quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

JULGANDO LIVROS PELA CAPA: PORTUGAL X BRASIL

O site The Millions faz uma brincadeira interessante comparando a capa de livros em edições americanas e inglesas. Pegando a ideia emprestada, entrei na brincadeira escolhendo alguns autores brasileiros e portugueses para comparar o designer de capa de cada um. Imagino que as duas questões que sempre atormentam o trabalho de quem faz a capa são: resumir o enredo do livro numa única imagem e conquistar a atenção do leitor para aquele produto. Por isso, a brincadeira tem um resultado curioso quando percebemos que o que nos fisga nas livrarias é bem diferente daquilo que fisga nossos "patrícios d'além mar".

Como não sou especialista no assunto, estou comentando de maneira bem prosaica - no melhor estilo inexperiente sem compromisso. Alguns livros ainda estão na minha fila de leitura, portanto não posso comentar sobre a relação do conteúdo com a capa.

As capas das edições brasileiras estão do lado direito. Os comentários estão abertos quem quiser pode participar.



Leite derramado, Chico Buarque.
Sei que a edição brasileira saiu com duas capas diferentes: uma branca com título em preto e outra laranja com o título em branco. As duas versões ficaram limpas e sóbrias, embora a laranja chame mais atenção e seja a mais conhecida. Já a edição portuguesa escolheu uma imagem que diz muito a respeito do enredo do livro.


Estive em Lisboa e lembrei de você, Luiz Ruffato.
Enquanto a edição portuguesa optou por uma foto da cidade, nossa edição optou pelo galo português que é muito mais simbólico. Soa carinhosa a pequena adaptação no título para "...lembrei-me de ti".

A arte de produzir efeito sem causa, Lourenço Mutarelli.
As duas editoras optaram pela mesma imagem na capa. A diferença está apenas no formato: em Portugal é quadrado e mais longo, enquanto no Brasil as bordas são arredondadas e o livro um pouco menor. Comentário a parte: o projeto gráfico do pessoal do Máquina Estúdio (no Brasil) é realmente espetacular.


Caim, José Saramago.
Enquanto a edição brasileira optou por uma imagem abstrata, a portuguesa preferiu uma figura bíblica. E esse furo na testa da figura tem uma força simbólica muito forte.


Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?, António Lobo Antunes.
Aqui tem uma questão de identidade visual. Praticamente todos os livros da Alfaguara no Brasil tem essa espécie de moldura. O cavalo do título aparece na singela figura de um cavalinho de pau na mão de uma menina. Já a edição portuguesa optou pela força desse cavalo furioso, trotando.


O remorso de baltazar serapião, Valter Hugo Mãe.
Ficou bonita a imagem dessa cabeça com um mapa antigo. Lembra mesmo uma posição de remorso. A edição brasileira também ganhou uma identidade bem nacional com esse desenho que lembra uma serigrafia. E diz muito sobre a história, imagino.


Mãos de cavalo, Daniel Galera.
Resolvi mencionar essas duas capas não para falar de beleza. Mas achei bem curioso que a capa portuguesa seja mais literal na imagem.


O único final feliz para uma história de amor é um acidente, João Paulo Cuenca.
A edição brasileira é bastante elaborada e cheia de informações visuais que lembrar elementos da cultura visual japonesa. Pelo menos é o que me parece. Os portugueses optaram pelo minimalismo das cores da bandeira japonesa e pelo desenho da boneca, personagem do romance. Bem curioso também.

*imagens: divulgação, reprodução.

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