento", mas não é nada disso. O blog já estava no twitter, no tumblr, no flickr, no issuu... só faltava mesmo o raio do facebook.
A ideia continua sendo comentar qualquer sorte de assunto ligado ao universo da prosa de ficção. Aqui no blog vai pintar resenhas, análises, opiniões, conversas, comentários, observações pessoas e bobagens. As atualizações aparecem lá e você pode acompanhar, comentar e compartilhar.
Eventualmente pode aparecer algum conteúdo exclusivo lá com chamada aqui no blog. Está tudo ligado e estou experimentando os formatos. Vamos ver onde isso vai parar.
Para quem não sabe, o #Casmurros começou em 2009 como um clube do livro, passou a blog de "notícias" e agora chega totalmente ao mundo dos compartilhamentos - a tal rede 2.0 ultra participativa.
Vai lá "curtir" e vem comigo que no caminho eu te explico.
Imagem: Facebook

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

APOSTAS PARA 2016 - NACIONAIS E ESTRANGEIRAS

Com esse advento dos celulares inteligentes e as redes sociais superconectadas a gente nem precisa ter voltado ao trabalho para procurar o termo "lançamentos de ficção 2016" no Google. Na estrada, no avião, no ônibus, em casa, na fazenda ou na praia mesmo você já deve saber de tudo. Na última semana do ano - quando supostamente todo mundo está pensando a que horas servem o champanhe - já circulavam listas completas com previsões de livros para esse ano. Sinal de que os tempos estão mesmo mudando, porque as nossas editoras não costumavam divulgar o cronograma de lançamentos do ano com tanta antecedência.

Seja como for, estou listando abaixo um apanhado de livros que consegui apurar aqui e acolá. Não posso deixar de mencionar que a maior parte dessa lista nacional é resultado do trabalho de Daniel Dago (do Pósfacio) - ela chegou até mim através do Facebook. Fiz pequenos acréscimos e retirei alguns livros de não-ficção. Tem o nome da editora e do autor - em alguns casos consta o título em português ou o título original já que a tradução deve estar em andamento. Não estou mencionando os autores que devem aparecer na FLIP e sempre agitam lançamentos.

Vale lembrar que são previsões e as editoras podem alterar os cronogramas - assim como pode pintar uma nova onda, tipo "romances fantásticos", "livros de blogueiros" etc. Tudo pode acontecer.

Entre os nacionais destaco a tradução para o português de O sumiço (La disparition), de Georges Perec feita por Zéfere (José Roberto Andrade Féres). O caderno Ilustríssima publicou um trecho aqui. Na gringa, fico com Don DeLillo que sempre escreve livros misteriosos e impressionantes sobre a paranoia - o grande tema do nosso século.

Se alguém descobrir ou souber de algum outro lançamento e quiser contribuir, por favor, mande um sinal de fumaça. Prometo ficar de olho e atualizar a lista a medida que receber as informações.


AUTÊNTICA
O sumiço, de Georges Perec

PLANETA
O alado, de Arthur Japin
Tentando fazer algo da vida, de Hendrik Groen
O delírio total, de Noman Ohler
The invention of nature: Alexander von Humboldt’s New World, de Andrea Wulf

ESTAÇÃO LIBERDADE
O museu do silêncio e A fórmula do professor, de Yoko Ogawa
Botchan, de Natsume Soseki
Guerra de gueixas, de Nagai Kafu
Ensaio sobre o maníaco dos cogumelos, de Peter Handke
1913 – o verão do século, de Florian Illies
Cada um morre por si, de Hans Fallada
Medeia vozes, de Christa Wolf
Malina, de Ingeborg Bachman
Meu nome seja Gantenbein, de Max Frisch
No país do cervo branco, de Chen Zhongshi
O garoto do riquixá, de She Lao
Divã ocidental-oriental, de Goethe
Contos escolhidos, de E.T.A. Hoffmann
Natan, o sábio, de G. E. Lessing
Não adianta morrer, de Francisco Maciel

RÁDIO LONDRES
O refugiado e O homem sem doença, de Arnon Grunberg
Está tudo tranquilo lá em cima e Dez gansos brancos, de Gerbrand Bakker
Corvo, de A.J.A Symons
Quando tinha cinco anos eu me matei, de Howard Buten
Segunda mão, de Michael Zadoorian
Butcher’s crossing, de John Williams (trad. Alexandre Barbosa de Souza)
Réparer les vivants, de Maylis de Kerangal

ALFAGUARA
Uma virgem boba, de Ida Simons
Bonita Avenue, de Peter Buwalda

ZAHAR 
Os livros da selva, de Rudyard Kipling
As aventuras de Robin Hood, Alexandre Dumas
O homem invisível, de H.G. Wells

INTRÍNSECA
A brief history of seven killings, de Marlon James

RECORD
A tradutora, de Cristóvão Tezza
The end of story, de Lydia Davis
When the doves disappeared, de Sofi Oksanen

CARAMBAIA
O músico cego e Em má companhia, de Vladimir Korolenko
Corações cicatrizados, de Max Blecher

JOSÉ OLYMPIO
The early stories, de Truman Capote

COMPANHIA DAS LETRAS
City on fire, de Garth Risk Hallberg
How to be both, de Ali Smith
Sorgo vermelho, de Mo Yan
Os Buddenbrooks, de Thomas Mann
A montanha mágica, de Thomas Mann
Minha luta: livro 4 - Dancing in the dark e The morning star, de Karl Ove Knausgård
Como se estivéssemos em um palimpsesto de putas, de Elvira Vigna
A história dos meus dentes, de Valeria ­Luiselli
Purity, de Jonathan Franzen
Um retrato do artista quando jovem, de James Joyce
Cloud atlas, de David Mitchell
Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust (com tradução de Mario Sergio Conti)
O gattopardo, de Tomasi di Lampedusa
Contos, de Tomasi di Lampedusa
Como se o mundo fosse um bom lugar, de Marçal Aquino
Leão com leão, de Antonia Pellegrino
F, de Daniel Kehlmann
Buy me the sky: the truth about China's one-child generation, de Xinran
Soy loco por ti América, de Javier Arancibia Contreras
Central Europa, de William T. Vollmann
A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha
La septième fonction du langage, de Laurent Binet
Vozes de Chernobil e War's unwomanly face, de Svetlana Alexievich (ganhadora do Nobel)

ATELIÊ EDITORAL
Doutor Fausto acompanhado de História do Dr. Fausto
Epigramas, de Marcial

BIBLIOTECA AZUL
Ana de Amsterdam, de Ana Cássia Rebelo
The meursault investigation, de Kamel Daoud
The fishermen, de Chigozie Obioma
Obras completas - volume B, de Adolfo Bioy Casares
A história de um novo nome, de Elena Ferrante

EDITORA 34
A educação sentimental, de Gustave Flaubert
Contos de Kolimá, de Varlam Chalámov
A escavação, de Andrei Platónov
Os sete enforcados, de Leonid Andrêiev
Sátántangó, de László Krasznahorkai
A câmara escura de Dâmocles, de W.F. Hermans
Uma outra juventude, duas novelas de Mircea Eliade

CASA DA PALAVRA
Desamparo, de Inês Pedrosa
O coro dos defuntos, de António Tavares

ROCCO
In a dark, dark wood, de Ruth Ware
Vozes do oceano, de Aline Valek
Santos fortes, de Leandro Karnal

MARTINS FONTES
A longa way to water, de Linda Sue Park
A casa dos ratos, de Karina Schaapman
Vlo e Stiekel, de Peter Koolwijk
Felicidade, de Mies van Hout
Jane, a raposa e eu, de Fanny Britt e Isabelle Arsenault

GRUA
The price of value, de David A. Smith

HEDRA
Os holandeses (1839-1938) - 16 contos de 16 autores
O coração frio, de Wilhelm Hauff

COSAC NAIFY (com o fim da editora fica em aberto)
Ilíada, de Homero
Chicas muertas, de Selva Almada
Infância, adolescência e juventude, de Liev Tolstói
A fragata Johanna Maria, de Arthur van Schendel
Mal Aria, de Carmen Stephan
Os sertões, de Euclides da Cunha (edição crítica de Walnice Nogueira Galvão)


GRINGOS (considerando o mercado editorial norte-americano e de língua inglesa)

The high mountains of Portugal, de Yann Martel
The lost time accidents, de John Wray
Innocents and others, de Dana Spiotta
My struggle: book five, de Karl Ove Knausgaard
Our young man, de Edmund White
Zero K, de Don DeLillo
LaRose, de Louise Erdrich
Modern lovers, de Emma Straub
The noise of time, de Julian Barnes
Barkskins, de Annie Proulx
Here I am, de Jonathan Safran Foer

*Imagens: divulgação


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DANIEL GALERA CONCORRE A PRÊMIO EM PORTUGAL


O romance Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera está entre os finalistas do Prêmio Literário Casino da Póvoa atribuído pelo Festival Literário Correntes d'Escritas que acontece na cidade portuguesa Póvoa de Varzim. Ele vai concorrer com escritores bem conhecidos no Brasil como Valter Hugo Mãe, José Eduardo Agualusa, Javier Cercas, Teresa Veiga, Leonardo Padura, Lídia Jorge, entre outros. O vencedor será anunciado na abertura do festival, em 23 de fevereiro, e leva para casa um prêmio no valor de 20 mil Euros.

Vale lembrar que a edição portuguesa de Barba... publicada pela Quetzal é que está no páreo, pois só podem concorrer ao prêmio obras em português, editadas em Portugal, de autores de língua portuguesa ou espanhola.

Em 2012, o ganhador desse prêmio foi Rubem Fonseca com o romance Bufo & Spallanzani que foi publicado em Portugal pela Sextante Editora.

*imagem: divulgação
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