Chuck Palahniuk deixou a editora Rocco e está de mudança para a Leya. Sua estreia na casa nova acontece em abril com uma reedição do cultuado livro, Clube da luta. A notícia deixou os fãs do escritor bastante entusiasmados, pois o romance estava esgotado há anos. Até em sebos era difícil encontrar um único exemplar. O site Estante Virtual, que reúne na internet sebos espalhados por todo o Brasil, tem apenas dois exemplares a venda: um custa R$ 150,00 e o outro R$ 250,00. Tanta procura e tão pouca oferta faz os preços subirem.
Você já deve conhecer a história do livro por causa do filme dirigido por David Fincher. Um funcionário de uma segurado de carros leva uma vida muito estressante e um belo dia ele começa a sofrer de insônia. Quando procura tratamento seu médico recomenda algumas visitas a um grupo de apoio a sobreviventes de câncer testicular. Como num passe de mágica a insônia acaba. O negócio a complicar quando num dos grupos de apoio ele encontra Tyler Durden, um sujeito ao mesmo tempo explosivo e carismático. Juntos eles criam um clube secreto em que vários homens se encontram para sair na mão - assim nasce o Clube da Luta. Até os fãs de UFC ficariam de cabelo em pé. Para acabar não parecer o "clube do bolinha", dar uma equilibrada em tanta testosterona (no clube, todos lutam sem camiseta e descalços) e nas doses cavalares de violência, Palahniuk colocou no meio do enredo uma garota esquisita chamada Marla Singer. Ela, o narrador anônimo e Tyler Durden formam um triângulo amoroso bem complicado (para não dizer: perturbado). Não vou contar mais detalhes para não estragar a surpresa de quem não leu o livro ou não viu o filme.
A intenção de Palahniuk me parece nítida: apontar a solidão humana, o isolamento das pessoas e a incapacidade de comunicação da sociedade pós-moderna apesar de toda aproximação promovida pela tecnologia. A violência vira válvula de escape para as pressões sociais (nas lutas todas as pessoas são iguais, fazem parte de um grupo e estão reunidas em torno de um interesse comum). Nesse universo imaginado pelo autor a violência nos torna mais humanos, reais e vivos. E como todo mundo está interessado nesse assuntos Palahniuk também discute o desajuste da masculinidade no mundo contemporânea.
O ativismo anarco-revolucinário também aparece no livro quando Tyler recruta membros do Clube da Luta para promover ações terroristas contra grandes empresas da sociedade moderna e consumista - a coisa toda recebe o nome de "Projeto Mayhem". Parece que algumas regras do grupo Anonymous são baseadas nas regras do Clube da Luta: "Primeira regra: você não fala sobre o clube da luta. Segunda regra: você não fala sobre o clube da luta" ou "Não faça perguntas. Não faça perguntas. Não se desculpe. Não minta".
A nova edição do Clube da Luta tem um posfácio inédito escrito pelo próprio Chuck Palahniuk. A Leya também planeja relançar por aqui Sobrevivente e o inédito Damned.
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Sobre a capa dessa reedição existe uma história curiosa: a capa com o desenho que lembra uma tatuagem tinha sido aprovada pela editora, mas Palahniuk não gostou muito e pediu algo mais parecido com a linguagem original do cartaz do filme. O pedido foi atendido e o livro chega às livrarias com a capa do sabonete. Quem conta a história é o pessoal do Gabinete das Artes (que fez a capa).
Para a Folha de SP a história é outra: os fãs do livro não teriam gostado da capa da tatuagem e depois das inúmeras criticas na redes sociais a editora optou pela mudança.
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Para finalizar uma história maluca: na semana passada Palahniuk estava sentado em seu carro estacionado quando viu um semi trailer vindo em sua direção. Ele conseguiu escapar do acidente que poderia ter sido fatal, mas seu carro foi totalmente destruído. Ele está bem e se recuperando do susto.
*Imagem: divulgação.
quinta-feira, 29 de março de 2012
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Não tinha curtido muito a capa anterior. Apesar de ter achado a nova melhor, não sei se me ganhou também. Poderia ficar melhor, acho que ficou um tantinho desleixada.
ResponderExcluirQuero mais é que republiquem logo tudo. Um absurdo pagar 200 pilas num livro, ainda que seja massa.
A tradução deve ser uma tradução nova, né? Tomara, pois não curti NADA a tradução anterior (deixava rastros do inglês nas frases mal construídas). Tomara.