quarta-feira, 16 de maio de 2012

50 ANOS - A LARANJA MECÂNICA

Estou começando a ficar parecido com o namorado ou marido que esquece datas importantes depois chega no dia seguinte pedindo desculpas com um presente na mão. Em janeiro propus algumas comemorações importantes para esse ano: tantos anos de nascimento, tantos anos de morte, obra em domínio público, aniversários e toda a sorte de coisas. O tempo passou e caçando notícias descobri que ficaram de fora os 30 anos sem Georges Perec (que tratei de corrigir) e os 75 anos de Thomas Pynchon (que também tratei de corrigir), por exemplo. Vamos combinar que saber essas datas de cor e salteado é algo impossível - certamente eu vou deixar muitas outras datas passarem.

***

Seja como for, estou aqui para dizer que um clássico da literatura está completando 50 anos. Trata-se de
A laranja mecânica, de Anthony Burgess que foi lançado em 1962 depois de três árduas semanas de trabalho - reza a lenda que ele começou a escrever porque tinha sido diagnosticado com uma doença grave e tinha medo de deixar a esposa sem dinheiro. A história de Alex e seus "droogs" causou um enorme impacto na cultura pop influenciando de Andy Warhol ao Sepultura. Alguém já deve ter feito um levantamento de filmes, canções, pinturas, balés e tatuagens que citam diretamente o livro. Claro que houve reações negativas por causa das cenas de violência e da linguagem totalmente inovadora que Burgess criou para o livro: o nadsat.

Virou um belo filme nas mãos de Stanley Kubrick em 1971. Certamente foi essa adaptação que contribuiu para tornar a história ainda mais popular - acho que teve mais gente que viu o filme do que leu gente que leu o livro. Burgess não gostou muito do resultado. Achava que o filme glorificava o sexo e a violência, além de causar um mal-entendido sobre suas verdadeiras intenções e críticas sociais. Ele chegou a se arrepender e dizia que repudiava a obra.

Embora tenha escrito muitos livros, ensaios críticos, roteiros para TV e música, Burgess ficou para a história como o autor de A laranja mecânica. A vida tem dessas coisas.

***

O livro saiu em português (com nova tradução assinada por Fábio Fernandes) pela Editora Aleph. Tem um trecho disponível para leitura aqui.

* Imagem: divulgação.
Share/Save/Bookmark

Um comentário: