terça-feira, 22 de abril de 2014

DEZ ESCRITORAS QUE VOCÊ VAI QUERER LER


Na semana passada, o romance The Goldfinch, da escritora norte-americana Donna Tartt faturou o respeitado Prêmio Pulitzer de Ficção. Parece que o jornal The Washington Post não gostou, mas o livro foi bastante celebrado por críticos e leitores - a boa trajetória inclui semanas consecutivas na lista de mais vendidos, presença em muitas listas de 'melhores do ano' e participação no Tournament of Books (foi eliminado nas quartas de final). A popularidade do romance foi tão grande que muita gente em Nova York enfrentou frio e longas filas para ver de perto uma exposição que exibia o quadro do pintor holandês Carel Fabritius que dá nome ao livro e serve de fio condutor do enredo. Não para por aí: boatos dão conta de que produtores da série de filmes Jogos vorazes querem adaptar The Goldfinch para o cinema. Tenho certeza que depois do prêmio o plano será levado a cabo por algum diretor conhecido.

Num resumo bem simplista, The Goldfinch conta a história de um adolescente chamado Theo Decker que perde a mãe num atentado terrorista no Metropolitan Museum e foge com uma pintura preciosa - o tal goldfinch, ou pintassilgo (em tradução livre), de Fabritius. Quem leu disse que é um romance de formação com ares de Charles Dickens que discute questões éticas, morais e estéticas. Detalhe curioso: Tartt levou 11 anos para concluir o livro porque ele é longo - um pequenino catatau de 784 páginas. Viva os longos!

Dias depois do anúncio, a imprensa anglófona voltou a tocar no assunto 'ficção feminina em 2014' pegando carona na hashtag #readwomen2014 proposta pela escritora e ilustradora Joanna Walsh no intuito de destacar e encorajar as pessoas a lerem livros escritos por mulheres - "marginalizada pelos jornais, revistas literárias e pelas edições com capas muito 'femininas'", segundo ela.

Vale lembrar que no ano passado mulheres foram vencedoras de diversos prêmios literários importantes (o que confirma a qualidade da ficção produzida por elas): Alice Munro levou o Nobel, Eleanor Catton levou o Man Booker, Marie Darrieussecq levou o Prix Médicis, Lydia Davis levou o Man Booker International, Cintia Moscovich levou o Portugal Telecom, Beatriz Bracher levou o APCA, Veronica Stigger levou o Prêmio da Fundação Biblioteca Nacional e Paula Fábrio levou o SP de Literatura.

Foi pensando nisso que resolvi criar uma lista com dez escritoras que merecem atenção e vão dominar as nossas estantes ao longo desse ano. É uma lista simples em que tentei privilegiar apenas lançamentos - certamente, vários livros ficaram de fora. Se você sentiu falta de alguma coisa, por favor, escreva nos comentários.

Donna Tartt
Ter ganhado o Pulitzer é um motivo e tanto para você incluir The Goldfinch na sua fila de leitura. O livro será publicado pela Companhia das Letras em setembro com tradução de Sara Grünhagen. Se você não aguenta esperar... pode ler da mesma autora A história secreta ou O amigo de infância ambos publicados pela Companhia das Letras.




Eleanor Catton
A jovem - e um pouco mais rica - escritora neozelandesa foi premiada pelo romance The Luminaries (curiosamente, o livro tem apenas 64 páginas a menos que The Goldfinch, ou seja, vivemos mesmo um tempo de romances LONGOS e aclamados por leitores e críticos) que chega será lançado pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros. Se você não aguenta esperar... pode ler da mesma autora O ensaio publicado pela Record.

Louise Erdrich
The Round House, o romance vencedor do National Book Award em 2012 será lançado pela Alfaguara - finalmente! Erdrich é uma veterana e tem uma produção muito prolixa: já publicou ficção, não ficção, literatura infantil e poesia. Se você não aguenta esperar... pode ler Feitiço de amor, A rainha da beterraba, A coroa de Colombo, Histórias de amor ardente ou o mais recente Jogo de sombras, publicado pela Tinta Negra.

Julie Otsuka
A escritora norte-americana de origem japonesa tem apenas dois romances na bagagem e nenhum deles traduzido por aqui. A Grua Livros deve suprir essa falta publicando The Buddha in the Attic, um romance curto e sensível sobre um grupo de jovens mulheres trazidas do Japão para os Estados Unidos como "noivas escolhidas por fotografia" no começo do século XX. Ganhou o Prêmio PEN/Faulkner.

Jhumpa Lahiri
Depois de cinco anos sem publicar ficção, a escritora de belos olhos e fã de Mick Jagger voltou a conquistar a crítica com The Lowland que será publicado pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros (a editora também promete reeditar outros livros da escritora que estão fora de catálogo). Se você não aguenta esperar... pode ler da mesma autora Terra descansada, O xará ou Intérprete de males que foram publicados pela Companhia das Letras.



Simone Campos
A escritora que mais experimenta no formato de seus livros promete publicar seu novo romance, A vez de morrer, em junho pela Companhia das Letras. Na semana passada, ela leu um trecho inédito na Livraria da Travessa (alguém estava lá? Conta como foi, por favor). Se você não aguenta esperar... pode ler OWNED - Um novo jogador, A feia noite ou No shopping, todos foram publicados pela 7Letras.

Luisa Geisler
Depois de formada em Relações Internacionais, a jovem e premiada autora deixou a editora Record, foi para a Alfaguara e vai lançar em agosto o romance Luzes de emergência se acenderão automaticamente. Se você não aguenta esperar... pode ler Contos de mentira ou Quiçá que foram publicados pela Record.

Patrícia Melo
Ela não gosta muito de classificar seus romances como literatura policial, pois eles não ficam presos aos elementos que caracterizam o gênero e apenas tomam emprestado o universo violento, criminoso e o ritmo narrativo quase cinematográfico. Seja como for, Fogo fátuo - seu próximo romance que sairá pela Rocco - terá um criminoso, um detetive e um mistério a ser desvendado. Parece até que a protagonista será uma mulher. Se você não aguenta esperar...  pode ler Acqua Toffana, O matador, Valsa negra, Escrevendo no escuro ou outros mais que também saíram pela Rocco.

Carola Saavedra
Única autora da lista cujo novo romance já foi publicado (chegou às livrarias nessa semana pela Companhia das Letras). O inventário das coisas ausentes conta uma história em duas partes: a primeira está centrada na figura de um narrador tomando anotações para um romance que vai escrever; e a segunda é o romance propriamente dito. A estrutura ambiciosa aliada ao enredo fragmentado deixam tanto as personagens quanto os leitores numa zona permanente de atenção.



Adriana Lisboa
Na verdade, Rakushisha não é um livro inédito porque foi publicado pela primeira vez em 2007. Acontece que ele estava fora de catálogo e, segundo consta, não era possível encontrá-lo nem mesmo em sebos. Por isso, a Alfaguara vai relançá-lo no próximo mês - o que quase equivale a um lançamento. Se você não aguenta esperar... pode ler Hánoi ou Sinfonia em branco (saíram pela Alfaguara) ou Azul-corvo, Um beijo de colombina ou Os fios da memória (saíram pela Rocco). 

*Imagens: reprodução da Wikipédia.

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3 comentários:

  1. E olha que a lista é maior ainda, você esqueceu a Elena Poniatowska que ganhou o Cervantes.

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    1. Oi, Luiz. Obrigado pelo comentário. Na verdade, tentei fechar a lista nos lançamentos que estão programados para sair até o final do ano. Vc sabe se algum outro livro da Elena Poniatowska será publicado por aqui?

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    2. Não sei de nenhum. É impressionante como, mesmo ganhando grandes prêmios literários, vários autores continuam não sendo publicados/sendo pouco publicados aqui. Ela só tem um livro pela Rocco se eu não me engano. Transtromer, ganhador do Nobel de 2012, até hj não foi editado no Brasil. E eu ainda estou esperando romances do Mo Yan q eu tenho quase certeza q a Cia. tinha prometido pra esse ano. (sim, eu usei esse espaço um pouco pra desabafo)

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