A Bienal do Livro começou na semana passada, termina no domingo e eu não fui. Nem vou. Lembro que a última Bienal (em 2012) terminou com uma repercussão negativa nos jornais e nos blogs - apesar dos bons números de público e de vendas, é verdade - e o que eu disse naquela ocasião parece que continua valendo: livros sem desconto atrativo, programação cultural nem tão literária assim, falta de lançamentos etc.
A verdade é que eu não sou mais o público-alvo da Bienal. Uma reportagem da Ilustrada pintou o evento como um grande festival de rock: tem debates, peças, filmes, shows... e até livros. Não é à toa que o cartaz diz assim "Diversão, cultura e interatividade. Tudo junto e misturado". Parece que o evento perdeu relevância com uma parcela do público e para se manter vivo encontrou seu filão nos jovens (o público infantil também tem espaço garantido). Será que para ler ou sentir atração pela leitura o jovem precisa de vários artifícios e não apenas de um... livro?
Vejam, isso não é um problema. Não quero parecer apocalíptico ou derrotista. Quando mais o público infantil e jovem ler, melhor: com mais leitores o mercado editorial fica saudável e a educação ganha um aliado fundamental. Nem preciso destacar os benefícios da leitura (sim! eles existem, acredite!). Todo mundo sabe de cor essa ladainha. E quem gosta de livros mais "literários" (vamos chamar assim) já tem muitas outras maneiras de encontrar novidades, conseguir descontos, pensar e debater a respeito dos livros que lê.
Quando o balanço dessa Bienal sair na segunda-feira, tenho certeza que os números de visitantes serão bons - de vendas é um problema dependendo de quem vê.
Seja como for, fica sempre esse sentimento de que os eventos de livros tem cada vez menos... livros. É culpa do nosso romantismo purista em torno do mais "literário", do livro físico, do livro que é apenas livro mesmo. A coisa fica pior quando a gente se dá conta de que os... livros mais "literários" tem cada vez menos importância: são menos lidos, vendem menos e vão perdendo a relevância.
Parece um contrassenso que o público adulto que consome o mais "literário" seja ignorado por um evento do tamanho da Bienal. Podia haver uma Bienal Paralela que contemplasse essa turma. Pior ainda é pensar que a Bienal poderia se reinventar num mundo carente de reinvenção. sonho com o dia em que a Bienal tenha a ousadia de tomar de assalto a cidade de São Paulo, saí dos domínios do Anhembi e ocupe as ruas promovendo eventos sérios e diversos sobre... livros e leitura.
Simples assim.
*Foto: retirei do Google.
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