A discussão é extensa, complexa e está bem longe do seu fim, de modo que não consigo resumí-la aqui em alguns parágrafos. Os convidados traram de temas centrais como a função da crítica, seu estado atual, sua perda de influência e poder, suas virtudes, defeitos e desafios. Recomendo aos que se interessam pelo assunto que acessem a reportagem para tomar contato com essas ideias - disponível em
A tentativa do jornal tem o seu mérito por ser equilibrada, deixando de lado as visões apocalípticas ou integradas sobre a internet e o futuro da crítica. Sobretudo quando ao fim, a reportagem propõe dez regras para uma crítica literária equilibrada:
1. Situar o autor, dizer quem é ele e o que o livro representa na sobre sua obra.Estamos tão imersos na confusão desse momento que fica difícil fazer uma avaliação autocrítica. Eliminar a lógica desse sistema exige muito esforço e renúncia por parte de muita gente, mas quem está realmente disposto a pagar o preço?
2. Localizar o livro e julgá-lo pela perspectiva de uma longa tradição literária.
3. Fundamentar com argumentos e exemplos para que o leitor compreenda e avalie.
4. Informar, educar e entreter.
5. Pouca sinopse e enredo.
6. Informar sobre o estilo, o significado e simbolismo do livro.
7. Dizer o que pensa o autor sobre o tema do livro.
8. Dizer o que o crítico pensa sobre o que o autor do livro disse sobre o assunto do livro.
9. Nem bater nem babar, uma opinião ponderada e uma fundamentação comprovada são mais convincentes que uma explosão.
10. Proibir adjetivos publicitários, quem deve concluí-los é o leitor.
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Também sobrou para a internet na coluna de Daniel Piza para o Caderno 2. Pode parecer ranzinza, mas ele tem um pouco de razão:
Quando houve o surgimento da moda dos blogs, muitos articulistas, principalmente os mais jovens, saudaram a chegada de uma linguagem e tecnologia que iria combater a mídia "mainstream", com estilo mais autoral, atitude mais independente, interação mais democrática. Rodo por alguns blogs, sobretudo de moda, e vejo exatamente o contrário: escrita primária, comprometimento publicitário, busca da audiência pela audiência. Já os twitters, já chamados imprecisamente de microblogs, parecem confirmar cada vez mais a impressão de José Saramago: são grunhidos virtuais. Alguns de música postam um vídeo e só acrescentam a expressão "uau" ou "uhu" ou "ooôôoo". Isso que é argumento.*Imagem: reprodução do caderno Babelia.
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