quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

PERDIDO NA TRADUÇÃO



No final do ano passado, uma editora chinesa publicou uma nova tradução de Finnegan's Wake, o romance-experimento de James Joyce. Não demorou nem um mês e o livro entrou na lista de mais vendidos com a tiragem inicial de 8.000 exemplares totalmente esgotada. A editora imprimiu uma nova tiragem para suprir a demanda e de olho no sucesso ainda lançou uma edição especial e limitada em capa dura com alguns mimos para o leitor. A imprensa internacional tentou encontrar alguma explicação para o fenômeno e descobriu que a editora do livro investiu pesado em publicidade. Também contribuiu o interesse dos leitores chineses por livros da vanguarda européia que foram banidos durante o regime comunista. Em 1994, uma edição de Ulysses também virou bestseller e vendeu mais de 85.000 cópias.


Teve gente especulando que o segredo do sucesso pode estar escondido na tradução de Dai Congrong que levou oito anos para verter em mandarim o romance tido como intraduzível - a titulo de comparação, a versão francesa levou 30 anos, a versão alemã 19 anos e a versão brasileira feita por Donaldo Schüler levou 4 anos. Numa entrevista Dai Congrong disse que não seria fiel ao intuito original do livro se tivesse feito uma tradução de fácil compreensão e traduziu palavra por palavra de acordo com seu entendimento.


Tenho certeza que os literatos inveterados estão morrendo de curiosidade para saber como ficou o trecho inicial do romance. Veja o trecho original:
"riverrun, past Eve and Adam’s, from swerve of shore to bend of bay, brings us by a commodius vicus of recirculation back to Howth Castle and Environs."
Alguém arrisca uma versão para o mandarim?

*Imagem: reprodução do Google.

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