"Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer."
Ítalo Calvino
Moby Dick está fazendo aniversário. Até o Google entrou na onda de comemorações com aquela tradicional brincadeira com seu logotipo. Desde setembro, no melhor estilo folhetim, o projeto mobydickbigread.com está criando uma espécie de audiobook na internet com pessoas lendo capítulos do livro que ficam disponíveis no SoundCloud, no iTunes e no Facebook. Contribuíram com a leitura Tilda Swinton, Matthew Barney e David Cameron, entre outros.
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Bendito seja o dia em que uma baleia atacou um barco pesqueiro no meio do oceano Pacífico, em novembro de 1820. Quer dizer, o incidente verídico propriamente dito foi horrível - segundo dizem, o barco afundou e a tripulação ficou à deriva por três meses, tendo de praticar até canibalismo para sobreviver -, mas nos deixou de herança um clássico da literatura universal: Moby Dick, ou a baleia.
A tarefa foi possível graças ao talento do jovem Herman Melville (com 32 anos na época da publicação do romance). Sua experiência de vida contava com uma longa viagem pelo Pacífico, cinco livros publicados, um casamento e a amizade de Nathaniel Hawthorne (renomado autor de A letra escarlate). Tanta maturidade permitiu a Melville enxergar a força simbólica daquele ataque revolto da natureza contra a ação humana e fazê-lo explodir em diversos temas complexos: a hierarquia das classes sociais, a polaridade entre o bem e o mal, as dúvidas sobre a existência de Deus, a obsessão humana etc.
O romance foi publicado pela primeira vez em três volumes, na Inglaterra em 18 de outubro de 1851. Curiosamente, Moby Dick não fez muito sucesso naquele ano, quase foi esquecido e ficou relegado a um pequeno circulo de leitores em Nova York. Os verdadeiros responsáveis pela revisão do livro foram os críticos e escritores modernistas do começo do século 20 - especialmente Carl Van Doren, D. H. Lawrence e F. O. Matthiessen.
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Desde então, Moby Dick faz parte do imaginário popular e ganhou inúmeras adaptações para teatro, cinema, programas de rádio e TV, além de versões para quadrinhos. A aventura mais recente é Moby-Dick in Pictures: One Drawing for Every Page, de Matt Kish. O cara criou um blog onde publicava um desenho para cada página do romance. A repercussão foi tão grande que acabou virando livro.
Aliás, ele publicou no blog uma compilação com diversos trabalhos artísticos inspirados em Melville e sua obra prima.
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No Brasil, a edição definitiva do romance Moby Dick que foi lançada pela Cosac Naify. Tem tradução primorosa de Alexandre Barbosa de Souza e Irene Hirsch, uma série de notas explicativas, glossário náutico e fortuna crítica.
*Imagem: Moby Dick as Jaws by unknown/reprodução do Spudd64.
Poxa, que sacanagem, um blog bom desses e quase não tem comentários! Parabéns pelas postagens! Sempre que posso, passo aqui pra me atualizar das notícias do universo da literatura. Já comprei livros por ler resenhas deste endereço. Aliás, uma dúzia deles! Acho muito legal a iniciativa! Não pare não! Aposto que como eu, outros também passam por aqui na surdina! Abs, Wagner.
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