quinta-feira, 31 de maio de 2012

NOTAS #37


O pintor da estepe
Não é surpreendente que existam escritores que pintam ou desenham, mas que existam muitos escritores que fazem isso com talento. A lista é tão grande que ganhou até um livro muito bacana chamado
The writer's brush, organizado por Donald Friedman. Nem todo mundo sabe, por exemplo, que Charles Bukowski, Joseph Conrad, William Faulkner, Nikolai Gogol, Günter Grass, Aldous Huxley, Franz Kafka, Vladimir Nabokov e tantos outros usavam o pincel entre um livro e outro. Só consigo explicar o fato curioso de uma forma: o talento de cada um deles era tão grande que uma única forma de expressão não pode ser suficiente.

Junto dessa galeria de nomes está o escritor Herman Hesse, autor de O lobo na estepe, cujos desenhos e aquarelas (foto acima) estão numa grande exposição comemorativa no Kunstmuseum Bern, na Suíça. Ele começou a pintar como parte de uma terapia para se recuperar de um colapso nervoso. Nunca largou a atividade e fez um trabalho digno de nota.

A exposição integra as comemorações para lembrar os 50 anos da morte de Herman Hesse.



Leitura Recomendada
A equipe da revista Electric Literature resolveu expandir seu planos de unir literatura e novas tecnologias com o projeto Recommended Reading: uma revista eletrônica que publicará ficção inédita recomendada por renomados escritores e editores. Estará disponível toda semana no Kindle e gratuitamente na internet. Até agora apareceram textos de Ben Marcus, Clarice Lispector e Marie-Helene Bertino. Para promover o lançamento do projeto uma frase do conto "Watching Mysteries with My Mother", de Ben Marcus virou uma animação eletrizante.

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A frase é: “We speak of having one foot in the grave, but we do not speak of having both feet and both legs and then one’s entire torso, arms, and head in the grave, inside a coffin, which is covered in dirt, upon which is planted a pretty little stone.”

Dupla nacionalidade
Nesse mês a Companhia das Letras lança Cidade aberta, primeiro romance do escritor Teju Cole (que nasceu nos Estados Unidos, mas foi criado na Nigéria e voltou para a América nos anos 90). O livro foi bem recebido pela crítica norte-americana que o comparou a J.M. Coetzee e W.G. Sebald. A tradução ficou a cargo de Rubens Figueiredo.

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Cole estará na FLIP dividindo mesa com a escritora Paloma Vidal (que nasceu em Buenos Aires e foi criada no Rio de Janeiro). Ela já publicou três livros, mas não lança nada desde Algum lugar, em 2009, pela 7Letras. Uma pena que o jejum de três anos será quebrado somente em setembro com o romance Mar azul. O livro marca a estreia da escritora na editora Rocco e vem cercado de grande expectativa.

Mais Ulysses
No próximo sábado, 16 de junho, muita gente ao redor do mundo vai comemorar mais uma edição do Bloomsday - a festividade anual dedicada ao romance Ulysses, de James Joyce. O livro foi publicado pela primeira vez em partes no jornal The Little Review de março de 1918 a dezembro de 1920 e publicado em formato de livro por Sylvia Beach, em fevereiro de 1922, em Paris.

Ulysses acompanha um dia da vida de Leopold Bloom, 16 de junho de 1904. Por isso, o Bloomsday acontece nessa data todos os anos. Para dar o pontapé inicial nas comemorações, recomendo o audio book em inglês disponível no Archive.org. Você pode ouvir em streaming ou fazer o download - para ouvir no carro, no MP3 player ou onde você quiser.

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Como você deve saber, Ulysses recebeu uma nova tradução pelas mãos de Caetano Galindo e teve uma grande repercussão no lançamento.

*Imagem: reprodução do site do museu.

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