segunda-feira, 23 de abril de 2012

MANUEL DA COSTA PINTO, JOCA REINERS TERRON, CÉSAR AIRA E OS BLOGS


Tem final de semana que a gente não quer sair de casa - não sei no restante do Brasil, mas em São Paulo fez frio, teve chuva e garoa (nada mais paulistano do que isso!). Por essas e outras nosso querido Manuel da Costa Pinto deve ter criado na revista sãopaulo (aquela que acompanha a Folha de SP no domingo) uma coluna chamada "Fique em casa". No último número ele recomendou o livro Os possessos, de Elif Batuman, a doutora em literatura que arrancou elogios de um monte de gente importante. Manuel, num texto bem legal, elogiou as qualidades da moça e falou sobre muitas coisas: um mergulhou no riacho onde Tchékhov tomava banhou, "desejo mimético", teoria girardinana etc. Só que em determinado momento ele diz o seguinte:

À primeira vista, nada parece menos "aventuresco" do que o cotidiano de um campus universitário, que poderia render, na melhor das hipóteses, uma boa tese e, na pior, um blog ou uma página no Facebook.

A frase tem um tom de provocação ao dizer que os blogs não passam de um lugar onde se manifesta a mais pura "banalidade confessional". Evidentemente a internet está infestada de coisas desse tipo - não sou eu quem diz isso, mas o mundo inteiro - no entanto, os blogs também são lugares onde aparece a teoria despretensiosamente erudita (não vou citar nenhum, mas eles existem; aliás, o Manuel poderia recomendar algum para esses dias em que a gente fica em casa e quer perder um tempinho na internet). No mais, os blogs também cumprem uma função importante de transmissão de informações para quem está procurando.

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Não fosse pelos blogs a gente jamais saberia como foi o encontro de Joca Reiners Terron com César Aira na Festa da Literatura de Porto Alegre - FESTIPOA. Coisa da maior importância considerando que Aira é um dos escritores mais importantes da literatura argentina e passa em longe das traduções para o português. Deve ter dois ou três livros lançados no Brasil, mesmo tendo participado de um evento do porte da FLIP, em 2007 - por aqui saíram Pequeno manual de procedimentos, As noites de Flores e Um acontecimento na vida do pintor-viajante.

O encontro deveria ter a participação de Sérgio Sant'Anna, mas ele não pode participar por questões de saúde. Joca e Aira falaram sobre literatura brasileira (o argentino gosta de Guimarães Rosa, João Gilberto Noll e Sérgio Sant'Anna), índios (espécie de obsessão do autor em suas novelas), processo de criação e a morte da novela (como gênero literário).

Tá tudo bem explicadinho no blog Coordenação do livro e literatura (inclusive copiei a foto de lá).

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Sobre as poucas traduções de César Aira para o português Joca me disse (pelo twitter) que "é difícil escolher o que publicar numa obra tão vasta e irregular" como a dele - Aira tem mais de quarenta novelas publicadas. Para sanar um pouco da nossa falta, a editora Rocco deverá publicar Como me hice monja e La costurera y el viento.

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Para quem ficou interessado, na segunda edição do fanzine "Casmurros" tem uma entrevista com César Aira.

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Quero ler o livro da Elif Batuman quando pintar um tempo. Depois, mimetizando autor e obra, conto como foi.

*Imagem: reprodução do blog Coordenação do livro e literatura.

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Um comentário:

  1. Tem a tradução de A Trombeta de Vime e da Nouvelles Impressions du Petit Maroc, este pela editora Cultura e Barbárie (Tradutor Joca Wolff), de Florianópolis. Mesmo assim, falta muita coisa!!!

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