sexta-feira, 29 de agosto de 2014

BIENAL DO... LIVRO?


A Bienal do Livro começou na semana passada, termina no domingo e eu não fui. Nem vou. Lembro que a última Bienal (em 2012) terminou com uma repercussão negativa nos jornais e nos blogs - apesar dos bons números de público e de vendas, é verdade - e o que eu disse naquela ocasião parece que continua valendo: livros sem desconto atrativo, programação cultural nem tão literária assim, falta de lançamentos etc.

A verdade é que eu não sou mais o público-alvo da Bienal. Uma reportagem da Ilustrada pintou o evento como um grande festival de rock: tem debates, peças, filmes, shows... e até livros. Não é à toa que o cartaz diz assim "Diversão, cultura e interatividade. Tudo junto e misturado". Parece que o evento perdeu relevância com uma parcela do público e para se manter vivo encontrou seu filão nos jovens (o público infantil também tem espaço garantido). Será que para ler ou sentir atração pela leitura o jovem precisa de vários artifícios e não apenas de um... livro?

Vejam, isso não é um problema. Não quero parecer apocalíptico ou derrotista. Quando mais o público infantil e jovem ler, melhor: com mais leitores o mercado editorial fica saudável e a educação ganha um aliado fundamental. Nem preciso destacar os benefícios da leitura (sim! eles existem, acredite!). Todo mundo sabe de cor essa ladainha. E quem gosta de livros mais "literários" (vamos chamar assim) já tem muitas outras maneiras de encontrar novidades, conseguir descontos, pensar e debater a respeito dos livros que lê.

Quando o balanço dessa Bienal sair na segunda-feira, tenho certeza que os números de visitantes serão bons - de vendas é um problema dependendo de quem vê.

Seja como for, fica sempre esse sentimento de que os eventos de livros tem cada vez menos... livros. É culpa do nosso romantismo purista em torno do mais "literário", do livro físico, do livro que é apenas livro mesmo. A coisa fica pior quando a gente se dá conta de que os... livros mais "literários" tem cada vez menos importância: são menos lidos, vendem menos e vão perdendo a relevância. 

Parece um contrassenso que o público adulto que consome o mais "literário" seja ignorado por um evento do tamanho da Bienal. Podia haver uma Bienal Paralela que contemplasse essa turma. Pior ainda é pensar que a Bienal poderia se reinventar num mundo carente de reinvenção. sonho com o dia em que a Bienal tenha a ousadia de tomar de assalto a cidade de São Paulo, saí dos domínios do Anhembi e ocupe as ruas promovendo eventos sérios e diversos sobre... livros e leitura.

Simples assim.

*Foto: retirei do Google.
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6 comentários:

  1. Já havia notado esta "tendência" desde 2008, quando trabalhei num estande na Bienal. Fiquei desapontada e perplexa, e fiz-me as mesmas perguntas. Nunca mais fui. Além disso, os descontos em livros não são grande coisa. Concordo com você da primeira à última palavra.

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  2. Fui hoje na bienal, na esperança de comprar alguns livros em promoções, mas não aconteceu (pelo menos como eu acreditava que seria).

    As grandes livrarias vendem seus livros na bienal ao mesmo preço que vendem nas lojas. Se é para incentivar a leitura e ganhar público, por que não não fazer uma promoção durante a bienal?

    Para pagar o mesmo preço na loja, compro pela internet, mais prático. Ou compro em Sebo, que é mais barato (e é o que mais faço).

    As promoções que haviam era de distribuidoras, que amontoam centenas de livros, desde livro de receita de bolo até biografias, e vendem por 10,00 a unidade. O problema é que você tem que dar sorte pra achar no monte algo que preste.

    Não ia na bienal já fazia um tempo. Depois de hoje, acho que não irei tão cedo.

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  3. Achei muito relevante tudo o que você disse. Fui à Bienal no dia 23 e saí de lá frustrada após algumas horas de evento. O motivo maior foi a falta de organização e, claro, preços nem tão atrativos. Vi livros com preço mais alto do que nas livrarias e/ou internet. Não consegui aproveitar muito do meu dia lá por causa do tumulto; acho legal os encontros de blogs e os tantos eventos que acontecem lá dentro, mas a organização falha impede que aproveitemos de forma plena. E, como você disse, tem a questão do público. Acho que alguns livros, autores e assuntos ficam apagados ou mesmo ausentes, e o destaque fica todo em um só tipo de livro, de tema, de autor. Nem digo de público, porque muitas vezes uma parcela do público é comum, consome tanto os mais "literários" quanto as sensações YA recentes. Só que o foco fica só nestas últimas.
    Por outro lado, acho muito bacana os espaços infantis, cada vez mais caprichados, atrativos, sabe.
    Bom, uma coisa eu tirei de lição desse meu único dia de Bienal este ano: ir no fim de semana é furada. Da próxima vez tentarei ir em algum dia da semana e tenho certeza que será mais produtivo.

    Beijos, Livro Lab

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  4. Valeu pelos comentários, pessoal! Queria aproveitar para fazer uma correção: fui injunto ao dizer a programação de debates não contemplava assunto mais "literários". Acompanhei aqui e ali pessoas que foram em mesas e debates com escritores brasileiros que me pareceram bem proveitosos.

    Aguardo os números e balanços que o pessoal deve fazer ao longo dessa semana, mas minha impressão parece que continua a mesma.

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  5. Existe sim uma programação para livros literários. Chama-se Flip. Só não fazem o evento paralelo pois os organizadores são praticamente os mesmos.

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