Pessoal,O ano está acabando, mas eu ainda tinha um monte de coisas para falar. É sempre assim! As novidades ficam para o ano que vem. O blog faz uma pausa de hoje até a primeira semana de 2012. Feliz ano novo!
*imagem: reprodução do Google.
MELHOR LEITURA, MELHOR HQ
De uns tempos para cá, uma da obsessão dos "nerds" do Vale do Silício é criar um game que tenha tanta complexidade narrativa quanto Moby Dick, de Herman Melville. Quem confirma o fato é o jornalista Harold Goldberg. O caderno Link (do Estadão) publicou um artigo interessantíssimo assinado por ele comentando as ideias por trás de seu livro All Your Base Are Belong to Us: How Fifty Years of Videogames Conquered Pop Culture (importado - ainda sem previsão de lançamento em português).A LITERATURA E O VIDEOGAME

JAVIER MARIAS EM MEIO AS LISTAS
Nova tiragemNOTAS #33

CASMURROS #3
MADAME BOVARY C'EST MOI
1. Guerra e paz, de Liev Tolstói, traduzido do russo por Rubens Figueiredo (Cosac Naify; R$198,00). A batalha e a derrota de Napoleão na Rússia em tons monumentais.PRESENTES DE NATAL - 2011
Muito antes da internet existir, escritores e críticos literários usavam jornais e revistas como meio de circulação de novas ideias. As páginas quase artesanalmente impressas esquentavam o debate crítico e faziam circular novas obras de ficção. Tal ambiente pode conviver pacificamente com a internet por um tempo, mas desde os anos 2000 o mundo impresso vem sofrendo golpes que são aparentemente irreversíveis.QUEM LÊ TANTA REVISTA?
Na semana passada o caderno Babelia convidou alguns renomados críticos de diversos países para pensar sobre a possibilidade de construir uma crítica literária equilibrada em tempos de internet. Por mais complexa que seja a questão, o caderno acabou propondo uma saída com dez itens que devem ajudar a crítica literária a sobreviver tanto na mídia impressa, quanto digital.UMA CRÍTICA EQUILIBRADA (2)
Tem muita gente que gosta de Clarice Lispector, mas também tem muita gente que não gosta - em parte pelo grande culto que os leitores, críticos e estudantes dedicam a sua figura seminal dentro da literatura brasileira, em parte por aquela quantidade enorme de spams, e-mails, cartinhas de namorado(a) e correntes apócrifas que circulam na internet. Vale a máxima "quem nunca recebeu uma mensagem de tipo?". Um pouco da mesma aversão deve acontecer em maior ou menor medida com Carlos Drummond, Fernando Pessoa, Rubem Fonseca e Luis Fernando Veríssimo que costumam lotar nossas caixas de mensagens, mural do Facebook e tudo o mais.
Para dar mais brilho as comemorações uma notícia muito bacana: a charmosa revista Paris Review incluiu na sua edição de inverno dois contos de Clarice Lispector. A escritora figura ao lado de Paul Murray, Adam Wilson e Roberto Bolaño (com a quarta e última parte do romance O terceiro Reich - que a gente já está lendo desde o começo do ano). A edição ainda tem uma entrevista com Jeffrey Eugenides, o escritor mais comentado do ano na imprensa anglófona por conta de The Marriage Plot depois de Haruki Murakami. Aliás, um comentário à parte: em se tratando de Paris Review deve ser uma entrevista matadora.A HORA DE CLARICE (2)
Defender a crítica acadêmica é algo fora de moda. O negócio é malhá-la até onde a gente consegue. Indo na contra-mão desse corolário contemporâneo, o caderno Babelia, do jornal espanhol El País, trouxe uma reportagem especial interessantíssima chamada "Radiografía de la crítica literaria". Vinte críticos literários (misturando gente da Europa e dos Estados Unidos) foram convidados a fazer uma avaliação da crítica na era da internet e apontar sugestões para que tanto a crítica, quanto a obra e seus autores continuem tendo importância.1. Situar o autor, dizer quem é ele e o que o livro representa na sobre sua obra.Estamos tão imersos na confusão desse momento que fica difícil fazer uma avaliação autocrítica. Eliminar a lógica desse sistema exige muito esforço e renúncia por parte de muita gente, mas quem está realmente disposto a pagar o preço?
2. Localizar o livro e julgá-lo pela perspectiva de uma longa tradição literária.
3. Fundamentar com argumentos e exemplos para que o leitor compreenda e avalie.
4. Informar, educar e entreter.
5. Pouca sinopse e enredo.
6. Informar sobre o estilo, o significado e simbolismo do livro.
7. Dizer o que pensa o autor sobre o tema do livro.
8. Dizer o que o crítico pensa sobre o que o autor do livro disse sobre o assunto do livro.
9. Nem bater nem babar, uma opinião ponderada e uma fundamentação comprovada são mais convincentes que uma explosão.
10. Proibir adjetivos publicitários, quem deve concluí-los é o leitor.
Quando houve o surgimento da moda dos blogs, muitos articulistas, principalmente os mais jovens, saudaram a chegada de uma linguagem e tecnologia que iria combater a mídia "mainstream", com estilo mais autoral, atitude mais independente, interação mais democrática. Rodo por alguns blogs, sobretudo de moda, e vejo exatamente o contrário: escrita primária, comprometimento publicitário, busca da audiência pela audiência. Já os twitters, já chamados imprecisamente de microblogs, parecem confirmar cada vez mais a impressão de José Saramago: são grunhidos virtuais. Alguns de música postam um vídeo e só acrescentam a expressão "uau" ou "uhu" ou "ooôôoo". Isso que é argumento.*Imagem: reprodução do caderno Babelia.
UMA CRÍTICA EQUILIBRADA
Em tempos de discussões sobre a literatura, a internet, a crítica, o autor, a obra e as afirmações de Paulo Coelho nada melhor do que Ricardo Piglia para iluminar nossos pensamentos:A narração social se deslocou do romance para o cinema e depois do cinema para as séries, e agora está passando das séries para os facebooks e twitters e demais redes da internet. O que envelhece e perde a vigência fica solto e mais livre: quando o público do romance do século 19 se deslocou para o cinema, foram possíveis as obras de Joyce, de Musil e de Proust. Quando o cinema é relegado como meio de massa pela TV, os cineastas dos "Cahiers du Cinéma" resgatam os velhos artesãos de Hollywood como grandes artistas; agora que a TV começa a ser substituída massivamente pela web, valorizam-se as séries como forma de arte. Em breve, como o avanço tecnológico, os blogs e os velhíssimos e-mails e as mensagens de texto serão exibidos nos museus. Que lógica é esta? Só se torna artístico -só se politiza- o que caduca e está "atrasado".Observações de Ricardo Piglia, retiradas de seus diários em Princeton e publicadas pelo caderno Ilustríssima com tradução de Paulo Werneck.
UMA ANOTAÇÃO DE RICARDO PIGLIA
Caramba! Vi uma notícia dizendo que em entrevista ao programa da apresentadora Ana Maria Braga, o escritor Paulo Coelho disse a seguinte frase: "As redes sociais são uma forma de literatura". Imediatamente me lembrei de um artigo escrito por Bernardo Carvalho para a revista Piauí - Em defesa da obra cujo resumo pode ser apresentado da seguinte forma: "As corporações da mídia querem que os escritores trabalhem de graça, não façam arte e exponham a vida privada na internet – e contam com o apoio de Paulo Coelho"."É assim que o chamado “valor social” (a capacidade que os indivíduos têm de influenciar uns aos outros através de suas opiniões em blogs, Twitters e páginas pessoais em sites de relacionamento) começa a despertar interesse no mercado virtual."*Imagem: reprodução daqui.
PAULO COELHO, BERNARDO CARVALHO E A LITERATURA (E CRÍTICA) NA INTERNET
Por muita falta de tempo e com muito pesar no coração não consegui acompanhar a Balada Literária de perto e acabei tomando uma cerveja em outras baladas. O que eu fiquei sabendo foi através dos jornais, blogs e pela TV. Li que uma multidão queria ocupar o Centro Cultural B_arco para assistir a mesa de Caetano e Augusto de Campos. Vi as fotos no blog da Ivana Arruda Leite, no Flickr, no Twitter e no Facebook da Balada - totalmente conectada.PUTZ! PERDI A BALADA LITERÁRIA
Comentei nas notas #32, no começo da semana, sobre o Bad Sex in Fiction Award organizado pela revista Literary Review. O Guardian adiantou alguns dos indicados ao prêmio desse ano. Pois bem, no dia seguinte saiu a lista completa. Além de Haruki Murakami e Stephen King, estão entre os finalistas:LISTAS: BAD SEX FICTION E O MELHOR DE 2011 PELO NY TIMES
A exemplo do que aconteceu com Carlos Drummond de Andrade, no DiaD, o Instituto Moreira Salles e editora Rocco promovem no próximo dia 10 de dezembro "A hora de Clarice". O intuíto do evento é comemorar o aniversário da escritora Clarice Lispector e promover sua obra em todo o país. A programação prevê palestras, dramatizações, contações de histórias, além de ações na internet e nos pontos de venda. Por enquanto, foram confirmados José Miguel Wisnik, José Castello, Nadia Gotlieb e Pedro Vasquez - mais atividades serão anunciadas em breve.A HORA DE CLARICE
CapasNOTAS #32
Os funcionários do Centro Regional de Investigação da Receita Federal em Peoria, Illinois, parecem bastante normais para o trainee recém-chegado David Foster Wallace. Mas a medida que ele mergulha em uma rotina tão enfadonha e repetitiva que os novos funcionários tem de receber treinamento de sobrevivência ao tédio, ele descobre a extraordinária variedade de personalidades atraídas para este chamado estranho. E ele chega num momento em que forças dentro da Receita Federal estão conspirando para eliminar até mesmo o pouco de humanidade e dignidade que o trabalho ainda tem. No seu estilo característico, cheio de citações, notas de rodapé e interrupções do autor na história, David Foster Wallace reflete sobre o tédio e felicidade.***
O REI ESTÁ PÁLIDO



TRÊS REVISTAS E OUTRAS MAIS
PRÓLOGO*Imagem: reprodução do Google.
"Agora vocês vão ver",
dizia ele aos primos,
que gargalhavam como aves
de mau agouro, enquanto
espalhava pelas paredes brancas
do quarto o sangue que saía
aos borbotões de seu portentoso
nariz. Nenhum deles percebeu
que a mancha de sangue
na parede ia assumindo
os contornos do mapa do Sul.
ONZE DO ONZE DO ONZE
LEITOR QUE NEM EU, QUE NEM QUEM?
A nova edição do romance Guerra e paz, de Liev Tolstói com tradução direta do russo feita por Rubens Figueiredo foi anunciada em 2009. De lá pra cá sua vida viveu um período de tormento. O telefone não parava de tocar dia e noite. Antes e depois das aulas os alunos perguntavam. Sempre que alguém o via na rua logo queria saber: "e a tradução de Guerra e paz, pra quando é?". Rubens Figueiredo chegou até a sentir certa desconfiança toda vez que alguém pedia uma entrevista ou vinha se aproximando depois de uma palestra. A pergunta podia surgir a qualquer momento ou circunstância, assim meio disfarçada. Até quando ganhou prêmio por um romance que ele mesmo escreveu alguém na platéia teve coragem de perguntar. Também, ele se meter a traduzir um monumento da literatura diretamente do original - só podia mesmo dar nisso?QUEM TEM MEDO DE LIEV TOLSTÓI?
Kid Koala é um gigante na arte do turntablism e do scratch. O cara faz coisas incríveis com um vinil e uma pick up nas mãos. Tá duvidando? Então vai ouvir Some of my best friends are djs, disco de 2003. Muita gente imagina que Kid Koala nasceu no Bronx, em meio a cena hip hop local. Nada disso, ele é descendente de chineses nascido no Canadá. Até onde me lembro, Koala só esteve no Brasil (em São Paulo) em 2004 participando da primeira edição do festival Sònar. A apresentação foi impressionante.ALGUNS DOS MEUS MELHORES AMIGOS SÃO DJS OU ESCRITORES
A primeira revista é a Outros Ares - projeto do Marcelo Barbão e do Rafael Rodrigues. É uma revista mensal voltada especialmente para publicação de contos de novos escritores brasileiros. Também reserva espaço para entrevistas, crônicas e outros textos. Dá para ler no Kindle, Kobo, FBReader, Aldiko, Adobe Digital Editions, Nook e nos plug-ins para Firefox e Chrome. Já está no sexto número.
REVISTAS E FANZINES LITERÁRIOS NA ERA DIGITAL
NOTAS #31
O prêmio da revista QUEM para melhor escritor do ano não é tradicional e ainda não tem tanta repercussão, mas achei a lista de indicados bem elaborada. O único problema é misturar escritores de prosa e poesia. Acho difícil comparar e avaliar as duas coisas juntas.O LEITOR ESCOLHE QUEM LEVA O PRÊMIO
No final a programação literária do Festival EUROPALIA (Festival Internacional de Artes que acontece em várias cidades da Bélgica e algumas cidades da Holanda de outubro/2011 a janeiro/2012) não ficou desinteressante, nem tão popular como queriam os organizadores belgas. É que a edição desse ano homenageia a cultura brasileira. Pelo que os jornais daqui diziam, os organizadores do festival queriam uma programação mais popular - nas entrelinhas esperavam algo mais clichê para lotar as apresentações.LITERATURA BRASILEIRA NO EUROPALIA